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  • 10 Séries Canceladas em 2021

    10 Séries Canceladas em 2021

    Já nos habituamos a todo ano receber notícias a respeito do cancelamento de nossas séries. 2021, apesar de completamente atípico, não poderia ser diferente. É verdade que o atual cenário pandêmico mundial mudou consideravelmente a produção do audiovisual, com diversas delas sofrendo interrupções, mas pouco a pouco as gravações foram retomadas. Entretanto, muitas delas foram encerradas prematuramente — ou até que outra emissora ou serviço de streaming decida continuá-la —, apesar de uma boa recepção de público e crítica, por isso, confira a lista de algumas das que tiveram seu desfecho interrompido neste ano.

    Lovecraft Country

    A adaptação do livro homônimo de Matt Ruff chegou na HBO em 2020, recebeu diversos prêmios e ainda assim teve o anúncio de seu cancelamento neste ano sem grandes explicações e causou bastante surpresa após receber mais de 18 indicações ao Emmy. A showrunner Misha Green vinha trabalhando em um roteiro e o elenco da série ainda com agenda reservada para as gravações de uma nova temporada.

    A série se passava nos Estados Unidos dos anos 1950 e mesclava o horror pulp (e extremamente preconceituoso) de H.P. Lovecraft com o segregacionismo racial do país.

    Punky, A Levada da Breca

    Vocês sabiam que Punky, a série de sucesso dos anos 80 teve um revival em 2021? Nem eu. A continuação da série apostou em produções como Três é Demais, que tiveram continuações recentes com boa parte do elenco original e tiveram um sucesso relativo, no entanto, não foi o caso de Punky que teve seu cancelamento anunciado quatro meses após a exibição da primeira temporada com dez episódios.

    Os Irregulares de Baker Street

    O que aparentava se tornar uma série de sucesso no serviço de streaming da Netflix fracassou amargamente e teve sua produção cancelada na primeira temporada. O grupo de jovens detetives sobrenaturais que trabalhavam para Sherlock Holmes parece não ter feito o sucesso esperado e os custos altos de produção cobraram o preço.

    Meu Pai e Outros Vexames

    Produzida e estrelada por Jamie Foxx, a comédia Meu Pai e Outros Vexames foi inspirada na relação entre Foxx e sua filha. O ator surgiu na comédia, mas a péssima repercussão de público e crítica foi o fator primordial para a Netflix cancelar a sitcom, ainda que os envolvidos aleguem que optaram por não renovar em comum acordo. A primeira temporada contou com oito episódios e, aparentemente, não era apenas a filha que ele estava deixando envergonhada.

    Os Eleitos

    A Disney+ anunciou no primeiro semestre de 2021 que Os Eleitos não retornariam para uma segunda temporada. Com essa decisão, a série se tornou a primeira produção do serviço a ser cancelado.

    Os Eleitos é fruto da parceria da Disney+ com a National Geographic e contou a história da corrida espacial norte-americana. Apesar do cancelamento, outras emissoras e serviços tem apontado o interesse em continuar essa história.

    Cursed: A Lenda do Lago

    A série de fantasia medieval teen, Cursed: A Lenda do Lago, foi cancelada pela Netflix em 2021 após a recepção morna do público em relação ao custo da produção. A releitura da lenda arturiana do ponto de vista de Nimue é baseada na graphic novel de Frank Miller e Tom Wheeler.

    O Legado de Júpiter

    A parceria de Mark Millar e Netflix ainda não rendeu nenhuma produção digna de nota, seja nos quadrinhos ou no serviço de streaming. Na esteira do seriado The Boys, Millar e Netflix acreditavam que a desconstrução dos super-heróis seria uma escolha mais do que acertada, no entanto, a escolha por adaptar apenas pouquíssimas páginas do primeiro arco do quadrinho parece ter cobrado seu preço e o cancelamento foi mais que merecido.

    Ainda assim, tanto o autor quanto o serviço já anunciaram que o mundo de O Legado de Júpiter será abordado em outras produções futuras, como a adaptação da mediana Supercrooks, que ganhará uma série em live action e anime.

    Turner & Hooch

    A série Turner & Hooch estrelada por Josh Peck e servia como um reboot da comédia policial com Tom Hanks, Uma Dupla Quase Perfeita, não conseguiu renovação para uma segunda temporada. Apesar do apelo nostálgico, o serviço de streaming encerrou o seriado com apenas uma primeira temporada de doze episódios. Embora a recepção do público parecesse popular, a série recebeu críticas medíocres da maioria dos veículos especializados.

    Y: O Último Homem

    A adaptação da série em quadrinhos de Brian K. Vaughan e Pia Guerra tinha tudo para ter vida longa na TV, mas assim como O Legado de Júpiter, a produção optou por espremer tudo e mais um pouco de poucas páginas de história e entregar nada ao espectador acreditando que teriam mais tempo para desenvolver a trama. Não rolou. Y: The Last Man não tinha ritmo algum e pouco a pouco a audiência foi diminuindo. Os produtores estão buscando uma nova casa para o seriado, mas até agora sem sucesso.

    Cowboy Bepop

    A adaptação em live action de Cowboy Bebop era bastante aguardada, mas como costuma acontecer em adaptações americanas de produções japoneses, o receio do público era grande. No entanto, assim que a primeira temporada foi disponibilizada na Netflix a recepção foi dividida e ainda que tenha atraído uma parcela considerável de espectadores, o serviço optou por cancela-lo semanas depois da estreia, visto que a audiência não justificava os gastos. Para quem esperava uma continuação para saber o final da série, recomendo que procurem o anime.

  • Review | Lovecraft Country – 1ª Temporada

    Review | Lovecraft Country – 1ª Temporada

    Há não muito tempo atrás os canais HBO apresentavam em suas séries tramas elaboradas, acompanhada de um elenco diferenciado, incluindo uma boa equipe de produção, roteiro e direção. Essa fama se solidificou com Família Soprano, A Sete Palmos, Roma entre outras, e com o tempo, produções que no começo eram elogiadas, foram perdendo fôlego, como Game of Thrones, Westworld e True Blood.

    Uma das novas apostas da emissora é a produtora e showrunner Misha Green, que tem pouca experiência na televisão e que resolveu adaptar o livro Território Lovecraft, de Matt Ruff, trazendo à luz Lovecraft Country, uma história que reúne elementos realistas e referências a literatura pulp, quadrinhos e terror. Evidentemente, a maior parte das referências dentro dessa temporada são aos contos psicodélicos de H.P. Lovecraft, inclusive colocando o racismo galopante do autor como elemento narrativo, subvertendo a obra do próprio. No episódio piloto se tem uma sequência sensacional onde o jovem veterano de guerra Atticus ‘Tic’ Freeman tem uma visão/sonho, que reúne elementos de livros clássicos de H.G.Wells, Julio Verne com lendas do esporte como o jogador de Baseball Jackie Robinson.

    Tic fala que histórias são como as pessoas, não precisam ser perfeitas para se gostar delas. Claro que a intenção é colocar em perspectivas as narrativas dos autores, e claro, fazer um comentário sobre a efervescência política da época, mas de certa forma isso acaba sendo um comentário a respeito das fragilidades do roteiro, que faz muitas concessões e apela demais para a suspensão de descrença, e não por conta dos eventos fantásticos da série, afinal esses são esperados, mas sim porque algumas regras são facilmente quebradas e dobradas, enquanto outras se mantém firmes.

    Apesar dessa problemática, a maioria dos dez episódios tem mais aspectos positivos que negativos. Os efeitos especiais são bem legais, e a abordagem de cada episódio brinca com um gênero diferente dentro do escopo de ficção cientifica, terror e aventura. Além disso, o elenco está afiadíssimo, não só com Jonathan Majors, mas também com Jurnee Smollett que vive a coprotagonista Letitia, com Abbey Lee, que apresenta muito mais camadas que seus personagens anteriores de Mad Max: Estrada da Fúria e  outros filmes, além dos veteranos Michael Kenneth Williams, Jamie Neumann, Courtney B. Vance e Aunjanue Ellis que tem grandes momentos em tela.

    Uma das forças das séries antigas do canal, morava no vasto grupo de coadjuvantes, que produziam histórias paralelas que variavam o nível de interesse do espectador. Lovecraft Country resgata essa sensação. Ruby, a irmã de Letitia vivida por Wunmi Mosaku tem um ótimo arco que conversa com a atualidade. Em alguns pontos, as conclusões são mostradas com base no didatismo explícito, mas isso claramente não incomoda. Exceção ao destino final da personagem, todo seu arco é muito bem explorado e exemplificado, além de ser bem amarrado à trama principal.

    Lovecraft se baseou em Salém para fazer seus contos, mas o horror do seriado de Green se baseia em questões de segregação, da violência dos intolerantes, e ainda tempera tudo isso com o choque de gerações entre os personagens. Toda a narrativa da série prima pela pressa, para o bem e para o mal, é como se o mundo estivesse prestes a acabar, mesmo que a história seja muito contida em si e em seus cenários e personagens.

    A falta de confirmação de uma possível segunda temporada é – ao menos por enquanto – um alento, uma vez que até aqui a história do livro se esgotou, e materiais semelhantes como Handmaid’s Tale e Game of Thrones pioraram e muito após temporadas que não adaptam mais seu livro de origem. A chance de se esticar demais uma premissa interessante, porém esgotada, faz torcer para que os produtores optem pela satisfação do que a série já apresentou até aqui, e como a audiência não foi tão estrondosa, seria natural não renovar.

    Apesar das muitas conveniências e incongruências, sobretudo quando se aborda a magia, Lovecraft Country consegue trazer à luz temas bastante potentes e caros, reunindo à sua formula uma trilha sonora repleta de Hip-Hop como foi recentemente com a também série da HBO Watchmen, de Damon Lindelof, além de ser um aceno aos fãs de literatura especulativa e ao abordar de forma tão criativa e direta as temáticas que desenvolve.