Tag: Joe Johnston

  • Crítica | Jumanji (1995)

    Crítica | Jumanji (1995)

    Em 1869 começa a trama do filme de Joe Johnston, com duas crianças enterrando um objeto estranho, que mais tarde seria revelado o motivo. Logo, a trama passa a registrar os momentos um século depois, através dos olhos e dias de Alan Parrish (Adam Hann-Byrd), um garoto que vive em uma bolha, sempre bem cuidado por seus pais, pessoas ricas e empreendedoras da cidade próxima de Brantford, New Hampshire. Sua única queixa justa, é o bullying que sofre dos meninos menos mimados da cidade, que o perseguem e o tratam mal. Entediado, e inconformado pela atenção que seus pais supostamente não dão para ele, o garoto se depara com uma caixa antiga, em meio as escavações que fazem conexão com o prelúdio.

    A tal caixa guarda o tabuleiro de Jumanji, que também é o nome de livro de Chris Van Allsburg no qual se baseia o texto, e em uma noite sozinha em casa, em um ato de rebeldia por saber que irá para um colégio interno, ele e Sarah Wittle – namorada de Billy, que é um dos bullys, interpretada agora por Laura Bell Bundy – começam a jogar e o menino é sugado para dentro do jogo, cumprindo então seu destino de ficar longe de sua parentela. A cena em questão é executada de maneira bem datada em termos de efeitos especiais, mas já causava impacto principalmente nas plateias mais jovens.

    Não demora e um novo núcleo adentra a história, cronologicamente 26 anos depois, Judy (Kirsten Dunst) e Peter  Shepherd (Bradley Pierce), e após ouvirem os mesmo tambores que Alan, eles acham o jogo, e libertam Alan, agora executado por Robin Williams. Ainda na mansão Parrish, eles notam que os morcegos que atacaram lá na primeira parte ainda vivem na casa, como um dos muitos sinais que o que ocorre no jogo ainda afeta a cidade e as pessoas dentro da historia.

    A parte madura do roteiro de Jonathan Hensleigh, Greg Taylor e Jim Strain é a brincadeira com a questão da solidão juvenil, que já ocorria com Alan e que é mais palpável agora com Peter/Judy, por se tratar de orfandade dos dois, fato que também acomete o Alan adulto. A ida dele a antiga fábrica de sapatos de seu pai é a demonstração cabal do quão cruel pode ser a vida adulta e do quão terrível deve ter sido a existência por mais de um quarto de século no continente de Jumanji. Mesmo as questões do jogo são subalternos ante essa sensação de desolação dos personagens de ambas gerações.

    A aura fantástica estabelecida no longa lembra o estilo de contar que John Hughes usava em seus filmes. Há inclusive uma temática muito comum ligada a uma variação mais inocente do Complexo de Édipo, uma vez o caçador Van Pelt, que tem uma richa com Alan é interpretado por Jonathan Hyde, que também fez Sam Parrish, o pai do protagonista. Toda a perseguição feita aos meninos e a traumatizada Sarah mais velha (Bonnie Hunt), tem um caráter escapista, ainda que seu final tenha uma mensagem existencial forte, de enfrentamento dos próprios medos, e amadurecimento, ainda que tardio.

    Jumanji possui efeitos especiais que variam de qualidade, especialmente quando trata de criaturas animalescas, em alguns desses pontos Johnston e sua equipe acertam bem em outros erram feio, vide a falta de naturalidade nos movimentos dos macacos. No entanto, o clima de aventura descompromissada e fantasiosa segue intacto, mesmo depois de passadas mais de duas décadas desde seu lançamento, e esse é um dos expoentes de um cinema do gênero de Aventura que infelizmente não consegue mais se reproduzir na sétima arte blockbuster atual.

    Acompanhe-nos pelo Twitter e Instagram, curta a fanpage Vortex Cultural no Facebook, e participe das discussões no nosso grupo no Facebook.

  • Crítica | Jurassic Park III

    Crítica | Jurassic Park III

    Jurassic_Park_III_Poster

    Dando sequência ao universo imaginado por Steven Spielberg a partir da obra de Michael Crichton, Jurassic Park III utiliza a grife estabelecida pelo diretor em uma trama inferior aos dois movimentos iniciais. Spielberg deixou a direção a cargo de John Johnston, o qual já havia demonstrado interesse em realizar O Mundo Perdido: Jurassic Park mas fora relegado a uma possível segunda sequência.

    Mesmo responsável por dois bons projetos familiares, Querida, Encolhi as Crianças e Jumanji, Johnston não possui a mesma capacidade técnica de seu mentor e, além das limitações artísticas, tinha em mãos um roteiro mal executado. A trama utiliza apenas algumas cenas das obras de Crichton e desenvolve um argumento inédito. Entretanto, os possíveis roteiros desagradaram a produção e, apenas cinco semanas antes do início das gravações, uma nova história foi desenvolvida. O curto espaço de tempo para a composição bem delineada de um roteiro deixa a impressão de que assistimos a um esboço inicial que precisaria de ajustes para ser eficiente.

    Jurassic Park – O Parque Dos Dinossauros e O Mundo Perdido fundamentavam e desenvolviam o universo que inseria dinossauros no mundo contemporâneo. Sem nenhuma novidade aparente, essa continuação retoma o personagem de Alan Grant (Sam Neil) – que não participa do acidente em San Diego – como um ponto forte para o público. O enredo parece fora de tom, sem a mesma visão estética e narrativa dos anteriores. Além de uma metragem enxuta, a necessidade explícita de novidades modificou os dinossauros mais conhecidos da franquia: velociraptor e T-Rex são deixados de lado para dar lugar a duas novas espécies: o gigantesco Spinossauro – cujo esqueleto substitui Rex até mesmo no pôster – e o voador Pteranodone (em tempo, os raptores ainda se destacam em parte da história mas, devido a estudos lançados na época, ganharam penas na cabeça, parecendo topetes irados que destoavam da concepção dos outros longas).

    O núcleo central de personagens, representados por uma família que vai até a ilha com auxílio de Grant para resgatar um filho desaparecido, não possui o carisma necessário e não transparece a urgência da perda. Sem nenhuma sintonia, William H. Macy e Tea Leoni são o elemento cômico da trama, tanto em momentos propositais como em situações involuntárias. Nem mesmo o apelo infantil do garoto desaparecido – o infante em perigo, recurso clássico das obras de Spielberg – é bem executado.

    O maior orçamento da trilogia não impediu que as cenas de ação parecessem simuladas em um cenário cenográfico. Os ataques de dinossauros aleatórios não produzem medo aparente e são ineficazes diante de uma trama irregular. A obrigatoriedade de inserir novas espécies leva as personagens a locais não explorados anteriormente, como uma travessia pelo mar somente como pretexto para a cena de ação com o dinossauro voador. Cenas episódicas que tentam pelo impacto esconder a trama sem emoção.

    A sensação de uma obra inacabada é ainda mais evidente quando a trama se encerra de maneira breve, sem um terceiro ato dramático. Um anti-clímax que parece finalizar antecipadamente a história por falta de tempo em desenvolver um roteiro adequado. Nem mesmo a cena final é inédita, se assemelhando ao final do primeiro filme, com os personagens saindo da ilha, com direito à música original de John Williams como lembrete ao público de que essa trama fez parte de uma trilogia. De qualquer maneira, ainda é uma cópia pálida que pouco lembra as divertidas e familiares aventuras anteriores.

    Compre aqui: DVD | Blu Ray

  • Crítica | Capitão América: O Primeiro Vingador

    Crítica | Capitão América: O Primeiro Vingador

    Capitão América – O Primeiro Vingador

    Cansado de tantos filmes de super-heróis? Azar o seu, pois essa onda está longe de acabar. E nesse ano recheado, acaba de estrear mais um: Capitão América – O Primeiro Vingador chegou às telas brasileiras no dia 29 de julho. Mais uma produção da Marvel Studios, e o último passo antes do evento mais importante da História da humanidade, ou seja, o filme dos Vingadores.

    Em 1943, conhecemos o jovem nova-iorquino Steve Rogers. Franzino e doente, porém cheio de determinação, ele tenta (e falha) várias vezes entrar para o exército e lutar na Segunda Guerra Mundial, movido por uma convicção inabalável de que violência e bullying devem ser combatidos em todas as suas formas. Sua chance aparece quando ele chama a atenção do Dr. Abraham Erskine, responsável por um projeto científico visando à criação de supersoldados. Combinando um soro especial com a radiação dos raios Vita, Steve ganha força, agilidade e resistência além dos limites humanos.

    Infelizmente, o Dr. Erskine é assassinado por um espião nazista, e o projeto de criar mais supersoldados morre com ele. O Governo decide então que o melhor uso para Steve é… vesti-lo com uma fantasia nas cores da bandeira americana e coloca-lo em espetáculos teatrais promovendo campanhas de recrutamento e a venda de ações de guerra. Somente quando vai à Europa para levantar o moral dos soldados, é que nosso herói tem chance de entrar em ação para salvar seu amigo de infância, o agora sargento James “Bucky” Barnes. Após provar seu valor, o Capitão América passa a combater a Hidra, uma facção nazista rebelde liderada pelo terrível Caveira Vermelha, cobaia de uma versão preliminar e imperfeita do soro de Erskine.

    Não era das mais fáceis a tarefa de adaptar para o cinema um personagem tão identificado com os EUA, visto que hoje há no mundo um certo sentimento anti-norte-americano. Pra piorar, o Capitão normalmente é visto com um americanóide patriótico clichê por aqueles que não conhecem suas histórias. O resultado ficou à altura do desafio. Houve um cuidado muito grande em estabelecer Steve Rogers como alguém essencialmente bom, justo, corajoso, e por que não, humanista. Exaltando essas qualidades universais ao invés de um patriotismo tipicamente americano, ficou possível para o público internacional gostar do personagem. Resta a questão da ingenuidade desses valores, mas outro acerto do filme é se passar na Segunda Guerra, época em que tais características ainda faziam sentido.

    Como nos demais filmes da Marvel, temos uma história de origem, simples e bem contada. A direção ficou a cargo de Joe Johnston (de O Lobisomem), que entregou um filme passado na guerra, mas com um espírito mais aventuresco, Sessão da Tarde mesmo. Claro que há o interesse comercial em não fazer nada sombrio demais, então os vilões não são os nazistas (não há uma suástica sequer no filme) e sim a Hidra, uma subdivisão. O que vemos é uma guerra paralela. Incomoda? Sim, mas nada que chegue a comprometer. Assim como os saltos que a trama dá, para abranger um período de tempo de alguns anos, apelando pros tradicionais clipes mostrando o que aconteceu naquele período. A ligeira falta de coesão e o gostinho de quero mais são os principais pontos negativos do filme, que impedem ele chegar ao nível foda, épico, etc.

    Dentre as atuações, competência é a palavra-chave. A começar pelo criticadíssimo protagonista, Chris Evans, também conhecido como Tocha Humana, aqui em versão ultra bombada. Ele queima a língua dos incrédulos ao fazer um Steve Rogers bem convincente, sem nenhum resquício daquele ar irônico e babaca que o consagrou. Hugo Weaving trabalha no automático para fazer o vilão, o que no caso dele já é grande coisa. Infelizmente o roteiro não o ajudou muito, pois o Caveira teve pouco espaço pra desenvolvimento e profundidade, ficando um tanto genérico. O inevitável interesse romântico é a agente Peggy Carter, vivida com muito carisma e um sotaque britânico sensacional por Hayley Atwell. Sebastian Stan aparece pouco como Bucky, ficando mais como uma possibilidade para eventuais sequências (Soldado Invernal, cof cof). Dominic Cooper interpreta Howard Stark, pai daquele mesmo que você está pensando, num papel até maior do que o esperado. Completando, temos os coadjuvantes de luxo Tommy Lee Jones (General Phillips), pra variar fazendo o estilo rabugento e engraçado, e o sempre ótimo Stanley Tucci como o Dr. Erskine.

    E no mais, filme da Marvel tem que ter o que? Isso mesmo, easter eggs. E dessa vez eles estão particularmente discretos, coisas que só fanboys hardcore vão pegar: a aparição de um herói antigo da editora, uma referência ao Dr. Zola dos quadrinhos, Bucky pegando o escudo, e a óbvia aparição de Stan Lee. Tão óbvia quanto, há uma cena pós-créditos que na verdade é um teaser de Os Vingadores. Capitão América, Homem de Ferro, Thor, Hulk, Gavião Arqueiro e Viúva Negra estarão todos juntos em 2012, e se você não se empolga alucinadamente com isso, só posso lamentar pela sua alma…

    Texto de autoria de Jackson Good.