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  • Crítica | Rampage: Destruição Total

    Crítica | Rampage: Destruição Total

    Em 2011, a carreira de Dwayne “The Rock” Johnson transpôs mais um degrau de sucesso. Ao participar do quinto filme da franquia Velozes e Furiosos, o ex-lutador profissional deu vazão ao seu carisma demonstrando um acertado timming cômico e um porte físico propício aos filmes de ação. Seu personagem em Velozes trouxe novidade a franquia; no ano seguinte defendeu com qualidade a aventura Viagem 2: A Ilha Misteriosa e, recentemente, Terremoto: A Falha de San Andreas e Jumanji: Bem-Vindo a Selva demonstram como o ator representa bem o mesmo papel de sempre.

    Retomando pela terceira vez a parceria com o diretor Brad Peyton (responsável por Viagem 2 e Terremoto), Rampage: Destruição Total se baseia na franquia de jogos iniciada em 1986 e tinha a intenção de quebrar a antiga maldição de filmes baseados em jogos, um dilema que o próprio ator viveu na adaptação de Doom. Um dos principais argumentos que dificultam a adaptação de games é a ausência de uma boa narrativa. No filme o absurdo conduz a trama. Um fiapo narrativo sobre uma empresa sem escrúpulos realizando experimento genéticos que dão errado, transformando animais em monstros gigantescos que destroem tudo em seu caminho.

    A parte inicial da produção estabelece a amizade entre o primatologista David Okoye (The Rock) e o gorila George, um animal que está em seus cuidados desde a infância, quando foi resgatado. Este início não apresenta grande destaque ao ator como um personagem heroico, mas como um homem comum trabalhando naquilo que gosta. Se em Terremoto a ação se desenvolve logo no início, aqui o enfoque inicial é um breve arco dramático que simboliza a amizade entre Okoye e o gorila, ao mesmo tempo em que observamos as ações inescrupulosas da empresa Energyne, responsável pela criação e infecção do patogênico Rampage.

    Em cena, tudo parece estruturado para ser simples, sem nenhum destaque além de uma diversão boba. Os vilões são propositadamente caricatos, refletindo personagens semelhantes da década de 80. A inclusão de outros personagens, como o agente do governo interpretado por Jeffrey Dean Morgan se destaca pelas frases de efeito. E os heróis não buscam benefício próprio, apenas evitar o caos.

    Como o mote da trama tem como centro as esperadas batalhas entre os experimentos genéticos, o longa se estende em demasia em seu início. Ganha eficiência quando, finalmente, as três feras estão no mesmo local, destruindo grande parte de Chicago, entregando cenas exageradas, divertidas e bem compostas pelos efeitos especiais. The Rock está visivelmente a vontade dando vazão a seu costumeiro personagem, um exército de um homem só que não tem nenhum medo de continuar lutando mesmo com monstros dez vezes maior do que o  brucutu.

    Ao não se levar a sério, Rampage: Destruição Total funciona como uma boa diversão, reconhecendo sua trama boba e enfocando seus esforços em agradar o público fiel de filmes descerebrados. Além de quebrar a maldição dos filmes de jogos, com uma arrecadação de mais de 280 milhões ao redor do mundo, apresenta uma diversão descompromissada que mantém o ator como um astro carismático, mesmo interpretando o mesmo – e divertido – papel.

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  • Crítica | Watchmen

    Crítica | Watchmen

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    No inicio Edward Blake assiste um comercial de Nostalgia antes de ter sua casa invadida. Fica claro que ele sabia que seria atacado. A luta é muito bem filmada, como poucas em filmes de super-heróis e a música na trilha – Unforgettable de Nat King Cole – deixa tudo com o ar de suspensão e até incredulidade. O começo promissor tende a enganar, faz parecer que Watchmen de Zack Snyder seria algo bom e que o velho Alan Moore estava errado, mas logo na cena posterior as ilusões são esmagadas.

    Snyder tem um talento nato para montar introduções, percebe-se isso em 300 e Madrugada dos Mortos, e seria assim também neste Watchmen, não fosse pela sutileza de rinoceronte com que ele trata alguns fatos apenas sugeridos na revista: o caso JFK, o beijo na enfermeira após o dia D e o encontro entre um “herói”, Mick Jagger e Ziggy Stardust em uma festa rosa – aliás essa é a primeira de uma série de cenas irritantes com o personagem.

    O filme não é um desastre completo por duas atuações distintas. A caracterização de Rorschach feita por Jackie Earle Haley é quase perfeita, seu personagem gera medo e emula toda a sociopatia de sua contraparte dos quadrinhos. Jeffrey Dean Morgan também faz um Comediante muito bom, suas cenas são disparadas as melhores do filme. Blake bate indiscriminadamente em mulheres e crianças, é cínico e se vale do argumento de estar em guerra. Apesar de ser até meio babaca, o personagem consegue ser o mais sóbrio da história, o que mais entende para onde o mundo está indo. Nem Patrick Wilson – que nunca foi grande coisa – compromete, seu Coruja 2 é crível, assim como os “veteranos” Carla Gugino – deliciosa nos anos 40 – e Stephen McHattie. Outro ponto positivo nesta versão é a cena de assassinato de Hollis Mason, intercalando os socos nos trombadinhas com suas ações na Era de Ouro – que gera outro bom momento,  com um rompante de raiva do Coruja II num bar no submundo. A Sala de Guerra onde Nixon faz suas reuniões também é uma ótima referência ao Dr. Fantástico de Stanley Kubrick.

    Os maiores problemas do roteiro não são as incongruências, mas sim as obviedades. No apartamento do Comediante há mil fotos das duas Espectrais. Para caracterizar o isolamento do Dr. Manhattan, decidiu-se retratá-lo como um altista, gerando assim a segunda pior atuação do filme – a sua cena vencendo o “Vietnã” é risível, tanto pela explosão dos adversários quanto pela música mal escolhida – que dá um tom de paródia que não cabe a atmosfera que Snyder pretende – este é outro problema, a seleção de músicas é ótima, mas o encaixe nas cenas em si é equivocado na maioria das vezes, vide o Hallelujah de Leonard Cohen numa cena de sexo.

    Watchmen é muito bem filmado, mas sua trama é repleta de furos. Seus poucos acertos são méritos da história original, o que faz a película se assemelhar a uma paródia da HQ. O pior de tudo está guardado para Ozymandias. O herói é transformado em vilão na primeira cena em que aparece, é afetado, franzino, fraco e não parece carismático em momento nenhum, é como uma versão reduzida e decadente do original, ele não aparenta arrependimento ou reticência nenhuma por seus atos. Todas as tentativas de Matthew Goode em melhorar isso falham miseravelmente. Nem seus feitos como pegar uma bala com as mãos faz sentido e sua nova versão do “plano redentor” é cheia de falhas. A culpa recair sobre os ombros do Dr. Manhattan justificaria um ataque soviético imediato aos americanos, não haveria porque gerar uma união mundial. O script de Alexsei Trotsenko e David Hayter privilegia a ação e reduz a ambigüidade dos personagens a movimentos óbvios.

    O Axaque de Daniel e seus socos em Veidt são demonstrações patéticas e piegas de moralidade – motivadas supostamente por desejos dos produtores. O “vilão” tem que ser retratado de forma isolada, solitária e triste. A Versão do diretor, com suas 3 horas de duração, melhora um pouco a obra, mas ainda está muito aquém da história de Moore. As cenas extras dão mais sentido a algumas pirações do realizador, mas esse filme custou a Zack Snyder o posto de “visionário”, tornando-o apenas “elegante”.

    Ouça nosso podcast sobre Zack Snyder.

  • Crítica | Tudo Acontece em Nova York

    Crítica | Tudo Acontece em Nova York

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    Josh Radnor é um ator conhecido por interpretar Ted Mosby na sitcom How I Meet Your Mother. Esta película é sua estreia na direção de longas metragens, Happythanksmoreplease é um filme leve, com pitadas de humor com aparência de filme independente, mas com uma falsa cara de “história despretensiosa”.

    Sam Wexley, personagem de Radnor é em muitos aspectos a contraparte evoluída de Ted Mosby: inseguro, busca desesperadamente algo que não consegue alcançar, não sabe aonde quer chegar, distraído, enfim, a diferença básica entre Ted e Sam é a atmosfera, enquanto em HIMYM é o tom jocoso, em Happythanksmoreplease há um quê de subjetividade, o gênero oscila entre dramédia e história de amor e superação.

    O protagonista é um escritor que não consegue emplacar um romance, só escreve histórias curtas (contos), e que vai conversar com um editor sobre um dos seus trabalhos. No metrô a caminho da entrevista, ele encontra Rasheen, que se perde de sua família adotiva, e com o desenrolar do enredo, o menino vai morar com Sam. A relação dos dois poderia ser algo bonito e sensível, mas soa muito forçada, Rasheen “ajuda” o sujeito a se aproximar de uma garota e imediatamente depois eles ficam amigos – a transição entre completos desconhecidos que só tem a solidão como algo comum em grandes “amigos de fé” é muito rápida. Se Josh Radnor fosse um ator com uma capacidade dramática um pouco maior, talvez isso passaria despercebido.

    Há outros núcleos protagonizados por amigos de Sam, mas estes não são muito bem explorados, essas histórias paralelas deveriam ser melhores pensadas, como com a personagem de Zoe Kazan (Mary Catherine), que é prima de Sam e está numa encruzilhada com o namorado. Poderia ser legal, mas a história e a atmosfera em volta dela são tão descartáveis que se retirassem seu personagem e o de seu namorado do filme, quase não se notaria diferença, parece que eles estão lá apenas para preencher espaço no roteiro.

    Já com Malin Akerman – que interpreta a melhor amiga de Sam Annie – é diferente, apesar de seu drama ser ligado a um clichê (ela sofre um tipo raro de câncer, e não tem cabelos graças ao tratamento) e do romance do seu personagem ser meio piegas, sua atuação empresta muita veracidade a história, e o ponto alto do filme, méritos para a atriz, mais reconhecida pela beleza do que pelo talento.

    Tudo Acontece em Nova York é passável. Parece uma história pessimista e conformista mas sua máscara cai rapidamente, a mensagem final é extremamente otimista e sugere que o certo é esperar o melhor da vida, mesmo que a realidade momentânea aponte o contrário.