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  • Falcão e Soldado Invernal | As Referências dos Quadrinhos

    Falcão e Soldado Invernal | As Referências dos Quadrinhos

    Os fãs de filmes e produtos da Marvel no audiovisual ficaram bastante mal acostumados com o decorrer da historia de Wandavision. Durante o período das 8 semanas em que a série foi ao ar (lembrando que foram 9 episódios, mas que dois foram lançados juntos) se cogitou a presença de Namor, Ultron, membros do Quarteto Fantástico e principalmente Mefisto e Pesadelo. Teorias esdrúxulas, reclamações tolas e expectativas mil foram frustradas.

    Pois bem, quando Falcão e Soldado Invernal teve início semanas atrás, a série trouxe várias referências direta dos quadrinhos. Algumas mais óbvias, outras nem tanto, e para esclarecer o leitor elencamos-as aqui. O texto possuirá alguns spoilers, então se você se incomoda com isso, recomendo que veja primeiro a série para depois realizar esta leitura.

    Capitão América (Sam Wilson)

    Decidi começar por ele devido ao final de Vingadores: Ultimato, que já dava conta da passagem do legado de Steve Rogers para seu sempre presente amigo, Sam Wilson, que atendia pelo codinome Falcão. Nos quadrinhos, Sam foi cogitado para ser o substituto quando Steve Rogers abandonou o manto em Capitão América: Nunca Mais. Um dos motivos para não ter sido escolhido refletia o preconceito da década de 80, ainda mais intransponível em diálogo que hoje.

    Em quadrinhos mais recentes, um vilão chamado Prego de Ferro enfrenta Steve Rogers e drena o soro do Super Soldado. e parte da sua habilidade consiste em drenar o soro do Super Soldado. Steve ao ter que lutar contra ele diretamente, tem seu poder e jovialidade consumidos virando então um idoso. O parceiro Sam o Salva e logo Rogers apresenta-o como seu substituto. Seu arco como Capitão abordava questões pontuais de racismo e problemas envolvendo de imigração, fatos que foram resgatados na série, inclusive no arco dos vilões apátridas. Curiosamente, o dito país da liberdade suprema não o aceitou como Capitão, sofrendo resistência e rejeição dos leitores.

    Agente Americano – John Walker

    Walker já teve algumas encarnações nos quadrinhos: primeiro como Super Patriota, depois como Capitão América e, algum tempo depois, se tornou o Agente Americano. Sua índole era estranha, mas de fato ele jamais foi um vilão. Na série, após Sam Wilson entregar o escudo ao governo, é John Walker o escolhido para ostentar as cores da bandeira e o nome heroico.

    O personagem reúne clichês do Capitão América e também do Justiceiro. Já substituiu o Cap. original, inclusive com um Bucky como dupla e outros sidekicks. Após confrontos com o personagem original, que retorna em um uniforme preto se auto-intitulando Capitão, Walker se redime, troca de uniforme e passa a se chamar de Agente Americano. Futuramente se tornaria parte dos Vingadores da Costa Oeste com algumas participações no Vingadores originais. Também trabalhou com os Thunderbolts.

    Isaiah Bradley

    Uma boa surpresa da série foi o fato de abordar um personagem que não está exatamente no mainstream dos heróis Marvel. Embora seja complicado o modo de lidar com o lado político do sujeito, Isaiah é praticamente um espantalho de um revolucionário.

    Nos quadrinhos, ele já foi o Capitão América. Foi inserido como um retcon (continuidade retroativa) e sua primeira aparição foi em uma minissérie própria, Truth: Red, White & Black #1 de janeiro de 2003, jamais publicada no Brasil até o presente momento.

    Criado por Axel Alonso, Robert MoralesKyle Baker, o personagem foi um sobrevivente de uma tentativa de replicar o Soro do Super Soldado. Uma experiência feita com quase 300 americanos que morreram no processo. Interessante observar como sua narrativa se aproxima do caso real de homens negros sendo testados em experiências para curar a sífilis, sem saber que eram cobaias. A experiência trouxe muita sequelas aos envolvidos e, de certa forma, a experiência do soro faz essa aproximação. Nos quadrinhos, Isaiah sofre de Alzheimer, fruto da degeneração do soro.

    Em Truth, ele rouba o traje do Capitão, sendo preso por isso. Apesar de muitas problemáticas em relação ao lado político desse personagem na série, ao menos se abre uma boa questão, ao se indagar se Steve Rogers sofreria o que Isaiah sofreu caso não tivesse desaparecido por década. Na série, o ator Carl Lumby se entrega maravilhosamente ao personagem.

    Elijah Bradley

    Apresentado aqui como um adolescente comum, ao menos aparentemente, Elijah é neto de Isaiah Bradley. Nos quadrinhos, viraria também um herói: O Patriota. O personagem possivelmente retornará em uma adaptação ainda não anunciada dos Jovens Vingadores, grupo de apoio nos quadrinhos, que no MCU estão sendo gradativamente apresentados: em Wandavision conhecemos Célere e Wicano. Na vindoura série do Gavião Arqueiro, teremos a Gaviã Arqueira de Katherine Elizabeth Bishop.

    O Patriota dizia que sofreu experimentos com o soro do Capitão, mas usava na verdade uma droga chamada Hormônio do Crescimento Mutante, substância que dava poderes por um curto período de tempo. Esse vício repetia o drama de Allan Heinberg um dos criadores do personagem que também teve problemas com vício em drogas. Na cronologia, Elijah consegue poderes de maneira definitiva, depois de receber uma transfusão de sangue de seu avô. Fez parte da primeira formação dos Novos Vingadores.

    Mercador do Poder

    As duas versões do Mercador do Poder, a mais recente e Curtis Jackson.

    Criado por Jack Kirby,  a primeira versão do personagem é Curtis Jackson, um mercenário que fornece poderes a quem pagar uma quantia alta. É ele que dá poder a dois personagens heroicos: Lemar Hoskins e John Walker. Na série, ele é a fonte do poder dos Apátridas. Nos gibis, sumiu por um tempo, teve uma aparição em Machine Man de 1978, retornou apenas no titulo solo do Coisa em 1986. Junto ao doutor Carl Malos (personagem que já apareceu em outro  produto da Marvel, Jessica Jones, 2ª Temporada), fez experimentos com várias pessoas em posição vulnerável, entre eles, Joaquin Torres, abordado nesse texto também. Jackson foi forçado em histórias posteriores a experimentar o soro do super soldado. Então ficou gigante, tão musculoso e desforme que não conseguia andar. Malos então fez para ele um exo-esqueleto.

    Há outra versão do Mercador do Poder que surge após a morte do primeiro. Sua identidade é desconhecida, o que se sabe é que ele é bem diferente de Jackson. Sua primeira aparição foi em Avengers: The Initiative Annual #1, de 2008, ecom criação de Dan Slott e Christos N. Gage. Na série, o personagem é diferente, reúne elementos das duas versões e tem sua identidade revelada somente no último episódio.

    Batroc, O Saltador

    Esse é um personagem antigo, criado pela dupla Stan Lee e Kirby, datado de 1966. No MCU já havia aparecido em Capitão América 2: O Soldado Invernal, também interpretado pelo lutador profissional Georges St. Pierre. No filme, havia sido detido pela Hydra/SHIELD, e só reapareceu agora. Nos quadrinhos, é um mercenário francês, especialista em Savate, uma arte marcial semelhante ao Boxe, embora o vilão use bastante os pés. Não tem poderes, combate desarmado e, nos gibis, tem um certo código de honra não atacando jamais adversários em desvantagem numérica.  Já lutou ao lado do Capitão América. Fez parte dos Thunderbolts de Zemo e de Wilson Fisk, o Rei do Crime, mas é mais conhecido por ter seu próprio grupo de personagens caçadores de recompensa, Brigada de Batroc.

    Apátrida

    Apátrida era um vilão das revistas do Capitão América. Na série, é transformado em um grupo terrorista, os Apátridas. As principais diferenças dessas versões moram nas intenções. Karl Morgenthau é um vigilante antinacionalista, algumas vezes tratado erroneamente como anarquista. Em comum  com a versão em carne e osso, há o desejo de um mundo sem fronteiras, embora aqui soe um pouco confuso, pois o grupo de opositores dos heróis buscam trazer o mundo a condição antes da volta das pessoas do Blip.

    O grupo é liderado por uma moça idealista e que passa longe da condição de vilã clássica. Seu nome é Karli Morgenthau interpretada por Erin Kellyman. O maior problema no seriado é que os Apátridas são presos a teorias da conspiração, e tem sua motivação revolucionária também como motivo de chacota. O grupo também tem poderes oriundos do Soro do Super Soldado fornecido pelo Mercador do Poder.

    Joaquín Torres

    O seriado também apresenta Danny Ramirez como Joaquín Torres. O personagem é uma adição recente aos quadrinhos da Marvel. Nos quadrinhos ele tem uma historia bastante diferente do que é visto no seriado. Nas HQs ele é um experimento do doutor Karl Malus. Na época, o vilão misturava DNA de humanos com animais. Torres era um hibrido de humano com falcão, tinha elementos do DNA de Asa Vermelha, o mascote falcão de Sam Wilson (que nos filmes, é apenas um drone). Quando Wilson, já como Capitão América, salvou as vítimas de Malus. Joaquin foi uma das poucas experiências que não retornou ao estado humano. Ele tem uma conexão psíquica com o Asa Vermelha e por isso, tem ligação também com Sam.

    Quando o herói assumiu como Capitão, deu a Torres a incumbência de ser o Falcão, isso é até aludido dentro do seriado. Enquanto Falcão, Joaquin se torna parte do grupo Os Campeões, formado por jogadores jovens, que no MCU, deve se “fundir” com os Jovens Vingadores.

    Estrela Negra

    Lermar Hoskins, que no seriado foi interpretado por Clé Bennett, foi um parceiro do Capitão América de Walker. Criado por Mark Gruenwald e Paul Neary, era um ex-soldado das forças armadas americanas, e também teve acesso ao soro através do Mercador do Poder. Tinha poderes semelhantes ao do Capitão, era treinado em várias artes marciais e táticas. Já no seriado, não tem poderes, mas é habilidoso em termos de luta.

    Nos gibis, ele usava um escudo triangular de adamantium. Era o Bucky de John Walker, mas mudou o nome para Estrela Negra após a Marvel receber várias cartas que afirmavam que o termo era usado de modo racista contra negros. Lemar foi membro dos Vingadores Secretos e teve participação importante no evento Guerra Civil.

    Condessa Valentina Allegra de Fontaine

    Interpretada por Julia Louis-Dreyfus, Valentina Allegra de Fontaine foi uma das grandes surpresas do seriado. A Condessa nos quadrinhos tem fortes ligações com Nick Fury, com Walker e com o grupo de vilões em recuperação os Thunderbolts, tanto que a comparação mais comumente feita com ela é de que seria uma Amanda Waller da Marvel.

    Nos quadrinhos, ela foi apresentada na HQ Strange Tales #159 em 1967. De origem italiana, ela faz parte de equipes da SHIELD e rapidamente se torna uma das melhores agentes da organização. Curiosamente, a personagem já se envolveu romanticamente com Nick Fury nas HQs e chegou a flertar também com o Capitão América de Steve Rogers. Outra alcunha que ela já teve foi Madame Hydra que já fez uma aparição (com esse nome) no seriado Agentes da Shield.

    Intui-se que Valentina seja uma espécie de Nick Fury para os anti heróis, podendo formar tanto os Thunderbolts como os Vingadores Sombrios. É uma forte possibilidade que esteja também no filme da Viúva Negra, e na futura série a respeito dos Skrulls,  Invasão Secreta.

    Doutor Wilfred Nagel

    Essa é uma aparição breve no terceiro episódio, mas é bastante importante. Nagel é interpretado por Olli Haaskivi. Nos quadrinhos foi introduzido em Truth: Red, White, and Black #1, a mesma história que dá origem a Isaiah. Nagel foi o cientista inescrupuloso que liderou os experimentos nos soldados de Camp Cathcart no Mississipi, que usou 300 soldados negros como cobaias com a maioria falecidos.

    Na série ele é bem diferente, mais jovem, fez experiências com amostras de sangue de super soldados. No capítulo em que aparece fica subentendido que ele usou o sangue de Bradley para chegar a esta versão do soro. O sonho dele era superar o detentor da criação do soro original, Dr. Eskrine.

    Outras menções

    Há resgate do vilão Barão Zemo (que finalmente coloca a máscara roxa semelhante aos quadrinhos) e da agente especial Sharon Carter (que também mudou muito). Além dessas referências já estabelecidas nos outros filmes, há também algumas boas menções, como a ilha Madripoor onde o Wolverine passava boa parte de seus dias como Caolho. Também o Tigre Sorridente,  alter-ego de Conrad Mack, um híbrido de homem e animal (na série é, aparentemente, um homem de visual estilo cafetão dos filmes blaxploitation). Além disso, o apelido de Lobo Branco para Bucky faz referência a um rival do Pantera Negra nos quadrinhos (totalmente diferente aqui). O próprio Soro do Super Soldado é uma referência que merece menção devido a presença constante,  além de nutrir poderes aos Apátridas, Bucky, John Walker e Isaiah, também foi implantado como variante no filme O Incrível Hulk de Louis Laterrier, tanto em Bruce Banner que se tornou o Hulk e em Emil Blonsky, que virou o vilão Abominável.

  • Review | Falcão e Soldado Invernal

    Review | Falcão e Soldado Invernal

    Um dos problemas das séries da Marvel veiculadas na Netflix era a total desconexão com os “primos ricos” do cinema. Demolidor, Luke Cage, Punho de Ferro e Jessica Jones tiveram seus momentos, mas careciam de coesão junto as produções de Kevin Feige. Quando o produtor passou a também comandar o setor foram anunciadas algumas séries, sendo a primeira delas Falcão e Soldado Invernal.

    Como ocorreu com Wandavision, que por conta da pandemia acabou sendo lançada primeiro, foi escolhido um diretor para a temporada inteira, Kari Skogland, e o comando da série ficou por conta de Malcolm Spellman. Isso garantiu coesão em abordagem temática e ação, sendo este último um dos aspectos mais positivos dos seis episódios. Os momentos de perseguição se assemelham aos de um thriller, com a mesma ambientação que os irmãos Russo impuseram em Capitão América: Soldado Invernal e Capitão América: Guerra Civil, incluindo também um sem número de referências a personagens e momentos da historiografia do Capitão América nos quadrinhos, de Joe Simon e Jack Kirby a Ed Brubaker.

    A série troca a ideia de mostrar sidekicks agindo em torno de um legado para apresentar uma temática de excluídos tentando provar seu valor. O Sam Wilson de Anthony Mackie e o Bucky Barnes de Sebastian Stan são encarados como fracos ou não dignos de confiança. Em suma, são temas que já foram abordados em outras séries, inclusive de super-heróis como Raio Negro ou Justiceiro, mas atualizados para os dias atuais. O problema maior é que no caso da produção da Disney essas questões são mais mencionadas que desenvolvidas, com o roteiro só arranhando a superfície, quando não faz pouco caso de pautas e discursos revolucionários no arco de pelo menos dois dos personagens que orbitam os protagonistas.

    Mesmo com essas problemáticas, o saldo é positivo. O mundo em reconstrução posterior a intervenção de Thanos em Vingadores: Guerra Infinita mostra como os homens se viraram para manter a sociedade e como essas questões terrenas tem implicações graves para o globo. Falcão é um herói pragmático, mundano, sem poderes e que ainda que se mostre inseguro não refuga sua missão de combater as injustiças. Essa trama contrasta com a personalidade e tentativa de imposição do novo Capitão América. O inconsequente e violento John Walker de Wyatt Russell é a antítese desse comportamento, é super idealista, mas super impulsivo. Seu arquétipo que parece funcionar melhor nos quadrinhos para alguns personagens à margem do heroísmo clássico, mas não é o ideal para seguir o rumo do manto que o governo escolhe lhe dar. Para além até das óbvias e injustas comparações de sua persona com os heróis de Zack Snyder, já que sua construção possui muito mais nuances que as versões sombrias dos filmes da DC pós Homem de Aço.

    Há algumas conveniências esquisitas no final, muitas pontas soltas são mal amarradas e os heróis claramente fazem vista grossa para o destino de personagens que já foram seus aliados no passado. O sexto capítulo é bastante apressado, tem boa parte dos problemas que o nono episódio de Wandavision, inclusive nas questões de obviedades ligadas aos mistérios que a série estabelece. No entanto, mesmo suas conveniências seriam mais aceitáveis caso os temas espinhosos e adultos fossem tratados de maneira menos polida e conciliatória. A estética de escapismo dos heróis parecia estar sendo dobrada neste Falcão e Soldado Invernal, mas o final se percebe realmente que esse é mais um fruto das histórias medíocres (no sentido literal da palavra) do universo Marvel comandado por Feige, pois apesar de apresentar alguma coragem inicial, acaba abraçando o discurso fácil, especialmente na figura do Falcão, que durante os outros cinco episódios, parecia o mais pé no chão entre os vigilantes, mas se torna o bobo idealista que acha que usando chavões e frases feitas ajudará o mundo a ser mais justo. É piegas e nada pragmático esse desfecho, que mais uma vez aposta na fórmula de referenciar futuras produções para esconder sua própria mediocridade.

  • VortCast 95 | Diários de Quarentena XX

    VortCast 95 | Diários de Quarentena XX

    Bem-vindos a bordo. Flávio Vieira (@flaviopvieira), Filipe Pereira (@filipepereiral), Bruno Gaspar, Bernardo Mazzei, Jackson Good (@jacksgood) e Rafael Moreira (@_rmc) se reúnem para comentar um pouco sobre as bizarrices de Junji Ito, a visão de Zack Snyder e o sucesso das séries Marvel.

    Duração: 97 min.
    Edição: Rafael Moreira e Flávio Vieira
    Trilha Sonora: Rafael Moreira e Flávio Vieira
    Arte do Banner:
     Bruno Gaspar

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  • Os Vingadores | As Aparições da equipe no Audiovisual

    Os Vingadores | As Aparições da equipe no Audiovisual

    O maior grupo de heróis da Marvel surgiu nas revistas em quadrinhos The Avengers, no ano de 1963, e entre altos e baixos, foram retratados algumas dezenas de vezes nas telas da TV, cinema e outras mídias. Confira nossa lista sobre essas aparições.

    O Incrível Hulk (1966) e Capitão América (1966)

    A primeira aparição do supergrupo se dá em um dos desenhos que adaptavam as histórias clássicas de Jack Kirby e Stan Lee, em especial dois deles, O Incrível Hulk e Capitão América, ambos de 1966. Os heróis se reúnem para discutir ações, em alguns momentos são apenas Capitão, Hulk, Thor e Homem de Ferro (no episódio de Capitão América) e em outro (Hulk) são acompanhados da Vespa e Homem-Formiga, mas o herói bandeiroso não aparece.

    Homem-Aranha (1981)

    O desenho do Homem-Aranha que começou em 1981 mostrava as aventuras do cabeça de teia pela cidade de Nova York enfrentando seus vilões clássicos. A aparição dos Vingadores é rápida, na verdade é um cameo, uma vez que não há falas para eles. O grupo formado por Feiticeira Escarlate, Homem de Ferro, Thor, Capitão América e Visão aparecem de relance em uma televisão vista por Peter e tia May, e a velhinha destaca que eles são mais respeitáveis que o repulsivo Aranha.

    Quarteto Fantástico: A Série Animada (1996)

    No último capítulo da segunda temporada, Doomsday, há uma aparição do supergrupo no desenho animado do Quarteto Fantástico. O grupo aparece enfrentando o Doutor Destino e depois, reunidos em seu  esconderijo. Os que aparecem são Mulher-Hulk, Homem de Ferro, Hércules, Capitão América, Visão e Cristallys, além de outros tantos personagens da Marvel, como os  Novos Guerreiros.

    X-Men – A Série Animada (1995)

    No episódio, One Man’s Worth: Part 1, há um conflito entre X-Men e Vingadores. Nele, Tempestade e Wolverine acabam sendo pegos por uma anomalia espaço-temporal, indo para um versão alternativa do presente, onde os humanos e mutantes estão em uma guerra franca, e no esforço doa homo sapiens, são utilizados os Vingadores, com versões alternativas do Capitão, Homem de Ferro, Gigante, Vespa e Hulk. Eles sequer possuem qualquer diálogo, e isso só ocorreu por conta de um plano de Bishop de alterar o tempo.

    Os Vingadores (1999)

    Originalmente chamada de The Avengers: United They Stand, foi o primeiro desenho totalmente focado no grupo, ainda que não tivesse seus principais heróis por motivos até hoje não explicados, há rumores de que isso é devido a contratos para o cinema que estavam sendo negociados, mas são apenas boatos. A qualidade era sofrível e reza a lenda que um dos argumentos de Bruce Timm para não trabalhar em um desenho da Liga da Justiça  antes era o exemplo que essa animação dava, bastante confusa e sem o brilho dos principais heróis da Casa das Ideias. Seus dubladores eram Rod Wilson como Homem Formiga, Linda Ballantyne como Vespa, Hamish McEwan como Magnum, Lenore Zann como Tigresa, Martin Roach como Falcão, Ron Rubin Visão, Tony Daniels como Gavião Arqueiro, Stravoula Logothettis como Viúva Negra.

    Os Supremos (2006)

    Esta foi uma tentativa da Marvel Studios de competir com a DC Animated, que havia ido muito bem com Universo DC Animado (DCAU) com Batman – Tas, Superman – Tas e o crossoverde heróis em Liga da Justiça e Liga da Justiça Sem Limites e que passou a fazer filmes em longa-metragem direto para o mercado de home video. Esse longa condensava os arcos de Bryan Hitch e Mark Millar  no Universo Ultimate da Marvel, onde os Vingadores chamavam-se Supremos (ou Ultimates no original) e onde os herois eram menos maniqueístas e mais raivosos, em especial o Capitão América, que estava longe de ser um escoteiro. Nessa versão, conduzida por Curt Geda e Steven E. Gordon os personagens não são tão viscerais, são bem mais comedidos (em especial Hulk e Capitas), mas ainda assim o filme é bem legal. Aparecem nele Homem de Ferro (Marc Worden), Thor (David Boat), Capitão América (Justin Gross), Vespa (Grey Griffin), Viuva Negra(Olivia d’Abo), Gigante/Homem Formiga (Nolan North), Nick Fury (Andre Ware) e Hulk (Fred Tatasciore como o monstro, também dublando Jarvis) e sua contra parte Bruce Banner (Michael Massee).

    Os Supremos 2 (2006)

    Não demorou para ser lançado um segundo filme dos Supremos, e Ultimate Avengers 2 saiu no mesmo ano, em Agosto (o primeiro era de Fevereiro de 2006), e é bem menos inspirado que o primeiro. A equipe de dublagem é praticamente a mesma, com o acréscimo do Pantera Negra, feito por Jeffrey D. Sams.

    Os Novos Vingadores: Heróis do Amanhã (2008)


    Em 2008 foi lançado um longa-metragem diferente, conduzido por  Jay Oliva (o mesmo que viria  a comandar inúmeros longas do universo DC animado recente) e Gary Hartle, onde uma nova geração de heróis surgiriam, os filhos dos Vingadores. Next Avengers: Heroes of Tomorrow como foi chamado originalmente, mostra as crianças decidindo agir para salvar seus pais. São eles James Rogers (Noah Crawford), Torunn (Brenna O’Brien) , Azari (Dempsey Pappion), Henry Pym Jr. (Aidan Drummond) ,Francis Barton (Adrian Petriw). Há aparições breves do Homem de Ferro, Ultron, Visão, Thor, Betty Ross e Hulk.

    Vingadores – Os Maiores Heróis da Terra (2010)

    De 2010 até 2012, foi exibida no canal Disney XD, teve um total de 52 episódios e era bem legal, com um traço bem cartunesco e característico, mas infelizmente foi descontinuada pela época do filme dos Vingadores, o que é uma pena, pois era uma boa rival (ainda que tardia) a Liga da Justiça e Liga da Justiça Sem Limites. A outra animação, que ocupou de certa forma seu lugar é bem mais quadrada que esta, o que é uma pena. Os dubladores eram Eric Loomis como Homem de Ferro, Colleen O’Shaughnessey como Vespa, Brian Bloom como Capitão América, Rick D. Wasserman como Thor, Chris Cox como Gavião Arqueiro, Fred Tatasciore como Hulk, James Mathis III como Pantera Negra, Wally Wingert como Homem Formiga, Jennifer Hale como Ms Marvel, Peter Jessop como Visão e Alex Desért como Nick Fury.

    Os Vingadores (2012)

    E em 2012, também foi lançado o mais óbvio alvo dessa lista, o longa de Joss Wheddon, Os Vingadores, onde os maiores heróis da Marvel lidam com uma invasão Chitauri, comandada por Loki. O grupo é formado por Viuva Negra, Gavião Arqueiro, Capitão America, Homem de Ferro, Thor, Hulk, e foi o fim da fase 1 da Marvel. Obviamente os fãs conhecem de cor o elenco do filme.

    Homem de Ferro a Nova Série Animada (2012)

    No desenho iniciado em 2008, originalmente chamado Iron Man: Armored Adventures, há uma aparição do grupo, num dos ultimos capitulos, e ele é formado pelo heroi protagonista do desenho, Gavião Arqueiro, Fury, Viuva, Máquina de Guerra, Hulk, Pantera Negra, além de Pepper Potts como a heroína Rescue.

    Os Vingadores Unidos(2013)

    Após a injustiça de terem terminado com Os  Maiores Heróis da Terra, Os Vingadores Unidos (Avengers Assemble) chegou, 2013, após o primeiro filme live  action e ainda está em exibição, tendo tido seu ultimo episódio em Fevereiro de 2019. A equipe tem algumas alterações ao longo de suas temporadas, mas tem normalmente Homem de Ferro (Adrian Pasdar, e Mike Wingert), Capitão América (Roger Craig Smith), Hulk (Fred Tatasciore),Thor (Travis Willingham), Gavião (Troy Baker), Viúva ( Laura Bailey), Homem Formiga (Grant George).

    Ultimate Homem Aranha (2014)

    Ultimate Spider-Man foi descontinuada, em nome da nova animação do Cabeça de Teia, Spider-Man, mas antes de terminar, no começo da terceira temporada, os Vingadores aparecem com o mesmo elenco de Vingadores Unidos, em The Avenging Spider-Man: Part 1 em 2014, basicamente para interromper os planos de Loki e Doutor Octopus que se juntaram para fazer o mal.

    Vingadores Confidencial: Viúva Negra & Justiceiro (2014)

    Outro longa da lista, de nome original Avengers Confidential: Black Widow & Punisher foi lançado em 2014, dirigido por Kenichi Shimizu, e é focado basicamente no Justiceiro e Viuva Negra, feitos por Brian Bloom e Jennifer Carpenter. Castle faz uma ação com tecnologia da SHIELD, e para ter perdão, Fury (John Eric Bentley) propõe que ele faça um serviço para a organização. Apesar de ter os Vingadores no nome do filme, o grupo aparece bem brevemente, entre eles, Hulk, Homem de Ferro,

    Marvel Disk Wars: The Avengers (2014)

    Esta é uma aparição curiosa, por se tratar de um anime em parceria entre Walt Disney Japan  com a Toei Animation. O seriado teve 27 capítulos. A formação é curiosa, tem muitos personagens dos X-Men (Homem de Gelo, Dentes de Sabre, Magneto, Deadpool), além de Nick Fury, Wolverine, Homem de Ferro, Vespa, Gavião, Capitão America, Máquina de Guerra.

    Super Aventuras Marvel: Batalha Gelada (2015)

    Este foi um filme em longa-metragem, lançado em 2015, que mostra os herois agindo na época natalina, onde Homem de Ferro, Thor, Capitão, Hulk e cia tentam deter Loki, que por sua vez, quer pegar os poderes do Papai Noel. Há também participação do Rocket Raccon e Groot.

    Vingadores: A Era  de Ultron (2015)

    A continuação de Joss Wheddon empolgou muita gente (incluindo esse que vos fala), mas não sobreviveu bem a revisão, apesar disso, Vingadores 2 pega emprestado um pouco da historia da Saga A Era de Ultron, traz um bom vilão mas que é sub aproveitado, e insere novos elementos, como Visão e Feiticeira Escarlate, além dos já citados anteriormente. Foi a última colaboração de Wheddon na Marvel Studios, depois ele foi para a DC para realizar Batgirl (projeto engavetado até o momento) e refilmou boa parte das cenas de Liga da Justiça.

    Capitão America: Guerra Civil (2016)

    Para muitos, esse foi o Vingadores 2.5, dado que apesar de um filme solo, havia um número enorme de heróis, mais até que em Capitão América 2: O Soldado Invernal. Brincadeiras a parte, o grupo de super seres é de certa forma dissolvido aqui, na briga entre Tony Stark e Steve Rogers a respeito do registro de heróis. É um bom filme de ação, principalmente pelo embate que existe entre os heróis, além de ser conduzido pelos irmãos Russos, que fariam Vingadores 3 e 4.

    Guardiões da Galáxia (2017)

    Guardiões tem um seriado animado, com três temporadas até agora, e foi no começo da Segunda  Temporada que os Vingadores apareceram, com os mesmos dubladores e equipe de Vingadores Unidos, sendo que aqui, apareciam
    Homem Formiga, Capitão, Capitã Marvel, Hulk, Homem de Ferro.

    Marvel Future Avengers (2017)

    Mais um anime japonês, dessa vez do Estúdio Madhouse, o programa acompanha a história de Makoto, um jovem que ganhou poderes após um experimento da HYDRA, até que ele decide mudar seu destino se unindo aos maiores heróis da Terra, os Vingadores, Hulk, Homem de Ferro, Capitão, Vespa, Thor etc. A série ainda está sendo exibida e já teve duas temporadas.

    Vingadores: Guerra Infinita (2018)

    Guerra Infinita foi talvez o momento mais épico do grupo no audio visual. O evento reuniu não só a equipe clássica, como praticamente todos os personagens que tiveram filmes solos e de equipe, como Pantera, Dr Estranho e os Guardiões, tudo para enfrentar a chegada de Thanos, o Titã Louco. Baseado na trilogia de Jim Starlin, Desafio Infinito, Guerra Infinita, Cruzada Infinita , ainda que tenha mais elementos da primeira historia citada. O hype foi tanto que gravamos um podcast, sobre Guerra Infinita, e a expectativa por sua continuação é enorme.

    Capitã Marvel (2019)

    Na cena pós crédito de Capitã Marvel, os Vingadores aparecem, tentando descobrir do que se trata o pager que Nick Fury segurava. Entre eles, há o Capitão América, Viuva Negra e Máquina de Guerra, em trajes civis, que assistem atõnitos a chegada de Carol Danvers entre eles, basicamente como um prelúdio para o esperado Vingadores: Ultimato.

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  • Vingadores: Guerra Infinita | Confira a descrição do fantástico trailer exibido na D23

    Vingadores: Guerra Infinita | Confira a descrição do fantástico trailer exibido na D23

    A  Disney é tão enorme que precisa de um evento nos mesmos moldes das Comic Cons para anunciar novidades e imagens exclusivas de seus mais aguardados projetos.

    Felizmente, o terceiro filme dos Vingadores, intitulado de Guerra Infinita, promete ser o maior filme da história do cinema, não só pela quantidade absurda de heróis (todos aqueles que já apareceram até então), mas também por ser um ambicioso projeto trazido pela Marvel.

    O painel do filme contou com o presidente Kevin Feige e o co-diretor, Joe Russo, que conseguiu reunir no palco ninguém mais, ninguém menos que os Vingadores, Robert Downey Jr., Chris Hemsworth, Mark Ruffalo, Paul Bettany, Elizabeth Olsen, Don Cheadle, Anthony Mackie, Tom Holland, Benedict Cumberbatch, Chadwick, Boseman, Sebastian Stan, os Guardiões da Galáxia, Karen Gillan, Dave Bautista, Pom Klementieff e o vilão, Josh Brolin.

    O trailer foi exibido somente para o público presente no salão e foi fantástico. Confira a descrição.

    De início, vemos um momento de tensão, onde os Guardiões da Galáxia, a bordo da Milano, esbarram no corpo inconsciente de Thor (com o uniforme de gladiador de Thor: Ragnarok). Ao ser trazido para dentro da nave, o asgardiano é acordado por Mantis. Assustado, Thor pergunta quem são aquelas pessoas.

    As imagens passam a mostrar a Terra com vários trechos de devastação. Vemos um Loki nada amistoso em posse do Tesseract e Peter Parker, num ônibus, tendo os pelos do braço sendo arrepiados, o que, aparentemente, é o seu sentido de aranha.

    Vemos Thanos pela primeira vez em um planeta alienígena usando a Manopla do Infinito e ele consegue soltar parte de uma lua provocando uma chuva de meteoros. Doutor Estranho, Guardiões da Galáxia e o Homem de Ferro estão na batalha.

    Também vemos em outras imagens o Homem-Aranha vestindo um novo uniforme, o Pantera Negra em Wakanda, alguns Vingadores, juntos do Hulk, apanhando dos asseclas de Thanos e também um Capitão América barbudo e uma Viúva Negra loira.

    O trailer tem um tom dramático, semelhante aos de Homem de Ferro 3 e Vingadores: Era de Ultron.

    Vale destacar que as filmagens do corte principal do filme se encerraram na última sexta-feira e a produção da continuação ainda sem título já teve início de imediato.

    Vingadores: Guerra Infinita estreia em 4 de maio de 2018.

    Texto de autoria de David Matheus Nunes.

  • Resenha | Capitão América: O Novo Pacto

    Resenha | Capitão América: O Novo Pacto

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    A estrutura do universo Marvel se sustenta como uma projeção paralela da Terra em que super-heróis habitam nosso cotidiano. Direta ou indiretamente, a editora sempre refletiu acontecimentos mundiais como parte de suas narrativas. Quando em 2001, o ataque terrorista em solo americano deflagrou a destruição do World Trade Center, em Nova York,  uma revista em homenagem às vítimas foi lançada. Inserindo os heróis no mutirão de apoio e ajuda como reflexo da sensação americana na época.

    Diante deste fatos, diversas representações artísticas em frontes variáveis surgiram. No cenário realista desenvolvido pelo estúdio, havia a delicada questão de como abordar o tema de maneira plausível para que a existência de heróis mundiais possibilitasse um ataque como este, desenvolvendo a reação de seus personagens sem descaracterizá-los. Coube a John Ney Rieber e John Cassaday realinhar o Capitão América após onze de setembro.

    Lançado no país na revista Marvel 2002 na época, e compilado recentemente na Coleção Graphic Novels Marvel da Salvat, O Novo Pacto se divide em dois momentos narrativos. A primeira história apresenta uma análise metafórica sobre os fatos, com Steve Rogers refletindo o acontecimento. De maneira poética, a trama evidencia o Capitão como um homem comum, um cidadão americano como outro qualquer que, heroísmo à parte, compartilha a dor, o luto e o sentimento de impotência perante o fato. Em meio a cores carregadas de tons cinzas, o herói lamenta o acontecimento, explicitando a força de seu ideal como um símbolo de liberdade. Esta primeira parte da história funciona como metáfora para a o mote da trama, envolvendo uma pequena cidade sofrendo um concentrado ataque terrorista.

    A forte vertente realista posiciona a personagem de maneira emocional diante de um cenário que parece repetir o fato real. Expiando a raiva contida, Rogers assume um papel ativo além de seu símbolo, promovendo uma cisão entre Capitão América e o homem por trás desta figura. Como soldado, Rogers falhou em proteger a nação. A dor simbolizada como uma batalha perdida desenvolve a reflexão sobre a necessidade da guerra, pontuando as motivações de ambos os lados. Rogers e o Capitão adquirem ideais divididos. Enquanto o símbolo permanece indelével, o homem se mostra em dúvida sobre sua trajetória.

    O roteiro é preciso ao estabelecer a metáfora sobre a guerra, pontuando que o lado terrorista também possui motivações e uma coerência interna nos atos. Mas falha ao desenvolver uma ação pontual que expande a trama além da reflexão natural. Como primeira história após tais acontecimentos, é uma bonita homenagem mas, a cada edição concentrando-se mais no desenvolvimento de ação, percebe-se um desequilíbrio. A dupla acerta na vertente mais delicada, falha na execução simples de uma boa história com a personagem. Talvez preocupados em excesso em situar o Capitão América neste novo tempo, a trama em si permaneceu em segundo plano.

    O Novo Pacto se mantém como homenagem maior que a narrativa. Marcando uma transição comentada na época mas que, em futuro próximo, tornou-se fundamental à personagem, quando o homem por trás do símbolo adquiria contornos gerais focados na liberdade, sem nenhuma ideologia como bandeira.
    Capitao America - Novo Pacto - 1

  • Resenha | Capitão América: O Ódio Se Chama Sangue

    Resenha | Capitão América: O Ódio Se Chama Sangue

    Capitao América - O Odio se chama sangue

    A longevidade de uma equipe assinando um título, comumente, marca uma continuidade elogiada por considerarmos que o tempo também denota sucesso, e ainda fornece espaço suficiente para que um roteirista e um desenhista desenvolvam seu estilo. Em contrapartida, há passagens que são marcadas por sua brevidade destacada, pela alta qualidade que causaram impacto em seu lançamento e permaneceram no cânone. Um exemplo desta afirmativa é a breve fase em nove edições de Roger Stern e John Byrne à frente de Capitão América, resultando em, ao menos, duas memoráveis histórias.

    Como era costume nos quadrinhos antigamente, as tramas não possuíam nomes específicos como as sagas que são lançadas progressivamente hoje. A passagem da dupla por Captain America nunca ganhou um título oficial. Nos Estados Unidos, um encadernado lançado em 2007 intitula-a como Captain America: War & Remembrance. No Brasil, a fase já foi lançada pela Panini Comics no volume único de Maiores Clássicos do Capitão América, sem nenhum nome formal. Recentemente, a Salvat lançou os números em sua coleção vermelha sob o nome O Ódio Se Chama Sangue, referência mantida neste título. De qualquer maneira, o público conhece esta edição como aquela que contém a história de Capitão América como presidente dos Estados Unidos.

    As nove edições acompanham quatro histórias distintas, duas delas focadas no lado aventureiro da personagem e duas em uma vertente mais subjetiva, analisando o significado de sua figura heroica. A primeira trama, À primeira luz da aurora!, é a mais fraca delas, com um vilão computadorizado que, como os tradicionais vilões quadrinescos, deseja destruir o Capitão América. A segunda trama nesta abordagem, com uma equipe mais entrosada, tem maior carga de efeito e, explorando uma vertente que hoje não está presente nas tramas do estúdio, compõe uma boa aventura.

    A edição mais conhecida é aquela que coloca o herói como um possível candidato à presidência do país. Capitão Para Presidente! é um interessante olhar sobre a figura do Capitão América a partir da ótica pessoal de Steve Rogers, que analisa como as virtudes de uma única pessoa se confundem na composição de um líder natural e, por consequência, um candidato supostamente ideal como representante máximo dos Estados Unidos. A trama versa sobre a força da personagem como um símbolo que demonstra um ideal americano puro mas que, não necessariamente, se posta como força política. Saindo do contexto da época, a história ainda é potencialmente forte, ainda mais se contrapormos a composição atual da personagem, que tangencia parte do american way of life para ser um maior símbolo de liberdade, explicitando-a como um direito inerente ao homem, e não apenas a um conjunto de regras e leis americanas.

    Após essa reflexão, a trama retoma a vertente aventuresca inserindo Stever Rogers em uma incursão pela Inglaterra, ajudando um antigo amigo, na época em que fez parte da brigada britânica. Mesmo neste lado mais aventureiro e simples, a personagem e a tônica da história funcionam pela boa composição narrativa. Por fim, a passagem de Byrne e Stern encerra com uma aventura que explora a tradicional e repetida vertente da origem, além de comemorar os 40 anos da personagem. Um processo que se tornou natural na evolução dos quadrinhos para que a biografia do herói sempre esteja conectada com o estilo vigente da narrativa.

    As transições de estilo dentro destas nove histórias provam a versatilidade do roteirista, bem como a composição desse clássico herói pode ser formatada para diferentes abordagens que enriquecem sua trajetória. Mesmo criado como um ideário americano, Capitão América conseguiu se expandir para além de uma propaganda de uma cultura hegemônica.

    Capito Amrica O dio Se Chama Sangue - 01

  • Resenha | Capitão América: Branco

    Resenha | Capitão América: Branco

    A coleção das cores, projeto de Jeph Loeb e Tim Sale, retomando a origem de clássicos personagem da Marvel sob uma ótica sensível – a qual promoveu Demolidor: Amarelo, Homem-Aranha: Azul e Hulk: Cinza –, sofreu um longo hiato até o lançamento do quarto título, Captain America: White. As primeiras informações desta edição datavam de 2008 quando um número zero foi lançado e elogiado pela crítica. O longo período de espera gerou especulações de que a história nunca seria lançada. Finalmente, no final do ano passado, a série foi lançada nos Estados Unidos e, posteriormente, em março deste ano, ganhou um encadernado em capa dura.

    Captain America: White, ainda sem lançamento previsto no país, mantém o estilo narrativo da trilogia anterior, retratando o início de personagens consagradas, dessa vez, deslocando o epicentro dramático para uma relação distinta. Se as anteriores focavam em grandes amores do heróis, nesta trama é a amizade entre Steve Rogers e Bucky Barnes o destaque. No prefácio assinado por Christopher Markus e Stephen McFeely, roteiristas de Capitão América: O Primeiro Vingador, Soldado Invernal e Guerra Civil, os autores pontuam que a trama mantém a vertente de uma história de amor voltada para uma composição platônica, um laço de amizade perfeita criada em uma difícil época mundial.

    A trama se passa em grande parte na Segunda Guerra Mundial, época em que Capitão América se tornava um representante do ideário americano na guerra como símbolo de força. Após o orfão Bucky descobrir a identidade secreta de Steve Rogers, este o treina para torná-lo um ajudante e incentivo para que os jovens da época se alistassem na causa.

    A tônica narrativa enfoca uma época diferente e anterior daquela apresentada nas tramas de Demolidor, Homem-Aranha e Hulk, fundamentando a origem do primeiro vingador antes do período em que permaneceu congelado acidentalmente. O Branco do título pondera a tradicional batalha entre bem e mal, fator aparentemente explícito em uma guerra, e a dualidade de pensamentos opostos primários, sem uma matiz entre um e outro.

    Captain America - White - 01

    Steve Rogers se apresenta coerente como personagem, puro e motivado em fazer o bem. Um herói que retoma sua jornada a partir da amizade com Bucky e da dor de perdê-lo no mesmo acidente que congelou Rogers, um evento traumático ainda carregado pelo vigilante e, evidentemente, anterior às modificações realizadas por Ed Brubaker em sua revista. A relação entre Rogers e Bucky se estabelece com símbolo familiar, representando um irmão mais velho cuidando do mais novo. Figuras que transitam entre força, coragem e fragilidade. A pureza da narrativa não aborda nenhum contorno além dessa relação fraterna, nem mesmo configura como absurdo o fato de um adolescente ir ao fronte de guerra de maneira oficial, sancionada pelo governo.

    As cores de Tim Sale são trabalhadas de maneira diferenciada das obras anteriores. Se elas tinham possíveis cores em destaque, resultando em quadros monocromáticos ou com poucas cores, o branco não se desenvolve da mesma maneira. Optou-se pelo uso de tons claros, mantendo uma escuridão aparente de um universo oprimido pela guerra mundial. Destaca-se o vilão Caveira Vermelha, feito com precisão entre uma caricatura em traços levemente exagerados, mas que se encaixa na visão realista da trama e demonstra como o lado “negro” da guerra seria, naturalmente, exagerado e vilanesco. No roteiro, há mudanças significativas devido ao fato de que Loeb modificou seu estilo narrativo, principalmente após o falecimento precoce do filho. De fato, o autor afirma que parte do desenvolvimento entre Rogers/ Bucky foi baseada na amizade com o filho. O sentimento de perda ainda se destaca pela presença da morte e da culpa como carga dramática.

    Modificando o enfoque narrativo, Captain America: White se revela um exercício interpretativo coerente com a origem e desenvolvimento de Capitão América. Mas não resulta em uma história grandiosa, em parte porque a origem da personagem foi recontada diversas vezes em boas versões anteriores, além da dinâmica do projeto que, ao ser coerente e manter a mesma vertente, perde uma abordagem inédita.

    Captain-America-White 01

  • Review | Agente Carter – 2ª Temporada

    Review | Agente Carter – 2ª Temporada

    Agente Carter 2 Temp 2

    Após Agent Carter – 1ª temporada, série que cresceu muito desde o tímido curta-metragem de Louis D’Esposito, Agente Carter apresenta uma história de cunho feminino protagonizada por uma figura que contém elementos do paladino típico utilizando métodos pouco ortodoxos. Peggy Carter (Hailey Atwell) já começa o segundo ano frustrando os planos de Dorothy Underwood (Bridget Regan), sua rival do ano anterior, em uma batalha que envolve inteligência estratégica e truculência comum a tantos outros filmes da Marvel Studios, movimentando uma época que é normalmente associada à monotonia.

    Já no primeiro dos dez episódios, comprova-se que este ano terá um conjunto maior de elementos fantásticos, apelando mais para a origem quadrinística das aventuras, mas sem deixar a seriedade de lado. Peggy não aparenta ser indestrutível, ao contrário, sofre com a solidão de não ter um par romântico, se sentindo desolada quando encontra um possível substituto amoroso para Steve Rogers, e desamparada após uma experiência traumática, falhando em manter a posição de ser inabalável por muito tempo. A complexidade desta configuração humaniza a personagem, tornando toda a história ainda mais plausível.

    O plot passa a ter mais conexões com o escapismo das histórias em quadrinhos contemporâneas à época em que a serie se passa. A inserção da Matéria Zero faz alusão a um novo patamar das histórias da Marvel Studios, já que liga o universo convencional a um protótipo do que seria a Dimensão Negra, novidade a ser explorada futuramente no filme do Doutor Estranho. A inserção da sub-trama da Isodyne Energy se mostra um pouco confusa de início, em especial quando se trata das motivações dúbias de Whitney Frost (Wynn Everett), que basicamente transita entre a figura de vítima e de mal-intencionada.

    Os criadores Stephen McFeely e Christopher Markus escolheram um viés de maior ambiguidade, emulando o início da Guerra Fria, valendo-se de muito desenrolar político escuso dentro do embrião da S.H.I.E.L.D – isso sem sequer tocar em toda questão da Hidra explorada em Capitão América: Soldado Invernal –, deixando o antagonismo para figuras de fora da organização que aos poucos se erguia, além de alguns conchavos com gente poderosa.

    Agente Carter 2 Temp 4

    Mais uma vez o protagonismo é incontestavelmente de Peggy, ainda que haja muito mais espaço para os personagens masculinos nesse segundo ano, em especial para as tramoias envolvendo a estranha substância que o doutor Jason Wilkes (Reggie Austin) descobre, incluindo no decorrer dos fatos a mudança de sua consistência física. Ainda assim, tudo orbita as ações da agente estrangeira, que já tem todas as dificuldades inerentes à segurança de sua própria pátria, além de ter de lidar com um ambiente hostil e misógino.

    Próximo do final do programa, há um mergulho na psiquê da personagem título, mostrando sua insegurança com os rumos que sua trajetória toma em um número musical mental. Quase todas as pessoas que passaram pelos dois anos de seu programa dançam e cantam, resumindo um momento emocional em uma atuação próxima do que a Broadway costuma fazer.

    Talvez a figura mais controversa desta fase seja Vernon Masters, interpretado por Kurtwood Smith, que é um veterano do departamento de inteligência do exército durante a Segunda Guerra Mundial, tornando-se bastante influente na política do país pós-conflito. A ligação de Masters com Thompson ocasiona um caráter duplo no personagem mais moço, motivado pelo passado do ancião com o pai do atual agente. A ligação dos dois se faz perguntar se o oficial e Peggy já tinham conhecimento sobre a tentativa de tornar a substância gama em uma bomba, em mais um dos paralelos que Agente Carter faz com o resto do universo cinemático da Marvel.

    O interessante nas relações entre os membros do pelotão que investigam as futuras ações de Frost e dos demais opositores, é que não há maniqueísmo nas relações. As colaborações de possíveis traidores são contínuas, indo na contramão da insistente paranoia que tomava a opinião pública de toda a população dos Estados Unidos.

    Em alguns pontos, as piadas de Howard Stark (Dominic Cooper) destoam do momento de tensão que ocorre nos 15 minutos finais, banalizando o que deveria ser um momento de extrema tensão, fator jocoso que combina, em ausência de qualidade, com a interferência da máquina mágica em forma de carro pilotada por Jarvis, que consegue encerrar o imbróglio da Matéria Zero. Sexismo por parte de um dos financiadores é algo que desautoriza todo o drama: mesmo que isso esteja atrelado a sua personalidade, não havia momento mais inoportuno do que este para dar vazão.

    O ciclo se fecha, com Peggy portando passagem marcada para Nova York, encerrando assim suas atividades no departamento ao qual se dedicou desde o fim de Capitão América: O Primeiro Vingador, e que está dissolvido graças aos últimos acontecimentos. Cada um dos personagens toma seu rumo, em final a princípio adocicado, com formação de casais como em telenovelas. Há um cliffhanger deixado pouco antes dos créditos finais.

  • Crítica | Capitão América: Guerra Civil

    Crítica | Capitão América: Guerra Civil

    Capitao America - Guerra Civil

    O mundo tem se tornado um lugar cada vez mais complexo, embora menos violento, fazendo com que a tomada de decisões se torne uma função cada dia mais ingrata. Se antes era fácil decidir o que era certo e o que era errado, hoje a matiz se diversificou.

    Após o final da Segunda Guerra Mundial, o cientista Oppenheimer fala a público sobre sua participação no Projeto Manhattan (que formulou as bombas jogadas em Hiroshima e Nagasaki). Com amargura, cita Bhagavad Gitá e o texto Mahabarata da cultura Hindu, quando Vishnu tenta convencer o príncipe a cumprir seu dever, e para impressioná-lo assume sua forma com múltiplos braços: “Agora eu tornei-me a morte, a destruidora de mundos”. Já a visão de parte da tripulação do avião que carregava as bombas atômicas, endossada pelo presidente Truman, era “Eu estava obedecendo ordens. Eu fiz o meu dever”. Escolher o argumento do dever é escolher não conviver com a culpa e a responsabilidade, um mecanismo de defesa frequente no qual se convence que não teve escolha. Em uma visão quase romântica, que só poderia ter sido assim, tal como foi. Exatamente qualquer ato malévolo pode ser igualmente reduzido apenas ao cumprimento do dever, isso, porém, não dissolve as questões éticas e atemporais da maldade. Este tipo de reflexão é crucial para evitar que épocas fascistas de nossa história não sejam hoje vistas com romantismo imaturo ou postura blasé.

    Capitão América: Guerra Civil tem início com o grupo dos Vingadores já estabelecido como uma força civil de combate ao terrorismo em diversos países do mundo sem obedecer fronteiras. Com incidentes recorrentes, como os que se deram em Vingadores: Era de Ultron e a falta de participação de governos nas decisões do grupo, surge o medo de o que é se viver num mundo onde se tem heróis fantásticos. Após uma missão frustrada na Nigéria surge o apelo pela responsabilização dos Vingadores em seus atos, quando entra em ação o então secretário de defesa General Ross (vivido Willian Hurt aqui e em O Incrível Hulk) com a missão de colocar os Vingadores sob sua tutela, e assim obedecer as ordens do conselho de segurança da ONU. Ao trazer a questão para o mundo real, ações moralmente duvidosas como o uso de drones para julgar e executar criminosos no oriente médio recebem aceitação popular simplesmente por estarem atreladas a um governo, mas seriam seriamente repreendidas caso viessem da sociedade civil.

    Vivemos em uma época de prosperidade, mas em cuja inocência se extinguiu. Não é mais possível comprar um item sem sequer estar compactuando com trabalhos escravos, exploração da natureza, ou com o terror em países abandonados à própria sorte.

    Steve Rogers (Chris Evans) une todos esses paradoxos em si. Um homem profundamente solitário que busca lutar pelo coletivo. Descrente de instituições em uma visão foucaltiana, que considera as instituições como naturalmente perversas, compreende que o mundo é obscuro e não há inocência na mais simples ação, mas também acredita poder saber o que é o certo e o que é o errado, sem precisar democratizar suas decisões. Tony Stark (Robert Downey Jr, em uma interpretação muito mais sensível que em suas outras aparições) da mesma forma usa seu ego e genialidade para moldar o mundo à sua imagem e semelhança, como um construtor moderno, um futurista que, pela potência de suas ações, faz o mundo se curvar para elas. Repetidamente se observa Stark, assim como Vishnu, tornar-se o destruidor de mundos.

    A incapacidade de ter certezas e a impossibilidade de não agir destrói o interior desses dois personagens, que no fundo veem a tentativa de controle como uma forma de evitar a profundeza de suas consciências e, assim, lutam para garantir algum propósito a suas existências.

    Os irmãos Russo, diretores de Capitão América 2: O Soldado Invernal e dos próximos Vingadores, conseguem discutir estas questões sem dar respostas, a não ser a de que é necessário cuidado ao se entregar por completo a uma crença, ou a corrupção e destruição serão o próximo passo. Distante de criar uma dicotomia fácil, buscam tornar crível o embate entre ao dois lados liderados por Capitão América e Homem de Ferro, ao desenvolvê-lo tão humano quanto possível. A referência aqui é Hamlet, de William Shakespeare, primeiro homem moderno da literatura, que no confronto com a morte diante da caveira questiona sua própria existência e aquilo que se é. Capitão América se torna, assim, o príncipe confuso e amargurado, mas de bom coração e ideais tão robustos quanto falhos, que se tornaria rei mesmo que ainda vivesse em uma casca-de-noz.

    Com uma melhora clara na direção com relação ao filme anterior, em belas cenas de câmera à mão e na opção por usar planos ligeiramente mais longos sem cortes aparentes em diversas cenas, o ritmo de Capitão América: Guerra Civil é impecável, embora o tempo de projeção seja sentido devido ao volume de informação. O trunfo para lidar com tantos personagens é fazer do antagonista uma face alternativa da moeda que será jogada, tornando-o mais um conceito do que um personagem. Tal aposta traz algo recorrente nos filmes do Universo Marvel: a falta de vilões poderosos e capazes de seduzir o espectador, compensada pela boa atuação e os ideais cativantes do Barão Zemo (Daniel Brühl em boa atuação). A impressão é que tudo é gerado pelo caos e aleatoriedade, mas cinema é narrativa, e mesmo que não seja a grande peça de cultura pop que foram outros filmes, claramente inferiores a este, essas opções elevam Guerra Civil como obra.

    Os irmãos Russo lidam bem com o desafio de balancear os protagonismos melhor do que ninguém, conseguindo tornar críveis as opções de roteiro que são puramente funcionais e, com a melhora na direção, as atuações se mostram acima dos diálogos eventualmente verborrágicos de filmes anteriores do Universo Marvel, e com alívios cômicos capazes de contribuir para a dramaturgia vista na tela.

    É o dilema filosófico clássico: uma ideia contra uma ação. O quanto um ideal se sustenta frente às questões práticas de um mundo onde tudo que se pode fazer é uma contenção de danos? De certo modo, o dilema é o mesmo mostrado em Batman vs Superman: A Origem da Justiça, ao mostrar heróis afogados pelo niilismo e em busca de sua própria humanidade, podendo refletir um caminho revisionista do super-herói no cinema — tal qual Deadpool, embora numa direção diferente. Em Guerra Civil, porém, o respiro alcançado é dado de maneira mais carismática e redentora que na obra da DC Comics / Warner, alcançando a luz por meio do sacrifício daquele que é capaz de apanhar o dia inteiro por pura fibra moral, por aquele que prevê um mundo melhor aos seus filhos, pela nobreza herdada, ou pela simplicidade da ótica de um menino de 16 anos que passou a vida apanhando e hoje é capaz de fazer a diferença com seus dons. Com destaque para James Rhodes (finalmente bem utilizado), o Pantera Negra (Chadwick Boseman), Viúva Negra (Scarlett Johansson) e para o excelente Homem-Aranha/Peter Parker, os diversos personagens trazidos aqui são o fio de entusiasmo que faz com que se siga em frente sem perder seu caminho.

    Texto de autoria de Marcos Paulo Oliveira.

     

  • Resenha | Os Supremos 2

    Resenha | Os Supremos 2

    Os Supremos 2 Definitivo 1

    Começando a partir de uma ação do Capitão América, mergulhando em meio ao nordeste do Iraque em período de Guerra, o segundo volume de Os Supremos se estabelece semelhante, de certa forma ao primeiro, com a mesma equipe criativa formada por Mark Millar nos roteiros, Bryan Hitch nos desenhos e Paul Neary como arte finalista. As primeiras dez páginas são a síntese da proposta de Ultimates, com heróis distantes da figura de paladinos, com métodos violentos e repletos de frases de efeito, que convencem até os “agentes do terror” estrangeiros.

    Segue a temática de misturar elementos reais da opinião pública estadunidense, como Larry King entrevistando Tony Stark sobre o intervencionismo da equipe em questões mundiais, driblado pela genialidade do Homem de Ferro que conduz suas respostas de modo muito satisfatório e maduro, apelando para a caridade como justificativa das ações mais agressivas.

    O panorama inicial do grupo é bem diferente, com a Vespa (Jannet Pym) divorciada e namorando o Steve Rogers; Thor bem longe de seus antigos aliados; Banner preso e Hank Pym mudando sua postura, assumindo a “nova” identidade de Homem-Formiga, tentando assim retornar ao grupo. A atualidade continua como métrica do texto de Millar, utilizando-se do vazamento de informações – como em Wikileaks – que basicamente torna público através das grandes emissoras de TV que o super grupo já tinha conhecimento das atividades de Banner como Hulk.

    Este paradigma muda muito o quadro geral, mostrando um Steve Rogers culpado: “o mundo pensava que nós os salvamos, mas só estávamos limpando a nossa bagunça”, sucedido por uma atitude bastante desonesta dos mandatários da S.H.I.E.L.D., abandonando o doutor deprimido à sua própria sorte, isolando-o do mundo após ser sentenciado como culpado. Este é só o começo do colapso da equipe, que ainda incorre em uma luta visceral contra Thor. Uma questão dúbia que surge com a suspeita sobre o vazamento da informação, assim como o resultado final de um embate iniciado pela indisciplina do asgardiano.

    A derrocada moral se torna motivo de comédia, com a empreitada de Pym como Homem-Formiga e como principal figura principal desta versão de Os Defensores. A partir dali se estabelecem alguns pontos cruciais: primeiro com um easter egg mostrando a Feiticeira Escarlate sendo indagada (ciumentamente) por seu irmão Mercúrio, por estar flertando com uma máquina, em uma clara referência ao seu romance com Visão, no universo 616. A tentativa do Homem-Formiga evidentemente dá errado, e ainda que esse fracasso não sirva tanto para a trama principal, funciona para denunciar humoristicamente o que se propagava entre os super-heróis, que se tornavam franquias internacionais, tendo seus Capitães na Inglaterra, Itália e Espanha; também o uso indiscriminado da marca e poderes do Gigante por subalterno; além de uma armadura cibernética como a do Homem de Ferro para a russa Viúva Negra, símbolos da globalização e capitalismo.

    Como em poucas histórias feitas por estadunidenses, Os Supremos 2 se vale positivamente da paranoia do país, engendrando um vilão formidável, que ataca a confiança de seus inimigos e os faz desunir. A influência do “deus nórdico” Loki se vê presente muito além da prisão de seu irmão e da culpabilidade do Capitão América, mas também da construção da ideia por trás dos Libertadores. Apesar de óbvia a questão em relação à queda desses opositores, a questão é verossímil, e a saída para isso é magnânima, trazendo um retorno sensacional.

    As consequências do último embate fazem um sentido tremendo, e as conclusões de Rogers são tão maduras que soam quase irreais, principalmente com a base de comparação com Supremos Volume Um. A discussão a respeito do intervencionismo contumaz dos Estados Unidos faz uma bela combinação com a arte de Hitch, nos esforços do início e próximo ao final. Há uma queda de qualidade enorme, tanto de história, com a péssima inclusão de pares malvados dos heróis, em referências imbecis a seriados japoneses animados e vividos por atores, assim como os desenhos, que se tornam claramente desleixados, denegrindo sem dúvida o que seria o resultado final da revista.

    A importância dada aos coadjuvantes faz a história se tornar mais grave, dando um nível de importância ao Gavião Arqueiro e Viúva Negra poucas vezes vistas nos quadrinhos até aquela época. A reverência de Millar a Jack Kirby e Stan Lee é tamanha que ao final do encadernado há uma dedicatória a eles, completamente desnecessário, já que a atualização vista nesse tomo já é homenagem suficiente aos mentores da Casa das Ideias, ajudando a deixar os personagens em figuras mais imortais ainda, sobrevivendo até aos vícios de sua época, passando por pouco pela linha de mediocridade vigente nos produtos pós exploitation do estilo utilizado no auge da popularidade da Image Comics.

    Ouça: VortCast 37: Os Supremos 2 (Vingadores)

    Compre: Os Supremos 2: Edição Definitiva

  • VortCast 37 | Os Supremos 2 (Vingadores)

    VortCast 37 | Os Supremos 2 (Vingadores)

    vortcast37Bem-vindos a bordo. Flávio Vieira (@flaviopvieira), Filipe Pereira, André Kirano (@kiranomutsu), Bruno Gaspar (@hecatesgaspar) e Rafael Moreira (@_rmc) retornam para comentar sobre o segundo arco dos Supremos, versão Ultimate dos Vingadores, o supergrupo organizado e mantido pelo governo americano para estabelecer a ordem interna e intervenções em outros territórios. Considerado um épico dos super-heróis nos anos 2000, escrito por Mark Millar, arte de Bryan Hitch, Andrew Currie e Paul Neary e cores de Paul Mounts.

    Duração: 107 min.
    Edição: Victor Marçon
    Trilha Sonora: Victor Marçon
    Arte do Banner: 
    Bruno Gaspar

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    mitos-marvel-capa

    Finalizando a coleção em capa dura lançada pela Panini com histórias fechadas do universo Marvel, Mitos Marvel de Paul Jenkings e Paolo Riveira compila cinco edições lançadas lá fora revisitando os primeiros gibis de grandes heróis do estúdio: Quarteto Fantástico, Homem-Aranha, Hulk, Motoqueiro Fantasma, Capitão América e X-Men.

    Em apenas 25 páginas, Jenkings rele as histórias de origem de cada um sintetizando, em 25 páginas, uma narrativa concisa, com uma roupagem diferente cuja intenção não é ser substitutiva, mas sim promover um exercício de linguagem interpretativo a partir das origens clássicas. Uma maneira de atualizar leitores que ainda não tiveram acesso às primeiras histórias do estúdio e apresentar origens menos conhecidas, como a de Motoqueiro Fantasma, um personagem sem tanta popularidade atualmente.

    A narrativa mais tradicional desta cinco histórias é a de Homem-Aranha, devido ao fato de que sua origem sempre foi recontada em diversos gibis de linha, até mesmo pelo próprio personagem. Uma sensação de repetição que também é explorada pelo texto explicitando que o público reconhece de cor a origem do Cabeça de Teia. De fato, as releituras em torno da origem de Peter Parker são tantas que nesta mesma coleção David Lapham e Tony Harris fizeram sua versão.

    A linguagem diferenciada é o principal atrativo para a leitura além dos belos traços de Paolo Riveira, ilustrando ao estilo de pinturas que saltam aos olhos pelo detalhe e o traço diferente. Como cada história é apresentada como se construísse uma mitologia, os quadros pintados são convenientes para produzir uma maior sensação história, configurando esses personagens como mitos de um olimpo quadrinesco.

    Escolher cinco personagens ou equipes para cada título é interessante, evitando o desperdício de longas histórias de origem. A capacidade narrativa de Jenkins se destaca pela brevidade. Sem a necessidade de explorar muitos personagens, estes mitos criaram um bom panorama com base em histórias consagradas, sabendo explorar o mesmo caminho e apresentar um estilo diferenciado das obras originais.

    marvel mitos - motoqueiro fantasma

  • Crítica | Capitão América (1990)

    Crítica | Capitão América (1990)

    Capitão América 90 1

    Sob a tutela do expoente máximo dos estúdios 21st Century Films, Capitão América trouxe à luz uma adaptação das aventuras do herói da bandeira norte-americana, de modo ruim e bastante diferente dos quadrinhos iniciais de Jack Kirby e Joe Simon. O filme de Albert Pyun, começa mostrando uma coalizão científica, unindo a Alemanha nazista e a Itália de Mussolini, que logo trata de raptar um jovenzinho italiano, exímio pianista, que é retirado de seu lar para sofrer um experimento agressivo, que lhe daria capacidades físicas superiores de um homem comum.

    A maldade no entanto é assistida pela cientista Doutora Vaselli (Carla Cassola), que logo foge da ação malvada, lamentando e, claro, fugindo para outras paragens. Sua próxima aparição é nos Estados Unidos, onde produz uma fórmula menos agressiva que auxilia o jovem deficiente Steve Rogers (Matt Salinger). Logo depois de se prover do soro, o personagem torna-se tão forte que sobrevive aos disparos que mataram sua mentora, Dra. Vaselli. Steve então jura vingar sua “amiga” e defender sua pátria em meio a Segunda Guerra Mundial, e, sem qualquer preparo, munido de um uniforme que aparenta ser feito de massa de modelar, corre o território inimigo até encontrar seu arquirrival, o Caveira Vermelha (Scott Paulin), a criança carcamana que sofreu o experimento inicial.

    O facínora amarra o símbolo dos Aliados a um foguete para envergonhar seus rivais, mesmo que o plano esdrúxulo o faça passar por muito mais humilhação, especialmente quando o herói azulado faz o personagem cortar a própria mão em um movimento praticamente impossível. Antes de chegar ao presente, é apresentada mais uma gama de personagens, começando com o jovem filho de um membro do governo em seu quintal, o céu de Washington. Seu nome era Tom Kimball, e por pouco ele não morreu, já que o Capitão conseguiu desviar o foguete que o assassinaria e destruiria a Casa Branca.

    No futuro, Kimball seria interpretado por Ronny Cox como o presidente do país após uma longa jornada, lembrada de maneira tosca pelos informes de jornais, em uma exibição de trajetória exacerbadamente cômica, sempre motivada pela figura que o salvou. A trajetória do político incomoda estranhos membros de um escuso partido que planejam sua morte, até a sugestão louca de Tadzio de Santis, um cientista que planeja raptar o presidente e implantar nele um chip de controle mental.

    Enquanto isso, no Alaska, convenientemente um grupo de escavadores encontra o herói congelado, resgatando as esperanças de Kimball na sua figura exemplar, não duvidando por momento nenhum da inverossímil possibilidade de renascimento. De Santis também percebe, e intui – automaticamente –, que o herói tentará detê-lo, porque atrás de sua desfigurada face se esconde a identidade do vilão dos anos quarenta.

    Após uma perseguição louca de Valentina de Santis (Francesca Neri), a voluptuosa filha do vilão, que lembra todo o arquétipo visual de Talia Al Ghull (o motivo para tal é um mistério, já que o filme é da Marvel), o descongelado e inábil homem é salvo por um aliado do presidente, que o atualiza da situação mundial. O ponto de encontro para a consciência de Steve é na casa de Bernie, sua namorada de adolescência que envelheceu e teve uma filha idêntica a ela, Sharon, interpretada pela mesma Kim Gillingham, uma personagem que seria, a partir dali, sua companheira de aventuras.

    Após raptos de personagens desimportantes, inicia-se uma perseguição frenética que seria detida por qualquer ação mais bem pensada do protagonista, o qual em nada lembra o heroísmo do capitão nos quadrinhos da Marvel. As tomadas contempladas por Pyun são de um humor que se torna ainda mais caricato pelo caráter involuntário: as maquiagens, frases de efeito imbecis e aparições do herói em momentos convenientes, inclusive quando segura a mão do presidente na queda que provoca a morte do governante.

    As lutas entre o herói e os capangas são repletas de metralhadoras, que têm o mágico poder de atingir somente os personagens descartáveis, não trazendo perigo nem ao Capitão América, tampouco ao político, que até consegue ludibriar os emburrecidos bandidos. Ao final, Rogers agradece ao mandatário do país, que em suma age como Bucky, um auxiliar do potente justiceiro.

    Curiosíssimo é como o Capitão tenta vencer o Caveira, relembrando, através de uma gravação antiga, o rapto que sofreu ainda criançae. O vilão contempla o vento, em seu castelo medieval, ao lado de um piano clássico, que se localiza – terrivelmente – em um telhado. É com o escudo – guiado telepaticamente, afinal só isso explica a trajetória  física do armamento – que o prejudicado protagonista vence seu oponente, exibindo o belo modo de defesa estadunidense, pautado em uma arma de defesa tão fajuta e hipócrita quanto o script desta produção de Menahem-Globus.

  • Resenha | A Era de Ultron

    Resenha | A Era de Ultron

    A Era de Ultron - Marvel Deluxe - Panini Comics

    No período entre 2004 a 2013, Brian Michael Bendis foi responsável pelos roteiros das revistas mensais dos Vingadores e derivados, promovendo, desde sua primeira edição à frente dos heróis mais poderosos da terra, uma série de reestruturas que em um primeiro arco dissolveu a equipe para apresentá-la em uma nova versão, que permaneceu durante um tempo considerável e dialogava com a intenção da Marvel Comics em acrescentar mais uma camada de realidade às suas narrativas.

    Despedindo-se do grupo para se dedicar aos X-Men, Bendis compôs uma última saga especial, lançada em seis edições, revisitando um dos vilões mais conhecidos da equipe: Ultron, a inteligência artificial criada por Hank Pyn, o Homem-Formiga. Depois de uma longa sequência de grandes sagas envolvendo diversas edições da Casa das Ideias, A Era de Ultron, relançada em edição de luxo pela Panini Comics, poderia ser uma edição fechada, uma interpretação do roteirista sobre um futuro possível e isolada da cronologia. Porém, mantendo o exagero de grandes sagas lançadas em um curto período de tempo, a série situa-se logo após o início da Nova Marvel (leia também Os Vingadores – Mundo dos Vingadores), o ponto de partida que zerou as edições e apresentou novas equipes criativas na maioria dos títulos da casa.

    Em um futuro provável, o vilão Ultron conseguiu destruir a humanidade e derrotar a comunidade heroica. Desde sua criação, o robô investiu diversas vezes contra Os Vingadores, mas sempre fora subjugado. O argumento situa-se em um momento após a queda dos heróis em um planeta parcialmente destruído por seu domínio. Anteriormente à saga, logo após “A Era Heroica”, na edição #12 de Avengers, publicado no país em Os Vingadores nº 100, o roteirista trazia pistas do que estava por vir em uma trama que resgata Mulher-Aranha de um grupo de vilões e confirma que Ultron foi reativado. Tony Stark prevê uma batalha futura com Ultron, afirmando que, devido a sua capacidade de evoluir racionalmente, o vilão poderia vencer cedo ou tarde.

    O início se sustenta bem nesse cenário desolado, fazendo-nos perguntar como o vilão foi bem-sucedido em um plano que transformou grandes heróis como Thor, Senhor Fantástico, entre outros, em baixas de guerra. A omissão proposital do roteiro intensifica a gravidade do acontecimento, e as poucas personagens heroicas sobreviventes rebaixaram-se a viver escondidas, sem nenhum plano de ação urgente. Após o resgate de Homem-Aranha por Gavião Negro, a equipe ganha um incentivo para discutir uma retaliação. A partir desde ponto, a história perde qualquer lampejo criativo.

    Capitão América - UltronA cena mais simbólica da edição com um Capitão América derrotado

    As primeiras edições sustentam a dúvida dos acontecimentos. Porém, Bendis utiliza justificativas inverossímeis dentro das estruturas da cronologia Marvel e impede a qualidade de sua história. Sem um plano concreto de como destruir Ultron e com poucos heróis sobreviventes em cena, a solução encontrada usa um antigo recurso de outras grandes sagas: a modificação do passado para transformar o presente.

    Em um universo munido de tecnologia avançada de fontes diversas, com máquinas possíveis de acessar o passado e o futuro, é confortável utilizar este argumento para modificar histórias, tanto como um apelo narrativo de fácil solução quanto para revistas cujas vendas baixas exigem uma reestruturação (Mefisto e Homem-Aranha são exemplos). Neste caso, retornar ao passado é o argumento mais comum, e não há nenhuma vontade de Bendis em procurar originalidade neste aspecto. Assim como em Dias de Um Futuro Esquecido, clássico dos X-Men envolvendo paradoxos temporais, o baixinho Wolverine assume o comando da missão, mesmo contra a vontade do resto da equipe.

    Nick Fury, o original, que depois foi dado como morto e de alguma maneira transformado em seu filho negro baseado no Fury da linha Ultimate (oficialmente, são pai e filho, mas é notável a intenção de que sejam uma só personagem), surge na trama como um homem incapaz de liderar, mas que se escondeu durante toda a ação de Ultron para investigar uma maneira de detê-lo. Outro aspecto questionável da história: se a destruição de Ultron foi agressiva a ponto de heróis não formularem uma defesa eficaz, Fury não deveria sair de cena para dedicar-se a uma investigação. E mesmo que a ausência seja plausível, seria mais eficiente direcionar um herói conhecido pela inteligência para estudar um meio de parar o vilão. Fury é muito mais um soldado do que um cientista racional.

    Pelo uso do paradoxo temporal, a trama talvez fosse mais bem-sucedida se não estivesse dentro da cronologia Marvel. Poderia ser lida apenas como um exercício final da passagem de Bendis pelos Vingadores e se tornaria uma saga possível de um futuro em que Ultron venceu. Lançado logo após a Nova Marvel e simultaneamente ao começo da saga Infinito, tornou-se evidente o exagero do estúdio em produzir mega sagas em sequência, sem nenhum respiro para o leitor acompanhar histórias mensais breves.

    A sequência de tantas bases vistas anteriormente nos quadrinhos em um roteiro que não busca nenhuma inovação reduz a história a uma obra média e um tanto oportunista, voltada para novos leitores ávidos em conhecer o vilão do novo filme da equipe. Bendis se despede dos Vingadores com um saldo positivo nas edições mensais, em bons arcos narrativos, mas nesta ultima aventura transforma um bom argumento em uma história déjà vu que abusa de preceitos chaves de outras aventuras para desenvolver-se como trama.

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  • Resenha | Batman e Capitão América

    Resenha | Batman e Capitão América

    Batman e Capitão América - John Byrne

    Remetendo ao antiquíssimo selo Túnel do Tempo (ou Elseworld), John Byrne utiliza sua larga experiência e o trânsito livre que sempre teve nas duas principais editoras de quadrinhos mainstream para contar o recordatório que remete ao começo da carreira de dois ícones heroicos imortais, o Cruzado Encapuzado e o homem que lutou a Segunda Guerra Mundial ostentando em seus músculos a bandeira americana, também lembrando, claro, de seus parceiros mirins e seu maiores rivais.

    Passada em janeiro de 1945, ainda com os ecos europeus da grande guerra contra Hitler e companhia, a história começa em Gotham, mostrando uma referência visual muito semelhante a dos primeiros capítulos de Bob Kane enquanto desenhista da Detective Comics. O resgate a este momento específico é válido, causando no leitor um saudosismo agradabilíssimo e muito pontual, uma vez que, em meio aos anos 90, ocorria uma das maiores derrocadas do Batman – leia-se Queda do Morcego.

    É curioso notar que a perseguição entre o Batmóvel e o carro do Coringa é feita por dois Fuscas, mostrando que quase nem era necessária a chancela em balões informando a época do confronto. O clima escapista é notado nas cores escolhidas por Byrne, que, apesar de manter um pouco do clima soturno das primeiras histórias, vê no excesso de cores nos uniformes dos personagens o retrato de uma época em que a docilidade pueril era de praxe.

    Pelo lado europeu do globo, o Capitão América enfrenta a guerra que ainda domina o continente, num embate contra uma máquina assassina hitlerista, uma mistura de tanque de guerra com um robô mas que é facilmente subjugada pelo Sentinela da Liberdade, que, acompanhado do Sargento Rock e da Companhia Moleza, consegue derrubar a resistência nazista. Logo, o herói recebe uma ordem para se reapresentar e interceptar um avião sequestrado. Já no ar, ele decide deter a máquina voadora sem paraquedas ou qualquer outro artifício de segurança, logrando êxito, como era típico das primeiras histórias. Logo o Morcego se aproxima, também no ar, para ajudar o herói a combater seus oponentes, sem qualquer explicação prévia, mas em união bela e proveitosa.

    Pelo dito nas linhas do roteiro, esta não seria a primeira cooperação entre os heróis, o que agrava ainda mais a missão dada a Steve Rogers, a de investigar uma possível conexão entre o milionário Bruce Wayne e o Coringa, que teria em mãos um plano expondo alguns segredos de Estado muito valiosos.

    Em um embate físico entre as contrapartes sem uniforme, ambos, logo depois, decidem cooperar mutuamente, visando alcançar o palhaço vilão de Gotham. Detalhe importante e que colabora muito com a velha disputa entre marvetes e decenetes é que Bruce chega ao cúmulo de assumir sua inferioridade ao soldado americano, antes de eles fazerem as pazes e voltarem a ser amigos.

    Logo se descobre que o ardil é orquestrado pelo Caveira Vermelho, que escapou da Alemanha e atacou Gotham, em um conchavo com o Coringa. O clima de união entre as editoras é tão grande que até os parceiros mirins são trocados, com o Capitão trabalhando com Robin e Bucky acompanhando o Cruzado dentro do veículo cheio de traquitanas internas.

    O nostálgico caráter prossegue, com o plano megalomaníaco do Caveira revelado aos seus inimigos antes de ser plenamente executado. Toda a reconstrução pensada por Byrne é muito bem conduzida, mesmo que sua história não tenha qualquer compromisso com um subtexto mais profundo. Ao final, o encadernado ainda é capaz de demonstrar outras tantas pérolas, como a discussão ideológica entre Coringa e Caveira Vermelha; quando o segundo convida o Palhaço do Crime a se juntar ao terceiro Reich, logo ouve a resposta: “eu sou um insano criminoso americano” – numa referência clara a sua fidelidade à pátria, diferente e muito do que foi pensado por Jim Starlin em Morte em Família, cujo vilão torna-se embaixador do Irã. Claro, tudo isto é muito pautado na comédia.

    Após uma explosão nuclear, os vilões chegam afinal ao seu tão esperado fim, o que prenuncia a nova exploração de conceito heroico que ocorreria lá pelos anos 60, com a evolução do atomic horror para o conceito de Stan Lee em fazer quadrinhos, com poderes de origens radioativas. Além deste conjunto de referências, ainda há um epílogo, sugerido por Roger Estern, em que o novo Batman (Dick Grayson) acha um esquife de gelo, que guarda o herói de guerra Steve Rogers, acordado após décadas de hibernação. O pensamento de Byrne em homenagear Jack Kirby, Bill Finger e Bob Kane é um exercício de singela beleza, além de ser uma homenagem extrema, e até inteligente, guardadas, é claro, as devidas proporções.

  • Crítica | Capitão América 2: O Soldado Invernal

    Crítica | Capitão América 2: O Soldado Invernal

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    Apreensão. Medo. Angústia. A situação não era confortável após as duas derrapadas da Marvel Studios em sua Fase 2. Thor: O Mundo Sombrio e principalmente Homem de Ferro 3 sinalizavam que o estúdio perdia a mão após todos os acertos da Fase 1, os quais conduziram ao evento chamado Os Vingadores. Para a alegria dos decenautas recalcados, que finalmente tinham certa razão em sua ladainha de que a Marvel só faz filmes medianos e/ou para crianças. Pois bem: beijinho no ombro para os invejosos de plantão, pois o segundo filme do Sentinela da Liberdade se mostrou não apenas uma volta aos trilhos, mas também uma das melhores produções do gênero.

    Não havia espaço em Os Vingadores para focar o desenvolvimento da luta de Steve Rogers para adaptar-se ao mundo atual. Desta vez, naturalmente, sua jornada pessoal assume o centro da trama. Ele está vivendo em Washington e estudando incansavelmente para situar-se na História e cultura mundiais das últimas décadas. Mas como herói não tem vida mansa, o Capitão está trabalhando para a SHIELD, em missões secretas ao lado da Viúva Negra e de uma equipe especial chamada S.T.R.I.K.E.R. Porém, para um cara que lutava por uma idealizada liberdade, não é fácil aceitar nossos cínicos tempos de vigilância massiva e ataques preventivos, o que o leva a alguns atritos com Nick Fury. E as coisas se complicam de vez quando uma gigantesca conspiração dentro da agência é revelada, e mais de um elemento do passado de Steve voltam à tona.

    O Capitão América é um super-herói com um leve diferencial. Idealizado como um soldado, não faria sentido vê-lo, hoje em dia, simplesmente patrulhando um cenário urbano, como Batman ou Homem-Aranha. E pegaria muito mal colocá-lo na linha de frente do Iraque ou Afeganistão — até porque, convenhamos, lá não há tanta ação que justifique a presença de um supersoldado. A abordagem mais coerente para o personagem é aquela trabalhada com maestria pelo roteirista Ed Brubaker numa fase recente dos quadrinhos: espionagem, black ops, terrorismo. A partir dela, o filme não adapta uma história específica, mas transpõe todo o clima, ambientação e estilo narrativo. O próprio Soldado Invernal — com visual emocionalmente idêntico ao das hqs —, ao contrário do que o título do filme faz pensar, não é o coração da trama, mas sim uma peça de uma engrenagem muito maior. O que funciona muito bem, aliás.

    O roteiro é muito equilibrado, alterna de forma bastante orgânica os momentos calmos e expositivos e aqueles mais movimentados e frenéticos. Mas o que chama realmente a atenção é o bom uso dos vários personagens, em suas diferentes escalas de importância, mesmo os que aparecem bem pouco, como Batroc, Agente 13 e Maria Hill. Para os fãs, é ótimo ver nomes conhecidos dos quadrinhos em vez de figuras genéricas. Ajuda na sensação de que o universo do herói, e não apenas ele próprio, está sendo transposto. Ainda nesse campo, o filme destroça aquele velho e simplório argumento de que vários inimigos numa mesma história nunca dá certo. O problema é querer criar um arco individual para todos — abraço para Homem-Aranha 3. Sabendo dosar a importância e o espaço de cada um, Capitão América 2 emprega nada menos do que cinco vilões.

    Sempre massacrado, Chris Evans mostrou de novo que quase toda a implicância pra cima dele é injusta. Sua performance pode não emocionar ou ser tão marcante quanto a do colega Robert “Tony Stark” Downey Jr, mas o cara está inegavelmente mais maduro e confortável no papel. É possível, sim, enxergar Steve Rogers nele. Quem é limitado de fato é Sebastian Stan — isso é spoiler? sinto muito —, o que não atrapalha a construção do Soldado Invernal como figura ameaçadora. Mesmo quando a máscara cai, o ar de drogado cansado, que Stan já tem por natureza, ironicamente se encaixa no personagem. Como dito antes, ele acaba tendo uma participação pequena, mas sua introdução para uso futuro foi bem realizada. E o nome Soldado Invernal é legal sim, muito mais estiloso que “do inverno”, parem de reclamar.

    Os aliados do herói também receberam merecida atenção; todos têm seu lugar ao sol. Nick Fury é uma espécie de gatilho para movimentar a trama, e em relação a ele — e à própria SHIELD — o filme empresta argumentos de outra hq recente, Guerreiros Secretos, escrita por Jonathan Hickman. E falar qualquer coisa de Samuel L. Jackson seria chover no molhado: ele É o personagem e pronto. Scarlett Johansson não consegue ser menos que maravilhosa, e surpresa nenhuma, mantém muito bem o posto de co-protagonista. Interessante ver um lado mais humano e espirituoso da Viúva Negra, além de aparecerem mais migalhas sobre seu passado. Ela menciona ter desertado da KGB, o que por consequência confirma que é também mais velha do que aparenta. Mas o filme não se importa em explicar isso — filme solo da Viúva, quando quiserem, viu.

    O Falcão vivido por Anthony Mackie é um ótimo coadjuvante e responsável por boa parte do humor do filme sem ser um alívio cômico — aliás, a comédia está presente mas bem dosada, voltando ao velho estilo da Marvel e corrigindo a principal falha da Fase 2, ALELUIA SENHOR. Nos quadrinhos, Sam Wilson é um dos melhores amigos do Capitão, e isso ficou bem retratado. A rápida e total fidelidade dele para com Steve, quase um bromance, pode parecer meio exagerada. Mas isso é perdoável, pois Sam é um militar, e se o Capitão é um ídolo geral da nação, imagine para essa classe. Alexander Pierce, vivido com elegância por Robert Redford, tem um papel importantíssimo, mas nesse caso é melhor evitar spoilers. Só vale dizer que faltou coragem: seria épico e coerente se certo boato tivesse se confirmado e outro conceito de Brubaker fosse aproveitado.

    Em relação a aspectos visuais, o longa merece todos os elogios e mais alguns. Não quanto aos efeitos, isso já é o básico do básico que se espera de grandes produções. Também não necessariamente às cenas de ação, que são maravilhosas. Chega a emocionar as perseguições no trânsito nas quais é possível VER com clareza os carros batendo e se destruindo, fugindo da maldita estética Bourne de câmera fechada e tremida. Não: o ponto mais satisfatório de Capitão América 2 são as lutas. Os realizadores normalmente esquecem que em filmes de super-heróis a “ação” não pode ser resumida apenas em correria, tiroteio, explosões. Tem que ter o combate. O mano-a-mano. PORRADA. Nele esse elemento foi trabalhado com perfeição, coreografias dignas de filmes orientais de artes marciais. O Capitão está mais ágil e fodão do que nunca. A luta contra Batroc é qualquer coisa de sensacional, e sempre que o Soldado Invernal aparece, dá vontade de mandar o projetor repetir a cena.

    Esse nível elevado acaba conduzindo a um dos pontos fracos do filme, que é a sequência final. Após tanta criatividade, decepciona um pouco a resolução genérica de “apertar um botão”, com explosões e destruições que já viraram carne de vaca no cinema blockbuster. Fica também um sentimento de que a Viúva e o vilão principal poderiam ter um papel mais grandioso no final. Finalizando o trabalho ingrato de apontar os defeitos, fica muito vago o que será a SHIELD daqui pra frente. Esse ponto acabou sendo explicado na série Agents of Shield, num episódio altamente conectado com Capitão América 2. Em termos de universo expandido, a conexão entre as mídias e valorização do seriado dão nota 10. Mas não deixa de ser uma falha do filme.

    Fugindo desse mundo mesquinho onde tudo funciona na base da comparação, cabe dizer apenas que Capitão América 2: O Soldado Invernal não deve nada aos melhores exemplares do gênero. Muitíssimo bem executado, é o filme que a Marvel e os fãs precisavam nesse momento. Os diretores Joe e Anthony Russo já estão confirmados na terceira parte aguardada para 2016, o que só comprova a confiança e satisfação com esse projeto. Antes, porém, como a ótima cena pós-créditos nos faz lembrar, o Capitão marca presença num tal de Vingadores: A Era de Ultron.

    Texto de autoria de Jackson Good.

  • Crítica | Os Vingadores

    Crítica | Os Vingadores

    Após uma longa espera, repleta de ansiedade e expectativa crescentes, chegou o evento mais importante da História da humanidade. E a conclusão (sim, já na segunda frase) é que é ótimo estar vivo nessa época. Os Vingadores finalmente chega aos cinemas, e o fato de todo mundo estar falando incansavelmente sobre o filme deixa mais difícil fazer uma análise “original”, então ligarei o foda-se pra isso e tratarei simplesmente de apresentar minha opinião.

    Em sua trajetória até aqui, o Marvel Studios optou por controlar fortemente suas produções, assegurando que tudo sairia de acordo com o planejado. Por conseqüência, os filmes anteriores foram muito mais “do estúdio/produtores” do que de seus respectivos diretores (quem chegou mais perto de colocar uma certa identidade foi Kenneth Branagh em Thor). Discussões artísticas a parte se isso é certo ou errado, o fato é que funcionou.

    Os heróis foram apresentados, o universo foi estabelecido, e chegou a hora do próximo passo. Fácil, alguns poderiam dizer: só juntar todo mundo pra dar porrada em alguém e pronto. Seria “massaveísticamente” divertido, lógico, mas porque não fazer um BOM FILME contendo isso? Então temos uma quebra do padrão, pois é inegável que em Os Vingadores muito do crédito se deve a Joss Whedon.

    Além da direção, ele fez modificações no roteiro quando assumiu o cargo, e conhecendo seu background, conclui-se que o cara acertou a mão. Quase um estreante no cinema, a experiência de Whedon em seriados de Tv e como roteirista de quadrinhos lhe ensinou a trabalhar com vários personagens dando a todos a devida atenção. O que, qualquer ameba deduz, era fundamental neste filme. Muito mais do que uma história mirabolante, o foco aqui é, e devia ser, a interação entre a galera. E numa palavra: SENSACIONAL.

    Quem já leu uma revista em quadrinhos na vida sabe que é lei: heróis saem na porrada quando se encontram pela primeira vez. E não se engane, este é um filme feito pra fãs. Então temos um festival de pequenas lutas, praticamente um todos contra todos. O detalhe positivo é que o roteiro conduz tudo isso de forma muito natural, evidenciando que todos estão acostumados agir sozinhos e não vão confiar de cara em desconhecidos. Inverossímil seria se todos fossem Super Amigos desde o início. Também com naturalidade vem a superação das desavenças quando o momento exige. Outro ponto inteligente do roteiro: não foi todo o planejamento da S.H.I.E.L.D. que botou os heróis pra trabalharem juntos. Foi a necessidade, o surgimento de “uma ameaça grande demais pra qualquer um deles enfrentam sozinho”. Como é bom quando os realizadores do cinema LÊEM os quadrinhos…

    Mesmo os personagens mais irrelevantes encontram seu espaço. Começando pelo melhor de todos (ironia mode on), o Gavião Arqueiro. Um zé ruela com arco e flechas no meio dos outros, muita gente questionava. Pois bem, amiguinhos: os caras não são idiotas, Barton é naturalmente colocado como um peixe fora d’água. Mas graças a um esperto artifício de roteiro, logo no início ele adquire uma posição diferente, ganhando uma participação mais ativa do que teria. E no fim das contas, ele é um agente fodão, que ta lá pra fazer aquilo que puder numa situação onde qualquer ajuda é bem vinda. E ele manda bem, simples assim. Jeremy Renner é um ator em ascensão, competente apesar de (na minha opinião) supervalorizado.

    Passemos então a (aaahhh…) Scarlet Johansson. Uma das boas surpresas do filme, devo dizer. Gostosa como sempre, mais uma vez com espertos enquadramentos de sua lendária e maravilhosa bunda, nenhuma novidade aí. Mas deu pra perceber uma boa atuação por parte dela, aliada a um desenvolvimento interessante da personagem Viúva Negra. Muito legal sua origem russa ser citada aqui (algo ignorado em Homem de Ferro 2), da mesma forma que seu passado com o Gavião. Ficou a curiosidade em saber mais sobre isso, de repente um spin off estrelado pela dupla seja uma idéia a ser pensada com carinho.

    Outro que surpreendeu foi o Hulk/Banner de Mark Ruffalo, um ator meio “mais do mesmo” que aqui conseguiu achar um tom que me agradou muito: algo entre a insegurança de um cientista meio loser em relações pessoais e a tranqüilidade de alguém que há anos convivendo com uma maldição, conseguiu controla-la. Ao contrário do que imaginei, Bruce Banner aparece bastante (o que não fica chato!) e o Hulk é usado com moderação, garantido níveis épicos de fodacidade quando parte pra ação. E na boa, pessoal, chega do eterno mimimi sobre o CGI do bicho ficar ruim, etc. Ele não é um ser humano grande e forte, é um monstro deformado. Não dá pra ficar “realista”. Algumas pessoas parecem desejar uma tecnologia que não existe. Vamos parar com a frescura e seguir em frente.

    Thor foi um personagem que me decepcionou um pouco, no sentido de sua relação com os outros. Lindos os quebra-paus contra Homem de Ferro e depois contra o Hulk, sem dúvida. Mas o fato do loirão já estar estabelecido e auto afirmado como “protetor da Terra” deixou pouco espaço pra um drama pessoal, uma evolução, além dele surgir um tanto abruptamente na meio da história. Seu interesse maior foi mesmo em relação a Loki, ainda tentando convencer o irmão a parar com as maldades. Postura recorrente nas hq’s, então não dá pra reclamar muito. Mas a impressão final é que, no caso dele, rolou um ctrl c no roteiro de Thor 2 e um ctrl v no meio da trama de Os Vingadores, fazendo com a jornada deste herói destoasse da dos demais. Chris Hemsworth mais uma vez manda bem.

    O outro Chris, o Evans, eternamente criticado por boa parte do público, também faz um bom trabalho. O que prejudica, e muito, o Capitão América, é a inexplicável mudança de sua roupa maneira pra um cosplay bem ridículo. Modernizar o uniforme pra que, após todo esforço que o filme solo teve pra combinar o aspecto super-heroístico com um visual militar? Pelo menos partissem pra algo mais sóbrio, talvez uma roupa de couro com um tom mais escuro, sóbrio. Aquele azul berrando deixou-o deslocado em meio aos outros heróis. Por outro lado, vê-lo muito mais ágil foi excelente, aproximando o personagem dos quadrinhos. Outra discussão pré-filme sempre foi sobre sua liderança (ou não) da equipe. Aqui ele não é, de fato, um líder inquestionável, apesar de ter seu momento de comandante de campo, visto sua experiência na Guerra. Isso se deve, porém, muito mais o fato do grupo ainda estar se formando (e o próprio Rogers ainda estar deslocado no presente) do que ter esse posto roubado por outro personagem de mais sucesso, como muitos imbecis pregaram aos quatro ventos.

    Pois o Homem de Ferro NÃO lidera a equipe, não comanda nada. Não aconteceu um fenômeno Wolverine aqui. Stark é o personagem mais legal, mais carismático, tem as melhores tiradas, Robert Downey Jr rouba a cena? Com certeza, mas sabiamente (graças a Deus) os caras não botaram o Ferroso pra dar ordens por conta disso. Ele ainda é o rebelde piadista, que apenas toma consciência da grandiosidade da situação e de sua própria importância no meio de tudo, e age de acordo. Sem nunca perder o humor mordaz. Se o herói se destaca, é naturalmente, não por ser “O” protagonista.

    Finalmente, o vilão. Tom Hiddleston mais uma vez ótimo no papel de um Loki eternamente movido pela inveja de Thor, isso é intrínseco do personagem. Muitos dos que estão criticando provavelmente desconhecem isso. Sem dúvida que todo seu plano, e movimentos para executa-lo, são bem “qualquer coisa” pra fazer a trama andar e os heróis brigarem entre si e depois se unirem. Sem dúvida um ponto pouco trabalhado do roteiro e o grande defeito do filme, porém perdoável. Como citado antes, o importante são os heróis interagindo, então a ameaça não ser tão bem desenvolvida é uma simples questão de falta de tempo. Falando em falhas, outro elemento que me incomodou foi a S.H.I.E.L.D. Emocionante ver o porta-aviões aéreo, nosso querido Samurai L Jackson tendo mais espaço pra ser mothafucka, hilário o agente Coulson se revelando um nerdão vergonha alheia, até Maria Hill em sua micro participação consegue ser legal. Mas a agência parece conseguir informações precisas das coisas muito rápida e facilmente, como que por mágica. Tudo bem que é uma central de Inteligência, mas esse é outro aspecto de um roteiro apressado. Mais uma vez, nada que comprometa a diversão.

    E esse é ponto principal, o filme é insanamente divertido. Ação desenfreada com toques de humor, a marca do Marvel Studios, agora numa escala maior. Pois Os Vingadores só pode ser classificado como um novo nível no cinema do gênero. Antes ficávamos feliz com qualquer adaptação, em seguida vimos que era possível ter bons filmes, e agora está provado que dá pra juntar um bando de heróis sem ficar galhofa. Se for algo bem planejado e executado, lógico. Então, Warner, já passou da hora de se coçar. Um mega filmaço com a Liga da Justiça é sim possível, e é o que todos enxergam e esperam pro futuro. Mas por enquanto, serei babaca ao encerrar o texto com um #ChupaDC.

    Texto de autoria de Jackson Good.

  • Crítica | Os Vingadores

    Crítica | Os Vingadores

    Há muito tempo venho largando aqui pelo Vortex Cultural um carinhoso apelido que foi inventado para o filme dos Vingadores. Esta mega produção da divisão cinematográfica da Marvel Studios vinha sendo carinhosamente chamada de “evento cinematográfico do ano” por várias pessoas, e eu resolvi aderir à causa.

    Os Vingadores sempre foi um sonho de todos os amantes do universo Marvel e de super-heróis em geral. O encontro da formação mais clássica do grupo nas telonas nunca havia passado disso. Pois bem, começamos a acordar deste sonho em 2008 com o lançamento de Homem de Ferro. Quando Nick Fury aparece na cena pós créditos deste filme, parado no apartamento de Tony Stark, tivemos a certeza de que ele estava vindo: Nosso sonho impossível viraria realidade.

    Então, quatro anos e quatro filmes depois, finalmente essa fantasia impossível tornou-se 100% realidade. São 3 horas da manhã do dia 27 de abril de 2012 e eu acabo de voltar da pré-estréia de Os Vingadores, mas até agora não me bateu um milésimo de sono. Não vou conseguir dormir tranquilo enquanto não contar exatamente o que foi Os Vingadores e por que esse filme é importante, na minha empolgada e nada balizada opinião, para a indústria cinematográfica e para o futuro dos filmes de super-heróis.

    Caso ainda não tenha ficado totalmente claro, Os Vingadores é simplesmente o maior filme de ação/aventura feitos nos últimos 50 nos, e provavelmente não será igualado pelos próximos 50! Um filme espetacular, bem humorado, respeitoso com os fãs e que vai marcar a vida de milhares de pessoas, a começar pela do diretor.

    Joss Whedon será lembrado, para todo o sempre, como o diretor que trouxe o grupo de super-heróis mais famoso da Marvel para as telas do cinema pela primeira vez. É inacreditável, na verdade, que alguém tenha deixado o filme nas mãos deste cara que, pasmem, nunca havia dirigido um filme inteiro antes! Eu não sei o que o pessoal da Marvel fumou antes de ligar pra ele e oferecer o trabalho, mas essa foi a aposta mais arriscada da história, sem dúvidas!

    Antes de entrar no plot, vamos só recapitular rapidinho o que o pessoal da Marvel largou na mão do diretor do cara: um personagem deus, um personagem indestrutível e incontrolável, um escoteiro super forte com um escudo errado, um gênio bilionário com tudo para roubar o filme de seu legítimo dono (leia-se: Capitones!) e dois personagens que nunca haviam sido explorados nos filmes introdutórios. Tudo isso junto no mesmo filme enfrentando um vilão que precisa ser muito foda, mesmo não tendo demonstrado antes fodulência o suficiente para bater de frente com esta galera… Fácil de fazer né?

    No filme, Loki é enviado à Terra por uma entidade desconhecida para roubar o cubo cósmico (que neste filme tem um outro nome que eu não consigo lembrar porque toda vez que ele era dito eu substituía a palavra estranha por “cubo cósmico”) da S.H.I.E.L.D.. Em troca da fonte inesgotável de poder, o meio-irmão de Thor receberia o controle de nosso lindo planetinha azul e seria o que sempre quis ser quando vivia em Asgard: rei do mundo e senhor de escravos.

    Diante do poder incomparável de Loki e seu bastão de energia vindo diretamente dos sets de filmagem de Stargate, Samuel Fury se vê obrigado a reativar o Projeto Vingadores, recutrando os heróis mais poderosos do planeta. Thor, Steve Rogers, Tony Stark, Bruce Banner, Clint Barton e Natasha Romanoff (gostosa) devem aprender a trabalhar em equipe para derrotar Loki e seu exército ciborgue de uma dimensão desconhecida, recuperar o cubo e destruir o máximo possível da ilha de Manhattan.

    O plot não tem nada de espetacular, isso é fato. O que é realmente espetacular é a forma como ele foi trabalhado dentro do roteiro, muito bem elaborado, diga-se de passagem. Whedon participou ativamente da elaboração do roteiro também, o que pode explicar boa parte do excelente resultado que conseguiu trabalhando uma história que não tinha nada de extraordinário. O filme esbanja ação e tem momentos de comédia tão bem localizados que até eu gargalhei no cinema (inclusive fazendo uma referência FANTÁSTICA a uma conhecida empresa do pessoal aqui do blog: O Boston Medical Group). Todos os recursos que estavam a disposição de Whedon e todas as adaptações necessárias foram utilizadas (e muito bem utilizadas) para manter o ritmo e não ofender os fãs no cinema. Vou enumerar as 2 que achei mais interessantes:

    A primeira, mais visível, e talvez mais importante adaptação que fez-se necessária diz respeito ao dono do filme. Quando a Marvel lançou os filmes preparatórios para Os Vingadores, Robert Downey Jr. mostrou ser “o” Tony Stark. Dos filmes anteriores, o que fez mais sucesso e o personagem mais querido da galera foi o Homem de Ferro. Sem ter como colocar outro personagem como chamariz para o filme, a equipe de roteiristas e o diretor deixaram o filme nas mãos do Stark, e ele óbviamente não decepcionou! Ele não é o líder do grupo de super-heróis, como muitos pensaram (este cargo é ocupado relativamente bem pelo Capitas), mas é o cara mais foda, mas engraçado e é o dono do filme.

    O segundo aspecto diz respeito ao cara errado da trupe. O Hulk é um personagem errado para se colocar num filme como este sem que seja modificado totalmente. Talvez pelo fato de ele não trabalhar muito bem em equipe, talvez pelo fato do Hulk de computador estar sempre com cara de dor de barriga, optaram por deixar suas aparições meio de lado. Ele aparece pouco no filme, mas sempre há um momento OMFG quando ele bate em alguém (amigo ou inimigo). O CGI que gerou o mostro não é mal-feito, mas incomoda na telona, ainda que ele seja o protagonista de uma porradaria homérica com o Thor e outra meio decepcionante com o irmão do lourão(ui!).

    Mais alguns pontos merecem destaque como, por exemplo, a bunda atuação da agente Romanoff(gostosa) na trama, a “massaveísse” do Gavião Arqueiro (que, para o desgosto do Jackson, não usou seu uniforme cláááássico), o escudo de vibrânio do Capitas que pára ou rebate as coisas de acordo com a vontade do Chris Evans e, logicamente, as sequências de montagem e desmontagem da armadura do Robert Downey Stark.

    Os Vingadores foi, para mim, uma experiência única no cinema. Chutou nádegas “Nolanianas” e mostrou para Warner/DC que é possível, SIM, fazer um filme de heróis que seja vendável pro público geral e que não desrespeite os fãs. Duas horas de filme que passaram sem que eu pudesse olhar para o lado ou desfazer o sorriso idiota na minha cara. O filme prende, tem boas atuações (destaque para a bunda atuação da Scarlett e sua maravilhosa roupa de couro) e um final interessante. Não preciso dizer que quando digo “final” quero dizer “cena pós-créditos”, não é?

    “The Avenger é o evento cinematográfico do século, Aoshi?”
    CERTEZA!! Desliga essa computador, corre pro cinema e, sendo fã de quadrinhos ou não, tenho certeza que você vai concordar comigo, ou não…

  • Agenda Cultural 29 | Retrospectiva de Cinema

    Agenda Cultural 29 | Retrospectiva de Cinema

    Estamos de volta após um longo inverno. Flávio Vieira (@flaviopvieira), Levi Pedroso (@levipedroso), Mario Abbade (@fanaticc) e Felipe Morcelli (@multiversodc) retornam com tudo para comentar os principais lançamentos que rolaram no cinema durante nossa ausência. Mutantes, piratas, soldados bombados e muito mais você irá encontrar nessa edição.

    PS: Voltamos com a programação normal em nosso próximo episódio.

    Duração: 108 mins
    Edição: Flávio Vieira
    Trilha Sonora: Flávio Vieira

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    Filmes Comentados na edição

    Piratas do Caribe 4: Navegando em Águas Misteriosas
    Transcendendo Lynch
    Um Novo Despertar
    O Poder e a Lei
    Se Beber Não Case 2
    O Gringo
    X-Men: Primeira Classe
    Namorados Para Sempre
    Kung-Fu Panda 2
    A Casa
    Corações Perdidos
    Harry Potter e as Relíquias da Morte – Parte 2
    Capitão América – O Primeiro Vingador

  • Crítica | Capitão América: O Primeiro Vingador

    Crítica | Capitão América: O Primeiro Vingador

    Capitão América – O Primeiro Vingador

    Cansado de tantos filmes de super-heróis? Azar o seu, pois essa onda está longe de acabar. E nesse ano recheado, acaba de estrear mais um: Capitão América – O Primeiro Vingador chegou às telas brasileiras no dia 29 de julho. Mais uma produção da Marvel Studios, e o último passo antes do evento mais importante da História da humanidade, ou seja, o filme dos Vingadores.

    Em 1943, conhecemos o jovem nova-iorquino Steve Rogers. Franzino e doente, porém cheio de determinação, ele tenta (e falha) várias vezes entrar para o exército e lutar na Segunda Guerra Mundial, movido por uma convicção inabalável de que violência e bullying devem ser combatidos em todas as suas formas. Sua chance aparece quando ele chama a atenção do Dr. Abraham Erskine, responsável por um projeto científico visando à criação de supersoldados. Combinando um soro especial com a radiação dos raios Vita, Steve ganha força, agilidade e resistência além dos limites humanos.

    Infelizmente, o Dr. Erskine é assassinado por um espião nazista, e o projeto de criar mais supersoldados morre com ele. O Governo decide então que o melhor uso para Steve é… vesti-lo com uma fantasia nas cores da bandeira americana e coloca-lo em espetáculos teatrais promovendo campanhas de recrutamento e a venda de ações de guerra. Somente quando vai à Europa para levantar o moral dos soldados, é que nosso herói tem chance de entrar em ação para salvar seu amigo de infância, o agora sargento James “Bucky” Barnes. Após provar seu valor, o Capitão América passa a combater a Hidra, uma facção nazista rebelde liderada pelo terrível Caveira Vermelha, cobaia de uma versão preliminar e imperfeita do soro de Erskine.

    Não era das mais fáceis a tarefa de adaptar para o cinema um personagem tão identificado com os EUA, visto que hoje há no mundo um certo sentimento anti-norte-americano. Pra piorar, o Capitão normalmente é visto com um americanóide patriótico clichê por aqueles que não conhecem suas histórias. O resultado ficou à altura do desafio. Houve um cuidado muito grande em estabelecer Steve Rogers como alguém essencialmente bom, justo, corajoso, e por que não, humanista. Exaltando essas qualidades universais ao invés de um patriotismo tipicamente americano, ficou possível para o público internacional gostar do personagem. Resta a questão da ingenuidade desses valores, mas outro acerto do filme é se passar na Segunda Guerra, época em que tais características ainda faziam sentido.

    Como nos demais filmes da Marvel, temos uma história de origem, simples e bem contada. A direção ficou a cargo de Joe Johnston (de O Lobisomem), que entregou um filme passado na guerra, mas com um espírito mais aventuresco, Sessão da Tarde mesmo. Claro que há o interesse comercial em não fazer nada sombrio demais, então os vilões não são os nazistas (não há uma suástica sequer no filme) e sim a Hidra, uma subdivisão. O que vemos é uma guerra paralela. Incomoda? Sim, mas nada que chegue a comprometer. Assim como os saltos que a trama dá, para abranger um período de tempo de alguns anos, apelando pros tradicionais clipes mostrando o que aconteceu naquele período. A ligeira falta de coesão e o gostinho de quero mais são os principais pontos negativos do filme, que impedem ele chegar ao nível foda, épico, etc.

    Dentre as atuações, competência é a palavra-chave. A começar pelo criticadíssimo protagonista, Chris Evans, também conhecido como Tocha Humana, aqui em versão ultra bombada. Ele queima a língua dos incrédulos ao fazer um Steve Rogers bem convincente, sem nenhum resquício daquele ar irônico e babaca que o consagrou. Hugo Weaving trabalha no automático para fazer o vilão, o que no caso dele já é grande coisa. Infelizmente o roteiro não o ajudou muito, pois o Caveira teve pouco espaço pra desenvolvimento e profundidade, ficando um tanto genérico. O inevitável interesse romântico é a agente Peggy Carter, vivida com muito carisma e um sotaque britânico sensacional por Hayley Atwell. Sebastian Stan aparece pouco como Bucky, ficando mais como uma possibilidade para eventuais sequências (Soldado Invernal, cof cof). Dominic Cooper interpreta Howard Stark, pai daquele mesmo que você está pensando, num papel até maior do que o esperado. Completando, temos os coadjuvantes de luxo Tommy Lee Jones (General Phillips), pra variar fazendo o estilo rabugento e engraçado, e o sempre ótimo Stanley Tucci como o Dr. Erskine.

    E no mais, filme da Marvel tem que ter o que? Isso mesmo, easter eggs. E dessa vez eles estão particularmente discretos, coisas que só fanboys hardcore vão pegar: a aparição de um herói antigo da editora, uma referência ao Dr. Zola dos quadrinhos, Bucky pegando o escudo, e a óbvia aparição de Stan Lee. Tão óbvia quanto, há uma cena pós-créditos que na verdade é um teaser de Os Vingadores. Capitão América, Homem de Ferro, Thor, Hulk, Gavião Arqueiro e Viúva Negra estarão todos juntos em 2012, e se você não se empolga alucinadamente com isso, só posso lamentar pela sua alma…

    Texto de autoria de Jackson Good.