Tag: Mark Millar

  • 10 Séries Canceladas em 2021

    10 Séries Canceladas em 2021

    Já nos habituamos a todo ano receber notícias a respeito do cancelamento de nossas séries. 2021, apesar de completamente atípico, não poderia ser diferente. É verdade que o atual cenário pandêmico mundial mudou consideravelmente a produção do audiovisual, com diversas delas sofrendo interrupções, mas pouco a pouco as gravações foram retomadas. Entretanto, muitas delas foram encerradas prematuramente — ou até que outra emissora ou serviço de streaming decida continuá-la —, apesar de uma boa recepção de público e crítica, por isso, confira a lista de algumas das que tiveram seu desfecho interrompido neste ano.

    Lovecraft Country

    A adaptação do livro homônimo de Matt Ruff chegou na HBO em 2020, recebeu diversos prêmios e ainda assim teve o anúncio de seu cancelamento neste ano sem grandes explicações e causou bastante surpresa após receber mais de 18 indicações ao Emmy. A showrunner Misha Green vinha trabalhando em um roteiro e o elenco da série ainda com agenda reservada para as gravações de uma nova temporada.

    A série se passava nos Estados Unidos dos anos 1950 e mesclava o horror pulp (e extremamente preconceituoso) de H.P. Lovecraft com o segregacionismo racial do país.

    Punky, A Levada da Breca

    Vocês sabiam que Punky, a série de sucesso dos anos 80 teve um revival em 2021? Nem eu. A continuação da série apostou em produções como Três é Demais, que tiveram continuações recentes com boa parte do elenco original e tiveram um sucesso relativo, no entanto, não foi o caso de Punky que teve seu cancelamento anunciado quatro meses após a exibição da primeira temporada com dez episódios.

    Os Irregulares de Baker Street

    O que aparentava se tornar uma série de sucesso no serviço de streaming da Netflix fracassou amargamente e teve sua produção cancelada na primeira temporada. O grupo de jovens detetives sobrenaturais que trabalhavam para Sherlock Holmes parece não ter feito o sucesso esperado e os custos altos de produção cobraram o preço.

    Meu Pai e Outros Vexames

    Produzida e estrelada por Jamie Foxx, a comédia Meu Pai e Outros Vexames foi inspirada na relação entre Foxx e sua filha. O ator surgiu na comédia, mas a péssima repercussão de público e crítica foi o fator primordial para a Netflix cancelar a sitcom, ainda que os envolvidos aleguem que optaram por não renovar em comum acordo. A primeira temporada contou com oito episódios e, aparentemente, não era apenas a filha que ele estava deixando envergonhada.

    Os Eleitos

    A Disney+ anunciou no primeiro semestre de 2021 que Os Eleitos não retornariam para uma segunda temporada. Com essa decisão, a série se tornou a primeira produção do serviço a ser cancelado.

    Os Eleitos é fruto da parceria da Disney+ com a National Geographic e contou a história da corrida espacial norte-americana. Apesar do cancelamento, outras emissoras e serviços tem apontado o interesse em continuar essa história.

    Cursed: A Lenda do Lago

    A série de fantasia medieval teen, Cursed: A Lenda do Lago, foi cancelada pela Netflix em 2021 após a recepção morna do público em relação ao custo da produção. A releitura da lenda arturiana do ponto de vista de Nimue é baseada na graphic novel de Frank Miller e Tom Wheeler.

    O Legado de Júpiter

    A parceria de Mark Millar e Netflix ainda não rendeu nenhuma produção digna de nota, seja nos quadrinhos ou no serviço de streaming. Na esteira do seriado The Boys, Millar e Netflix acreditavam que a desconstrução dos super-heróis seria uma escolha mais do que acertada, no entanto, a escolha por adaptar apenas pouquíssimas páginas do primeiro arco do quadrinho parece ter cobrado seu preço e o cancelamento foi mais que merecido.

    Ainda assim, tanto o autor quanto o serviço já anunciaram que o mundo de O Legado de Júpiter será abordado em outras produções futuras, como a adaptação da mediana Supercrooks, que ganhará uma série em live action e anime.

    Turner & Hooch

    A série Turner & Hooch estrelada por Josh Peck e servia como um reboot da comédia policial com Tom Hanks, Uma Dupla Quase Perfeita, não conseguiu renovação para uma segunda temporada. Apesar do apelo nostálgico, o serviço de streaming encerrou o seriado com apenas uma primeira temporada de doze episódios. Embora a recepção do público parecesse popular, a série recebeu críticas medíocres da maioria dos veículos especializados.

    Y: O Último Homem

    A adaptação da série em quadrinhos de Brian K. Vaughan e Pia Guerra tinha tudo para ter vida longa na TV, mas assim como O Legado de Júpiter, a produção optou por espremer tudo e mais um pouco de poucas páginas de história e entregar nada ao espectador acreditando que teriam mais tempo para desenvolver a trama. Não rolou. Y: The Last Man não tinha ritmo algum e pouco a pouco a audiência foi diminuindo. Os produtores estão buscando uma nova casa para o seriado, mas até agora sem sucesso.

    Cowboy Bepop

    A adaptação em live action de Cowboy Bebop era bastante aguardada, mas como costuma acontecer em adaptações americanas de produções japoneses, o receio do público era grande. No entanto, assim que a primeira temporada foi disponibilizada na Netflix a recepção foi dividida e ainda que tenha atraído uma parcela considerável de espectadores, o serviço optou por cancela-lo semanas depois da estreia, visto que a audiência não justificava os gastos. Para quem esperava uma continuação para saber o final da série, recomendo que procurem o anime.

  • VortCast 104 | Diários de Quarentena XXII

    VortCast 104 | Diários de Quarentena XXII

    Bem-vindos a bordo. Flávio Vieira (@flaviopvieira | @flaviopvieira), Jackson Good (@jacksgood), Bruno Gaspar (@hecatesgaspar | @hecatesgaspar) e Nicholas “Aoshi” Prade (@nicprade) retornam para mais uma edição do “Diários de Quarentena” e se reúnem para comentar sobre Round 6, God of War, Mark Millar e muito mais.

    Duração: 95 min.
    Edição: Flávio Vieira e Rafael Moreira
    Trilha Sonora: Flávio Vieira e Rafael Moreira
    Arte do Banner:
     Bruno Gaspar

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  • Resenha | O Legado de Júpiter – Livro Dois

    Resenha | O Legado de Júpiter – Livro Dois

    Os heróis falharam, o mundo não ficou cor-de-rosa e com nuvens de algodão, e sempre vai haver o mal porque faz parte da condição humana. Todo o resto é utopia, e na série O Legado de Júpiter (leia nossa resenha do Livro Um) parece que o desencanto com “os super-heróis vão salvar o mundo” nunca foi tão forte, desde que o Comediante levantou a seguinte questão, em Watchmen: “precisamos salvar as pessoas, mas delas mesmas”. Certo ou não, pessimista ou não, os humanos fantásticos de Mark Millar (Kick-Ass) habitam a ultrarrealista dimensão da neutralidade, aonde o bom e o mal não são muito diferentes, exceto quando alguns não veem problema nenhum em matar os outros para alcançarem seus delírios de poder.

    Após exterminarem o poderoso Utópico no Volume 1 da saga, os super-heróis estão sem freios e se tornaram intimidadores, sem ética ou moralidade alguma, e deixaram a Casa Branca e os Estados Unidos sob seu regime semi ditatorial, já que, na visão deles, estão levando a humanidade e seus governos a um novo nível de progresso civilizatório – e que os beneficie acima de todos, é claro. Enquanto isso, um grupo de exilados consegue enxergá-los como a ameaça que eles realmente são, presentes apenas em solo americano ainda, e para detê-los, começam a recrutar vários heróis fora de atividade, escondidos na Índia, Brasil ou na Antártida, para uma grande luta de poderosos. O mundo está em jogo, e neste cenário, há deuses e demônios entre nós, por mais que ambos nos vejam como reles insetos impotentes.

    É curioso como a parte 2 de O Legado de Júpiter dialoga, numa ótica oportuna, sobre o conceito de liberdade e o preço que vale a pena se pagar para obtê-la, em teoria. Enquanto o filho inescrupuloso do Utópico, o jovem e bonito Brandon acha que a Terra é o seu parque de diversão conquistado pôr direito, sua irmã Chloe não apenas quer vingança por seu pai, mas se sente na obrigação de livrar o mundo de seres como Brandon, que usam tudo e todos como marionetes a seu bel prazer – e necessidade predatória, vendendo liberdade como se fosse um slogan eleitoral. Nada mais verdadeiro. Se antes a bondade existia por si só, e bastava, agora os heróis são “bons” apenas para impedir a destruição do mundo, e deles mesmos por consequência. A vilania nunca dorme, e nunca some, por mais que os Coringas e os Thanos do século XXI se enxerguem como os verdadeiros salvadores, inquestionavelmente nobres no lema de que os fins justificam os meios. Um ledo engano, é claro.

    Se há um consenso entre vários filósofos ao longo dos séculos, é de que o Mal é sórdido o bastante para cegar os seus hospedeiros, confundi-los, e entregá-los junto ao mundo e o seu sistema a tragédia iminente. A série de Miller, e belissimamente ilustrada por Frank Quitely, põe em cheque o lugar de “deuses” e “demônios” em um mundo complexo e caótico já sem eles, e que na presença deles atinge seu ápice de desordem, com pessoas com dons incríveis servindo a seus interesses pessoais. A sobrevivência de seus planos. E se Mark Zuckerberg pudesse ler nossos pensamentos, sem a ajuda de algoritmos virtuais? E se alguns atletas tivessem super atributos físicos, e o presidente da Amazon conseguisse controlar os elementos da natureza? Quem melhor usaria desses dons: os poderosos, ou pessoas comuns? Os dois volumes de O Legado de Júpiter respondem a essa e outras perguntas de maneira um tanto espetacular demais, mas certamente reflexiva e simbólica o bastante para agradecermos o fato de não existir um Superman.

    Compre: O Legado de Júpiter – Livro Dois.

  • VortCast 75 | Diários de Quarentena V

    VortCast 75 | Diários de Quarentena V

    Bem-vindos a bordo. Flávio Vieira (@flaviopvieira), Filipe PereiraJackson Good (@jacksgood) e Rafael Moreira (@_rmc) retornam em mais uma edição para bater um papo sobre quadrinhos, cinema e muito mais.

    Duração: 115 min.
    Edição: Rafael Moreira e Flávio Vieira
    Trilha Sonora: Rafael Moreira e Flávio Vieira
    Arte do Banner:
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  • Resenha | O Legado de Júpiter – Livro Um

    Resenha | O Legado de Júpiter – Livro Um

    Mark Millar é cria do mundo pós-era de ouro que Alan Moore tratou de desnudar, em Watchmen. Depois desse marco zero, no qual super-heróis deixaram de ser oficialmente figuras unilaterais, mas capazes de matar também e ter sentimentos tão dúbios quanto qualquer ser humano (que voe ou não), Millar foi o artista das HQ’s que melhor soube lidar com o cinismo que veio após os anos 80. Com uma sociedade bem menos colorida, menos otimista, e mais egoísta e desesperançosa sobre um futuro que, sabemos no nosso íntimo, não será brilhante para todos. Kick Ass e The Kingsman são sobre isso, Guerra Civil da Marvel também, combinando símbolos da paz e da união para se matarem com causas bem menos humanitárias, que no passado. Nada mais é tão simples como era quando Superman e o Homem-Aranha apareceram, e na era moralmente caótica da pós-verdade, o que ficou complicado agora é absolutamente insolúvel. Ficamos céticos sobre nós mesmos, e isso causa um gosto amargo na boca.

    Os super-heróis estão de saco cheio. Trabalham porque o governo manda neles, ou para impressionar uns aos outros, mas isso não começou do nada. Em uma antiga viagem de navio, um grupo de amigos encontra uma ilha tão sonhada por um deles, e lá, deparam-se com seres que lhes ofertam virtudes extraordinárias. Após tanto sonhar com este lugar, Sheldon vira o líder deste grupo, e o mais poderoso entre eles: o Utópico. Junto de seu irmão Walter, ambos envelhecem na luta pelo bem do planeta e dos Estados Unidos, pois, se o chamado da ilha foi para um americano, é porque esse foi o país escolhido para salvar o mundo em seus piores momentos. O Legado de Júpiter ironiza o fato de apenas os EUA terem essas figuras, já que não existe o Capitão Angola nem um Batman da Austrália. Essa auto admiração não é poupada na história, uma vez que é ela que leva tudo a ruína, a corrupção, e a paradoxos que custam caro demais para quem um dia já sonhou com utopias.

    Utopia mesmo é esperar que o que passou continue, e viva para sempre. O bem e o mal são duas colunas fracas hoje em dia, cada vez mais substituídas pelo necessário, e Brandon e Chloe enxergam isso muito bem. Uma geração revoltada com o sistema, eclética e empoderada pela diversidade, e se o pai deles é a ordem e o conservadorismo resistente, os dois são a chave para a mudança e a falta de conformismo que podem envenenar filhos contra os pais, tal qual uma clássica alegoria de Shakespeare. Millar é astuto o bastante para deixar com que esse embate familiar ilustre muito bem essa questão contemporânea de ceticismo sobre tudo, e claro, sobre nós mesmos. A causa altruísta que consiste o heroísmo já deixou de existir faz tempo, e nisso, o conceito de honra também; uma mera sombra, ou nem tanto. O Legado de Júpiter coloca seres que reles mortais consideram divinos num mundo frio, violento e ultra realista, cuja política infecta a todos e a intriga está sempre à espreita, sem poupar ninguém.

    Em meio ao desencanto, uma coisa não se perdeu, pelo menos: grandes poderes sempre carregarão grandes responsabilidades, e num mundo cada vez mais caótico e perturbado pela informação, e desinformação, isso se faz cada vez mais real. Se a recente série da Amazon Prime, The Boys, ainda encontra certo impacto nestas questões de forma bastante eficiente para desconstruir essa idealização nossa de “Como seria bom ter uma Liga da Justiça nos amparando.”, a publicação da editora Panini joga por terra, sem dó, o quão inútil para a nossa paz isso seria. Com seres que poderiam nos pulverizar com o poder da mente dentro dos governos, ou soltos por ai, nossa raça poderia ser extinta ou escravizada de mil maneiras inimagináveis. O Legado de Júpiter é viciante, muitas vezes chocante (certas cenas o fazem impróprio para crianças), inserindo capas vermelhas em uma realidade desrespeitosa cujo sonho americano, aquele dourado e suculento, virou um pesadelo a luz do dia.

    Compre: O Legado de Júpiter – Livro Um.

  • Crítica | Superman: Entre a Foice e o Martelo

    Crítica | Superman: Entre a Foice e o Martelo

    Depois de dezessete anos após o lançamento da revista, finalmente a versão animada da DC adapta Superman: Entre a Foice e o Martelo, revista consagrada de Mark Millar com desenhos de Dave Johnson cuja premissa é bastante simples: e se o bebê kriptoniano que se tornaria o Superman caísse em território soviético e não americano. Coube a Sam  Liu a responsabilidade de conduzir essa versão, e infelizmente essa é mais um longa-metragem com o pouco apuro visual e com um traço feio e genérico, semelhante em muitos pontos aos filmes que adaptam os novos 52.

    A trama começa em 1946, na URSS, e já começa legal por mostrar uma versão bem encaixada das contra partes de Clark  Kent e Lana Lang em terras russas/ucranianas, seguidas dos créditos iniciais que mostram capas e imagens clássicas do gibi. Este início quase ludibria o espectador, uma vez que mora nessa introdução os momentos mais brilhantes do roteiro, ao mostrar as propagandas soviéticas como uma arma eficaz na guerra ideológica, mas até as intenções dessa questão servem a um propósito complicado e maniqueísta de maneira desnecessária.

    As passagens de tempo soam confusos, assim como as relações entre os personagens. A cumplicidade entre a figura de autoritária Joseph Stalin e o homem intransponível inexiste, assim como não existe qualquer tensão pessoal entre o personagem principal e qualquer outro aliado. O filme carece de personagens que sejam dúbios, e em se tratando de um filme sobre a Guerra Fria isso é um pecado terrível. A relação que deveria ser parental entre político e super humano é suavizada de modo que não há qualquer dualidade, nem em Super, nem em Stalin e em mais ninguém e por mais que a HQ seja digna de críticas negativas, esse tipo de problemática não vinha do texto de Millar.

    Ao menos, há tentativa de abordagem mais delicada do camponês que ascendeu ao supra sumo da humanidade. A superação das barreiras do ordinário situa o personagem no exato oposto do que Jerry Siegel e Joe Shuster pensaram para o kriptoniano original, ao menos em geografia, pois os ideais do Superman clássico (o que nem voava e era visto em Superman Crônicas) tinha ideais marxistas. Uma pena que esse aspecto seja breve, passa rápido demais para causar espécie.

    Os gulags são mostrados de modo bem caricato e todo o orgulho presente na identidade socialista soviética não tem qualquer menção ou exaltação. A maior preocupação do roteiro de J.M. DeMatteis (que comete quase tantos equívocos quanto seu colega quadrinista Brian Azzarello em Batman: A Piada Mortal) é fazer paralelos entre os campos de concentração nazista e esses lugares, incluindo aí uma mise-en-scene terrível, de um garoto flagelado e hiper moralista que tem até morcegos atrás de si (e que um tempo depois, se tornaria um personagem famoso). O primeiro ponto de ruptura é cedo demais, com um terço de filme o Superman já é um assassino tirano que não tem nenhum questionamento mesmo quando ele toma o poder sobre o antigo soberano.

    As tentativas de paralelos com o universo comum da DC variam de qualidade. Por mais que a Diana/Mulher Maravilha seja uma personagem bem explorada aqui, a aliança entre Themyscira e URSS faz pouco sentido. A luta contra o Bizarro também, e a versão de Lex Luthor aqui é mais virtuosa até que a contra parte que era herói que combatia a Sindicato do Crime em uma das versões do universo DC.

    Alguns pontos são positivos, como a participação de Lois e Lane e da Mulher Maravilha, mas nada que salve o filme do texto de propaganda do American Way of Life ou da total distância entre ele e quase todas as obras do Superman, sejam as que se baseia a revistas ou as mais clássicas. A mudança do final em é necessariamente um problema, mas toda a construção moral do personagem, sua modificação para ser um vilão não faz qualquer sentido visto os últimos atos dele, que se joga como um sacrifício meio nulo

    Em alguns pontos a historia é panfletária de uma maneira até mesquinha. A questão do Muro de Berlim e o modo como se fala da influencia socialista ser encarada como cancerígena é podre, e no filme não se mostra o colapso que o capitalismo teve na época do poderio do Superman como líder dos soviéticos. Ate por essa construção malévola dele, não faz sentido insistir em demonstrar que o herói é belo, benevolente e preocupado com o bem estar mundial, pois mesmo Lex é mais honesto e bom do que o personagem-título.

    Do ponto de vista narrativo o filme peca muito não só na figura do Super mas também na do Batman, que é um poço de clichês. Há também uma dificuldade em traduzir a essência do Superman nessa e por mais que Millar tenha mudado muita coisa nos rumos da vida do herói, mas o cerne e o básico, o essencial estava lá ao menos na premissa e aqui não, e nem é somente pela questão do personagem matar opositores sem dó, mas basicamente por não se enxergar nele nem um resquício do do herói clássico. Nenhum distanciamento entre como o povo vê seu governante e como ele realmente é justifica isso.

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  • Resenha | Nêmesis

    Resenha | Nêmesis

    Imagine se o Batman fosse um assassino psicótico ao invés do herói que conhecemos. Uma mistura de Coringa, Charada e Bruce Wayne. Imaginou? Pois é esse exercício que Mark Millar propõe em Nêmesis, saga bem bacana mas que infelizmente ficou no meio do caminho de seu potencial.

    Lançada entre maio e dezembro de 2010 nos EUA, e em 2013 no Brasil pela Panini Comics, a saga idealizada pelo autor de Kick-Ass, O Procurado e Superman: Entre a Foice e o Martelo, narra a história de Nêmesis, um bilionário altamente treinado que viaja pelo mundo provocando o caos, simplesmente para poder derrotar o maior policial da cidade onde ele se encontra. Após aniquilar o mais brilhante policial de Tóquio e provocar mortes e destruição na cidade, Nêmesis parte para Washington com o intuito de eliminar Blake Morrow, considerado o homem de ouro da força policial dos Estados Unidos. A partir daí, o que se segue é um jogo de gato e rato que vai deixar um número absurdo de vítimas pelo caminho até um desfecho que deixa um gosto agridoce na boca do leitor.

    A história tem uma influência muito grande dos quadrinhos dos anos 90, onde o que importava era porradaria e destruição em larga escala, enquanto que o desenvolvimento dos roteiros ficava um tanto de lado. Millar tenta imprimir urgência na narrativa, porém isso faz com que tudo soe apressado e superficial. Ainda que existam grandes momentos na obra, algumas situações que poderiam ser sensacionais ficam mal desenvolvidas. A invasão ao avião presidencial, Air Force One, é o maior exemplo: se inicia de forma espetacular e acaba de forma apressada. Seria ótimo ver Nêmesis derrotando um a um os seguranças do presidente dos Estados Unidos dentro do avião, mas o roteirista tira esse prazer do leitor optando por uma solução mais simples que apesar de muito boa, não possui tanto impacto quanto poderia.

    Outro problema diz respeito ao desenvolvimento dos personagens. Enquanto o vilão protagonista é desenvolvido de forma competente, Blake Morrow fica um tanto de escanteio na história, prejudicando a empatia do leitor. Outro fator são os plot twists. Em um primeiro momento, as reviravoltas parecem ótimas, mas numa reanálise elas passam a impressão de que o autor subestima a inteligência do leitor, tamanho o absurdo proposto.

    Os desenhos de Steve McNiven tem uma aparência muito grande de storyboards. Algumas splash pages são muito boas, porém a arte fica parecendo suja e apressada no final. Falta polimento. Em alguns momentos fiquei com a impressão que a obra foi concebida com o único intuito de ser adaptada para os cinemas ou para a TV, um fato que acontecerá em breve já que a Netflix comprou os direitos da obra.

    Ainda que irregular, Nêmesis é uma obra divertida e que vale ser lida devido ao conceito proposto pelo autor. Ah, e não adianta tentar fazer o contrário: a torcida pelo sádico e alucinado vilão protagonista é inevitável.

    Compre: Nêmesis.

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  • Os livros Que Inspiraram os Indicados ao Oscar 2018

    Os livros Que Inspiraram os Indicados ao Oscar 2018

    Assim como no ano passado (clique aqui), selecionamos a lista de todas as obras que foram adaptadas e indicadas na premiação do Oscar de 2018, a maioria delas traduzida e publicadas por editoras nacionais.

    Me Chame Pelo Seu Nome (Compre aqui)

    O livro do egípcio André Aciman que deu origem ao filme homônimo dirigido por Luca Guadagnino — aclamado nos festivais de Berlim, Toronto, do Rio, no Sundance e um dos principais candidatos ao Oscar de 2018 — foi traduzido por Alessandra Esteche e publicado pela editora Intrínseca. Até o momento, Me Chame Pelo Seu Nome é o único livro traduzido e publicado de Aciman no Brasil.

    Sinopse: A casa onde Elio passa os verões é um verdadeiro paraíso na costa italiana, parada certa de amigos, vizinhos, artistas e intelectuais de todos os lugares. Filho de um importante professor universitário, o jovem está bastante acostumado à rotina de, a cada verão, hospedar por seis semanas na villa da família um novo escritor que, em troca da boa acolhida, ajuda seu pai com correspondências e papeladas. Uma cobiçada residência literária que já atraiu muitos nomes, mas nenhum deles como Oliver.

    Elio imediatamente, e sem perceber, se encanta pelo americano de vinte e quatro anos, espontâneo e atraente, que aproveita a temporada para trabalhar em seu manuscrito sobre Heráclito e, sobretudo, desfrutar do verão mediterrâneo. Da antipatia impaciente que parece atravessar o convívio inicial dos dois surge uma paixão que só aumenta à medida que o instável e desconhecido terreno que os separa vai sendo vencido. Uma experiência inesquecível, que os marcará para o resto da vida.

    Com rara sensibilidade, André Aciman constrói uma viva e sincera elegia à paixão, em um romance no qual se reconhecem as mais delicadas e brutais emoções da juventude. Uma narrativa magnética, inquieta e profundamente tocante.

    Todo o Dinheiro do Mundo (Compre aqui)

    O filme mais recente de Ridley Scott foi uma adaptação do livro do romancista e biografo inglês John Pearson. O autor se tornou conhecido nos anos 1960 por ter escrito a biografia de Ian Fleming, criador do 007. Além disso, nos anos 1970 escreveu uma biografia de James Bond em primeira pessoa, apesar do sucesso de vendas, o autor recusou uma  nova oferta para escrever mais romances do agente fictício, passando a se dedicar a literatura de não-ficção. Em 1995 escreveu Painfully Rich: the Outrageous Fortunes and Misfortunes of the Heirs of J. Paul Getty, que acaba de ganhar uma versão traduzida e publicada pela HarpersCollins Brasil, com o mesmo nome do longa-metragem.

    Sinopse: O magnata do petróleo J. Paul Getty construiu a maior fortuna dos Estados Unidos – e chegou perto de destruir a própria família no processo, com o nome Getty, como um jornalista declarou, “se tornando sinônimo de família problemática”. Mas o desastre precisava acontecer?

    Quando Paul Getty foi sequestrado aos dezesseis anos, a notícia se espalhou pelo mundo. Mas seu avô, então o americano mais rico vivo, se recusou a pagar o resgate, ignorando o sofrimento do neto. Com os dias se arrastando dolorosamente, virou responsabilidade de Gail, a mãe perturbada mas determinada de Paul, negociar com os sequestradores…

    Nesta biografia completa da família Getty, John Pearson narra a criação da riqueza fenomenal e as maneiras como ela tocou e manchou as vidas de várias gerações, traçando boa parte dos problemas até a figura bizarra do bilionário avarento, o próprio J. Paul Getty – e demonstra que o dinheiro pode sim comprar a sobrevivência e até a felicidade.

    Mudbound: Lágrimas Sobre o Mississipi (Compre aqui)

    Mudbound: Lágrimas Sobre o Mississipi não é o primeiro romance publicado da autora americana Hillary Jordan no Brasil. Em 2013, a editora Bertrand anunciou o lançamento do livro Quando Ela Acordou. Quase cinco anos depois, com o advento do filme de Dee Rees lançado na Netflix que adaptou a obra de Jordan, a editora Arqueiro decidiu investir nos direitos de publicação. O responsável pela tradução é Marcelo Mendes, tradutor de outras obras da editora e de outro romance recém-adaptado que chegou nos cinemas recentemente, Operação Red Sparrow: Pronta Pra Seduzir, Treinada Para Matar.

    Sinopse: Ao descobrir que o marido, Henry, acaba de comprar uma fazenda de algodão no Sul dos Estados Unidos, Laura McAllan, uma típica mulher da cidade, compreende que nunca mais será feliz. Apesar disso, ela se esforça para criar as filhas num lugar inóspito, sob os olhos vigilantes e cruéis de seu sogro.

    Enquanto os McAllans lutam para prosperar numa terra infértil, dois bravos e condecorados soldados retornam do front e alteram para sempre a dinâmica não só da fazenda, mas da própria cidade. Jamie, o jovem e sedutor irmão de Henry, faz Laura de repente renascer para a vida, enquanto Ronsel, filho dos arrendatários negros que trabalham para Henry, demonstra uma altivez que não será aceita facilmente pelos brancos da região.   

    De fato, quando os jovens ex-combatentes se tornam amigos, sua improvável relação desperta sentimentos violentos nos habitantes e uma nova e impiedosa batalha tem início na vida de todos.

    Alternando a narrativa entre vários pontos de vista, este premiado romance oferece ao leitor diferentes versões dos acontecimentos. Os personagens, lutando por sentimentos de amor e honra num lugar e época brutais, se veem dentro de uma tragédia de enormes proporções e encontram redenção onde menos esperam.

    Artista do Desastre (Compre aqui)

    The Disaster Artist: My Life Inside the Room, the Greatest Bad Movie Ever Made é certamente uma das publicações mais curiosas da lista. O livro que ganhou uma adaptação recente de James Franco, infelizmente não foi publicado no Brasil e não há qualquer notícia de que o seja. Curiosamente, o livro de Tom Bissell e Greg Sestero é um best-seller lá fora, diferente de vários outros livros desta seleção.

    Sinopse: Em 2003, um filme independente chamado The Room, estrelado e escrito, produzido e dirigido por um desajustado social misteriosamente rico, chamado Tommy Wiseau, fez sua desastrosa estréia em Los Angeles. Descrito por um crítico como “como ser esfaqueado na cabeça”, o filme de US$ 6 milhões ganhou um valor total de US$ 1.800 de bilheteria e foi retirado de cartaz após duas semanas. Dez anos depois, se tornou um fenômeno de culto internacional.

    Aclamado pelo The Huffington Post como “possivelmente a parte mais importante da literatura já impressa”, The Disaster Artist é a história hilária de um fenômeno cinematográfico deliciosamente horrível, bem como a história de uma estranha e inspiradora amizade de Hollywood. Greg Sestero, amigo de Tommy, relata a estranha jornada do filme para a infâmia, explicando como as inúmeras cenas absurdas do filme e o diálogo começaram a revelar o mistério do próprio Tommy Wiseau. Mas mais do que apenas uma história divertida sobre a arrogância cinematográfica, “The Disaster Artist é um dos livros mais honestos sobre a amizade que eu li em anos” (Los Angeles Times).

    A Grande Jogada (Compre aqui)

    Adaptado para os cinemas com direção e roteiro de Aaron Sorkin, de A Rede Social Steve Jobso filme marca o primeiro trabalho de Sorkin como diretor. A Grande Jogada tem no elenco Jessica Chastain (Perdido em Marte e A Hora Mais Escura) no papel de Molly Bloom, além de Idris Elba, Kevin Costner e Michael Cera. A biografia escrita pela própria biografada foi traduzida e publicada pela editora Intrínseca.

    Sinopse: Com pouco mais de 30 anos, Molly Bloom ganhou as manchetes dos jornais ao ser presa pelo FBI por operar fora da legalidade uma das mais milionárias mesas de pôquer do mundo. Bonita e atraente, cortejada por homens poderosos, com um guarda-roupa de grife e montanhas de dinheiro no banco, a Princesa do Pôquer, como ficou conhecida, parecia mais uma estrela de Hollywood que uma criminosa confessa.

    E foi em Hollywood mesmo que ela começou, do zero, a promover as mesas pelas quais passariam, nos anos seguintes, centenas de milhões de dólares, em partidas que aconteciam em luxuosas suítes de hotéis, para uma seleta lista de convidados dispostos a desembolsar quantias que partiam dos seis dígitos. Entre eles, astros como Leonardo DiCaprio, Tobey Maguire e Ben Affleck, mandachuvas da indústria do entretenimento, líderes estrangeiros, grandes magnatas e até mesmo a máfia russa.

    Memórias de excessos, glamour e ganância narradas por uma mulher que sabia exatamente onde estava a linha que separa o legal do ilegal e escolheu conscientemente cruzá-la.

    Logan (Compre aqui)

    Livremente inspirado no quadrinho escrito por Mark Millar (Supremos, Kick-Ass) e desenhado por Steven McNiven (Guerra Civil), O Velho Logan foi lançado em 2008, e tinha como plano de fundo um universo alternativo distópico. Posteriormente, Brian Michael Bendis trabalhou com o personagem durante o evento Guerra Secreta, que contou com a arte de Andrea Sorrentino. No Brasil, a série de Millar e McNiven foi publicada mensalmente na revista Wolverine nº 57 a 64, pela Panini Comics, e encadernada na Coleção Oficial de Graphic Novels Marvel, A n° 58, pela editora Salvat.

    Sinopse: Cinquenta anos no futuro, a América se tornou um vasto território dividido em feudos e governado por vários supervilões. Desde que os heróis tombaram, o que aconteceu com Wolverine passou a ser um grande mistério: em seu lugar vive um velho chamado Logan. Sem querer nada além de poder cuidar da família, Logan tem sua vida subitamente ameaçada… e se vê obrigado a viajar pela estranha nova América com a missão de proteger seu futuro e redescobrir seu passado.

    O Poderoso Chefinho (Compre aqui)

    Marla Frazee, autora de The Boss Baby — livro adaptado para os cinemas na animação homônima —  é reconhecida pelo seu trabalho voltado a literatura infantil, sendo vencedora de dois Caldecott Honors, premiação esta destinada ao reconhecimento do melhor livro ilustrado americano para crianças. A autora não tem nenhum trabalho publicado no Brasil até os dias de hoje.

    Sinopse: A partir do momento em que o bebê chegou, era óbvio que ele era o chefe.

    O bebê do chefe está acostumado a obter o seu caminho – bebidas feitas sob encomenda 24 horas por dia, 7 dias por semana, um jato particular e reuniões 24 horas por dia. Mas quando suas demandas não estão obtendo respostas adequadas, ele tem que dar novos comprimentos para alcançar a atenção que ele merece.

    Marla Frazee traz sua sagacidade de assinatura e humor – juntamente com ilustrações adoráveis ​​- para um livro que explora o efeito da nova chegada muito incomum de uma família.

    O Touro Ferdinando (Compre aqui)

    Um dos maiores clássicos da literatura infantil e que ganhou vida na animação dirigida por Carlos Saldanha. Escrito pelo americano e professor de literatura inglesa Munro Leaf e ilustrado pelo desenhista americano Robert Lawson. Leaf também foi editor literário, mas é mais lembrado pelo livro infantil em questão, que trazia um touro espanhol mais interessado em cheirar flores do que participar de touradas. O pequeno romance, assim que publicado, provocou considerável polêmica, sendo proibido na Espanha e queimado na Alemanha nazista por ser considerado um símbolo pacifista. Em 1938 o livro foi adaptado em um curta-metragem da Disney. O livro foi republicado, recentemente, pela editora Intrínseca.

    Sinopse: Com mais de 80 anos de vida, o simpático Ferdinando continua em boa forma. Sua história não envelheceu um dia sequer, ainda hoje conquistando corações e inspirando o respeito pelas diferenças.

    Publicado originalmente em 1938, O touro Ferdinando marcou gerações no mundo todo, tendo sido traduzido para mais de 60 idiomas. Com uma narrativa singela, uma união perfeita entre as ilustrações e o texto de humor delicado, o livro conta a história de um touro que, apesar de seu tamanho e sua força, não tem interesse em lutar nas touradas. Tudo que ele quer é cheirar as flores e ficar quietinho no seu canto, mas às vezes o mundo à nossa volta não compreende aqueles que são diferentes da maioria.

    Com um personagem encantador e ilustrações impecáveis, a obra traz uma mensagem universal e atemporal e certamente será amada também pelo público brasileiro.

    The Breadwinner (Compre aqui)

    The Breadwinner é uma das animações que estão na disputa pelo Oscar. O filme ainda não foi lançado no Brasil, no entanto, o livro que serviu de inspiração para o longa já ganhou tradução de ninguém menos que Ana Maria Machado e foi publicado em 2012 pela editora Ática. A continuação do livro de Deborah Ellis, A Viagem De Parvana: Mais Histórias De Uma Garota Afegã, também foi publicado no Brasil pela mesma editora.

    Sinopse: Aos 11 anos, a afegã Parvana está em apuros. Com o pai preso e o irmão mais velho morto, quem sustentará a casa se, pelas leis do governo Talibã, as mulheres não podem trabalhar? Só resta a Parvana se disfarçar de menino.

    A Bela e a Fera (Compre aqui)

    Imortalizado pela animação de 1991 da Disney, e recentemente, transformado em live-action, A Bela e a Fera é um romance de 1740, escrito por Madame de Villeneuve, e posteriormente reescrito em 1756 por Madame de Beaumont. A editora Zahar em sua coleção clássicos reuniu as duas versões em um belo livro repleto de cores, ilustrações e curiosidades sobre a obra e as autoras.

    Sinopse: A versão original do clássico que inspirou o novo filme da Disney, estrelado por Emma Watson Adaptado, filmado e encenado inúmeras vezes, o enredo de A Bela e a Fera vai muito além da jovem obrigada a casar com uma horrenda Fera que no final se revela um lindo príncipe preso sob um feitiço. Nessa edição bolso de luxo da coleção Clássicos Zahar você encontra reunidas duas variantes da história. A versão clássica, escrita por Madame de Beaumont em 1756, vem embalando gerações e inspirou quase todos os filmes, peças, composições e adaptações que hoje conhecemos. A versão original, que Madame de Villeneuve publicara em 1740, é de uma riqueza espantosa, que entre outras coisas traz as histórias pregressas da Fera e da Bela e dá voz ao monstro para que ele mesmo narre seu destino. Toda em cores e ilustrada, essa edição conta com ótima tradução do premiado André Telles, uma apresentação reveladora e instigante assinada por Rodrigo Lacerda e cronologia das autoras. A versão impressa apresenta ainda capa dura e acabamento de luxo.

    Victoria e Abdul: O Confidente da Rainha (Compre aqui)

    O drama dirigido por Stephen Frears e estrelado por Judi Dench e Ali Fazal recebeu duas indicações pontuais: Melhor figurino e maquiagem e cabelo. O que poucos sabem é que o longa-metragem foi baseado no romance homônimo da jornalista indiana Shrabani Basu. Fruto de uma pesquisa intensa de mais de 4 anos, Basu descobriu a existência de um indiano que se tornou amigo e conselheiro da Rainha Victoria, em pleno período de colonização inglesa na Índia. O livro não foi publicado no Brasil até o momento.

    Sinopse: A amizade mais improvável da história – esta é a história surpreendente da rainha Victoria e do jovem indiano Abdul Karim.

    Nos anos crepusculares de seu reinado, após as mortes devastadoras de seus dois grandes amores – o Príncipe Albert e John Brown – a Rainha Victoria conhece o alto e belo Abdul Karim. Os dois formam um vínculo improvável e, dentro de um ano, Abdul se torna uma figura poderosa na corte, professor da rainha e conselheiro sobre assuntos urdu e indianos, e um amigo verdadeiro. Isso marcou o início da década mais escandalosa no longo reinado da rainha Victoria. À medida que a casa real se arrependia de ressentimento, a devoção de Victoria e Abdul crescia desafiando. Tirado de segredos cuidadosamente guardados por mais de um século, Victoria & Abdul é uma história extraordinária e íntima dos últimos anos da corte inglesa do século XIX e uma visão inesquecível sobre as paixões de uma rainha envelhecida.

    Extraordinário (Compre aqui)

    O diretor Stephen Chbosky fez história em 2012 com o longa-metragem As Vantagens de Ser Invisível, romance de sua autoria sobre adolescentes desajustados que tentam encontrar o seu lugar no mundo. Em 2017, Chbosky decidiu adaptar um romance publicado na mesma época em que havia sido publicado o seu The Perks of Being a Wallflower. Extraordinário, de R.J. Palacio foi um sucesso quase instantâneo, sendo traduzido e publicado pela editora Intrínseca pouco tempo depois de ser lançado nos EUA.

    Sinopse: August Pullman, o Auggie, nasceu com uma síndrome cuja sequela é uma severa deformidade facial, que lhe impôs diversas cirurgias e complicações médicas. Por isso ele nunca frequentou uma escola de verdade.. até agora. Todo mundo sabe que é difícil ser um aluno novo, mais ainda quando se tem um rosto tão diferente. Prestes a começar o quinto ano em um colégio particular em Nova York, Auggie tem uma missão nada fácil pela frente: convencer os colegas de que, apenas da aparência incomum, ele é um menino igual a todos os outros.

    R.J.Palacio criou uma história edificante, repleta de amor e esperança, em que um grupo de pessoas luta para espalhar compaixão, aceitação e gentileza. Narrado da perspectiva de Auggie e também de seus familiares e amigos, com momentos comoventes e outros descontraídos, Extraordinário consegue captar o impacto que um menino pode causar na vida e no comportamento de todos, família, amigos e comunidade – um impacto forte, comovente e , sem dúvida nenhuma, extraordinariamente positivo, que vai tocar todo tipo de leitor.

    Para espalhar a mensagem de Extraordinário, Palacio iniciou uma campanha antibullying, da qual milhares de crianças já participaram.

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  • Crítica | Kingsman: O Círculo Dourado

    Crítica | Kingsman: O Círculo Dourado

    A carreira de Mathew Vaughn enquanto diretor é bastante promissora. Sua filmografia passa principalmente por adaptações de quadrinhos, foi assim com Stardust, Kick-Ass, X-men: Primeira Classe e Kingsman: Serviço Secreto. Em Kingsman: O Círculo Dourado, oVaughn retorna para adaptar a continuação dos quadrinhos de seu amigo, Mark Millar, e mais uma vez repete toda a fórmula de sucesso que já está habituado.

    Para muitos, o primeiro Kingsman ficou entre os melhores filmes de 2014, o que é um exagero, uma vez que nele havia apenas o desenvolvimento de uma fórmula pré-estabelecida nas outras traduções do Millarverso, com protagonistas juvenis em situações limites e edição rápida, se valendo do formato de videoclipes. Talvez o diferencial de Círculo Dourado para Serviço Secreto seja o foco no emocional dos personagens, movimento esse muito parecido com o ocorrido em Guardiões das Galáxias Vol. 2.

    O roteiro de Vaughn e Jane Goldman  introduz um novo grupo de vilões, uma organização chamada Círculo Dourado, capitaneada pela excêntrica Poppy (Juliane Moore), uma especialista em robótica que resolve regularizar seus negócios ilegais. Para isso, ela organiza um ataque a Kingsman, obrigando Eggsy (Taron Egerton) e Merlin (Mark Strong) a reinventar a organização, indo até os Estados Unidos, trabalhar com a Statesman, filial americana do serviço.

    A viagem aos EUA serve para fazer diversas piadas com o American Way of Life, seja na figura grotesca do seu presidente (Bruce Grenwold), que é mais uma caricatura inteligente de Donald Trump e seu reacionarismo, como também no modo agressivo e descerebrado que alguns personagens vivem, tanto Poppy, uma psicopata adorável que faz questão de consumir todos os traidores de seu clã, quanto com os membros do alto escalão do Statesman.

    O problema maior dessa versão é que parte dos seus méritos passam longe de serem inéditos, que funciona no primeiro volume funciona, e não tão brilhantemente em sua continuação – fato que talvez justifique as notas baixas nas cabines do filme. As lutas em computação gráfica, por exemplo, abusam de bonecos digitais sem textura, e em transmissões em IMAX se percebe o quão toscos são os personagens brigando. Outro grave sintoma dos novos tempos de filme de heróis, é o retorno de Harry (Colin Firth), que não foi sequer escondido nos primeiros trailers. Não há sequer um impacto emocional do seu retorno em tela, uma vez que já havia sido anunciado em todos os materiais de divulgação.

    Ainda assim e apesar das reclamações por parte dos críticos que achavam o primeiro filme um pseudo-libelo de originalidade no subgênero de super-heróis, Kingsman: O Círculo Dourado segue divertidíssimo, com piadas rápidas e um tom de humor superior ao original, inclusive com uma participação bem ativa de Elton John. Mesmo tendo um discurso sobre a guerra às drogas um pouco anacrônico, todo o restante da aura de espiões super-fantásticos funciona bem, o carisma dos personagens segue intacto, só uma pena que claramente haja uma repetição tão evidente de ciclos dentro do subgênero, e a tendência com o tempo é que tal filão caia em impopularidade, como foram os filmes de brucutus dos anos 1980 e 1990 ou os faroestes pós anos 1960. Somente o futuro dirá.

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  • Resenha | Os Supremos 2

    Resenha | Os Supremos 2

    Os Supremos 2 Definitivo 1

    Começando a partir de uma ação do Capitão América, mergulhando em meio ao nordeste do Iraque em período de Guerra, o segundo volume de Os Supremos se estabelece semelhante, de certa forma ao primeiro, com a mesma equipe criativa formada por Mark Millar nos roteiros, Bryan Hitch nos desenhos e Paul Neary como arte finalista. As primeiras dez páginas são a síntese da proposta de Ultimates, com heróis distantes da figura de paladinos, com métodos violentos e repletos de frases de efeito, que convencem até os “agentes do terror” estrangeiros.

    Segue a temática de misturar elementos reais da opinião pública estadunidense, como Larry King entrevistando Tony Stark sobre o intervencionismo da equipe em questões mundiais, driblado pela genialidade do Homem de Ferro que conduz suas respostas de modo muito satisfatório e maduro, apelando para a caridade como justificativa das ações mais agressivas.

    O panorama inicial do grupo é bem diferente, com a Vespa (Jannet Pym) divorciada e namorando o Steve Rogers; Thor bem longe de seus antigos aliados; Banner preso e Hank Pym mudando sua postura, assumindo a “nova” identidade de Homem-Formiga, tentando assim retornar ao grupo. A atualidade continua como métrica do texto de Millar, utilizando-se do vazamento de informações – como em Wikileaks – que basicamente torna público através das grandes emissoras de TV que o super grupo já tinha conhecimento das atividades de Banner como Hulk.

    Este paradigma muda muito o quadro geral, mostrando um Steve Rogers culpado: “o mundo pensava que nós os salvamos, mas só estávamos limpando a nossa bagunça”, sucedido por uma atitude bastante desonesta dos mandatários da S.H.I.E.L.D., abandonando o doutor deprimido à sua própria sorte, isolando-o do mundo após ser sentenciado como culpado. Este é só o começo do colapso da equipe, que ainda incorre em uma luta visceral contra Thor. Uma questão dúbia que surge com a suspeita sobre o vazamento da informação, assim como o resultado final de um embate iniciado pela indisciplina do asgardiano.

    A derrocada moral se torna motivo de comédia, com a empreitada de Pym como Homem-Formiga e como principal figura principal desta versão de Os Defensores. A partir dali se estabelecem alguns pontos cruciais: primeiro com um easter egg mostrando a Feiticeira Escarlate sendo indagada (ciumentamente) por seu irmão Mercúrio, por estar flertando com uma máquina, em uma clara referência ao seu romance com Visão, no universo 616. A tentativa do Homem-Formiga evidentemente dá errado, e ainda que esse fracasso não sirva tanto para a trama principal, funciona para denunciar humoristicamente o que se propagava entre os super-heróis, que se tornavam franquias internacionais, tendo seus Capitães na Inglaterra, Itália e Espanha; também o uso indiscriminado da marca e poderes do Gigante por subalterno; além de uma armadura cibernética como a do Homem de Ferro para a russa Viúva Negra, símbolos da globalização e capitalismo.

    Como em poucas histórias feitas por estadunidenses, Os Supremos 2 se vale positivamente da paranoia do país, engendrando um vilão formidável, que ataca a confiança de seus inimigos e os faz desunir. A influência do “deus nórdico” Loki se vê presente muito além da prisão de seu irmão e da culpabilidade do Capitão América, mas também da construção da ideia por trás dos Libertadores. Apesar de óbvia a questão em relação à queda desses opositores, a questão é verossímil, e a saída para isso é magnânima, trazendo um retorno sensacional.

    As consequências do último embate fazem um sentido tremendo, e as conclusões de Rogers são tão maduras que soam quase irreais, principalmente com a base de comparação com Supremos Volume Um. A discussão a respeito do intervencionismo contumaz dos Estados Unidos faz uma bela combinação com a arte de Hitch, nos esforços do início e próximo ao final. Há uma queda de qualidade enorme, tanto de história, com a péssima inclusão de pares malvados dos heróis, em referências imbecis a seriados japoneses animados e vividos por atores, assim como os desenhos, que se tornam claramente desleixados, denegrindo sem dúvida o que seria o resultado final da revista.

    A importância dada aos coadjuvantes faz a história se tornar mais grave, dando um nível de importância ao Gavião Arqueiro e Viúva Negra poucas vezes vistas nos quadrinhos até aquela época. A reverência de Millar a Jack Kirby e Stan Lee é tamanha que ao final do encadernado há uma dedicatória a eles, completamente desnecessário, já que a atualização vista nesse tomo já é homenagem suficiente aos mentores da Casa das Ideias, ajudando a deixar os personagens em figuras mais imortais ainda, sobrevivendo até aos vícios de sua época, passando por pouco pela linha de mediocridade vigente nos produtos pós exploitation do estilo utilizado no auge da popularidade da Image Comics.

    Ouça: VortCast 37: Os Supremos 2 (Vingadores)

    Compre: Os Supremos 2: Edição Definitiva

  • VortCast 37 | Os Supremos 2 (Vingadores)

    VortCast 37 | Os Supremos 2 (Vingadores)

    vortcast37Bem-vindos a bordo. Flávio Vieira (@flaviopvieira), Filipe Pereira, André Kirano (@kiranomutsu), Bruno Gaspar (@hecatesgaspar) e Rafael Moreira (@_rmc) retornam para comentar sobre o segundo arco dos Supremos, versão Ultimate dos Vingadores, o supergrupo organizado e mantido pelo governo americano para estabelecer a ordem interna e intervenções em outros territórios. Considerado um épico dos super-heróis nos anos 2000, escrito por Mark Millar, arte de Bryan Hitch, Andrew Currie e Paul Neary e cores de Paul Mounts.

    Duração: 107 min.
    Edição: Victor Marçon
    Trilha Sonora: Victor Marçon
    Arte do Banner: 
    Bruno Gaspar

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    Comentados na edição

    VortCast 13: Os Supremos (Vingadores)
    VortCast 05: Filmes Marvel
    Resenha Os Supremos  – (Edição de 1 a 13) – Compre Aqui
    Resenha Os Supremos  2 – (Edição de 1 a 13) – Compre Aqui
    Resenha Homem de Ferro – O Demônio na GarrafaCompre Aqui
    Crítica Os Vingadores | Crítica 2
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  • Resenha | Os Supremos

    Resenha | Os Supremos

    Os Supremos 1 A

    Principal inspiração para a reunião de heróis da Marvel no cinema, tornado realidade em 2012 por Joss Whedon em seu Os Vingadores, Mark Millar resgata o clima anti-heroísta iniciado por Warren Ellis em Authority para formar sua versão do mito dos Heróis Mais Poderosos da Terra. Os Supremos tem início durante a maniqueísta Segunda Guerra Mundial, com um desenvolto papo entre soldados que esperam desembarcar em terras alemãs. Os extremos seriam temas recorrentes na revista de Millar, pontuada magistralmente pelo lápis anárquico de Bryan Hitch, parceiro antigo do autor europeu.

    Curioso como a figura do Capitão América evoca a fantasia das cores que não combinam com a bandeira, contrastando completamente com o cinza da guerra, que só é cortada pelo vermelho do sangue. A era romântica de política e guerra se finda junto a “morte” do Capitão, elevando a história já para o novo milênio, quando Nick Fury encontra o resignado homem em recuperação Bruce Banner, que tentava convencê-lo de que o Hulk estava contido e praticamente extinto.

    Como tudo no universo Ultimate, o mote de Os Supremos é quase todo relacionado à reconstrução do soro do Super Soldado, presente no DNA de Steve Rogers. A construção do Gigante Esmeralda, as experiências de Hank Pym e até o ideário do coronel caolho são intimamente ligados ao ethos do primeiro vingador. A “cena” em que ele desperta representa o renascer não só da física hibernação, mas também do resplandecer de um novo tempo, em que a adaptação seria o maior dos desafios. Apesar da pequena revolta, reprisada nos pós-créditos de Capitão América – O Primeiro Vingador, o bandeiroso interage jocosamente com George W. Bush, valorizando e dando destaque ao papel do militar em detrimento dos constantes fracassos dos cientistas, primeiro em Reed Richards (pré Supremos), no deprimido Banner e no inseguro e machista Pym.

    Os Supremos 1 D

    O ataque que desencadeia o surto do Hulk demonstra que aquela era uma nova época, em que músculos seriam mais importantes do que ações cerebrais, relembrando os tempos de predomínio da estética noventista da Image Comics e trazendo à tona uma história que novamente supervalorizaria aspectos visuais em detrimento dos textuais.

    Os números iniciais desse volume servem para, em cada edição, aprofundar os conceitos dos personagens. O começo da visão sobre Thor é misteriosa, quase superficial, o que garante a si uma dualidade quanto à questão de este ser ou não um ente divino. O que não possui ambiguidade, mas garante algumas camadas de complexidade, é a relação de amor e ódio entre o Homem-Formiga – agora Gigante – e a Vespa, que como casal, têm alguns entreveros, além de um montante de segredos escondidos. O aspecto mais aviltante da história varia entre o RP executado no caso para abafar o espancamento feminino, evitando por sua vez escândalos anti-marketing, em confronto com a reação da mulher, que defende seu agressor mesmo quando alguém lhe faz “justiça”.

    Os Supremos 1 E

    A discussão que começa com os relatos de Betty Ross culmina na busca intensa por Henry e em uma bifurcação de frentes, protagonizada primeiramente pela Viúva Negra, Gavião Arqueiro e por outros dois vilões da Irmandade de Mutantes, Mercúrio e Feiticeira Escarlate, além, é claro, da tomada de iniciativa independente do alistado heroico que vai tirar satisfação com o homem que considera covarde. Os níveis de massa véio aumentam absurdamente, mas a bem orquestrada luta serve mais para desviar a atenção da causa Chitauri do que outro aspecto narrativo relevante. Chega a ser curiosa a associação desses aspectos ao romance de H.G. Wells, Guerra dos Mundos, uma forma jocosa de tratar da grave situação que se forma.

    A transição entre os problemas internos do grupo, para a invasão Chitauri, é executada de modo rápido, sem muitos preâmbulos, de modo um pouco automático. Tal construção torna a trama principal um pouco desimportante, ao menos em relação aos aspectos mais sérios e menos ligados à violência gratuita ocorrida. De diferente, há a participação de Hulk, selvagem em essência, com frases jocosas que remetem a um humor primitivo, tão tosco que praticamente impossibilita o mau humor de quem consome a publicação.

    Os Supremos 1 C

    A versão Millenium dos skrulls faz lembrar um pouco do clima paranoico visto no último número de Watchmen, além de assemelhar-se demais ao antagonismo dos marcianos brancos, presentes no arco Nova Ordem Mundial de Grant Morrison em Liga da Justiça, cujos inimigos também se faziam passar por humanos importantes na hierarquia governamental dos EUA.

    Os pontos fortes da carreira de Millar são trazer histórias simples com alto teor de violência gráfica e repletas de frases de efeito típicas dos clássicos filmes de ação dos anos 1990, muito similares às películas de Michael Bay. Os Supremos se consolida como o ponto alto do universo Ultimate, ditando o tom sério que se iniciou nas revistas dos X-Men, que somente se solidificou após estas publicações. Além disso, a obra reprisa os bons momentos de Stormwatch e determina a métrica dos quadrinhos de super-heróis populares de 2002 em diante.

    Ouça nosso podcast sobre Os Supremos
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  • Resenha | Ultimate Quarteto Fantástico: O Fantástico

    Resenha | Ultimate Quarteto Fantástico: O Fantástico

    Ultimate Quarteto Fantástico - capa - panini comics

    A linha Ultimate lançada no ano 2000 foi o marco que reconstruiu a origem de diversos personagens da Marvel Comics em uma linha cronológica inteiramente nova. Inserindo seus heróis em um contexto contemporâneo, origens foram modificadas sem perder a essência original.

    Quarteto Fantástico foi o quinto título a ser lançado pelo estúdio, quatro anos após o início da primeira aventura de Homem-Aranha que, em seguida, foi acompanhado por X-Men, Os Supremos e uma revista intitulada Marvel Team Up com crossovers entre esses heróis. Responsáveis pelas releituras, Brian Michael Bendis e Mark Millar se reuniram para recriar a origem da primeira equipe da Marvel. O primeiro arco de Ultimate Quarteto Fantástico foi relançado pela Panini Comics em um encadernado especial que vai em sincronia com o futuro filme cuja base está nesta versão. A parceria de Bendis e Millar foi realizada à distância, em mensagens virtuais, a fim de desenvolver a narrativa. Evitando disparidades entre o estilo de cada um, Millar se responsabilizou pelo argumento e Bendis pela finalização do roteiro, com base nas ideias compostas pelo parceiro.

    Desde as primeiras páginas do arco Fantástico, Reed Richards surge em cena como personagem principal, desde a origem que recorre aos seus primórdios logo após seu nascimento a breves passagens por sua adolescência, estabelecendo o deslocamento social de incompreendido e inteligente. A visão pueril de Stan Lee é deixada de lado para criar raízes mais realistas de um jovem que sofre preconceitos familiares e agressões na escola. Seu único amigo é Ben Grimm, um garoto de grande porte considerado um dos melhores jogadores do colégio. É com ele que Richards dialoga sobre suas descobertas, como de um universo paralelo. Após uma feira de ciência que faz um experimento envolvendo teletransporte, o garoto é convidado para um escola especial apoiada pelo governo para a criação de projetos científicos. Localizada no Edificio Baxter, a instituição conta com um grupo liderado pelo Prof. Storm, que dá vazão às suas pesquisas ao lado de outras mentes brilhantes como Sue Storm, filha do professor, e um esnobe Victor Van Damme, antagonista com quem Richard decide trabalhar em parceria, devido à sua genialidade.

    O evento que transformou o grupo no Quarteto Fantástico é apresentado de maneira diferente e mais caótica do que na versão original. A viagem a Lua se transforma em um experimento-teste para atravessar um objeto para este outro universo chamado de Zona Negativa. A presença de Ben Grimm e Johnny Storm é ocasional, um acidente diferindo da versão inicial na qual o quarteto forma um grupo de cientistas exploradores. Dessa forma, há mais espaço para tensão e explosões emocionais, uma maneira encontrada pelos roteiristas para compor uma origem mais crível que a anterior.

    As páginas desenhadas por Adam Kubert se destacam pela originalidade dos quadros. Em cada página há apenas uma coluna central com longos quadros horizontais, primando por menos quantidade de imagens em cada página e maior concentração de diálogos em cada uma delas; uma clara composição mista entre as características de ambos os roteiristas. Como um arco de apresentação, a história insere cada personagem no seu respectivo papel heroico até o surgimento de um primeiro ataque na cidade. Neste primeiro momento, porém, Reed Richards é quem tem maior destaque, conduzindo a trama desde o início de sua jornada de vida. Os outros três integrantes aparecem pontualmente nas cenas em conjunto ou como alívio cômico. A escolha proposital de um único personagem central cria certa profundidade narrativa nas motivações do futuro Senhor Fantástico. Mesmo configurados como uma recém-equipe, o grupo será melhor desenvolvido no próximo arco que apresenta o destino de Victor Vam Damme.

    Mantendo a mesma ação da história original de 1961, o vilão Toupeira promove a estreia do Quarteto Fantástico como superequipe. A construção do vilão também é apoiada por realismo e base psicológica. O Dr. Arthur Molekevic trabalhava com os alunos no Edifício Baxter, mas é afastado obrigatoriamente após experimentos com seres criados em laboratório. Um personagem incompreendido que cede à maldade por causa de sua marginalização e, literalmente, entra nas entranhas da cidade para compor um reino de seres geneticamente modificados, os Molóides.

    Como história de origem, Ultimate Quarteto Fantástico se mantém em um bom linear, mas não desenvolve uma primeira trama de alto impacto, como Bendis em Homem-Aranha e Millar no espetacular Os Supremos. A composição em parceria parece deter a originalidade da obra, como se ambos, ao respeitar a visão criativa do outro, evitassem maiores riscos que poderiam elevar esta história. Não à toa, o arco seguinte, assinado por Warren Ellis, ganha maior força e dimensão nas personagens.

    Ultimate_Fantastic_Four_Vol_1_6_Textless

  • Crítica | Kingsman: Serviço Secreto

    Crítica | Kingsman: Serviço Secreto

    Kingsman - Serviço Secreto

    A semelhança estabelecida entre Kingsman, a história em quadrinhos, e o filme, é parcial. Há um mote fundamental e cada desenvolvimento é feito à sua maneira, levando-se em consideração as diferentes mídias abordadas. Evitando apropriações indevidas, quadrinhos e cinema dialogam de maneira sincronizada, sem que um exagero de recurso de um ou de outro destoe da história.

    A narrativa de um grupo especial focado em operações especiais sigilosas surgiu durante a parceria do diretor Matthew Vaughn e o roteirista Mark Millar na adaptação de Kick Ass – Quebrando Tudo. Dessa maneira, cada um trabalhou com o mesmo ponto de partida, mantendo certa originalidade nesta obra, que é uma homenagem explícita aos filmes de espionagem antigos que apresentavam um mundo mais polarizado entre bem e mal.

    A referência quadrinesca do longa se mantém nas cenas de ação impossível, mas o foco principal é a paródia dos cinemas de espionagem. Mantêm-se, assim, as referências conhecidas pelo público, modificadas por uma visão que demonstra o quanto tais personagens são anacrônicas e estereotipadas.

    Vaughn continua seguindo em sua carreira uma tendência mista de adaptar quadrinhos mantendo o estilo de cada um mas trabalhando simultaneamente com a linguagem do cinema. As cenas de ação são bem compostas e evitam as câmeras lentas – usadas somente em uma cena de alto impacto –, preservando a referência contemporânea de filmes de ação com cenas ágeis ou brutas.

    Samuel L. Jackson interpreta outro personagem coadjuvante interessante, outra tipificação após o papel de velho escravo em Django Livre. Dessa maneira, o habitual excesso interpretativo do ator (conhecido como o motherfucker Jackson ou o massavéio dos massavéios) é deixado de lado para dar vida a um vilão bobo, um plano maligno e megalomaníaco como de costume, e uma língua presa que explicita sua caracterização de bobo.

    Na fronte dos mocinhos, representando um dos agentes Kinsgman, está Colin Firth como o tradicional britânico educado. O ator evidencia conforto nesse papel de ação e comprova estar sempre coerente em sua interpretação sendo, sem dúvida, um dos britânicos em atividade com maior habilidade em sustentar uma gama de personagens diferentes.

    Exagerando na metalinguagem, com personagens que falam sobre a própria impossibilidade dos filmes de espionagem, Kingsman ri do gênero como Kick-Ass riu dos super-heróis, uma replicação de um conceito realista que, mesmo parecendo cópia, foi bem-sucedida. Como roteirista, Millar demonstra talento em criar narrativas do zero, sem personagem pré-fabricados do eixo DC/Marvel. Ainda que uma parcela de seus leitores aponte-o hoje como um escritor que compõe suas tramas pensando na futura adaptação cinematográfica, o sucesso da produção confirma que o gênero quadrinhos é hoje uma das fontes de inspiração do cinema, tanto como novo argumento quanto como reciclagem de novas maneiras de narrar velhas histórias.

  • Resenha | Kingsman: Serviço Secreto

    Resenha | Kingsman: Serviço Secreto

    Kingsman - The Secret Service

    Publicada em junho de 2012 em seis edições, The Secret Service – Kingsman é mais uma história de Mark Millar a sair pelo selo Icon Comics da Marvel, espaço para novas criações dos roteiristas da casa. Assinada em co-autoria com Matthew Vaughn, diretor da adaptação cinematográfica de Kick-Ass, esta nova revista em quadrinhos demonstra o diálogo estabelecido pelo roteirista e diretor. Com a mesma habilidade utilizada em um universo de heróis na vida real, revisitam o thriller de espionagem.

    Se o roteirista e o diretor da adaptação são os mesmos, os traços de John Romita Jr. são substituídos pelos de Dave Gibbons, o talentoso e gabaritado profissional responsável pela composição de Watchmen, ao lado de Alan Moore. Um certo paralelismo se mantém em relação a esta nova obra e Kick Ass – Quebrando Tudo. Se a história de Dave Lizeswki demonstrava a influência dos quadrinhos em um adolescente deslocado que decide agir como um super-herói, Kingsman transfere esta tensão para a espionagem, sem perder o humor e a dose de violência gráfica e gratuita.

    Millar mantém sua narrativa econômica apresentando diversas situações e desenvolvendo os argumentos narrativos em poucas páginas. Sempre promovendo excelentes diálogos em cena, a obra se aproxima do universo nerd ao retratar ondas de sequestros de atores de filmes e séries reverenciadas, como Star Trek, Star Wars e Battlestar Galactica. O mesmo estilo de personagem adolescente aparece em cena: dessa vez, Gary London é a personagem problemática vivendo em um ambiente hostil com um padrasto agressor, sem expectativas maiores de vida entre um roubo e outro. A única pessoa correta e que lhe presta apoio financeiro anual é o tio Jack, que trabalha em um cargo burocrático do governo. Após mais uma contravenção do garoto, o tio intercede ao seu favor e, além de evitar sua prisão, se revela um espião do governo, recrutando-o para o mesmo treinamento que lhe formou.

    Explorar o ambiente investigativo é um argumento carismático que afeta o leitor pela emoção e pela nostalgia juvenil de se imaginar como o próprio personagem (sem dúvida, o universo da espionagem é um dos cenários clássicos para projeções adolescentes). Há precisão narrativa em contextualizar uma situação possível e verossímil como ponto de partida para uma situação extrema e absurda, um equilíbrio perfeito que dá a base da credibilidade e depois empolga com a ação e a megalomania. A figura do tio Jack é a representação realista, enquanto a situação envolvendo o garoto e o caso dos sequestros de famosos representam o excêntrico bem delineado.

    Cada edição desenvolve tanto a evolução do garoto como um espião quanto o argumento maior envolvendo um vilão. São cenas pontuais, bem cortadas, trabalhando ao máximo a brevidade das 25 páginas de cada número. As cenas de ação se destacam pela estrutura imagética, que não poupa a violência física e gráfica com sangue, vísceras e afins, expostos explicitamente para intensificar ação à carga dramática.

    Comum em transposições entre um formato e outro, a versão cinematográfica mantém a ideia original mas substitui personagens, tirando o laço familiar do adolescente e incorporando-o a outro universo de espionagem inédito, conhecido como Kingsman – ao contrário desta história em que o treinamento é do próprio MI6.

    Assim como Kick Ass – Quebrando Tudo, Nemesis e outras histórias fechadas, Kingsman demonstra o talento de Millar em desenvolver novas histórias, longe de personagens com amarras cronológicas, compondo uma história que, além de divertida, é bem trabalhada na composição do argumento, entre crível e fantasioso.

    Compre aqui: Edição Importada | Edição Nacional

    The Secret Service - Destaque

  • Crítica | Kick-Ass 2

    Crítica | Kick-Ass 2

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    Quando foi lançado em 2010, o primeiro Kick-Ass assumiu ares de um pequeno cult. Parodiando super-heróis com humor negro, visual e trilha sonora marcantes e a direção competente de Matthew Vaughn (responsável depois pelo ótimo X-Men: Primeira Classe), o filme surpreendeu e agradou aos desavisados. Mas pra quem havia lido a HQ de Mark Millar e John Romita Jr., o resultado foi até interessante, mas inegavelmente uma versão suavizada da escrotidão existente na mídia original. Dessa forma, se o segundo volume da saga nos quadrinhos já se mostrou repetitivo e menos inspirado, no cinema o prejuízo foi ainda mais evidente.

    Nesta nova aventura, Dave/Kick-Ass (Aaron Taylor-Johnson) junta-se a um grupo de vigilantes mascarados chamado Justiça Eterna, cujo líder é o ex-mafioso e hoje cristão Coronel Estrelas e Listras (Jim Carrey). Mindy/Hit-Girl (Chloe Grace Moretz) vive em conflito entre continuar o legado de seu falecido pai e trucidar marginais, ou respeitar o desejo de seu atual guardião e viver como uma adolescente normal. E o ex-Red Mist e agora MotherFucker (Christopher Mintz-Plasse) usa o dinheiro de sua família mafiosa pra formar uma equipe de supervilões e buscar vingança.

    Ainda que Dave e Mindy tenham algumas divertidas interações (como a garota deixando claro quem é o “Robin” da dupla), na maior parte da história os três protagonistas seguem em tramas paralelas, o que enfraquece a narrativa. Fica a impressão de ser um seriado de tv mal planejado, que não consegue juntar os personagens e investe em encheção de linguiça até o final da temporada. E por incrível que pareça, o vilão acaba sendo o mais interessante. Enquanto Kick-Ass e seus colegas oferecem um sonolento mais do mesmo e a Hit-Girl embarca num dispensável clichê teen/high school, os melhores momentos do filme são com o McLovin. De início ele paga para ter um treinamento ninja hardcore, se achando um Batman do mal (com direito a um “Alfred” vivido por John Leguizamo), mas naturalmente não aguenta o tranco, e resolve contratar outros para lutar por ele – afinal, o dinheiro é seu super-poder.

    Porém, a narrativa entrecortada não é o único, nem o principal, problema do filme. Com Vaughn apenas como produtor, a direção e o roteiro ficaram com o inexpressivo Jeff Wadlow. Ele se limita a emular, sem a mesma habilidade, o estilo do original, enquanto adapta com grande fidelidade a HQ Kick-Ass 2 (e usa também elementos da minissérie solo da Hit-Girl). E com isso, escancara as falhas de Millar. Além da perda do fator novidade, o escritor resolveu exagerar mais, tentando um tom mais grandioso. Tanto o quadrinho quanto o filme se perderam completamente, indecisos entre fazer piadas ou se levar a sério.

    O caso é que no gibi fica mais fácil ignorar isso e se divertir com os absurdos, pensando algo como “ah, é uma história de super-herói, que venham os clichês”. Mas no filme fica muito mais perceptível a ruptura com o conceito inicial de “realismo”. Ao tentar incluir momentos dramáticos, mortes, sofrimento, consequências para a vida pessoal de um mascarado, a violência deixa de ser engraçada e se torna incômoda. O humor não passa mais nem como negro/politicamente incorreto, fica apenas mal-colocado. Até é possível fazer graça com qualquer absurdo, desde que se mantenha o tom de zoeira constante. Aqui, a chave é desligada em algumas cenas, para tentar incluir um peso dramático, e quando é ligada de novo, a estranheza é chocante.

    Chega a ser irônico que a “culpa” maior de Kick-Ass 2 seja sua fidelidade ao material original. Pelo menos fica o exemplo de que na transposição de mídias, a adaptação precisa ser feita com mais cuidado.

    Texto de autoria de Jackson Good.

  • Resenha | Kick-Ass

    Resenha | Kick-Ass

    Kick-Ass

    Super heróis no mundo real. Você já deve ter ouvido essa premissa um milhão de vezes. (Como seria se, visão realista, bla bla bla. Inclusive Watchmen, obra máxima do gênero, se baseia nisso)

    Porém, ao contrário do que possa parecer, não é um tema esgotado, pois pode ser abordado por diferentes perspectivas. Que tal uma comédia escrachada de humor negro, cuja proposta é ESCROTIZAR os super heróis, e mais ainda, seus fãs? Prazer, Kick-Ass.

    Publicada em 2008 pela Marvel Comics (sob o selo adulto Icon), a série em 8 edições conta a história de Dave Lizewski, um colegial de New York. Um garoto comum, vivendo uma vida comum, sem nada especial. Exceto por ele ser viciado em quadrinhos de heróis. Provando que essas coisas fazem mal às crianças (atenção, pais), um belo dia o maluco se pergunta por que ninguém nunca tentou ser um super-herói no mundo real. Tipo, com tantos gibis, filmes e tudo mais, como é possível que ninguém tenha pensado nisso? Seus amigos igualmente nerds acham que o cara que tentasse, teria sua bunda chutada. Mas Dave não concorda: faz um uniforme em segredo, arranja um par de bastões, se exercita um pouquinho e resolve partir pra ignorância.

    Em sua primeira missão, nosso herói leva um cacete medonho de três delinqüentes, é esfaqueado, e atropelado por um carro. Por sorte consegue esconder o uniforme antes dos médicos chegarem, evitando a humilhação. Várias cirurgias, alguns pinos pelo corpo, uma placa de metal na cabeça e meses de fisioterapia e acompanhamento psicológico depois, o que ele faz: exatamente, tenta de novo. E consegue! Salva um cara de uns assaltantes, leva porrada mas também bate, e assim afugenta os marginais. Algum transeunte filma a ação com o celular, joga no YouTube e pronto, temos o novo fenômeno da Internet.

    Como toda modinha, Dave (ou Kick-Ass) inspira uma legião de imitadores. A maioria simplesmente curte se fantasiar e se exibir pros miguxos (cosplay, alguém?), alguns inclusive partindo pra um lado mais, digamos, pervertido. Outros, porém, resolvem de fato combater o crime: o maconheiro Red Mist, e a dupla Big Daddy e Hit-Girl. Esses, porém, não estão pra brincadeira: atacam e matam mafiosos. A menina, aliás, é a melhor coisa da história. Imagine uma versão infantil da Noiva, de Kill Bill. Ou como dizem na hq, “John Rambo encontra Polly Pocket”.

    A partir daí a história vai se superando em violência e humor MUITO politicamente incorreto. O escritor é o escocês insano e fanfarrão Mark Millar (de Guerra Civil e Os Supremos), e os desenhos são do amado e odiado John Romita Jr. Millar é um autor que abraçou com gosto a onda de filmes de super-heróis; vem se dedicando a projetos autorais cujos direitos pro cinema vendem antes mesmo de finalizar o roteiro dos quadrinhos. Foi assim com O Procurado e agora com Kick-Ass. Obra que gerou polêmica, muitos a acusando de ser gratuita, vazia e etc. Não que não seja, mas os detratores esquecem do fator DIVERSÃO. E Kick-Ass é isso, um produto assumidamente pop, comercial, que honestamente propõe e entrega diversão descerebrada. Millar brinca habilmente com os clichês do gênero, com as expectativas dos leitores, que obviamente se identificam com o protagonista. Você se empolga, torce, acha que Dave finalmente vai se dar bem, e… NOT! O autor joga na nossa cara o quanto somos losers, e que tudo não passa de uma grande sátira a esse universo.

    A indicação fica pra quem tem mente aberta, sabe relaxar e curtir um blockbuster sem grandes pretensões ou conteúdo profundo.

    Texto de autoria de Jackson Good.

  • VortCast 13 | Os Supremos (Vingadores)

    VortCast 13 | Os Supremos (Vingadores)


    Flávio Vieira (@flaviopvieira), André Kirano (@kiranomutsu), Jackson Good (@jacksgood), Delfin (@DelReyDelfin) e Carlos Voltor (@CarlosVoltor) aproveitam a estréia de Os Vingadores para discutir sobre uma das obras mais relevantes dos quadrinhos de super-heróis da última década, Os Supremos, de Mark Millar e Bryan Hitch.

    Duração: 102 mins.
    Edição: Flávio Vieira e Rafael Moreira
    Trilha Sonora: Flávio Vieira

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    Resenha Os Supremos – (Edição de 1 a 13)

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  • Resenha | Superman: Entre a Foice e o Martelo

    Resenha | Superman: Entre a Foice e o Martelo

    Superman - Entre a Foice e o Martelo

    E se Hiroshima e Nagazaki nunca tivessem acontecido?
    E se o Brasil não fosse colônia de exploração? E se a Guerra Fria durasse até o século XXI?
    E se o Mickey fosse um gato, ou um boneco de posto, ao invés de um rato? E se… ? E se…??
    Todas essas perguntas possivelmente fazem mais sentido do que a questão que trouxe este post até o Vortex Cultural:

    “E se a nave do Kryptoniano mais famoso de todos, Todos, TODOS, tivesse caído na União Soviética, ao invés de cair nos Estados Unidos da América?”

    Esta é a questão central do arco supermanzístico Superman – Red Son, uma história pensada por Mark Millar na década de 70 e que foi publicada em abril de 2003. O arco, publicado em 3 edições, conta a história do herói-vitrine da DC caso sua nave tivesse caído, em território ucraniano, durante a guerra fria. Nesta estória, o homem de aço é criado e educado no regime comunista de Stálin e passa a defender, de todas as maneiras possíveis, os ideais igualitários promovidos pelo Estado Social.

    Com este poderoso “camarada” a seu lado, o regime de Stalin prospera e toma conta de praticamente todo o mundo, sendo os Estados Unidos e o Chile os únicos países do planeta a recusarem o Estado Social e a ajuda de Superman.

    Acho que o que ainda posso contar sobre esta HQ, sem estragar a experiência de quem ainda não leu, é que os ideais comunistas colocados em prática reduzem a um nível microscópico todos os problemas da humanidade. Sob o comando de Superman (que assume como uma espécie de “Presidente do Planeta” depois da morte de Stalin) o mundo utópico proposto pela teoria finalmente vira realidade, mas ainda existem pessoas muito poderosas que não vêem a influência alienígena de Superman com bons olhos, e farão de tudo para derrubar o sistema.

    Neste que é um dos arcos mais famosos de todo o Multiverso, Superman – Red Son é um excelente exemplo de como nosso mundo poderia ser totalmente diferente (não melhor, e nem pior) do que é hoje em dia.

    Millar personifica todos os ideais da Mãe Rússia na figura de um alienígena semi-deus e coloca a doutrina comunista em prática em um âmbito global. A brilhante visão de Millar, sobre o comunismo aplicado, deixa bem claro todos os pontos positivos e negativos de cada um dos modelos econômicos e dá uma nova visão de mundo aos leitores, além de servir como uma excelente aula de história.

    Em minha opinião, a DC nunca lançou algo tão bom em sua história quanto Red Son. Apesar de eu ser marvete (admito sem nenhum pudor que os personagens da Marvel e suas histórias fazem muito mais o meu estilo), conheço muita coisa da DC.

    Acho que o universo regular de todos os heróis de ambas as editoras é lugar-comum para qualquer pessoa que goste de quadrinhos. Salvo os novíssimos leitores de HQ (a quem, obviamente, não se dirige essa história), todos sabem qual é a pegada dos principais heróis da DC. Creio que o maior mérito da história é justamente mostrar um universo totalmente alternativo mantendo completamente intactas as características de cada personagem.

    Assim, em Superman: Entre a Foice e o Martelo, temos um Superman que luta com todas as forças e abdica de sua vida pessoal para defender seu ideal e fazer aquilo que ele acha que é certo, temos um Batman que luta sozinho para combater a tirania e um Lex Luthor que enxerga em Superman o único adversário a sua altura, e que ignora todo o mundo ao seu redor para vencer o homem de aço. Estes personagens principais mantém todas as características particulares que lhes deram vida. Diferente de outros arcos da própria Elsewords, estes são completamente os mesmos personagens dos universos regulares, porém com motivações diferentes.

    Em toda minha história com as HQs americanas (que não é assim tão longa) posso afirmar com 200% de certeza que jamais li uma revista com roteiro tão brilhantemente elaborado e com tamanha competência em construir um universo que, apesar de fictício, é tão crível e filosófico. Uma excelente história que envolve praticamente todo o universo DC em uma trama que não é galhofa (considerando-se o tipo de publicação), que não utiliza nenhuma desculpinha “Deus ex machina” para explicar qualquer coisa e que mostra realmente do que os personagens são capazes.

    A revista foi publicada no Brasil, em 2006, pela Panini, com o nome “Superman: Entre a foice e o martelo” mas hoje em dia é bem difícil de conseguir um impresso desse material. A boa notícia para quem é Macfag  é que a DC publicou as três edições em seu aplicativo oficial e apesar de estar bem carinha (US$ 3,00 cada) vale a pena dar uma conferida(se você for fluente na língua capitalista, obviamente). Caso você não seja um i-adopter, tenho certeza que é bem esperto e vai dar o seu jeitinho para ler a história, não é mesmo? 😉

    Com roteiro de Mark Millar e traço de Dave Jhonson, “Superman – Red Son” é leitura OBRIGATÓRIA… Vou repetir: OBRIGATÓRIA, para todos os leitores de HQ, sejam eles DCnautas ou Marvetes.

  • Agenda Cultural 10 | Jazz, Dupla Dinâmica e Brinquedos com Crises Existenciais

    Agenda Cultural 10 | Jazz, Dupla Dinâmica e Brinquedos com Crises Existenciais

    Mais um ilustre convidado nesta décima edição da nossa Agenda Cultural. Adhemar Martins do Cerealcast se junta a Amilton Brandão (@amiltonsena), Flávio Vieira (@flaviopvieira) e Mario Abbade (@fanaticc). e reúnem para comentar tudo o que está rolando no circuito cultural dessa semana, com as principais dicas em cinema, teatro, seriados, quadrinhos e cenário musical.  Não perca tempo e ouça agora o seu guia da semana.

    Duração: 57 min.
    Edição: Flávio Vieira
    Trilha Sonora: Flávio Vieira

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    Comentados na edição

    Quadrinhos

    The Boys – O Nome do Jogo

    Literatura

    Chatô, o rei do Brasil – Fernando Morais

    Teatro

    A Vida Secreta de Batman e Robin

    Séries

    Treme (HBO)

    Cinema

    Em Busca de Uma Nova Chance
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    O Profeta
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