Tag: Jonathan Hensleigh

  • Crítica | O Justiceiro (2004)

    Crítica | O Justiceiro (2004)

    Jonathan Hensleigh tinha uma carreira solidificada como roteirista, seus trabalhos começaram na série o Jovem Indiana Jones, passando por filmes de ação relevantes, como Duro de Matar: A Vingança, O Santo, o escapista Jumanji e até Armageddon. Em 2004, coube a ele a direção que tentaria traduzir um dos ícones da Marvel para a nova fase de filmes de super heróis que viria.

    Parte das reclamações gerais em relação a esse filme incorrem na escolha de Thomas Jane (que na época assinava como ‘Tom Jane’) como intérprete de Frank Castle. No entanto, esse é o menor dos problemas do filme, já que o roteiro de Hensleigh e Michael France tropeça em eventos básicos. Castle é um policial comum, especialista em disfarces e que não guarda qualquer passado sombrio. Aliás, o sombrio passa longe desse filme, já que os cenários  e ambientação ocorrem numa ensolarada Miami, diferente demais da Nova York soturna onde se passam as histórias clássicas do vigilante criado por John Romita, Ross Andru e Gerry Conway. Do mesmo modo, não há passado como ex-combatente, tampouco força emocional na cena em que a família de Castle é assassinada.

    Após o massacre, Frank decide pôr em prática seu plano de vingança, mas toda a construção em volta de seus parcos inimigos soa quase infantil de tão mal construída. Até há uma tentativa de explorar um plano de fundo mais profundo para os opositores, como a homossexualidade não assumida do capanga Quentin Glass (Will Patton) ou a insegurança do chefão da máfia, Howard Saint (John Travolta). Os bons conceitos ao invés de serem desenvolvidos, são apenas sugeridos.

    Jane se sentiu tão injustiçado por ser encarado como culpado que mais de dez anos depois, tentou se reemplacar no personagem com Dirty Laundry, um curta violento e mal acabado que mesmo em seu caráter paupérrimo tinha mais de Justiceiro do que esse filme analisado. A realidade é que esta versão de vigilante tenta atirar para todos os lados, sem acertar ninguém. As falhas de sua concepção se assemelham demais a outros primos da época, como Demolidor: O Homem Sem Medo e Elektra, sendo esse talvez o mais equivocado dos três, já que mal parece um filme baseado em quadrinhos  e sim um exemplar genérico do cinema de ação que ia direto pro mercado de homevideo.

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  • Crítica | Jumanji (1995)

    Crítica | Jumanji (1995)

    Em 1869 começa a trama do filme de Joe Johnston, com duas crianças enterrando um objeto estranho, que mais tarde seria revelado o motivo. Logo, a trama passa a registrar os momentos um século depois, através dos olhos e dias de Alan Parrish (Adam Hann-Byrd), um garoto que vive em uma bolha, sempre bem cuidado por seus pais, pessoas ricas e empreendedoras da cidade próxima de Brantford, New Hampshire. Sua única queixa justa, é o bullying que sofre dos meninos menos mimados da cidade, que o perseguem e o tratam mal. Entediado, e inconformado pela atenção que seus pais supostamente não dão para ele, o garoto se depara com uma caixa antiga, em meio as escavações que fazem conexão com o prelúdio.

    A tal caixa guarda o tabuleiro de Jumanji, que também é o nome de livro de Chris Van Allsburg no qual se baseia o texto, e em uma noite sozinha em casa, em um ato de rebeldia por saber que irá para um colégio interno, ele e Sarah Wittle – namorada de Billy, que é um dos bullys, interpretada agora por Laura Bell Bundy – começam a jogar e o menino é sugado para dentro do jogo, cumprindo então seu destino de ficar longe de sua parentela. A cena em questão é executada de maneira bem datada em termos de efeitos especiais, mas já causava impacto principalmente nas plateias mais jovens.

    Não demora e um novo núcleo adentra a história, cronologicamente 26 anos depois, Judy (Kirsten Dunst) e Peter  Shepherd (Bradley Pierce), e após ouvirem os mesmo tambores que Alan, eles acham o jogo, e libertam Alan, agora executado por Robin Williams. Ainda na mansão Parrish, eles notam que os morcegos que atacaram lá na primeira parte ainda vivem na casa, como um dos muitos sinais que o que ocorre no jogo ainda afeta a cidade e as pessoas dentro da historia.

    A parte madura do roteiro de Jonathan Hensleigh, Greg Taylor e Jim Strain é a brincadeira com a questão da solidão juvenil, que já ocorria com Alan e que é mais palpável agora com Peter/Judy, por se tratar de orfandade dos dois, fato que também acomete o Alan adulto. A ida dele a antiga fábrica de sapatos de seu pai é a demonstração cabal do quão cruel pode ser a vida adulta e do quão terrível deve ter sido a existência por mais de um quarto de século no continente de Jumanji. Mesmo as questões do jogo são subalternos ante essa sensação de desolação dos personagens de ambas gerações.

    A aura fantástica estabelecida no longa lembra o estilo de contar que John Hughes usava em seus filmes. Há inclusive uma temática muito comum ligada a uma variação mais inocente do Complexo de Édipo, uma vez o caçador Van Pelt, que tem uma richa com Alan é interpretado por Jonathan Hyde, que também fez Sam Parrish, o pai do protagonista. Toda a perseguição feita aos meninos e a traumatizada Sarah mais velha (Bonnie Hunt), tem um caráter escapista, ainda que seu final tenha uma mensagem existencial forte, de enfrentamento dos próprios medos, e amadurecimento, ainda que tardio.

    Jumanji possui efeitos especiais que variam de qualidade, especialmente quando trata de criaturas animalescas, em alguns desses pontos Johnston e sua equipe acertam bem em outros erram feio, vide a falta de naturalidade nos movimentos dos macacos. No entanto, o clima de aventura descompromissada e fantasiosa segue intacto, mesmo depois de passadas mais de duas décadas desde seu lançamento, e esse é um dos expoentes de um cinema do gênero de Aventura que infelizmente não consegue mais se reproduzir na sétima arte blockbuster atual.

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  • Crítica | Duro de Matar: A Vingança

    Crítica | Duro de Matar: A Vingança

    duro de matar - a vingança

    Depois de uma produção mediana que, ainda assim, conquistou boa bilheteria, John McTiernan reassume a direção em uma trama que, como a anterior, foi desenvolvida a partir de um argumento prévio com a personagem central inserida em reformulações do roteiro.

    Duro de Matar: A Vingança dialoga diretamente com o primeiro filme. A cena de abertura dá o tom da produção, mostrando a caótica cidade de Nova York ao som de Summer In The City (John Benson Sebastian, Steve Boone, Mark Sebastian), com suas extensas ruas movimentadas, até uma grande explosão que interrompe as cenas panorâmicas.

    Em pouco tempo, compreende-se que, dessa vez, John McClane não é a vítima azarada dos acontecimentos, mas quem foi chamado para vir à ação por um terrorista que ameaçou destruir a cidade caso o policial não aparecesse.

    O filme inverte a lógica vista anteriormente para apresentar um novo fôlego para a história e introduz um elemento perigoso que se estabelece normalmente na parte final de uma trilogia: a adesão de um parceiro para a personagem central. Colocados ao acaso um do lado do outro, a parceria entre Zeus Carver e McClane, com um sempre irritado e bom Samuel L. Jackson, aproxima-se de outra dupla famosa no estilo: Riggs e Murtaugh de Máquina Mortífera.

    A dinâmica entre as personagens expande a ironia consagrada da personagem central, o que faz deste filme o mais engraçado dos três. Evidente que não há mais a intenção de se produzir uma história – ou personagem – verossímil. Tendo arrebatado grande público em suas duas histórias anteriores e transformado Bruce Willis em um astro de ação, tudo o que esta produção deseja é dar ao público mais uma história de sua personagem mais icônica.

    O roteiro feito por Jonathan Hensleigh (Jumanji, O Santo, Armageddon) equilibra-se bem entre McClane, seu coadjuvante, Zeus, e o bandido que, como infere o título, deseja, de alguma maneira, se vingar. O laço com a primeira história não é feito de maneira tão exagerada como vemos em filmes contemporâneos, parecendo uma sequência natural dos acontecimentos anteriores.

    Mesmo que a história esteja situada em uma época em que havia algumas experimentações nos efeitos visuais – que engatinhavam – com um resultado mal composto entre imagem e fundos computadorizados, a ação é ininterrupta e transforma este pequeno defeito em quase nada. Se em outras situações McClane tenta, à sua maneira, vencer as regras ditas pelo bandido, aqui passa a maior parte do tempo como um joguete e, aos poucos, vai percebendo as distrações impostas e as verdadeiras intenções do vilão, que tenta dominar a situação.

    Se não houvesse um retorno da personagem, a trilogia Duro de Matar fecharia com chave de ouro, sendo capaz de retomar elementos de seu próprio passado mas não entregando uma trama semelhante à anterior, costurando-a de maneira diferente e sempre apoiado em diversas cenas de ação.

    No país, o DVD lançado pela Buena Vista/Disney foi um dos primeiros da empresa, na época em que somente um menu com opções de legenda e dublagem estava disponível. O formato letterbox causa problemas para quem tem uma televisão em widescreen e a imagem do disco não é das melhores. É o único filme da série lançado pela Buena Vista/Disney. Embora esteja disponível nos boxes em DVD, ainda não há lançamento em Blu Ray, desfalcando a coleção em alta definição.