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  • Flash e Supergirl: O Crossover Musical

    Flash e Supergirl: O Crossover Musical

    Os crossovers entre os seriados do chamado arrowverse, que é basicamente o universo da DC Comics na televisão criado em Arrow, tiveram início ainda na 2ª temporada da série do arqueiro esmeralda com a participação de Barry Allen, que culminou com o seu acidente que o transformou em Flash. Desde então, os heróis de Arrow, Flash, Supergirl e Legends of Tomorrow se reúnem para enfrentar alguma ameaça realmente perigosa, como a primeira vez que enfrentaram Vandal Savage ou combateram uma invasão alienígena que adaptou a saga Invasão, da DC Comics. Fora essas reuniões que duram mais de um episódio, existem outras menores onde os personagens do universo compartilhado sempre aparecem ao menos uma vez nas outras séries e foi assim que Flash conheceu Kara Zor-El, a Supergirl.

    Devido a um intercâmbio entre os canais CW, que produz as séries do universo compartilhado e o canal CBS, que cuidava de Supergirl, o velocista escarlate, durante um treinamento para derrotar o vilão Zoom, acabou por cair sem querer na Terra 3 e assim, ajudou a última filha de Krypton a derrotar uma ameaça. A parceria deu certo comercialmente e os produtores resolveram arriscar ainda mais, desta vez, trazendo a Supergirl para o seriado do Flash. E foi fantástico.

    Tanto Grant Gustin, quanto Melissa Benoist faziam parte do cast do premiado seriado musical, Glee, e, por conta desse passado, os produtores decidiram que o encontro do dois seria em formato de musical. Com isso, se aproveitaram da situação atual de ambas as séries, onde os protagonistas se encontravam em situações semelhantes em suas vidas e trouxeram o vilão Mestre da Música, vivido pelo também ator de Glee, Darren Criss, para ensinar uma lição a Barry e Kara.

    O episódio começa com Mon-El (Chris Wood) e J’onn J’onzz (David Harewood), atravessando o portal e chegando aos Laboratórios S.T.A.R, em Central City, com a Supergirl em coma, pedindo ajuda, ao mesmo tempo que o Mestre da Música invade o local e coloca Barry no mesmo estado de Kara. Ao acordar, Barry percebe que está numa espécie de boate noir, onde Kara é a cantora. Não demora para os dois perceberem que estão presos num musical e que, para escapar da transe, teriam que seguir o roteiro passo a passo.

    Assim como em qualquer musical, tudo é muito bonito e alegre e é realmente satisfatório ver os atores de todo o universo compartilhado cantando e dançando, sendo que a escolha de seus representantes foi muito bem acertada. Como o episódio era do Flash, todo seu cast estava lá, mas somente Barry, Iris (Candice Patton), Joe (Jesse L. Martin) e Cisco (Carlos Valdes) participaram da viagem atribuída pelo Mestre da Música, assim como Kara, Mon-El e Winn (Jeremy Jordan) representando a série da Supergirl. Vale destacar que os veteranos Dr. Martin Stein (Victor Garber), que é uma das metades do herói Nuclear, representou Legends of Tomorrow e Malcolm Merlyn, o Arqueiro Negro (John Barrowman), representou Arrow. A título de curiosidade, todo o background de formação artística de Barrowman foi feito na Broadway, fazendo com que o ator seja mais que competente para sua participação, em vez de qualquer outro personagem de Star City.

    O episódio em si foi muito dinâmico, deixando aquela sensação de que passou muito rápido e isso se deve à boa trama do musical, aliada à trama paralela daquilo que acontecia nos Laboratórios S.T.A.R. No que diz respeito ao musical, este totalmente ambientado na máfia noir da primeira metade do século XX, somente Barry e Kara eram eles mesmos e o restante do elenco, apesar de estarmos familiarizados com os atores e seus personagens, interpretavam outras pessoas com nomes diferentes. Merlyn, por exemplo, é um dos chefões da máfia e dono da boate onde Barry, Kara, Cisco e Winn trabalham. Já Joe e Stein chefiam outra facção da máfia e são inimigos mortais de Merlyn, sendo que ambos os criminosos estão atrás de seus filhos, Iris, que é filha de Joe e Stein (sim, é isso mesmo) e Mon-El, filho de Merlyn.

    Enquanto Barry e Kara, com seus poderes drenados, tentam seguir o roteiro, Wally West/Kid Flash (Keiynan Lonsdale), Cisco Ramon/Vibro e J’on J’onzz, devidamente transformado no Caçador Marciano, perseguem o Mestre da Música por Central City. Aqui cabe um destaque porque os três heróis trabalham de maneira cooperativa semelhante aos X-Men na abertura do filme Dias de Um Futuro Esquecido.

    Como dito, o ótimo episódio pareceu muito curto (mesmo tendo o tempo regular característico), fazendo com que certas resoluções tivessem seus desfechos de forma um pouco mais urgente. De qualquer forma, o Mestre da Música é um ótimo vilão e realmente seria muito legal se ele retornasse, aparecendo nos demais seriados, já que o antagonista atinge exatamente determinado ponto da mente daqueles que são afetados. Seria muito interessante ver a mente deturpada e sofrida de Oliver Queen ambientada num musical que se passa na 2ª Guerra Mundial, por exemplo.

    Texto de autoria de David Matheus Nunes.

  • O Mega Crossover entre Supergirl, The Flash, Arrow e Legends of Tomorrow

    O Mega Crossover entre Supergirl, The Flash, Arrow e Legends of Tomorrow

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    Finalmente, o mega crossover do canal CW aconteceu. Durante o decorrer da semana, pudemos acompanhar nos episódios de Supergirl, The Flash, Arrow e Legends of Tomorrow a reunião de quase todos seus personagens/heróis numa batalha contra os alienígenas conhecidos como Dominadores, numa adaptação da série Invasão, da DC Comics, lançada no final de 1988 com seu término logo no começo de 1989.

    Ainda que todos os anúncios desse grande evento da televisão anunciava uma grande história de 4 episódios, o que vimos é que o episódio de Supergirl, em nada teve a ver com o crossover. O que acontece de relevante em seu episódio, que foi ao ar na América na segunda-feira, são pequenos easter eggs, ou seja, portais de Barry Allen tentando chegar na Terra da última filha de Krypton. E quando ele consegue, o episódio acaba após uma pequena conversa.

    Diferentemente da reunião que aconteceu no ano passado entre Arrow e Flash, onde 90% do elenco das séries se reuniu naquilo que não parecia ser um episódio de Flash seguido de um episódio de Arrow, Invasão até que foi bem distinto, obviamente reunindo seus principais heróis, deixando a peculiaridade e o elenco secundário de cada série no seu devido lugar em seu respectivo dia da semana. Sendo assim, o que vimos, foi 100% um episódio distinto de Flash sucessivamente com episódios distintos de Arrow e Legends of Tomorrow, o que não foi ruim, devido a quantidade generosa de heróis dessa vez.

    Barry Allen (Grant Gustin) e os cientistas dos Laboratórios S.T.A.R. recebem um imagem de seus satélites de que uma espécie de meteoro irá atingir o centro de Central City. Chegando lá, Barry percebe que se trata de uma nave com diversos alienígenas dentro dela. Com a ajuda da diretora da A.R.G.U.S, Lyla Michaels (Audrey Marie Anderson), o “team Flash” fica sabendo que se trata da raça conhecida como Dominadores ou Domínions, cujo primeiro contato com a Terra se deu nos anos 50. Prontamente, Allen sai para reunir Oliver Queen/Arqueiro Verde (Stephen Amell), Thea Queen/Speedy (Willa Holland), John Diggle/Espartano e Felicity Smoak (Emily Bett-Rickards), trazendo em seguida a Supergirl, Kara Danvers (Melissa Benoist). O time fica completo minutos depois com a chegada das “lendas” Ray Palmer/Átomo (Brandom Routh), Sara Lance/Canário Branco (Caity Lötz), Martin Stein/Jax Jackson/Nuclear (Victor Garber e Franz Drameh) e Mick Rory/Onda Térmica (Dominic Pursell).

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    Um dos pontos principais desse episódio é uma estranha mensagem escondida na nave das Lendas que foi deixada pelo Barry do futuro. Quem acompanha o seriado do Flash, sabe que foi Barry quem criou a inteligência artificial Gideon (uma espécie de Jarvis) e que Gideon é a responsável pela nave das Lendas, a Weaverider. Aos poucos vamos percebendo o quão poderoso Barry Allen é. O problema é que Barry precisa contar a todos o conteúdo da mensagem que diz respeito às recentes alterações que fez do passado, mudando e muito o presente de todos. Aliás, além da ameaça principal da temporada, esse era um assunto recorrente entre os personagens de Flash e que tem uma agradável resolução.

    Já no interessante episódio de Arrow, após Oliver, Sara, Diggle, Thea e Ray (os não meta humanos do grupo) serem abduzidos para uma nave dos Dominadores, coube a Barry e Kara liderar o “team Arrow” com a adição dos heróis Rene Ramirez/Cão Raivoso (Rick Gonzalez), Rory Regan/Retalho (Joe Dinicol) e Curtis Holt/Sr. Incrível (Echo Kellum), numa missão desesperada para tentar localizar seus companheiros. Porém, o destaque do episódio fica para os momentos em que os abduzidos, induzidos a um tipo de coma, revisam as suas vidas se eles não fossem heróis. Desta forma, podemos ver Oliver Queen prestes a se casar com Laurel Lance (Katie Cassidy), falecida na temporada anterior, além dos pais de Ollie, Moira e Robert (Susanna Thompson e Jamey Sheridan, retornando a seus papéis). Vale de destacar que quando os abduzidos percebem que estão numa situação atípica, onde tudo é exatamente como eles queriam que fosse, começa uma espécie de conflito interno em cada um eles, sendo que, a partir do momento que isso acontece, uma espécie de mecanismo de defesa é ativado, fazendo com que os vilões Exterminador (sem os créditos ao interprete),  Damien Dhark (Neal McDonough) e Malcolm Merlyn (John Barrowman) tentem evitar a qualquer custo que os abduzidos acordem do coma induzido.

    Coube a Nate Heyood, o Gládio (Nick Zano), pilotando a Waverider, o resgate dos abduzidos e com isso entramos no episódio de Legends of Tomorrow, onde alguns personagens saem de cena para a entrada de Nate e de Amaya, a Vixen, vivida por Maisie Richardson-Sellers.

    O referido episódio, assim como o drama de Barry, por ter estragado a vida de todos e assim como o drama de Oliver, pela sua vida ter se tornado o que ela é hoje, também temos um drama pessoal do Dr. Martin Stein, que durante uma de suas viagens pelo tempo, acabou por interagir com seu eu mais novo, alterando o seu presente. Vale destacar que é a primeira vez que as Lendas voltam a 2016 desde que partiram com a Waverider lá no primeiro episódio da primeira temporada.

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    Tudo que se sabe até então é que os Dominadores querem eliminar os meta humanos do planeta. Com isso cabem a Felicity, Cisco Ramon (Carlos Valdez), Gládio, Vixen e Onda Térmica retornarem aos anos 50 com o objetivo de descobrirem o que aconteceu no primeiro contato com a raça alienígena, enquanto os heróis que ficaram em 2016 precisam enfrentar alguns agentes do governo que querem, a qualquer custo, prender Barry Allen para entregá-lo aos Dominadores. E pelo fato de todos (principalmente Cisco) estarem chateados com Barry, o velocista escarlate decide se entregar com o intuito de estabelecer uma trégua com os alienígenas. Obviamente, todos o perdoam, fazem aquele discurso motivacional de amizade e decidem ir para a guerra, no melhor momento dessa reunião.

    O mega crossover da CW foi algo inédito na televisão. Obviamente, pelo excesso de personagens e por envolver muita coisa, o roteiro é cheio de furos e erros, mas considerando o pouco tempo de filmagem para unir tantos personagens assim, o resultado é satisfatório.

    O que vai deixar os fãs dos quadrinhos e que também gostam das séries felizes é a enorme quantidade de referências a não só a coisas relacionadas à DC Comics, mas também, da Marvel. A maneira como a parte final de Invasão acontece chega a lembrar a primeira vez que vimos os Vingadores reunidos no cinema. Infelizmente é impossível reunir nesse texto todos os bons momentos e o humor bem recorrente, mas um dos destaques está lá e lá ficou para ser usada novamente: um galpão, cuja parte externa é idêntica à Sala da Justiça.

    Texto de autoria de David Matheus Nunes.

  • Resenha | Batman e Capitão América

    Resenha | Batman e Capitão América

    Batman e Capitão América - John Byrne

    Remetendo ao antiquíssimo selo Túnel do Tempo (ou Elseworld), John Byrne utiliza sua larga experiência e o trânsito livre que sempre teve nas duas principais editoras de quadrinhos mainstream para contar o recordatório que remete ao começo da carreira de dois ícones heroicos imortais, o Cruzado Encapuzado e o homem que lutou a Segunda Guerra Mundial ostentando em seus músculos a bandeira americana, também lembrando, claro, de seus parceiros mirins e seu maiores rivais.

    Passada em janeiro de 1945, ainda com os ecos europeus da grande guerra contra Hitler e companhia, a história começa em Gotham, mostrando uma referência visual muito semelhante a dos primeiros capítulos de Bob Kane enquanto desenhista da Detective Comics. O resgate a este momento específico é válido, causando no leitor um saudosismo agradabilíssimo e muito pontual, uma vez que, em meio aos anos 90, ocorria uma das maiores derrocadas do Batman – leia-se Queda do Morcego.

    É curioso notar que a perseguição entre o Batmóvel e o carro do Coringa é feita por dois Fuscas, mostrando que quase nem era necessária a chancela em balões informando a época do confronto. O clima escapista é notado nas cores escolhidas por Byrne, que, apesar de manter um pouco do clima soturno das primeiras histórias, vê no excesso de cores nos uniformes dos personagens o retrato de uma época em que a docilidade pueril era de praxe.

    Pelo lado europeu do globo, o Capitão América enfrenta a guerra que ainda domina o continente, num embate contra uma máquina assassina hitlerista, uma mistura de tanque de guerra com um robô mas que é facilmente subjugada pelo Sentinela da Liberdade, que, acompanhado do Sargento Rock e da Companhia Moleza, consegue derrubar a resistência nazista. Logo, o herói recebe uma ordem para se reapresentar e interceptar um avião sequestrado. Já no ar, ele decide deter a máquina voadora sem paraquedas ou qualquer outro artifício de segurança, logrando êxito, como era típico das primeiras histórias. Logo o Morcego se aproxima, também no ar, para ajudar o herói a combater seus oponentes, sem qualquer explicação prévia, mas em união bela e proveitosa.

    Pelo dito nas linhas do roteiro, esta não seria a primeira cooperação entre os heróis, o que agrava ainda mais a missão dada a Steve Rogers, a de investigar uma possível conexão entre o milionário Bruce Wayne e o Coringa, que teria em mãos um plano expondo alguns segredos de Estado muito valiosos.

    Em um embate físico entre as contrapartes sem uniforme, ambos, logo depois, decidem cooperar mutuamente, visando alcançar o palhaço vilão de Gotham. Detalhe importante e que colabora muito com a velha disputa entre marvetes e decenetes é que Bruce chega ao cúmulo de assumir sua inferioridade ao soldado americano, antes de eles fazerem as pazes e voltarem a ser amigos.

    Logo se descobre que o ardil é orquestrado pelo Caveira Vermelho, que escapou da Alemanha e atacou Gotham, em um conchavo com o Coringa. O clima de união entre as editoras é tão grande que até os parceiros mirins são trocados, com o Capitão trabalhando com Robin e Bucky acompanhando o Cruzado dentro do veículo cheio de traquitanas internas.

    O nostálgico caráter prossegue, com o plano megalomaníaco do Caveira revelado aos seus inimigos antes de ser plenamente executado. Toda a reconstrução pensada por Byrne é muito bem conduzida, mesmo que sua história não tenha qualquer compromisso com um subtexto mais profundo. Ao final, o encadernado ainda é capaz de demonstrar outras tantas pérolas, como a discussão ideológica entre Coringa e Caveira Vermelha; quando o segundo convida o Palhaço do Crime a se juntar ao terceiro Reich, logo ouve a resposta: “eu sou um insano criminoso americano” – numa referência clara a sua fidelidade à pátria, diferente e muito do que foi pensado por Jim Starlin em Morte em Família, cujo vilão torna-se embaixador do Irã. Claro, tudo isto é muito pautado na comédia.

    Após uma explosão nuclear, os vilões chegam afinal ao seu tão esperado fim, o que prenuncia a nova exploração de conceito heroico que ocorreria lá pelos anos 60, com a evolução do atomic horror para o conceito de Stan Lee em fazer quadrinhos, com poderes de origens radioativas. Além deste conjunto de referências, ainda há um epílogo, sugerido por Roger Estern, em que o novo Batman (Dick Grayson) acha um esquife de gelo, que guarda o herói de guerra Steve Rogers, acordado após décadas de hibernação. O pensamento de Byrne em homenagear Jack Kirby, Bill Finger e Bob Kane é um exercício de singela beleza, além de ser uma homenagem extrema, e até inteligente, guardadas, é claro, as devidas proporções.

  • Resenha | Batman / Aliens

    Resenha | Batman / Aliens

    Batman - Aliens

    Assumindo estar refém de uma sensação das mais básicas, o Cruzado Encapuzado declara ter medo ao analisar a questão que se avolumou. Tentando manter a aura de suspense, o Morcego já é mostrado se embrenhando em uma floresta, supostamente em uma missão. O roteiro de Ron Marz faz um resgate curioso, mostrando um visual semelhante ao do filme de John McTiernan, O Predador, por apresentar uma selva e inserir junto ao protagonista uma equipe de especialistas durões e marombados, que investigam um estranho caso.

    Batman aportou no golfo do México, na fronteira da Guatemala com o México, para investigar um episódio curioso, cuja origem só é revelada após algumas páginas decorridas, uma vez que a Waynetch havia enviado uma equipe a tal lugar, já que obtinha negócios naquela região. É curioso o quanto Marz segura para mostrar o monstro, tentando guardar qualquer suspense ou surpresa de como seria o modus operandi dos Aliens. Toda a situação mostrada no filme original pensado por Dan O’Bannon se repete, mas sem qualquer expectativa de sustos.

    Pior do que o modo vagaroso do qual a trama segue é o ataque grupal que os monstros fazem, bem mais cerebrais do que os mostrados nas abordagens cinematográficas. Na segunda parte, a narração volta aos primórdios, recontando a origem da tragédia do herói, mesclando-a com o temor de Batman com o Alien. A partir destes embates, a trama fica mais fluida e menos truncada, ainda que as lutas com os monstros não sejam nada demais.

    O desenho de Bernie Wrightson está bem menos interessante do que nos idos dos anos 70, quando fazia a arte do Monstro do Pântano, de Len Wein. A regularidade cai vertiginosamente, pois nem mesmo o seu lápis é um diferencial na qualidade da revista. Tanto roteiro quanto desenhos são banais e dispensáveis.

    Exceto pela última batalha do Morcego contra o Alien agigantado – fruto de uma “invasão” ao corpo de um crocodilo de proporções dantescas , quase não há condições de clímax. Através de uma manobra comum em sua carreira, Batman consegue vencer o oponente, fisicamente muito superior a ele, por meio do uso de traquitanas as quais ele sequer está acostumado a usar. O desfecho é covarde e clichê, com o paladino orfão usando a força de um elemento da natureza (a lava de um vulcão) para acabar com as últimas criaturas que ainda sobraram. Após retornar à casa, Bruce ainda se dá ao trabalho de fazer um discurso edificante, que põe em dúvida a origem do mal impingido pelas criaturas extraterrestres: se a ação seria somente uma resposta instintiva, como é com o tubarão, ou se a predação dos monstros seria perversa como a natureza humana. Nada que evidentemente resgate o crossover do ordinário.

  • Resenha | Vingadores Vs. X-Men

    Resenha | Vingadores Vs. X-Men

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    Como todo bom fã de quadrinhos de heróis e filmes de ação antigos, eu não me importo de, volta e meia, desligar o meu cérebro e curtir uma bela pancadaria e umas gostosas. Parafraseando, vejam só, o livro mais vendido da história:

    “Tudo neste mundo tem seu tempo;
    cada coisa tem sua ocasião.
    Há um tempo de nascer e tempo de morrer;
    tempo de plantar e tempo de arrancar;
    […]”

    Vou adicionar mais duas linhas ao capítulo 3 do livro de Eclesiastes:

    “tempo de fomentar pensamento crítico e de ver uma bela quebrança;
    tempo para contar uma história e para desfilar gostosas;”

    Para quem não sabe e está dando mole, já faz mais ou menos um ano que a Marvel resolveu envolver os X-Men e os Vingadores num esquema de briga de galos superpoderosos só pra ver o que saía de lá. O negócio deve ter dado bastante grana pra Casa das Ideias óbvias, porque o resultado desse quebra-pau encarnado nem foi tirado do universo 616 e os respingos dessa bagaça estavam influenciando os eventos da cronologia principal da Marvel até algumas semanas atrás. Um ano depois de agitar o mercado de comics americano, o fight entre os mutunas e os heróis mais poderosos da terra finalmente chegou em terras brasucas. No mês passado a Panini Comics trouxe para o Brasil o número 2 desse arco e eu vou contar, na minha opinião, se você deve ou não deve gastar a sua mesada nessa coisa aí!

    Vingadores vs. X-Men ocorre algum tempo depois da saga Dizimação, quando a Feiticeira Escarlate utilizou seus poderes para eliminar o gene X de mais de 90% da população mutante no mundo. A espécie sofre, agora, com uma real ameaça de extinção. Hope Summers, a mutante conhecida como Messias, foi a primeira criança mutante a nascer logo após a ação da Feiticeira e seu destino está intrinsecamente ligado à Fênix, uma entidade cósmica baddass motherfucker superpoderosa que já havia possuído o corpo de Jean Grey, levando-a à morte algum tempo atrás. Quando a presença da entidade é percebida em nossa galáxia, os superpoderosos do planeta Terra dividem opiniões sobre seus planos: os X-Men, liderados por Scott Summers, acreditam que o poder da Fênix pode ser canalizado para o bem de sua espécie, garantindo que a mesma não desapareça do planeta. Os líderes humanos e os Vingadores, encabeçados por Steve Rogers, estão bastante certos de que o poder da entidade não pode ser controlado e que, caso ela consiga mesmo possuir o corpo da mutante Messias, a destruição do Planeta Terra (e talvez da galáxia inteira) seja impossível de impedir.

    Dessa divergência surge a inevitável batalha entre os dois grupos de superpoderosos mais legais do mundo dos quadrinhos (chupa, Liga da Justiça!). Ciclope, Namor, Colossus, a Rainha Branca e os demais X-Men lutam para impedir que Capitão América, Wolverine, Thor, Hulk Vermelho e o restante dos Vingadores consiga obter a custódia de Hope Summers a fim de impedir que a Fênix consiga executar seu plano, seja ele qual for.

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    O arco teve 12 números lá nos EUA e vem, a princípio, com os mesmos 12 volumes para o Brasil. A contextualização que dei no resumo acima é bem fácil de pescar e acontece rapidamente. Eu mesmo não sabia do que se tratava a tal da Dizimação e nem consigo entender direito os poderes da filha do Magneto, mas deu pra sacar bem todo o cenário no qual este arco se encaixa.

    A idéia do plot é bastante crível, na minha opinião. Não existe, no começo do arco, um grupo de vilões e um grupo de mocinhos nessa história. Todos acreditam que estão certos e vão brigar para defender seu ponto de vista. A minha visão geral dessa história coloca, visivelmente, um dos dois grupos como vilõezinhos da história, mas não é como se eles fossem os malvadões do negócio… É apenas que a opinião deles e o jeito como eles fazem aquilo que acreditam ser o certo não fecha muito com a minha opinião pessoal. Acredito que esta seja a grande sacada da série: a divergência de opiniões. Se você gosta mais dos Vingadores, vai torcer para eles; se prefere os X-Men, vai torcer para os mutantes. O roteiro é bem construído nesse ponto e talvez seja o que dá pra salvar dessa série, acredite se quiser. Na introdução do post eu disse que o lance era desligar o cérebro e curtir a pancadaria, mas infelizmente ela fica bastante aquém do que eu esperava.

    Não que não seja maneiro ver o Hulk Vermelho num quebra pau com o Colossus, o Homem de Ferro brigando com a Emma Frost e com o Magneto ou o Capitas sentando a porrada no Ciclope. O problema é que esse não parece ter sido o mote principal das páginas. Temos, sim, algumas sequências de quadros de pancadaria generalizada (com uns 10 personagens se matando ao mesmo tempo) mas isso é um pouco raro demais considerando o teor de “massaveísse” esperado para esta série. No fim das contas, a porradaria mais maneira acontece entre o Capitão e o Wolverine (que eram para ser aliados), mas é finalizada de um jeito meio tosco quando o Hank Pym mete a colher. Ao contrário do que se espera desse tipo de coisa, a ideia por trás de Vingadores vs. X-Men não é mostrar quem ganharia se eles se digladiassem, e é exatamente isso o que acontece. Ninguém morre, nenhuma luta termina com um vencedor e um perdedor, e no final todo mundo fica amiguinho de volta (quase todo mundo). A maioria das páginas é uma brincadeira de gato e rato sem sentido entre os dois grupos, pra ver quem acha a filha adotiva do Cable primeiro. Ficou devendo MUITO nesse quesito.

    O traço das páginas também não me agradou muito, não. E olha que os artistas envolvidos são bem famosinhos: John Romita Jr. e Adam Kubert ilustram a maioria das páginas, mas eu vou dizer que não gostei muito disso também, não. Você tem a Emma Frost, Miss Marvel, Feiticeira Escarlate, Tempestade, Hope Summers, Vampira e até a Magia (a irmã do Colossus) e não consegue deixar NENHUMA DELAS ULTRA GOSTOSA?! Até a Feiticeira Escarlate e a Rainha Branca, que eu achei que não tinham como ser desenhadas de um jeito não-sexy, conseguiram virar a sua tia no churras de domingo… Saca só:

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    Abri o texto dizendo que AvX é o tipo de publicação onde você não se importa com a história. Você só quer saber quem ganha num quebra pau entre o Hulk e o Colossus ou entre o Magneto e o Homem de Ferro com preparo, entre a Feiticeira Escarlate e o Dr. Estranho ou entre o Luke Cage e a Emma Frost. Se você não tem isso, pelo menos tem umas gostosas para apreciar, não é? Pois bem: na minha humilde opinião, que pode não valer de nada, não entregaram nenhuma das duas coisas que eu achei que conseguiria lendo os 12 números desse arco.

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