Tag: Jovens Titãs

  • Review | Titãs – 2ª Temporada

    Review | Titãs – 2ª Temporada

    Titãs 1ª Temporada teve uma recepção bastante controversa, mas ainda assim, era  a atração principal do serviço de streaming DC Universe . Ao passo que foi bastante criticada por conta do seu tom sombrio e diferente demais do material clássico, também tem um fandom muito fiel, o mais volumoso entre as séries do serviço, maior do que é com Patrulha do Destino e Monstro do Pântano.

    Titãs 2ª Temporada começa imediatamente após o season finale, como o Dick Grayson de Brenton Thwaites resolvendo seu embate com Trigon, o demônio pai da jovem Ravena (Teagan Croft). Essa luta inicial é visualmente legal, mas narrativamente há diversas fragilidades tanto no embate como no desenrolar dos fatos posteriores, a extrema facilidade de como o demônio é descartado sendo o maior deles.

    O roteiro da série de Akiva Goldsman é confuso. Se estabelece que houve um grupo anterior, chamado de Titãs, formado pelo antigo Robin, pela Moça Maravilha de Donna Troy (Conor Lesley), Rapina e Columba (feitos por Alan Ritchson e Minka Kelly respectivamente), e aparentemente, mesmo que esses personagens tenham tido outros encontros, isso não foi abordado antes. Também fica implícito que Donna e Estelar/ Koriand’r (Anna Diop) já se conheciam, ao ponto da alienígena tamareana saber tudo sobre a antiga equipe.  Esse conhecimento é tão mal explicado que talvez tenha ocorrido por conta de uma habilidade dela não dita, e isso não é referenciado sequer como possibilidade dentro dos 24 episódios, ou seja, possivelmente terá alguma explicação em forma de retcon (novamente) em uma possível terceira temporada.

    Os mistérios da outra temporada são rapidamente resolvidos, e como se esperava, não foi bem desenvolvido não. O texto que já era ruim piora, demonstra fragilidades e tentativas tolas de restabelecer o tom heroico das revistas na série. Os acertos seguem os mesmos, com os  trajes dos heróis muito bem feitos, além de seguir com boas introduções de personagens novos, o problema é o que se faz com eles logo depois disso. Repentinamente, Grayson decide ser tutor dos meninos, Jason Todd (Curran Walters), Gar/Mutano (Ryan Potter) e claro, a jovem Ravena, e por mais que essa  seja uma decisão não desenvolvida pelo roteiro, a premissa dela não é ruim, e produz até algumas boas discussões no programa.

    Outro problema (recorrente, até) é o apelo a figura de Bruce Wayne, vivido aqui pelo Sir Jorah de GOT, Iain Glen. Ora, Os Novos Titãs ou mesmo sua versão primária a Turma Titã era um grupo onde os ajudantes de heróis se emancipavam, colocar o Batman como mantenedor do grupo não faz sentido, vai contra a essência deles e os faz parecer outro grupo da DC, Os Renegados. Ainda assim, mesmo suspendendo a descrença e acreditando que essa é uma versão totalmente diferente deles, o trabalho de Bruce como mentor nesse sentido não tem lógica, é tolo pois o Morcego sempre foi alguém arredio e difícil de lidar, não um lord inglês inspirador que lembra mais o mordomo Alfred Penyworth do que o playboy perturbado mentalmente oriundo de Gotham.

    A DC parece gostar de utilizar o Batman como muleta, sempre que algum produto seu vai mal se apela para ele, e para todos os efeitos, Glen faz um bom dueto com Thwaites, tanto nos momento de sobriedade, com aconselhamentos entre mentor e pupilo, como nos devaneios de Dick, que imagina seu pai adotivo nos momentos mais comprometedores possíveis. Dadas tantas características patéticas do script, essa relação realmente se salva de todo o resto, mas mesmo ela faz o seriado entrar em várias contradições.

    De positivo, há a química entre Mutano e Ravena, a forma como eles  se aproximam é bem crível, os atores até parecem ser um par de fato. Outro fator bom são as ações de Dick como mentor, mesmo quando ele esconde algo, afinal, grandes mestres tem segredos e nesse ponto ele não se diferencia de outras lideranças. Quando o programa tenta ser procedural, lidando a cada episódio com uma situação, é bem mais positiva do que a forçação do arco maior, tendo dessas tramas mais elaborados o único positivo em relação ao passado de Estelar, que tem a mitologia tamareana aludida brevemente, melhor expandida até que as questões espirituais de Ravena ou o passado de amazona de Donna, e que, provavelmente, dará a tônica de uma possível terceira temporada.

    Da parte dos vilões, o modo como Slade Wilson é introduzido engana de tão promissor que é. O desempenho de Esai Morales não compromete, mas o mesmo não pode se dizer de Rose Wilson, a Devastadora de Chelsea Zangh,que é bastante irregular, reunindo momentos onde  é segura e outros tantos que parece apenas uma menina confusa e sem qualquer preparo para a vida, fato que não combina com seu passado. Se a atriz fosse mais experimentada, esse drama poderia ser melhor exposto, mas não é o caso, e o roteiro tenta disfarçar isso colocando ela como parte de um inoportuno casalzinho. O destino de ambos personagens, assim como ocorre com Jericho (Chella Man) varia entre a tragédia e a simples confusão mental de quem não tem fortes  motivações, com uma abordagem que recai demais no sensacionalismo barato.

    Titãs é muito refém dos flashbacks, mesmo em momentos interessantes, como a repercussão do destino do Aqualad de Drew Van Acker. Fica a sensação de que falta algo, de que as historias do passado são muito mais importantes que o tempo atual. Também se demora a amarrar as pontas soltas, como o arco do Superboy (Joshua Orpin), que nem é de todo ruim, mas é tão desimportante que parece estar aqui só para fazer volume. Nem as referencias ao Super Homem de Jerry Siegel e Joe Shuester salvam o personagem da péssima abordagem

    No quesito violência, a temporada segue bem na esteira da primeira, e isso nem incomoda, pois ao mesmo passo que tem gore (e muito), as primeiras lutas com o Exterminador são boas, mas as últimas são terríveis, beirando o patético. O seriado continua apelando para violência gráfica a fim de parecer adulto, e nisso, fica claro o quão sem identidade ele. O final da segunda temporada é apelativo, tentando atrelar aos Titãs uma tradição de tragédia inevitável que mal foi construída. Analisando os fatos posteriores ao confronto final , os significados que já não eram grandiosos nos roteiros ficam ainda mais vazios, os rumos e separações forçadas dos personagens não fazem muito sentido. A pergunta que fica mais sem resposta é como Goldsman, com um histórico tão grande de fracassos financeiros e/ou de críticas ainda continua tão relevante. Da sorte de Titãs e sua sobrevida fica a sensação de que a marca Batman é tão forte que influencia até no produto que seu ajudante protagoniza, mas não forte o suficiente para evitar terminar mais uma vez o ano com um gancho torto e que provavelmente, demorara mais meia temporada para ser aludido, em uma temporada provavelmente tão ou mais sensacionalista que esta.

    https://www.youtube.com/watch?v=Y1Hpdre-Hp4

  • Crítica | Jovens Titãs em Ação vs Jovens Titãs

    Crítica | Jovens Titãs em Ação vs Jovens Titãs

    Após o sucesso de Jovens Titãs Em Ação! Nos Cinemas, após uma cena pós-créditos, se assistiu uma participação breve dos Jovens Titãs da outra animação, muito se esperou o crossover entre as duas encarnações animadas do grupo, e eis que o longa de 76 minutos, dirigido por Jeff Midknow traz isso, incluindo aí uma bela abertura, com direito até a música tema do primeiro seriado animado, executada por Puffy AmiYumi e com referencias as encarnações mais velhas do super grupo.

    Logo depois, aparece um bandido, dominado pelo Cavalheiro Fantasma, um vilão/entidade, e o quinteto vai até o banco para resolver a questão. Isso é um evidente despiste – um MacGuffin mesmo – para logo depois, mostrar o líder dos Titãs tentando se superar, em uma simulação de VR, em vídeo game, em uma síntese da busca por superar seus próprios limites. O chamado a aventura acontece quando um humanoide de aparência símia, o Senhor dos Jogos (Rhys Darby) interfere e revela a existência do multiverso, e põe os dois grupos para se degladear.

    Não há muita cerimônia para começar o embate, na arena onde o certame ocorrerá há fãs ardorosos, com placas refutando o Teen Titans Go, dizendo que eles estragaram sua infância, e por mais obvia que seja a piada, ela soa honesta e correta. A briga entre os grupos é bem divertida, se leva pouco a sério, e os traços das versões adolescentes são um pouco diferentes, com um traço mais minimalista para não agredir tantos os olhos na diferenças das contra partes.

    É óbvio que tudo isso é outro despiste, um plano ardiloso do Trigon da “versão bebê”, que captura sua versão e a traz de volta após a queda da mesma. Toda essa super trama é subalterna, basicamente para resgatar personagens míticos dos dois mundos diferentes (incluindo toda a turma do Papai Noel), e mostrar as diferenças básicas entre as versões dos heróis, enquanto a pequena Ravena tem que lidar outra vez com seus demônios interiores. A rivalidade entre eles é bastante divertida, e ainda guarda muitas surpresas, como as participações de outras versões dos mesmos.

    As referencias aos longas Titãs: O Contrato de Judas e Liga da Justiça e Jovens Titãs, além da fase de Marv Wolfman e George Perez nos quadrinhos. O fato de não se levar a sério permite ao filme uma liberdade enorme, para ousar inclusive. A  brincadeira com Vingadores:  Ultimato, ressignificando as referências ao modo de seu universo próprio, com seu humor  típico de um modo bem mais divertido que a do universo compartilhado da DC Comics no cinema. A batalha contra Trigon não é exatamente séria, mas tem momentos bastante épicos, fazendo referencias ao multiverso e até a Crise nas Infinitas Terras, que por sua vez, é uma bela homenagem aos homens que fizeram os Titãs serem o grupo mais divertido das  animações dos estúdios Warner.

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  • Crítica | Jovens Titãs: Contrato de Judas

    Crítica | Jovens Titãs: Contrato de Judas

    Jovens Titãs: Contrato de Judas tem um início de filme, entre os melhores nas animações recentes do universo animado da DC, com os personagens ainda bem novos salvando uma mulher que está sendo atacada por seres monstruosos. A vítima era Estelar, que ao ser salva, beija Robin para entender seu idioma, tal qual ocorre nas HQs e até nas animações, como Jovens Titãs.

    Já na linha do tempo do presente, Dick Grayson deixa de ser o Robin e passa a atuar como Asa Noturna, mas continua liderando os Titãs, ainda com uma formação parecida ao filme anterior Liga da Justiça e Jovens Titãs, que conta com Robin (Damian Wayne), Ravena, Estelar, Besouro Azul, Mutano e a nova integrante, Terra.

    É um pouco estranho que o Rapaz Fera não tenha crescido tanto entre as linhas temporais, pois Logan Garfield era contemporâneo ao Robin de Dick Grayson, e  o segundo já é adulto, enquanto Mutano ainda parece criança . Talvez o DNA alienígena pudesse explicar o retardo em seu crescimento, mas segue um pouco estranho seu flerte com Terra, aparentemente ele só não cresceu para não parecer pedofilia o flerte. A situação piora, pois Mutano ainda parece um adolescente, mas Terra não, é claramente uma criança, e tudo que tange sua relação com o Exterminador é no mínimo questionável eticamente falando.

    O ardil dos vilões é um pouco mal construído. O que se trata do Exterminador com Terra, faz sentido e é detalhado de modo tão adulto e  doentio quanto nos quadrinhos, mas o que envolve o Irmão Sangue soa estranho. As lutas também não empolgam muito, e ha momentos onde a animação é bem feia. O desfecho é um bocado emocionante, embora Liu não acerte tanto quanto a tradução que Os Jovens Titãs fazem da mesma saga. Ainda assim, as adaptações referentes a formação do grupo e as participações de outros heróis que não são Titãs são acertadas, embora se sinta falta de Cyborg por exemplo, mas diante da mediocridade das animações da DC feitos para o mercado de vídeo, essa se destaca positivamente, muito por conta do roteiro original, que Ernie Altbacker acerta em não mexer muito.

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  • Agenda Cultural 68 | Pós-Horror, Dylan Dog e Alienígenas em Filmes Horríveis

    Agenda Cultural 68 | Pós-Horror, Dylan Dog e Alienígenas em Filmes Horríveis

    Bem-vindos a bordo. Flávio Vieira (@flaviopvieira) e Filipe Pereira (@filipereiral) retornam, após um breve hiato, para comentar um pouco sobre alguns blockbusters, filmes nacionais e o Festival de Cinema do Rio de Janeiro; a nova edição de Verões Felizes, publicado pela SESI-SP; além de vários fumetti da Sergio Bonelli Editore, publicados no Brasil pela Mythos Editora.

    Duração: 103 min.
    Edição: Julio Assano Junior
    Trilha Sonora: Flávio Vieira e Julio Assano Junior
    Arte do Banner: 
    Bruno Gaspar

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    Cinema

    Crítica Han Solo: Uma História Star Wars
    Crítica Hereditário
    Crítica As Boas Maneiras
    Crítica Jovens Titãs em Ação! Nos Cinemas
    Crítica Missão: Impossível – Efeito Fallout
    Crítica O Predador
    Crítica Venom

    Festival do Rio 2018 – Balanço – Parte 1 | Parte 2 | Parte 3

    Quadrinhos

    Verões Felizes – Volume 3: Senhorita Estérel (compre aqui)
    Coleção Mythos | Dylan Dog (compre aqui), Martin Mystère (compre aqui), Nick Raider (compre aqui) e Nathan Never (compre aqui)

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  • Review | Titans (Episódio Piloto)

    Review | Titans (Episódio Piloto)

    Quase tudo que envolveu a série live-action dos Titãs tem relação com a polêmica, primeiro por conta da escalação da bela atriz negra Anna Diop como Estelar, o que não faz sentido algum, já que a alienígena não tem etnia terráquea, depois, ocorreram críticas ao material de divulgação, excessivamente dark. Pois bem, Titans estreou no dia doze de outubro de 2018, e começa mostrando Ravena (Teagan Croft) lidando com sonhos estranhos. A jovem Rachel sonha com a tragédia dos Grayson Voadores, mas percebe que é só um pesadelo, ainda que isso não fique exatamente claro.

    Não demora até o Detetive Richard ‘Dick’ Grayson ser mostrado, como um policial de Detroit, cidade conhecida pela violência. Brenton Thwaites compõe um personagem tímido e sombrio que se mudou para respirar novos ares e agir de maneira solo. Na sua primeira ação ele é debochado pelos malfeitores, que esperam o Morcego, e responde a esses estímulos com muita violência, e cenas em slow motion dignas da filmografia de Zack Snyder. Aparentemente a influência nefasta do diretor segue viva.

    Aliás, a violência é algo bem comum nesse universo. Rachel, quando decide sair de sua cidade Traverse City e ir para Detroit, se depara com a violência extrema ao ser perseguida por assaltantes, mas também sendo encarada pelos demônios que a cercam nos quadrinhos. Enquanto isso, Koriand’r, uma prostituta que usa cores fortes em seus cabelos e em suas vestes – além de ter olhos verdes-claros, que chamam muita atenção – é mostrada ao lado de um homem morto, no banco do motorista de um carro. O nome que usa, Kory Anders, serve como identidade civil desse ente misterioso e extra-terrestre.

    Ao menos na intimidade da personagem, se vê prosperidade, pois esta contraparte humana estava alocada na cobertura de um hotel luxuoso, por conta da natureza do trabalho que exerce como garota de programa. Ainda assim, esses detalhes são sugeridos e não jogados de forma didática, aliás, ao menos nesse começo, todo o desenrolar dramático é gradativo, o encontro entre os personagens centrais demora a acontecer e ao menos até aqui tudo funciona de forma fluida.

    O capítulo é conduzido por Brad Anderson, acostumado a dirigir longa-metragens em Hollywood como O Operário e Chamada de Emergência. Anderson esbarra nas limitações orçamentárias televisivas, em especial quando coloca Koriand’r/Estelar expelindo seus poderes cósmicos. Soa falso, mas em comparação com outras séries de heróis, não deixa a desejar. No final do episódio há outro uso de efeitos especiais, dessa vez mais acertado, com uma fotografia escurecida que favorece a dificuldade orçamentária típica de alguns programas de TV.

    Mesmo com os pontos positivos, ainda soa estranho apreciar as aventuras dos Titãs com um tom tão violento e sombrio, diferente demais do visto em Os Jovens Titãs, primeira série animada, além de Jovens Titas em Ação! Nos Cinemas. Ao menos se a toada seguir tão bem construída quanto nesse episódio inicial, terá sido essa uma boa e grata surpresa.  No final do episódio, há uma introdução bem legal de Mutano, de forma curiosa e até engraçada, e que deverá ser explorada mais à frente. Até aqui, a parceria de Akiva Goldsman, Greg Berlanti e Geoff Johns conseguiu manter os pés no chão e usar um pouco dos quadrinhos como base de uma discussão bem diferente da proposta clássica de Marv Wolfman e George Perez.

    https://www.youtube.com/watch?v=-PPofXaJ4go

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  • Review | Os Jovens Titãs

    Review | Os Jovens Titãs

    Após o sucesso decorrido do Universo Animado Compartilhado da DC, algumas outras animações envolvendo os heróis da editora ocorreram, entre elas, Os Jovens Titãs, ou Teen Titans, iniciada em 2003, com cinco temporadas. A primeira delas começa mostrando uma escola de super dotados, chamada de A Academia, sendo esse um paralelo bastante curioso pela semelhança que tem com os X-Men, equipe que alegavam ser plágio dos Titãs. O fato dessa força-tarefa se opor aos heróis faz a comparação ganhar ainda mais força.

    O programa que David Slack produzia tinha um traço semelhante aos desenhos animados japonesas e uma aura mais infantil que Batman – A Série Animada e Liga da Justiça Sem Limites. O grupo formado por Robin, Estelar, Cyborg, Ravena e Mutano já vivem juntos na Torre Titã desde o início dos episódios, e não se perde tempo mostrando a origem do grupo. Aqui também se estabelece O Exterminador – ou Slade, como é chamado na dublagem brasileira – como o grande vilão do grupo.

    Já no primeiro dos 65 capítulos, Robin é raptado e isso ajuda a pavimenta-lo como o personagem que concentra o foco dramático dessa primeira temporada, inclusive no fato dele ser um par com a princesa Estelar, que inclusive, foi um dos pilares do bom desempenho de Marv Wolfman e George Perez à frente do título. Esse primeiro tomo é marcado por sentimentos muito conflitantes, entre eles a liderança de Robin é discutida, pois para Estelar ele não confia nos seus companheiros para valer. É curioso notar como, apesar de mal se citar a figura do Batman, o seu pupilo na encarnação de Dick Grayson (que também não é citado como identidade secreta do herói, mas se intui isso por mostra-lo como Asa Noturna em versões alternativas do futuro) guarda e herda boa parte das obsessões e defeitos do seu mentor. Ainda que Slack não tenha intenção de seguir no trabalho de Bruce Timm e Paul Dini na série animada de Batman, claramente há a exploração de boa parte dos mesmos dramas, e para quem é aficionado por este universo, tais coisas fazem um enorme sentido.

    Ainda nesses primeiros arcos há uma micro ideia de continuidade, mesmo sendo essa uma serie quase procedural, e boa parte da narrativa é mostrada baseada nos conflitos entre os heróis, que em suma, são o resumo da fase conturbada e difícil da adolescência e puberdade. Fora isso, há também algumas boas participações, como a de Aqualad  ainda na primeira temporada, que tem uma rivalidade inicial com Mutano, apelando mais uma vez para o clichê da aparição de super-seres novos e o confronto iminente de alguns deles.

    Os últimos capítulos desse primeiro ano põem o Exterminador e Robin frente à frente, comparando suas semelhanças e brincando até com a situação de manipulação e legado, com o herói sendo usado pelo bandido, que o faz de herdeiro de sua carreira como malfeitor, e essa dicotomia faz um sentido enorme dentro da trama, surpreendentemente madura para um programa infantil, isso tudo sem sequer mencionar o Batman, trabalhando uma nova relação de aprendiz-mestre com um rival.

    O primeiro capítulo da segunda temporada mostra Estelar lidando com uma viagem no tempo, ao tentar deter o vilão Warp, aqui se vê o futuro dos Titãs, com Ravena se isolando a luz, Cyborg necessitando de muitas manutenções, Mutano como atração circense se colocando em uma jaula para não ser incomodado e Robin como Asa Noturna. Vinte anos faz uma diferença terrível e praticamente só o líder do quinteto consegue driblar a decadência. O arco mais famoso dos Titãs certamente é O Contrato de Judas e os últimos episódios da segunda temporada se dedicam a adapta-lo, mostrando o acréscimo de Terra ao time e consequentemente, sua traição. Apesar de tentar ser fiel, não há tantra dramaticidade quanto a versão original mas ainda assim é bem marcante.

    A maior parte da terceira temporada é descompromissada com cronologia, mas nos dois últimos capítulos são mostrados os Titãs da Costa Leste, formados por Ricardito, Aqualad, Abelha, Más e Menos, um grupo que está tentando se entrosar para agir tal qual o outro quinteto. Eles recebem a visita do Cyborg, a fim de se aprimorarem e de lidar com o vilão Irmão Sangue. Eles de certa forma repetem alguns dos estereótipos, Aqualad não aceita comer nada derivado de peixe, os gêmeos corredores Más e Menos são o alivio cômico (papel de Mutano e Estelar), Abellha é a personagem negra super responsável como Cyborg e Ricardito se acha autossuficiente, assim como o Robin quando mais imaturo.

    Cyborg decide ficar com a  nova equipe, para só depois perceber que isso era na verdade uma ardil do vilão, Irmão Sangue, que fez seduzir o rapaz meio-homem, meio-máquina para que tivesse uma crise de vaidade, criando o desejo de liderar seu próprio grupo de heróis. Pode parecer bobo, mas o tema é tratado de um modo maduro em comparação ao restante da obra, pois trata de egocentrismo, necessidades familiares e trabalho em equipe. Os episódios, escritos por Marv Wolfman captam bem o espírito por trás do grupo de adolescentes super-poderosos.

    As influencias de animes e mangás não se veem somente no traço dos personagens ou na música de abertura, mas também em algumas figuras de inspiração. Em The Quest, mostra o garoto prodígio indo na direção de um grande mestre, após perder uma batalha para o vilão Kitarou, e nesse ínterim ele tem uma jornada rumo a um novo treinamento diferenciado, que faz paralelos com o visto em Yoda, de Star Wars, e Pai Mei, de Kill Bill.

    Os momentos finais da quarta temporada, mostram o retorno de Trigon e a consequente chegada do fim do mundo, através de sua filha, Ravena. Robin e os outros querem proteger a amiga tentando isola-la para que não se torne o portal que traria de volta esse demônio, mas obviamente ela não permite isso, acreditando piamente que o destino pré-estabelecido acontecerá. Mesmo com a recusa da menina, a ideia por trás dos três episódios nomeados The End é voltada para o espírito de equipe, explicitando que ele é a chave para resolução dos problemas. Trigon só poderia ser enfrentado por Cyborg, Estelar, Mutano e Robin, que possuem um pouco do poder dela, e se potencializa quando reunidos, e nem mesmo em Liga da Justiça Sem Limites se viu um drama de equipe tão bem explorado, talvez seja aqui o maior exito da DC nesse quesito.

    Cada uma das temporadas focou em ao menos um personagem, primeiro Robin, depois Terra, Cyborg, Ravena e a quinta em Mutano. Já no início é mostrada a Patrulha do Destino, grupo do qual ele fazia parte e onde foi rejeitado pelo mentor. As gracinhas que o garoto faz claramente são um mecanismo de defesa, um modo de esconder sua insegurança por ter sido descartado antes, e mesmo que guarde algumas semelhanças com o que já havia ocorrido com Ravena, há muitos acertos ao dar um plano de fundo para o personagem cômico. Há ainda outros momentos bem legais, como quando os Titãs vão atrás da Irmandade Negra, os Titãs da Costa Leste cuidam da cidade , enquanto o Maluco do Controle invade a Torre dos heróis. O combate é divertido e finalmente pode-se ver mais desses personagens tão carismáticos.

    Próximo do final, em Go, é mostrado uma versão do que seria o primeiro encontro do grupo sem que nenhum deles se conhecesse previamente. Estelar aparece com algemas de Tamaran, seu povo, Mutano ainda é somente um ex-membro da Patrulha, Cyborg usa um moletom escondendo sua identidade. A mais próxima da atualidade da série é Ravena, que se sente monstruosa, mas nada que não fosse condizente com o já visto. Aqui acontece algo que não havia acontecido no decorrer das dezenas de episódios que apareceram: Estelar beija Robin quando ele a ajuda a se livrar das algemas. Em comum todos os personagens tem a questão de serem párias, distantes das expectativas que o mundo adulto tem sobre eles, são flagelados cada um a seu modo e a gravidade das situações pontua bem a intenção de David Slack ao fazer esse programa.

    Calling all Titans mostra uma convocação de todos os personagens mirins que apareceram e até alguns que eram inéditos até aqui, uma reunião que visa se unir contra a Irmandade Negra. Apesar de meio desimportante é obviamente bem divertido ver tantos personagens famosos juntos, mas o ponto alto realmente ficou por conta da exploração da origem do grupo.

    Houve ainda um longa, chamado Missão Tokyo, de 2007, que visava fechar algumas pontas soltas da quinta e última temporada. As forças das circunstâncias fazem os heróis viajarem até o Japão, e sem ter um tradutor, Estelar decide beijar os lábios de um menino, assim aprendendo instantaneamente o idioma. Isso explica porque Robin foi beijado por ela, na primeira vez que se encontraram, e faz todo esse pretenso romance se tornar ainda mais complexo. O filme é divertido, mas parece de fato uma colagem de episódios, não resolve e sequer cita a questão da Irmandade Negra, mas serve para pavimentar a relação de Robin e Estelar.

    Os Jovens Titãs foi descontinuado por motivos até hoje não muito claros, há quem diga que era por conta da baixa venda de brinquedos, mas verdade é que Slack fez um trabalho potente no programa que propôs, traduzindo bem a ideia por trás dos quadrinhos clássico de Marv Wolfman e George Perez, acertando em cheio no que diz respeito ao trabalho de equipe e as discussões de aceitação. Titãs sempre foi uma publicação que discutiu tais coisas e quando seus personagens cresciam, substituíam boa parte deles para reprisar esses dramas, e mesmo sem ter a pretensão de ser um programa adulto, esta versão acerta e entretém tanto na parte lúdica, como em suas tramas mais elaboradas.

    https://www.youtube.com/watch?v=7e_GM7XLdlc

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  • Crítica | Liga da Justiça e Jovens Titãs

    Crítica | Liga da Justiça e Jovens Titãs

    Sam Liu, acostumado com as animações da DC Comics, deu à luz ao crossover sempre imaginado por fãs dos quadrinhos da editora, Liga da Justiça e os Jovens Titãs e começa seu drama mostrando a Liga enfrentando outro super grupo, a Legião do Mal. A luta termina com o demônio Azarath se apossando do corpo do Mago do Tempo, sem maiores explicações ou justificativas, e o vilão só perece graças a uma tática desobediente de Damian.

    Robin é repreendido por seu mentor e pai e quando ele vai de encontro ao grupo que normalmente organiza os sidekicks de herói – Os Titãs – ele prossegue tendo problemas com as lideranças estabelecidas, em especial, Estelar. O conjunto tem também os jovens Mutano, Ravena, Bezouro Azul (Jaymito) e sofre algumas dificuldades de interação, basicamente emulando alguns produtos recentes relacionados aos X-Men, lembrando em alguns dramas X-Men Evolution, retribuindo de certa forma a referência que o grupo de mutantes teve desses vigilantes.

    Em alguns pontos, o filme de 79 minutos apela para clichês terríveis, como uma trilha repleta de músicas melosas feitas para adolescentes e competições entre os participantes do grupo em vídeo games de dança. A tentativa de soar Young Adult é meio banal, e piora demais quando no meio do filme descobrem a ligação de Ravena com Azarath.

    Desse momento em diante a obra tem altos e baixos, perde bastante em ritmo, com lutas um pouco sem sentido e conflitos sem muita graça. Quando finalmente ocorre o embate com a Liga o quadro muda ligeiramente e o primeiro herói que os sidekicks resgatam do transe demoníaco é o Cyborg, em uma referencia obvia a sua participação nas histórias clássicas do grupo no passado, mas ainda assim é muito pouco.

    Existe uma tentativa de forçar o personagem meio humano, meio robótico no grupo, assim como a figura de Asa Noturna, em uma das cenas pré-créditos finais que mostra uma interação entre os heróis, mas ainda assim é pouco. Essa interação deveria ser consertada em Contrato de Judas, próxima animação de Sam Liu com os Titãs, agora em história solo. Como crossover o filme falha por não ter realmente uma tensão entre os heróis que rivalizam, como filme falta uma ameaça realmente real e que não apele para lugares comuns como parentescos de personagens. Falta alma, algo além de uma história genérica com os heróis mais famosos da editora.

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  • Crítica | Jovens Titãs Em Ação! Nos Cinemas

    Crítica | Jovens Titãs Em Ação! Nos Cinemas

    Quando LEGO Batman: O Filme foi lançado, alguns fãs do universo DC (em especial os que tem senso crítico) brincavam dizendo que o que vale dentro das histórias de Batman, Superman e cia está nas animações. Desde que Bruce Timm e Paul Dini fizeram Batman: A Série Animada a Warner tem dedicado um bom esforço a fazer desenhos animados para a televisão e algumas em longa-metragem lançadas para home video de qualidade indiscutível, mas no filão do cinema isso parecia não ser tão prolífico, até agora…

    O longa de Aaron Horvath e Peter Rida Michail é oriundo da série homônima, que basicamente pegou o outro sucesso Teen Titans e transformou-o em um produto para um público ainda mais jovem, mudando o estilo e o tom da animação de uma maneira bastante divertida, e  jeito bem divertido, e com algumas sacadas para o público mais adulto. No roteiro de Michael Jelenic e Horvath isso se torna ainda mais presente, com uma harmonia de temas muito diferentes, como as famigeradas piadas com flatulência unidas a discussões mais sérias sobre o que faz de um vigilante um herói. Há uma dedicação à desconstrução do ideal heroico através do deboche aos erros constantes dos filmes que a Warner produz, servindo assim de certa forma como um mea culpa do estúdio, embora em uma escala não tão grandiosa quanto em Batman vs Superman: A Origem da Justiça, Mulher-Maravilha ou Liga da Justiça.

    Desde o começo Robin, Cyborg, Estelar, Ravena e Mutano têm de lidar  com o fato de serem subestimados o tempo todo. O fato de não serem levados a sério curiosamente têm muito a ver com os motivos que fizeram o grupo de sidekicks formarem a primeira Turma Titã nos primórdios do grupo nos quadrinhos, mas aqui ela é apenas uma das muitas referências do filme.

    O foco narrativo é muito maior em Robin  e isso já é esperado uma vez que ele é o personagem mais conhecido e sempre foi o líder ou um dos personagens principais de quase todas as encarnações do grupo. Apesar de obviamente ter uma veia humorística muito forte, o roteiro foca em um aspecto muito caro a vida humana, o sentimento da vaidade. Robin e os outros se sentem menosprezados por absolutamente todos os heróis terem destaque e protagonizarem seus filmes. Nesse ponto outra característica forte do roteiro sobressai, o comentário metalinguístico e a conseqüente quebra da quarta parede, e por mais engraçado e infantil que soe, não há forçação nesse caso, toda a desconstrução é bastante fluida e natural, palatável para crianças e adultos.

    Uma das riquezas do roteiro é a construção gradual da rivalidade de Robin e de seu amigos com o Exterminador – Slade Wilson – fato que é natural uma vez que ele sempre foi o principal vilão do grupo de heróis. Apesar das piadas muito primárias que acompanham o mercenário dublado no original por Will Arnet, a demonstração do quanto ele é manipulador e ardiloso é eficaz ao extremo. Ao final da apreciação há uma sensação semelhante a que se tinha ao analisar profundamente a série do Batman de 1966, protagonizada por Adam West, pois ambas, aos seus modos, eram bem fiéis a essência das historias de seus protagonista, sendo esse Jovens Titãs reverencial à obra de Marv Wolfman e George Perez.

    Curiosamente todas essas qualidades positivas lembrar de LEGO Batman: O Filme, mas a toada aqui é completamente diferente e original, conseguindo traduzir para plateias diversas um estilo de animação que está muito em voga hoje com Adventure Time, Apenas um ShowSteven Universe e outros produtos, sem abrir mão de um nonsense que faz bastante sentido para quem acompanhou por anos os quadrinhos da DC Comics.

    Os Jovens Titãs Em Ação! Nos Cinemas não tem vergonha de assumir sua identidade e caráter jocoso, absolutamente tudo vira piada, há muitos números musicais – muito bem traduzidos na versão dublada – e não há pudor algum em referenciar diversos clássicos, inclusive da Disney. O longa não tem vergonha em se assumir como entretenimento, divertido e escapista, sendo uma bela repaginação de vários elementos de literatura pulp e da era de ouro dos quadrinhos, sem descuidar do visual hiper colorido e de um humor que entretêm demais o publico infantil.

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