Tag: animações DC

  • Crítica | Superman: O Homem do Amanhã

    Crítica | Superman: O Homem do Amanhã

    Liga da Justiça Sombria: A Guerra de Apokolips terminou bem o universo de animações baseada nos Novos 52. Com a promessa de que os novos longa metragens seriam feitos sem estar necessariamente presos a mesma cronologia, Superman: O Homem do Amanhã é o pioneiro dessa nova empreitada. A história mostra o início da trajetória do herói, incluindo sua infância e mudança para a cidade de Metrópolis.

    A direção fica a cargo de Chris Palmer, estreante em filmes, enquanto o roteiro é de Tim Sheridam, responsável pelo competente O Reino do Superman. Já se nota logo no início uma grande diferença para as outras animações, nos momentos estáticos o traço tem muito mais detalhes, ainda que o desenho das faces do herói, vilões e coadjuvantes seja mais limpo. Os movimentos são mais fluidos, ainda que as lutas possuam momentos mais lentos.

    O roteiro tem uma narrativa solta, mostrando as origens do Superman sem repetir os clichês de Krypton explodindo com Kal-El. Sheridan utiliza a HQ Superman: Alienígena Americano para mostrar uma jornada de rejeição natural às habilidades sobre-humanas e a tudo aquilo que é diferente dos outros. A saída dele da pequena cidade para uma megalópole é bem construída, assim como sua introdução no Planeta Diário e a relação com Lois Lane, aliás, uma das versões mais fortes e inteligentes da personagem em anos de abordagem.

    As participações de coadjuvantes do universo DC são bem encaixadas e não roubam o protagonismo do kryptoniano. O fato dele ainda ter dúvidas sobre usar ou não seus poderes faz a potência das participações do Lobo e do Caçador de Marte serem muito pontuais.

    As escolhas originais do filme são inteligentes, mas carregam em si alguns problemas sérios. A vilania do Parasita, ainda que funciona visualmente, faz todo o espírito de complexidade da identidade do Super se perder. A mensagem mostra a luta de um herói super poderoso e que ainda não sabe lidar com a sua onipotência, tentando defender uma cidade indefesa de um monstro gigante semelhante a Godzilla e isso é muito pouco, o roteiro não tem de longe o mesmo sentimento presente nos quadrinhos que inspiraram o filme. No final, o que se percebe é como um ano zero do herói, e nisso, Superman: O Homem do Amanhã funciona, além de ser muito superior em personalidade às animações anteriores dos Novos 52.

  • Crítica | Batman vs Duas Caras

    Crítica | Batman vs Duas Caras

    Em junho de 2017 o icônico ator Adam West faleceu após uma longa carreira de sucessos. Quase nonagenário, passou a se dedicar a dublagens, como na comédia Uma Família da Pesada e, eventualmente, reprisando seu papel de Batman / Bruce Wayne como visto em Batman: O Retorno da Dupla Dinâmica, produção em que junto a Burt Ward refez a dupla Batman e Robin do mesmo universo do seriado de 1966. Em Batman vs Duas Caras um desejo antigo do programa original foi posto em prática com o advento do personagem de Harvey Dent, dublado pelo icônico ator William Shatnner.

    O diretor segue sendo Rick Morales, o mesmo que conduziu o primeiro filme, e se mantém emulando a fantasia da irrealidade da série do Morcego, mas também ecoa algumas referencias visuais a Batman – A Série Animada de Bruce W. Timm, principalmente quando a trama tenta soar séria.

    Os heróis são apresentados ao promotor Harvey Dent e a um estranho cientista, o senhor Hugo Strange, outro vilão clássico que não teve muitas versões no áudio visual. Há referencias também a figura de Harleen Quinzel, o alter ego da Arlequina, além de um sem número de fan services, como os ciúmes oriundos do menino prodígio com a Mulher Gato dublada por Julie Newmar, a mesma que fez a personagem nas primeiras temporadas do programa.

    A trama se desenrola de maneira escapista como era na série e o uso de um experimento de lavagem cerebral que dá errado é maniqueísta na medida, substitui bem a questão mental de dupla personalidade do Harvey Dent pós O Longo Dia das Bruxas. O roteiro é divertido e brinca com a hiper exposição dos argumentos dos programas que se valem do didatismo para revelar sua trama. O excesso de explicações faz troça até com os roteiros de quadrinhos que Chris Claremont escrevia para os X-Men.

    Analisar sob a perspectiva de que esse seria o ultimo trabalho de West como o cruzado embuçado pode soar como triste, mas toda a singeleza da abordagem 01colorida que Morales emprega dribla a melancolia facilmente, seja nas participações especiais, como a do Rei Tut vilão exclusivo do programa original, ou na desculpa para a transformação transitória de Harvey em vilão. Um artifício que soa como uma escolha inteligente, que permite ao longa ser uma boa obra para ser apreciada por crianças, contendo ainda alguns bons elementos humorísticos mais ácidos, entendidos somente por adultos. Essa, ao lado de Batman 66 de Jeff Parker e Jonathan Case e outros artistas, são boas obras em homenagem ao legado que West, Ward e companhia fizeram no passado.

  • Crítica | Constantine: Cidade dos Demônios

    Crítica | Constantine: Cidade dos Demônios

    Constantine: A Cidade dos Demônios é uma produção multiplataforma, lançado inicialmente como uma série animada de cinco episódios (de 6 minutos), e posteriormente, transformada em um longa-metragem que reunia os episódios e material inédito. Dirigida por Doug Murphy e escrito J.M. DeMatteis, a produção tem um chamariz interessante ao trazer Matt Ryan de volta ao papel que protagonizou na única temporada do personagem, além de fazer participações em Arrow, Flash e Legends of Tomorrow.

    O personagem criado por Alan Moore é desenvolvido em historias que passam por possessão demoníaca e contato com o lado espiritual. Há uma associação das origens dele como agente espiritual, com sua passagem como punk, em sua fase mais jovem, em Newcastle, que se torna bastante engraçada ao associar rock’n roll com questões “satânicas”.

    A forma como Murphy e DeMatteis constroem a história maior a ser contada é condizente com o material original, sem a mesma ironia e o peso dos textos de um Jamie Delano ou Garth Ennis, mas ainda assim condizente com os quadrinhos. Se na série em live-action Matt Ryan deu azar e não conseguiu trabalhar o lado sacana, violento e despreocupado que o papel exigia, aqui isso se cumpre melhor.

    Por mais episódica que seja a obra, Constantine: A Cidade dos Demônios traduz a dualidade entre o personagem da Vertigo e sua reformulação para integrar o universo regular da DC Comics, além de destacar o quão triste e miserável é seu cotidiano e quão solitária é a natureza de seus trabalhos. DeMatteis finalmente acerta o tom no roteiro e consegue fazer uma história simples, com todos os elementos da revista Hellblazer, ainda que mais suavizado.

    https://www.youtube.com/watch?v=tc0XLhm0PDY

  • Crítica | Mulher-Maravilha: Linhagem de Sangue

    Crítica | Mulher-Maravilha: Linhagem de Sangue

    Mulher-Maravilha: Linhagem de Sangue se inicia com o piloto Steve Trevor, caindo próximo da ilha paradisíaca onde Diana, Hipolita e as outras amazonas vivem.

    Há muitas semelhanças narrativas entre Linhagem de Sangue e Mulher-Maravilha, de Patty Jenkins. A origem da heroína é abordada de modo muito semelhante. Ao contrário do que se pode pensar, os diretores Justin Copeland e Sam Liu não tem muita pressa em desenvolver seu arco de aventura, mesmo este sendo mais um filme com uma duração de pouco mais de 80 minutos, o que se vê é uma abordagem mais séria, embora não deixe o divertimento de lado.

    Este é o melhor filme animado em tempos nas adaptações da DC, superior visualmente até mesmo A Morte do Superman e Reino do Superman. As cores são vivas, os movimentos dos personagens tem fluidez e as lutas possuem um dinamismo que não se vê em outras animações recentes da DC Comics. Mesmo os olhos e faces dos personagens são diferenciados daqueles vistos nos filmes de Liu e Jay Oliva.

    O longa se desenvolve com a estadia da personagem no mundo dos homens, e nesse ínterim começa uma trama paralela, dela com Vanessa, uma adolescente que vai mudando de cabeça e pensamento ao longo da história. A utilização de Nessie como um exemplo de como jovens meninas viam Diana é inteligente, não só por conta do uso dela nesse contexto, mas também para aludir que por mais heroica que seja a Mulher-Maravilha, ela não é a prova de falhas.

    O desenvolvimento da amizade para a decepção com o ícone que a amazona representa é bastante apressada, mas não chega a desabonar por completo o texto de Mairghread Scott. O ponto fraco da obra realmente são as vilãs, que aparecem e desaparecem de modo repentino e oportunista. O final apressado e atrapalhado não colaboram, e a batalha final soa confusa, repleta de clichês e de lutas que não seguem a tônica do restante da obra, ainda assim vale conferir pela forma como a origem é restabelecida, além da dublagem de Rosario Dawson como protagonista.

  • Crítica | Esquadrão Suicida: Acerto de Contas

    Crítica | Esquadrão Suicida: Acerto de Contas

    Nos quadrinhos, o Esquadrão Suicida é uma iniciativa do governo americano, de utilizar criminosos a seu favor, comandados por Amanda Waller, vilões de quinta categoria enviados para missões secretas e muitas vezes… suicida. Em Esquadrão Suicida: Acerto de Contas, a história não tem muitos rodeios, o Pistoleiro, Conde Vertigo, Pierrô e Colombina estão a bordo de uma nave onde recebem ordens de Waller. O diferencial dessa para as outras animações recentes da DC é a violência.

    A ideia do filme de Sam Liu não é trazer uma trama ousada, mas a oportunidade de colocar personagens que dificilmente teriam chance de fazer um filme solo. A equipe utilizada na missão de encontrar Maxum Steel conta com Pistoleiro, Nevasca, Tigre de Bronze, Arlequina, Capitão Bumerangue e Cabeça de Cobra.

    A busca por Steel envolve alguns fatores estranhos, entre eles a entrada num clube de strip-tease, com direito a um sujeito se exibindo de sunga fio dental, além de uma disputa com outros vilões, como Blockbuster, Banshee Prateada e Flash Reverso. Esse definitivamente não é um produto para crianças, e de certa forma, é basicamente tudo que o Esquadrão Suicida de David Ayer deveria ser, mas falhou miseravelmente.

    A trama paralela, envolvendo o Flash Reverso tem uma premissa positiva, traçando um paralelo interessante com Ponto de Ignição, ainda que bastante apressado. Mesmo com esse defeito, ela ainda segue como uma das abordagens menos equivocadas dessa nova fase de animações, ao mostrar Waller escolhendo seus mercenários para resolver uma questão pessoal, e não governamental. Nestes trechos, o roteiro de Alan Burnett é quase tão bem construído quanto A Morte do Superman e O Reino do Superman, mas a maioria dos diálogos e tramas de traição são bobos, causando um certo enfado no espectador.

    O final tenta salvar o filme, mas esbarra em uma violência desmedida e bastante sensacionalista. Infelizmente, a animação sofre do mesmo problema de outras do mesmo estúdio, há muito reaproveitamento de cenas e pouca qualidade técnica e narrativa visual.

  • Crítica | Batman: Sangue Ruim

    Crítica | Batman: Sangue Ruim

    Quarto filme de Jay Oliva na iniciativa de mostrar o novo universo animado da DC, Batman: Sangue Ruim continua os eventos de Batman vs Robin quase de maneira imediata. Sua ação começa com numa aventura conjunta do Morcego com a Batwoman, muito semelhante ao início do filme anterior, mas não baseado na relação de pai e filho, e sim na de equipe.

    O maior diferencial deste para outras adaptações do homem-morcego é o foco no Bat-Squad (ou Bat-Família). J.M. DeMatteis retorna ao roteiro, como foi no filme anterior, e os pontos positivos moram na interação entre os parceiros do Morcego, em especial nas piadas que a Batwoman faz com Batwing, ou o embate filosófico  entre Dick e Damian, não só como o legado de menino-prodígio, que ocorre entre os dois, mas também pela relação paterna deles com Batman/Bruce. Toda a questão de seguir como o herdeiro do manto do herói é tratada de maneira séria e adulta.

    De negativo, segue a queda de qualidade nas animações. Oliva conduz filmes visualmente bonitos, mas esbarra em movimentos artificiais. Há uma tentativa de traduzir Batman: Descanse em Paz e o arco de Batman e Robin escrito por Grant Morrison, mas aqui, não há nada lisérgico, e sim uma história bastante comum.

    O desfecho do filme é anti-climático, não há uma batalha tão empolgante quanto se esperava, e as questões relacionadas a teoria da conspiração envolvendo o da Liga das Sombras também não são bem exploradas. Batman: Sangue Ruim funciona para demonstrar a química da Bat-família, mas com pouca chance para que eles possam ser desenvolvidos.

  • Crítica |  Batman vs Robin

    Crítica | Batman vs Robin

    Batman vs Robin, de Jay Oliva, é continuação direta de O Filho do Batman, e se inicia com o Robin de Damon Wayne agindo sob a supervisão do Morcego, que o lembra a todo momento o quanto ele deve ser racional e indulgente. Obviamente, o atrito entre pai e filho mora na sede assassina da criança, criada pela Liga das Sombras, de seu avô, Ra’s Al Ghul, além de lidar com esse cenário familiar novo.

    Há momentos curiosos e interessantes no plano de fundo do filme. Inicialmente, Bruce julga ser melhor para o filho manter segredo sobre isso, supostamente por sua vida já ter sido muito difícil junto à Liga das Sombras, e ter de lidar com a imprensa naquele momento, mas a realidade tangencial é bem diferente, pois o novo Robin não era um garoto qualquer, e esse cuidado acaba sendo revertido, causando rejeição nele, que claramente tem saudades de sua antiga família e não encara Bruce como um pai para ele.

    Este é o quinto volume das adaptações pós-novos 52, e nela já se nota um desgaste na qualidade da animação. Há alguns momentos em que os movimentos soam de uma artificialidade monstruosa, além de imagens estáticas mal acabadas ou até mesmo inacabadas, dado que há falhas crassas nas definições de corpos, rostos e cenários em diversos quadros do longa.

    A parte dramática da animação é fraca e sem um ritmo mínimo que prenda o espectador. Há muitas semelhanças da história com o arco recente de Scott Snyder, A Corte das Corujas, mas também não há muito peso no modo como os elementos da história são retratadas. A ação também não funciona bem, as lutas não são plasticamente interessante, mas genéricas, sem dinamismo e qualquer traço de originalidade até mesmo na troca de socos e pontapés.

    O roteiro do quadrinista J. M. DeMatteis é possivelmente o maior equívoco  do filme, por não conseguir dar liga para a história como um todo, o que é uma pena, verdadeiramente, fazendo desse uma versão um pouco menos atabalhoada que Batman: A Piada Mortal que também foi adaptado por um quadrinista famoso, Brian Azzarello, ainda que as diferenças entre quadrinhos e animação não soem tão ofensivas quanto na adaptação do quadrinho de Alan Moore.

  • Crítica | Liga da Justiça Sombria: A Guerra de Apokolips

    Crítica | Liga da Justiça Sombria: A Guerra de Apokolips

    O universo DC animado baseado nos Novos 52 finalmente chegou ao seu fim. As próximas aventuras já tem até nome – o curta da DC Showcase Batman: Death in the Family e o longa Superman: Man of Tomorrow – e este décimo sexto filme é protagonizado por John Constantine (Matt Ryan), com um título sugestivo: Liga da Justiça Sombria: A Guerra de Apokolips.

    O título do filme faz com que ele (teoricamente), devesse ter configuração semelhante ao visto em Liga da Justiça Sombria, mas a realidade o coloca mais ao lado do recente Constantine: Cidade dos Demônios, além de conversar bem demais com Ponto de Ignição, o primeiro dos filmes dessa iniciativa ou seja, esse é o filme mais apegado a cronologia estabelecida nesse universo compartilhado. Constantine namora Zatanna e está na torre da Liga, junto aos heróis clássicos, incluindo ai os Titãs e outros tantos super seres com Lex Luthor incluso.

    Já se nota algo bem diferente neste início, pois na pretensa guerra que ocorrerá entre as forças do quarto mundo e as da Terra, o Super Homem não pensa duas vezes antes de lançar um ataque a Darkseid e Apokolips. Todo o período inicial é como um epílogo, um grande e épico preambulo que ambienta o espectado para a real e trágica narrativa, semelhante a todo o arco posterior ao estalar de dedos de Thanos visto em Vingadores: Guerra Infinita.

    Surpreendente como todas essas sequencias são bem animadas, ainda mais em comparação com outros objetos da Warner Animation, e o que se vê após impressiona ainda mais. Claramente o orçamento foi aumentado, ou ao menos os produtores pararam de preguiça e saíram da zona de conforto para gerar algo realmente com dar um ar épico, e isso reforça a sensação de um cenário pós derrota dos heróis, mas a historia de Ernie Altbacker (roteiro) e Mairghread Scott (argumento) também é bem construído, especialmente ao repercutir o infortúnio de personagens clássicos como Batman, Asa Noturna, Superman etc.

    Há muitas semelhanças narrativas entre esse e Vingadores Ultimato, especialmente na condição extrema que a maioria dos heróis e pessoas dos arredores estão, seja com destinos trágicos ou com instinto de sobrevivência falando mais alto.  Alguns rumores dão conta de que  idéias de Zack Snyder para o longa Liga da Justiça foram reimaginados aqui, como a questão envolvendo a derrocada dos heróis, ainda que a série de eventos ocorridas após a invasão de Apokolips fosse completamente diferente.

    Os Paradooms – versões dos parademônios com DNA semelhantes ao do Apocalipse visto em A Morte do Superman e O Reino do Superman – também teriam inspiração no que Snyder, David S. Goyer e Cia queriam fazer famigerado Snydercut, ainda que não fosse exatamente uma mistura de Doomsday com os capangas de Darkseid. O que poderia melhorar este Guerra de Apokolips, seria um maior aprofundamento de como veio a ideia da construção dessa “arma biológica”, isso daria lastro para coadjuvantes do quarto mundo aparecerem, como Vovó Bondade, Sr. Milagre, Barda, Orion e tantos outros.

    Em uma época de pandemia, causada por conta do Covid 19, a recepção da obra de Cristina Sotta e Matt Peters não poderia ser mais positiva, e dado que ele lida com destino de tantos personagens importantes do universo DC, e que não tiveram tanto destaque nos filmes – como Batwoman, Batgirl, Batwing, Shazam, Monstro do Pântano – são justos os elogios, mesmo que a maioria desses tenham somente uma pequena aparição, praticamente sem falas. Fora Constantine, Lois Lane, Super, Damian Wayne, Ravena e alguns membros do Esquadrão Suicida como Arlequina, Capitão Bumerangue e Tubarão Rei.

    Liga da Justiça Sombria: A Guerra de Apokolips conversa bem com Esquadrão Suicida: Acerto de Contas no quesito violência, pois aqui não há pudor em mostrar  sangue e desmembramentos de heróis, vilões e anti heróis. Alguns fãs mais ardorosos reclamaram do fato dos heróis terem níveis de poder diferente do que normalmente era mostrado, e de fato isso ocorre, ainda que nada ofensivo ocorra. Incomoda mais algumas conveniências narrativas, em especial no final, mas dada a mediocridade com que eram levados essa parte da franquia da DC dividida em 16 partes, o resultado é bem divertido e satisfatório, com gancho inclusive para retornar caso os produtores decidam optar por isso no futuro.

  • Crítica | Superman: Entre a Foice e o Martelo

    Crítica | Superman: Entre a Foice e o Martelo

    Depois de dezessete anos após o lançamento da revista, finalmente a versão animada da DC adapta Superman: Entre a Foice e o Martelo, revista consagrada de Mark Millar com desenhos de Dave Johnson cuja premissa é bastante simples: e se o bebê kriptoniano que se tornaria o Superman caísse em território soviético e não americano. Coube a Sam  Liu a responsabilidade de conduzir essa versão, e infelizmente essa é mais um longa-metragem com o pouco apuro visual e com um traço feio e genérico, semelhante em muitos pontos aos filmes que adaptam os novos 52.

    A trama começa em 1946, na URSS, e já começa legal por mostrar uma versão bem encaixada das contra partes de Clark  Kent e Lana Lang em terras russas/ucranianas, seguidas dos créditos iniciais que mostram capas e imagens clássicas do gibi. Este início quase ludibria o espectador, uma vez que mora nessa introdução os momentos mais brilhantes do roteiro, ao mostrar as propagandas soviéticas como uma arma eficaz na guerra ideológica, mas até as intenções dessa questão servem a um propósito complicado e maniqueísta de maneira desnecessária.

    As passagens de tempo soam confusos, assim como as relações entre os personagens. A cumplicidade entre a figura de autoritária Joseph Stalin e o homem intransponível inexiste, assim como não existe qualquer tensão pessoal entre o personagem principal e qualquer outro aliado. O filme carece de personagens que sejam dúbios, e em se tratando de um filme sobre a Guerra Fria isso é um pecado terrível. A relação que deveria ser parental entre político e super humano é suavizada de modo que não há qualquer dualidade, nem em Super, nem em Stalin e em mais ninguém e por mais que a HQ seja digna de críticas negativas, esse tipo de problemática não vinha do texto de Millar.

    Ao menos, há tentativa de abordagem mais delicada do camponês que ascendeu ao supra sumo da humanidade. A superação das barreiras do ordinário situa o personagem no exato oposto do que Jerry Siegel e Joe Shuster pensaram para o kriptoniano original, ao menos em geografia, pois os ideais do Superman clássico (o que nem voava e era visto em Superman Crônicas) tinha ideais marxistas. Uma pena que esse aspecto seja breve, passa rápido demais para causar espécie.

    Os gulags são mostrados de modo bem caricato e todo o orgulho presente na identidade socialista soviética não tem qualquer menção ou exaltação. A maior preocupação do roteiro de J.M. DeMatteis (que comete quase tantos equívocos quanto seu colega quadrinista Brian Azzarello em Batman: A Piada Mortal) é fazer paralelos entre os campos de concentração nazista e esses lugares, incluindo aí uma mise-en-scene terrível, de um garoto flagelado e hiper moralista que tem até morcegos atrás de si (e que um tempo depois, se tornaria um personagem famoso). O primeiro ponto de ruptura é cedo demais, com um terço de filme o Superman já é um assassino tirano que não tem nenhum questionamento mesmo quando ele toma o poder sobre o antigo soberano.

    As tentativas de paralelos com o universo comum da DC variam de qualidade. Por mais que a Diana/Mulher Maravilha seja uma personagem bem explorada aqui, a aliança entre Themyscira e URSS faz pouco sentido. A luta contra o Bizarro também, e a versão de Lex Luthor aqui é mais virtuosa até que a contra parte que era herói que combatia a Sindicato do Crime em uma das versões do universo DC.

    Alguns pontos são positivos, como a participação de Lois e Lane e da Mulher Maravilha, mas nada que salve o filme do texto de propaganda do American Way of Life ou da total distância entre ele e quase todas as obras do Superman, sejam as que se baseia a revistas ou as mais clássicas. A mudança do final em é necessariamente um problema, mas toda a construção moral do personagem, sua modificação para ser um vilão não faz qualquer sentido visto os últimos atos dele, que se joga como um sacrifício meio nulo

    Em alguns pontos a historia é panfletária de uma maneira até mesquinha. A questão do Muro de Berlim e o modo como se fala da influencia socialista ser encarada como cancerígena é podre, e no filme não se mostra o colapso que o capitalismo teve na época do poderio do Superman como líder dos soviéticos. Ate por essa construção malévola dele, não faz sentido insistir em demonstrar que o herói é belo, benevolente e preocupado com o bem estar mundial, pois mesmo Lex é mais honesto e bom do que o personagem-título.

    Do ponto de vista narrativo o filme peca muito não só na figura do Super mas também na do Batman, que é um poço de clichês. Há também uma dificuldade em traduzir a essência do Superman nessa e por mais que Millar tenha mudado muita coisa nos rumos da vida do herói, mas o cerne e o básico, o essencial estava lá ao menos na premissa e aqui não, e nem é somente pela questão do personagem matar opositores sem dó, mas basicamente por não se enxergar nele nem um resquício do do herói clássico. Nenhum distanciamento entre como o povo vê seu governante e como ele realmente é justifica isso.

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  • Crítica | Reino do Superman

    Crítica | Reino do Superman

    Passado seis meses após a ultima animação A Morte do Superman, lançado em 2018 e dirigida por Sam Liu, finalmente chega ao mercado de home vídeo a continuação da mesma, chamada Reign of The Supermen (depois traduzido para Reino do Superman) sem nome nacional ainda, e a humanidade tem de conviver sem a presença de seu maior defensor, e com quatro heróis que exigem para si o titulo de Super-Homem, são eles o Superboy, Aço, o Erradicador e Super-Ciborgue.

    Liu também dirige esta versão e a sensibilidade com a que ele trata o roteiro de Tim Sheridan e James Krieg é surpreendente, especialmente porque essa animação se passa na mesma faixa cronológica das adaptações dos novos 52. Em determinado ponto há uma conversa entre Lois Lane e Diana Prince, os dois amores do Super Homem, e o diálogo entre elas é bem maduro, emocional e até bonito, pois ambas amaram o Super a sua maneira e entendem o lado uma da outra.

    Há outras boas referencias externas, como o cartaz atrás de Lex Luthor, ao anunciar o novo substituto do kriptoniano, o clone Superboy. Primeiro, ele sequer deixa o garoto falar, depois se desenrola um cartaz onde se lê Making Metropolis Safe Again, com a figura de Connor e Lex estampados, fazendo  uma piada com o slogan de campanha de Donald Trump. O modo como os pretensos substitutos do herói se enfrentam é bem simples, resume bem a essência de cada um dos quatro personagens, e apressa algumas revelações, em especial no que toca o Superboy e ao  Superciborgue.

    As adaptações são muito bem feitas, como não teria lógica utilizar a Supergirl da época, substituíram-na pelo Ajax/Caçador de Marte. Isso serve não só para matar as saudades que boa parte dos leitores e espectadores tinham do personagem, que há muito foi relegado a um papel hiper secundário nos quadrinhos, como acerta na questão de não precisar referenciar personagens de curta duração e que só faziam sentido na cronologia noventista.

    A reaparição do verdadeiro Super Homem é épica, e  a discussão que ele tem com John Henry Irons/Aço é melhor enquadrada aqui que na versão de Dan Jurgens. O antigo salvador da Terra voltou, mas dessa vez é falho, fraco como um ser humano comum e precisa de adaptar a essa nova condição, embora ela seja temporária. A vilania de Hank Hanshaw é bem traduzida nesta versão, se entende seu drama e as parcerias externas que faz, e o modo como ele monta seu exercito de seguidores conversa bastante com o avanço da extrema direita pelo mundo, para muito além da necessidade que algumas obras da cultura pop de reproduzir um discurso contrário ao autoritarismo, mostrando os males desses comportamentos com ações e não com discursos e frases feitas.

    Apesar de ambas as  sagas, tanto A Morte de Superman quanto o Retorno de Superman terem sido feitas só para alavancar as vendas dos quadrinhos dos personagens, as duas animações acertaram demais e conseguiram traduzir muito bem o espirito da época, repaginando os conceitos de maneira astuta e inteligente, talvez por conta da distância entre as sagas em si e o lançamentos desses. Ponto de IgniçãoLiga da Justiça: Guerra e Liga da Justiça: Trono de Atlantis não tiveram essa sorte, mesmo não tendo historias originais necessariamente ruins e é curioso como a expectativa de qualidade foi oposta nessas e nas duas mais recentes.

    https://www.youtube.com/watch?v=JUM70fOy4Vk

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  • Crítica | Liga da Justiça e Jovens Titãs

    Crítica | Liga da Justiça e Jovens Titãs

    Sam Liu, acostumado com as animações da DC Comics, deu à luz ao crossover sempre imaginado por fãs dos quadrinhos da editora, Liga da Justiça e os Jovens Titãs e começa seu drama mostrando a Liga enfrentando outro super grupo, a Legião do Mal. A luta termina com o demônio Azarath se apossando do corpo do Mago do Tempo, sem maiores explicações ou justificativas, e o vilão só perece graças a uma tática desobediente de Damian.

    Robin é repreendido por seu mentor e pai e quando ele vai de encontro ao grupo que normalmente organiza os sidekicks de herói – Os Titãs – ele prossegue tendo problemas com as lideranças estabelecidas, em especial, Estelar. O conjunto tem também os jovens Mutano, Ravena, Bezouro Azul (Jaymito) e sofre algumas dificuldades de interação, basicamente emulando alguns produtos recentes relacionados aos X-Men, lembrando em alguns dramas X-Men Evolution, retribuindo de certa forma a referência que o grupo de mutantes teve desses vigilantes.

    Em alguns pontos, o filme de 79 minutos apela para clichês terríveis, como uma trilha repleta de músicas melosas feitas para adolescentes e competições entre os participantes do grupo em vídeo games de dança. A tentativa de soar Young Adult é meio banal, e piora demais quando no meio do filme descobrem a ligação de Ravena com Azarath.

    Desse momento em diante a obra tem altos e baixos, perde bastante em ritmo, com lutas um pouco sem sentido e conflitos sem muita graça. Quando finalmente ocorre o embate com a Liga o quadro muda ligeiramente e o primeiro herói que os sidekicks resgatam do transe demoníaco é o Cyborg, em uma referencia obvia a sua participação nas histórias clássicas do grupo no passado, mas ainda assim é muito pouco.

    Existe uma tentativa de forçar o personagem meio humano, meio robótico no grupo, assim como a figura de Asa Noturna, em uma das cenas pré-créditos finais que mostra uma interação entre os heróis, mas ainda assim é pouco. Essa interação deveria ser consertada em Contrato de Judas, próxima animação de Sam Liu com os Titãs, agora em história solo. Como crossover o filme falha por não ter realmente uma tensão entre os heróis que rivalizam, como filme falta uma ameaça realmente real e que não apele para lugares comuns como parentescos de personagens. Falta alma, algo além de uma história genérica com os heróis mais famosos da editora.

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  • Crítica | Superman vs Elite

    Crítica | Superman vs Elite

    Sup x Elite 1

    Resgatando a história com o herói clássico ao lado da nova geração de personagens massa véio, cuja ideologia é ligada a uma escusa a moralidade e aos não-costumes. Após uma pequena introdução, que louva os poderes de seu protagonista, até a entrada dos créditos, com imagens da animação dos irmãos Fleischer até momentos do seriado capitaneado por Bruce Timm. O intuito era remeter à historiografia em desenho do Super-Homem.

    Após assistir a si mesmo em um cartoon, Clark discute com sua cônjuge os rumos que toda aquela publicidade daria a sua figura. Uma breve batalha contra o Caveira Atômica faz o kryptoniano ter de lutar, mas ele o poupa, não o executando, mesmo com a morte de muitos e com milhões de danos à propriedade pública.

    Em um outro lado da cidade, Manchester Black e seus asseclas chegam. O traço caricato destoa da seriedade do restante da fita, especialmente com as discussões a respeito do poderio do Superman e de sua responsabilidade com a humanidade. O norte do alienígena é de pouco (ou nada) interferir, de não bancar o júri e o juiz, de não se valer de suas habilidades para ser superior àqueles que são “comuns”. A opinião não é compartilhada pela Elite, cujo modus operandi é muito mais intervencionista. Superman assiste ao grupo lutando com um monstro-inseto, mas não a tempo de conseguir conversar com o líder do quarteto.

    Black transparece uma honesta admiração pela figura do Azulão, apesar de apresentar traços de uma intensa arrogância. Manchester traja uma blusa com a bandeira da Grã-Bretanha, em uma versão debochada do uniforme do paladino, que também usa as cores de sua nação em seu corpo.

    Superman impede Black de lobotomizar dois terroristas, e se surpreende ao contar o fato a Lois Lane, que o indaga sobre a necessidade de poupar os bandidos, uma vez que os mesmos poderiam repetir o feito. A reflexão inclui os métodos que o herói usa, assim como a ética e moral, enquanto a popularidade da recém intitulada ELITE somente cresce junto à opinião pública geral.

    Há uma discussão bastante rasa a respeito do modo como os Estados Unidos tratam seus inimigos, de modo agressivo e intrusivo. De acordo com o pânico, parece ser natural achar que a segurança está no modo agressivo de lidar com os opositores hostis. A apelação para a execução dos bandidos é vazia, de argumentação fraca, baseada num sentimentalismo barato e muito forçado. O “novo tipo de herói” ganha cada vez apelo, e a alcunha de fracassado/ultrapassado pesando sobre os ombros do herdeiro de Krypton.

    O fascismo do anti-herói britânico é causado por narcisismo não resolvido, em que o passado inclui até a execução de seu pai, ao seu bel-prazer, sem motivo algum além da vontade de seu primogênito. As ações da ELITE pioram ao exterminarem os líderes de dois países em guerra, e, por discordância, Superman acaba escolhendo um desafio.

    Apesar do bom-mocismo e das cenas de atitude correta, o discurso do Super exala pieguismo, sem qualquer embate ideológico presente na história original. O que se vê é uma versão suavizada e pasteurizada do texto original, que pouco valida as escolhas do Superman. Munido de uma postura semelhante a de seu adversário, o herói torna-se um tornado azul, fazendo a justiça bem ao modo comum dos estadunidenses, cruzando a linha entre o mentiroso American Way of Life, agindo com a mesma truculência do governo dos EUA. Mas o revide era apenas um truque, neste momento, semelhante ao mostrado na revista. Algo parece ter se perdido na adaptação dos roteiros. O tom demasiado infantil enfraqueceu o plot principal, deixando o longa aquém da tradição da DC Comics em realizar bons filmes animados. A companhia dá cada vez mais mostras de orfandade nos seus cargos sem Bruce W. Timm e sua equipe, que conseguiam equilibrar escapismo e mensagens edificantes.

  • Crítica | O Filho do Batman

    Crítica | O Filho do Batman

    O Filho Do Batman 1

    Iniciando-se nas instalações de Ra’s Al Ghul, a animação O Filho do Batman começa com uma invasão ocidental, com soldados armados massacrando os ninjas da Liga das Sombras, cujo contra-ataque começa por esforços isolados de Talia, filha do soberano e mãe do pequeno prodígio Damian. As profecias em torno do jovem eram muitas, sempre associadas a um legado sanguinário e massacrante, como nas primeiras cenas de ação.

    Logo a origem da investida é mostrada como fruto de uma vingança impingida por Slade Wilson – ou Exterminador – que busca o revanchismo pela expulsão do clã de guerreiros, decidida pessoalmente por seu antigo mestre, que sucumbe ante a sua espada. Diante da morte do Cabeça de Demônio, a voluptuosa mãe resolve levar seu filho ao único destino onde ele estaria seguro: Gotham City.

    O resgate ao arco de Grant Morrison, Batman e Filho, contém inúmeras liberdades criativas, tantas que quase não é possível identificar uma releitura tão fiel, exceto pela premissa de resgatar o filho perdido de Batman e da filha do Demônio, pensada pelo escocês. Como nas revistas, Talia deixa o rebento com o Morcego para que o menino fique longe de problemas, mas não distante dos incômodos provenientes da pouca idade. As travessuras dão lugar a um instinto assassino e a uma voracidade causados pela ausência de uma figura materna e pela persuasão dos assassinos com quem cresceu.

    Sem se prolongar muito, o roteiro trata de fazer o menino começar a agir contra o submundo de Gotham, onde encontra Asa Noturna, antigo pupilo de seu pai. Depois de lutar ferozmente com o antigo Robin, o menino reclama para si o capuz de garoto prodígio, e após uma acurada pesquisa de campo, com seu pai e Dick Grayson, Damian descobre o possível paradeiro de sua mãe, que é mantida refém pelo traidor da Liga das Sombras.

    Ao suprimir grande parte dos eventos mostrados nas sagas de Morrison, o roteiro acaba por perder um bocado do sentido, constituindo, em si, eventos, ocorridos um atrás do outro, sem muita significância, simplificando a história, mas também tornando-a menos atraente, especialmente para o espectador atento ao cânone dos quadrinhos. A versão filmada é como alternativa, no estilo dos Novos 52, aos fatos ocorridos antes do reboot da editora.

    Apesar da animação conter um escopo de violência poucas vezes visto em adaptações de super-heróis, ainda falta conteúdo. Os cortes feitos na história não alteraram a lógica de entendimento, mas sim um bocado do espírito presente nas tramas que introduziam Damian no universo do Morcego. Qualquer menção aos escritos de Morrison não passam de inspiração, quando muito. O Filho do Batman é semelhante às animações pós-reboot do Universo Animado da DC que substituem figuras chave e exclusivas por personagens mais famosos, sem tomar o cuidado básico de não descaracterizar a história, fato que infelizmente ocorre nesta animação.

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  • Crítica | Batman: A Máscara do Fantasma

    Crítica | Batman: A Máscara do Fantasma

    Batman - A Mascara do Fantasma

    O sucesso de Batman – A Série Animada proporcionou a realização de um longa metragem ambientado no mesmo excelente cenário da série criada em 1992. Batman – A Máscara do Fantasma foi lançado nos cinemas em 25 de Dezembro de 1993, portanto, um ano após a primeira temporada da série e teve excelente recepção da crítica, ainda que o público tenha sido abaixo do esperado. Ainda hoje é considerado um dos melhores longa metragens do morcego.

    O roteiro não apresenta nenhum argumento novo no universo da personagem, mas trabalha de maneira habilidosa com os conceitos básicos em um estilo apurado e dramático suficiente para que se compreenda a dimensão e o fardo de Bruce Wayne. Na trama, os principais gângsteres de Gotham estão sendo assassinados por um misterioso novo vilão. Ao investigar, Batman descobre que algumas histórias do passado podem voltar à tona.

    Dividido entre flashbacks sobre o passado do morcego e o desenvolvimento presente da história, revisitamos o começo da carreira de vigilante de Wayne. Sem dúvida, há uma leve inferência do famoso Ano Um da personagem, porém, o roteiro feito a oito mãos por Paul Dini, Alan Burnett, Martin Pasko e Michael Reaves apresenta mais dúvidas quanto a uma vida de super herói ao incluir um interesse amoroso e duradouro na vida do milionário.

    Enquanto estuda maneiras de intimidação para viver como o futuro alter ego, a vida de Wayne se modifica com a relação duradoura com Andrea Beaumont, filha de um grande empresário do local. Dividido entre a promessa que fez aos pais após sua morte e a percepção de que poderia ter uma vida feliz afeta o psicológico do herói. Há mais fragilidade em sua personalidade nesta história do que na brilhante narrativa de Frank Miller. Com direito a uma bonita cena em que, na chuva, em frente ao túmulo dos país, Wayne questiona a promessa e o fardo perante a possibilidade de ser feliz, reconhecendo que, ao se tornar um herói, não haverá nenhum laço familiar com outra pessoa.

    O entreato passional se realinha com a tradicional história do morcego ao apresentar a desistência repentina da garota ao quase se tornar a futura Srta. Wayne. Um recurso habilidoso que amarra os eventos do passado com os assassinatos do presente, utilizando favoravelmente a presença do Coringa como um dos vilões do longa metragem.

    Um dos grandes vilões do universo do morcego, o Coringa, está presente em diversas sagas devido a sua popularidade, mas nem sempre sua presença garante qualidade. Em A Máscara do Fantasma, o passado do palhaço do crime também é revelado, sendo ele um dos capangas que trabalhou para um dos gângsteres assassinados. Dessa maneira, o personagem adentra a história ativamente, não apenas como um maníaco aleatório como alguns roteiros de quadrinhos apresentam. Produzindo um bom equilíbrio entre o novo vilão e um antigo.

    Mesmo aclamado com o sucesso atualmente, a produção estreou arrecadando uma bilheteria inferior ao esperado pela Warner. Porém, foi indicada ao Annie, prêmio americano de animação (perdendo para O Rei Leão) e sendo bem vendido em Home Video, além de inspirar um tie-in em quadrinhos. Um longa metragem bem superior as duas obras seguintes do morcego nos cinemas: Batman Eternamente e Batman & Robin. Ainda não há uma edição em alta definição desta produção. No Brasil, um DVD foi lançado, porém, em edição fullscreen. Uma pena para uma história com bonita ambientação nos consagrados traços da animação.

    Para ouvir: VortCast 34: Batman – A Máscara do Fantasma

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  • Crítica | Liga da Justiça: Guerra

    Crítica | Liga da Justiça: Guerra

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    Iniciando o reboot das animações do DCAU (DC Animated Universe), Liga da Justiça: Guerra adapta o primeiro arco de histórias de Geoff Johns à frente do título dos Novos 52. O início, introduzindo Batman – até então uma lenda urbana – e o Lanterna Verde (Hal Jordan) mostra uma das primeiras ações conjuntas dos heróis mascarados, ainda bastante desentrosados. A cena em si pouco inspira entusiasmo e quase não diz nada ao espectador.

    A personalidade dos vigilantes é fraca, sua constituição é vazia e não permite nuances, é quase como se o poder fosse a personalidade deles. Quase não há variações e o nível de ação sem propósito é grande, no sentido de não explorar grandes motivações. O erro seria até perdoável, caso as cenas de ação fossem bem feitas e plásticas, mas isso não ocorre com frequência. As animações da DC jamais foram um primor quanto ao roteiro, mas sempre foram redondas, algumas vezes até se saindo melhor que as sagas originais, vide Liga da Jusiça: A Legião do Mal por exemplo. Este sucesso não se repete nesta obra.

    O foco maior das ações dos seres superpoderosos é em atos isolados dos feitos dantescos, quebrados no máximo por ações em dupla com outros vigilantes coloridos. O quadro muda decorridos 60 minutos de exibição, especialmente com a presença do opositor, o soberano de Apokolips: Darkseid. O ruim é que o excessivo tempo gasto em piadas desvirtua a atenção do público, e a falta de exploração dos dramas dos personagens causa uma total falta de empatia por seus caracteres.

    A equipe de dublagem não é ruim, mas está muito aquém dos antigos castings de Andrea Romano. Vozes como as de Kevin Conroy, Tim Daly, Michael Ironside e tantos outros fazem uma falta considerável, visto que estes encarnaram os heróis mais famosos dos comics por muitos anos. Outro inconveniente é o opositor. Antes retratado como um inimigo imponente de discurso orgulhoso e bravo, é mostrado como uma ameaça física unicamente, se importar com si é praticamente impossível pois sua faceta não tem o mínimo apelo ou carisma.

    Justice League War inicia mal a nova seara de animações da DC Comics. Tem um caráter ordinário, falha em produzir algo novo, em rememorar os bons momentos da editora e tampouco revitaliza o tema de modo competente. Jay Oliva traz uma fita insossa e apática, muito inferior a sua anterior, Liga da Justiça: Ponto de Ignição mesmo quando apela para a violência pueril e tudo isso é ainda mais lamentável quando percebe-se que acabaram com a equipe criativa antiga para trazer isso à tona. A cena pós créditos dá um gancho para continuações vindouras, mas é tão gratuito que mal justifica a menção.

  • Crítica | Liga da Justiça: Ponto de Ignição

    Crítica | Liga da Justiça: Ponto de Ignição

    flashpoint1

    A animação que dá origem ao reboot do DCAU (DC Animated Universe) começa com um brutal assassinato que culmina num trauma infantil. Barry Allen, o protagonista, é marcado com fogo ainda criança. Já adulto ele se atormenta, pensando que se fosse mais rápido poderia ter impedido o crime. O roteiro é baseado na saga de Geoff Johns e Andy Kubert, e apesar de tomar algumas liberdades, mantém-se fiel ao espírito da trama original.

    O quadro pintado mostra grandes diferenças da realidade alternativa mostrada em tela com o universo que o grande público está acostumado a assistir. O herói, acorda na delegacia, sua última memória é a de ter lutado contra o Professor Zoom. Logo ao sair do posto policial, percebe que algo está errado, pois sua mãe – a pessoa assassinada nos primeiros minutos de exibição – o recebe. Logo ele percebe que não tem mais seus poderes, e as mudanças não param por aí.

    Cyborgue é o cão de guarda do governo americano, Batman utiliza armas de fogo e tem outra identidade, a Mulher-Maravilha é a soberana do Reino-Unido, Capitão Átomo é utilizado como uma arma apocalíptica, Aquaman não é um bucha – é um tirano belicista amargurado – há muita informação para pouco tempo de tela, o que faz com que o conteúdo fique bastante jogado. O visual dos personagens também é modificado, os designs destes são quadrados e há uma clara influência de animações japonesas.

    Deixando a história de lado, ao menos as cenas de ação são bem executadas. O ataque dos atlantes é muito massa véio, todos os guerreiros são fodões absolutos, mas ainda assim há muita gratuidade. Qual a real necessidade de mostrar Mera – legítima esposa de Aquaman – vendo o marido “consumando” o matrimônio com Diana? Seria para justificar o ataque dela a rainha de Temyscera e ganhar tempo? A solução é tosca e empobrece um dos bons argumentos da revista original. As memórias de Barry Allen entram em conflito, aos poucos suas lembranças são substituídas pelos fatos que ocorreram naquele universo. O motivo do paradoxo é mal explicado, a correria do roteiro só serve para mostrar como Back to the Future seria catastrófico num universo levado a sério.

    A batalha final entre Arthur e Diana é muito bem feita, principalmente quando há interferência dos outros heróis. As caracterizações do Capitão Trovão e de Kal-El são muito boas. O ato final do Morcego é bem emblemático, apesar de ser um pouco piegas. Flashpoint Paradox tem graves erros, mas compila de forma leve os acontecimentos da história de Johns e Kubert, e mesmo com todos esses erros ainda possui mais sentido que a Mega-Saga de quadrinhos.