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  • Resenha | Hulk: Futuro Imperfeito

    Resenha | Hulk: Futuro Imperfeito

    A cultura pop está repleta de histórias ambientadas em futuros pós-apocalípticos, seja na literatura, no cinema ou nos quadrinhos em geral. Em que pese as características basilares do gênero, algumas obras se destacaram ao longo dos anos, por diferentes fatores.

    Nos anos noventa, o prolífico artista George Pérez procurou Peter David para trabalharem juntos em algum projeto. Sendo David o maior escritor da história d’O Incrível Hulk, nada mais natural do que a parceria entre esses dois talentosos profissionais resultar em uma aventura do Golias Esmeralda.

    Assim nasceu Futuro Imperfeito, minissérie publicada originalmente em duas partes pela Marvel Comics nos últimos meses de 1992. Na HQ, David e Pérez concebem a cidade de Dystopia, um lugar superpovoado, cercado por desertos e erigido a partir de ruínas do que outrora foi uma metrópole civilizada.

    Nesse lugar em que vozes se confundem e pessoas vestidas em trapos fazem de tudo para sobreviver, rebeldes se camuflam no meio da multidão, enquanto organizam a resistência ao sombrio e monstruoso Maestro, tirânico líder da região. Nesse lugar em que o futuro parece se encontrar com um passado remoto, a esperança surge no verde da pele do Hulk, que é trazido de seu tempo até esse futuro absurdo para descobrir questões inconvenientes de sua vida e então se provar em batalha, pelo bem do que restou da humanidade.

    Elogiar a qualidade de escrita de David é chover no molhado. Tecer elogios à narrativa visual de Pérez seria igualmente redundante. Fenomenal, a dupla construiu de forma conjunta uma história tão simples quanto memorável para um dos personagens mais complicados de se compreender no Universo Marvel.

    Por ser o escritor da série mensal do Hulk à época, David possuía amplo domínio do background do personagem. Desse modo, o herói surge em Futuro Imperfeito da mesma forma com que vinha sendo representado em sua série solo daquele tempo: a consciência de Banner no corpo do Hulk, o que fazia do herói tão genial quanto poderoso, ao mesmo tempo.

    Assim, o maior inimigo possível para o Hulk debuta no Universo Marvel. O Maestro é tudo o que o Hulk pode vir a ser, e tal sombra paira a todo instante na HQ, que não perde tempo nem apresenta nenhuma barriga na execução de seu dinâmico enredo.

    Diálogos poderosos se intercalam entre cenas de ação ágeis e impactantes, que reafirmam a escala de poder na qual se inserem os protagonistas desse embate de iguais, tão desiguais quanto o tempo poderia tornar. Recheada de referências, a HQ entrega uma aventura distópica de primeira grandeza e se configura como uma das histórias mais emblemáticas do Gigante Verde.

    Complementando o encadernado publicado pela Panini Comics, a história O Último Titã é escrita também por David, mas ilustrada por outro parceiro seu dos tempos da série mensal: Dale Keown. Ambientada em um futuro ainda mais longevo, no qual somente o Hulk sobreviveu na Terra, vemos o dilema existencial entre Banner e Hulk novamente trabalhado, de forma diferente da vista em Futuro Imperfeito, já que agora as duas personas lutam por espaço e possuem desejos completamente diferentes para encararem o fim dos tempos.

    Com tradução de Jotapê Martins, Fernando Lopes e Marcelo Soares, o encadernado Hulk: Futuro Imperfeito aquece aquele coração marvete com sucesso e preenche a lacuna existente no mercado com a ausência inexplicável dessa HQ durante tantos anos, após uma republicação lá do comecinho dos anos 2000.

  • Review | Os Jovens Titãs

    Review | Os Jovens Titãs

    Após o sucesso decorrido do Universo Animado Compartilhado da DC, algumas outras animações envolvendo os heróis da editora ocorreram, entre elas, Os Jovens Titãs, ou Teen Titans, iniciada em 2003, com cinco temporadas. A primeira delas começa mostrando uma escola de super dotados, chamada de A Academia, sendo esse um paralelo bastante curioso pela semelhança que tem com os X-Men, equipe que alegavam ser plágio dos Titãs. O fato dessa força-tarefa se opor aos heróis faz a comparação ganhar ainda mais força.

    O programa que David Slack produzia tinha um traço semelhante aos desenhos animados japonesas e uma aura mais infantil que Batman – A Série Animada e Liga da Justiça Sem Limites. O grupo formado por Robin, Estelar, Cyborg, Ravena e Mutano já vivem juntos na Torre Titã desde o início dos episódios, e não se perde tempo mostrando a origem do grupo. Aqui também se estabelece O Exterminador – ou Slade, como é chamado na dublagem brasileira – como o grande vilão do grupo.

    Já no primeiro dos 65 capítulos, Robin é raptado e isso ajuda a pavimenta-lo como o personagem que concentra o foco dramático dessa primeira temporada, inclusive no fato dele ser um par com a princesa Estelar, que inclusive, foi um dos pilares do bom desempenho de Marv Wolfman e George Perez à frente do título. Esse primeiro tomo é marcado por sentimentos muito conflitantes, entre eles a liderança de Robin é discutida, pois para Estelar ele não confia nos seus companheiros para valer. É curioso notar como, apesar de mal se citar a figura do Batman, o seu pupilo na encarnação de Dick Grayson (que também não é citado como identidade secreta do herói, mas se intui isso por mostra-lo como Asa Noturna em versões alternativas do futuro) guarda e herda boa parte das obsessões e defeitos do seu mentor. Ainda que Slack não tenha intenção de seguir no trabalho de Bruce Timm e Paul Dini na série animada de Batman, claramente há a exploração de boa parte dos mesmos dramas, e para quem é aficionado por este universo, tais coisas fazem um enorme sentido.

    Ainda nesses primeiros arcos há uma micro ideia de continuidade, mesmo sendo essa uma serie quase procedural, e boa parte da narrativa é mostrada baseada nos conflitos entre os heróis, que em suma, são o resumo da fase conturbada e difícil da adolescência e puberdade. Fora isso, há também algumas boas participações, como a de Aqualad  ainda na primeira temporada, que tem uma rivalidade inicial com Mutano, apelando mais uma vez para o clichê da aparição de super-seres novos e o confronto iminente de alguns deles.

    Os últimos capítulos desse primeiro ano põem o Exterminador e Robin frente à frente, comparando suas semelhanças e brincando até com a situação de manipulação e legado, com o herói sendo usado pelo bandido, que o faz de herdeiro de sua carreira como malfeitor, e essa dicotomia faz um sentido enorme dentro da trama, surpreendentemente madura para um programa infantil, isso tudo sem sequer mencionar o Batman, trabalhando uma nova relação de aprendiz-mestre com um rival.

    O primeiro capítulo da segunda temporada mostra Estelar lidando com uma viagem no tempo, ao tentar deter o vilão Warp, aqui se vê o futuro dos Titãs, com Ravena se isolando a luz, Cyborg necessitando de muitas manutenções, Mutano como atração circense se colocando em uma jaula para não ser incomodado e Robin como Asa Noturna. Vinte anos faz uma diferença terrível e praticamente só o líder do quinteto consegue driblar a decadência. O arco mais famoso dos Titãs certamente é O Contrato de Judas e os últimos episódios da segunda temporada se dedicam a adapta-lo, mostrando o acréscimo de Terra ao time e consequentemente, sua traição. Apesar de tentar ser fiel, não há tantra dramaticidade quanto a versão original mas ainda assim é bem marcante.

    A maior parte da terceira temporada é descompromissada com cronologia, mas nos dois últimos capítulos são mostrados os Titãs da Costa Leste, formados por Ricardito, Aqualad, Abelha, Más e Menos, um grupo que está tentando se entrosar para agir tal qual o outro quinteto. Eles recebem a visita do Cyborg, a fim de se aprimorarem e de lidar com o vilão Irmão Sangue. Eles de certa forma repetem alguns dos estereótipos, Aqualad não aceita comer nada derivado de peixe, os gêmeos corredores Más e Menos são o alivio cômico (papel de Mutano e Estelar), Abellha é a personagem negra super responsável como Cyborg e Ricardito se acha autossuficiente, assim como o Robin quando mais imaturo.

    Cyborg decide ficar com a  nova equipe, para só depois perceber que isso era na verdade uma ardil do vilão, Irmão Sangue, que fez seduzir o rapaz meio-homem, meio-máquina para que tivesse uma crise de vaidade, criando o desejo de liderar seu próprio grupo de heróis. Pode parecer bobo, mas o tema é tratado de um modo maduro em comparação ao restante da obra, pois trata de egocentrismo, necessidades familiares e trabalho em equipe. Os episódios, escritos por Marv Wolfman captam bem o espírito por trás do grupo de adolescentes super-poderosos.

    As influencias de animes e mangás não se veem somente no traço dos personagens ou na música de abertura, mas também em algumas figuras de inspiração. Em The Quest, mostra o garoto prodígio indo na direção de um grande mestre, após perder uma batalha para o vilão Kitarou, e nesse ínterim ele tem uma jornada rumo a um novo treinamento diferenciado, que faz paralelos com o visto em Yoda, de Star Wars, e Pai Mei, de Kill Bill.

    Os momentos finais da quarta temporada, mostram o retorno de Trigon e a consequente chegada do fim do mundo, através de sua filha, Ravena. Robin e os outros querem proteger a amiga tentando isola-la para que não se torne o portal que traria de volta esse demônio, mas obviamente ela não permite isso, acreditando piamente que o destino pré-estabelecido acontecerá. Mesmo com a recusa da menina, a ideia por trás dos três episódios nomeados The End é voltada para o espírito de equipe, explicitando que ele é a chave para resolução dos problemas. Trigon só poderia ser enfrentado por Cyborg, Estelar, Mutano e Robin, que possuem um pouco do poder dela, e se potencializa quando reunidos, e nem mesmo em Liga da Justiça Sem Limites se viu um drama de equipe tão bem explorado, talvez seja aqui o maior exito da DC nesse quesito.

    Cada uma das temporadas focou em ao menos um personagem, primeiro Robin, depois Terra, Cyborg, Ravena e a quinta em Mutano. Já no início é mostrada a Patrulha do Destino, grupo do qual ele fazia parte e onde foi rejeitado pelo mentor. As gracinhas que o garoto faz claramente são um mecanismo de defesa, um modo de esconder sua insegurança por ter sido descartado antes, e mesmo que guarde algumas semelhanças com o que já havia ocorrido com Ravena, há muitos acertos ao dar um plano de fundo para o personagem cômico. Há ainda outros momentos bem legais, como quando os Titãs vão atrás da Irmandade Negra, os Titãs da Costa Leste cuidam da cidade , enquanto o Maluco do Controle invade a Torre dos heróis. O combate é divertido e finalmente pode-se ver mais desses personagens tão carismáticos.

    Próximo do final, em Go, é mostrado uma versão do que seria o primeiro encontro do grupo sem que nenhum deles se conhecesse previamente. Estelar aparece com algemas de Tamaran, seu povo, Mutano ainda é somente um ex-membro da Patrulha, Cyborg usa um moletom escondendo sua identidade. A mais próxima da atualidade da série é Ravena, que se sente monstruosa, mas nada que não fosse condizente com o já visto. Aqui acontece algo que não havia acontecido no decorrer das dezenas de episódios que apareceram: Estelar beija Robin quando ele a ajuda a se livrar das algemas. Em comum todos os personagens tem a questão de serem párias, distantes das expectativas que o mundo adulto tem sobre eles, são flagelados cada um a seu modo e a gravidade das situações pontua bem a intenção de David Slack ao fazer esse programa.

    Calling all Titans mostra uma convocação de todos os personagens mirins que apareceram e até alguns que eram inéditos até aqui, uma reunião que visa se unir contra a Irmandade Negra. Apesar de meio desimportante é obviamente bem divertido ver tantos personagens famosos juntos, mas o ponto alto realmente ficou por conta da exploração da origem do grupo.

    Houve ainda um longa, chamado Missão Tokyo, de 2007, que visava fechar algumas pontas soltas da quinta e última temporada. As forças das circunstâncias fazem os heróis viajarem até o Japão, e sem ter um tradutor, Estelar decide beijar os lábios de um menino, assim aprendendo instantaneamente o idioma. Isso explica porque Robin foi beijado por ela, na primeira vez que se encontraram, e faz todo esse pretenso romance se tornar ainda mais complexo. O filme é divertido, mas parece de fato uma colagem de episódios, não resolve e sequer cita a questão da Irmandade Negra, mas serve para pavimentar a relação de Robin e Estelar.

    Os Jovens Titãs foi descontinuado por motivos até hoje não muito claros, há quem diga que era por conta da baixa venda de brinquedos, mas verdade é que Slack fez um trabalho potente no programa que propôs, traduzindo bem a ideia por trás dos quadrinhos clássico de Marv Wolfman e George Perez, acertando em cheio no que diz respeito ao trabalho de equipe e as discussões de aceitação. Titãs sempre foi uma publicação que discutiu tais coisas e quando seus personagens cresciam, substituíam boa parte deles para reprisar esses dramas, e mesmo sem ter a pretensão de ser um programa adulto, esta versão acerta e entretém tanto na parte lúdica, como em suas tramas mais elaboradas.

    https://www.youtube.com/watch?v=7e_GM7XLdlc

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  • Resenha | Desafio Infinito

    Resenha | Desafio Infinito

    No inicio da década de noventa, a Marvel começou apostar em sagas cósmicas, para competir com a DC que há pouco tempo havia amarrado todas as pontas soltas de sua cronologia em Crise nas Infinitas Terras, com seus heróis reiniciando suas aventuras a partir de 1986. Para isso, chamaram Jim Starlin, escritor acostumado a desenvolver aventuras cósmicas — Dreadstar, Odisseia Cósmica, Novos Deuses —, e assim surgiu a continuação de Thanos: Em Busca de Poder.

    Desafio Infinito começa com uma conversa estranha envolvendo Thanos e Mefisto. O titã profano voltou dos mortos, ressuscitado pela Morte. O motivo desse retorno, seria um presente para sua, faria então uma chacina universal, pois aparentemente há mais pessoas vivas naquele momento do que a quantidade mortas decorrer em todo o decorrer da toda historia. A arte de George Pérez — artista que ficou conhecido pelo trabalho em Crise nas Infinitas Terras, Novos Titãs e Mulher-Maravilha, além de ser especializado em desenhar muitos personagens num mesmo quadro — flui muito bem junto à historia, mas devido a problemas de prazo, não foi capaz de terminar toda a série, sendo auxiliado por Rom Lim.

    Starlin, como criador do personagem vilanesco, conseguiu manipular bem a trama para valorizar seu personagem, tornando ele possuidor das seis joias do infinito – Alma, Mente, Espaço, Poder, Tempo, Realidade – transformando-o em um ser ainda mais poderoso do que aqueles que o trouxeram de volta, ao ponto de assustar até seres poderosos como o Doutor Estranho e Surfista Prateado, que serve de anunciador da destruição que acompanha Thanos.

    A complexidade maior do texto certamente é a historia de amor genocida e não correspondida entre Thanos e a Morte, uma vez que o titã quer matar para saciar a fome de sua amada, mas se torna tão poderoso que ela se enxerga inferior, portanto o rejeita. Nem a idolatria empregada pelo antagonista o salva do orgulho ferido de sua pretendente, pondo-o em um lugar de rejeição que ele não consegue aceitar. Essa romance reúne elementos espirituais e metafísicos tem conseqüências amargas para toda a vida inteligente que percorre o universo, e causa tremores em muitos lugares, inclusive na Terra, onde os que sobreviveram, tentam continuar assim, alguns até se unindo, apesar das claras diferenças ideológicas entre eles. Em determinado momento, Thanos vê à sua frente quatro heróis entre os mais poderosos da Terra, Thor, Homem de Ferro, Namor e Cavaleiro de Fogo, e ele os aguarda sorrindo. Esse pequeno gesto revela de maneira patente a psicopatia do personagem.

    Pérez desenhou quadros muito profundos e repleto de heróis até a edição três, e depois foi seguido por Lim. Em meio a isso, se revela o ardil de Mefisto, que faz Thanos reduzir seus poderes, para derrotar os heróis com mais dificuldade a fim de tentar conquistar a Morte novamente. Esse plano faz Mefisto se assemelhar muito as estratégias da antiga serpente, o diabo bíblico.

    Nesta parte, em que os heróis terrestres enfrentam Thanos, acontece um embate incomum, em que o Capitão America diz que não é bom em brincadeiras, ao passo que o titã louco completa a frase, afirmando que também não é bom em ataques cósmicos. O soldado prova seu valor, afirmando que enquanto houver ao menos um deles de pé, a vitória de Thanos não será plena, e essa máxima percorre a humanidade como um todo, uma vez que é um resumo da resistência à opressão de coisas terrenas, sendo levada a um patamar cósmico.

    Os momentos finais reservam cenas surpreendentes, como uma virada no jogo de xadrez que Thanos antes comandava, basicamente perdendo por preciosismo. Os fatos que ocorrem a partir daí fomentam a teoria de que o acaso influi no destino dos homens e das entidades galáticas, e a participação de Adam Warlock, que com o tempo foi ganhando cada vez mais importância e espaço, finalmente tem seu ápice, tomando para si a manopla do infinito e o destino da eternidade e demais aspectos da vida. O final contem um epílogo, que mostra Thanos aposentado e sossegado, e de certa forma, se estabelece uma conversa bastante adulta, mais madura do que todo o certame visto em Desafio Infinito, que por si só, já era uma historia muito bem construída, que balanceia bem um ritmo aventureiro cósmico e uma discussão filosófica inteligente para algo dentro dos quadrinhos mainstream.

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  • Resenha | A História do Universo DC

    Resenha | A História do Universo DC

    historiauniversodccapaok

    Pensado originalmente para ser os números 11 e 12 do evento Crise nas Infinitas Terras, misturando conteúdo enciclopédico com o estilo prosaico de Marv Wolfman e George Perez – co-autores da mega saga – A História do Universo DC é uma espécie de epílogo da história que modificou todo o multiverso da DC Comics, nas palavras de Wolfman, já no interessante prefácio Imprimindo a Lenda. A conclusão do roteirista é de que esta era um retrato de um período da editora.

    Os bastidores da criação da história foram os mesmos de Crise e dos Titãs dos dois autores, com Perez desenhando primeiramente os quadros para inserção das falas de Wolfman após. A diferença está na estrutura, uma vez que para contar todas as conclusões da personagem Precursora, seria preciso mais campo, usando-se as bordas das páginas para explicitar a origem dos universos, usando as imagens como gravuras de uma publicação literária com edição ilustrada.

    A narração da Precursora visa recolher a verdade, passando por diversos períodos históricos e eventos envolvendo os personagens da editora, contando a origem dos Oanos, explicando a ideologia e função dos guardiões ao tentar patrulhar todo o universo primeiro com os Caçadores e depois com a Tropa dos Lanternas Verdes. A memória passa pelos tempos mitológicos gregos, depois pelo Império Romano e pela lenda do Rei Arthur. Também discorre sobre a Atlântida pré Arthur Curry (Aquaman) além do Egito de Thet Adam (Adão Negro), além dos mitos gregos, romanos e saxões.

    O desenrolar dos fatos emenda a realidade fora das revistas com outros setores universais, comoa a Nova Gênese de Jack Kirby, a Cidade Gorila e o velho oeste de Jonah Rex. De certa forma, a publicação faz o mesmo exercício que Superdeuses de Grant Morrison faria no futuro, apesar de ser menos didático e antropológico e mais dramatúrgico, organizando como uma bela desculpa para contar tudo como um último relatório para o mentor dela, o Monitor através da descoberta do viés heroico.

    Além da questão de catalogar todas as eras heroicas, A Historia do Universo DC também faz um comentário político ao passant, associando a dissolução da Sociedade da Justiça da America com o que viria a acontecer com Watchmen e a famigerada Lei Keane, que proibia o vigilantismo. Ainda há a preocupação em estabelecer a Mulher Maravilha como um evento recente, já que ocorria a reformulação de George Perez.

    Na revista publicado pela Panini, há duas histórias extras, uma chamada  A História de UDC, onde Dan Jurgens faz roteiro e esboços, auxiliado por denhistas diversos. O apêndice  mostra Donna Troy perdida no espaço tempo, explorando as incongruências do universo pós crise e contando do mesmo modo que a outra história tudo o que ocorreu após os eventos pós morte do Monitor, resumindo sagas como Lendas, Zero Hora, Crise Infinita etc. Também há como material extra, historias de apenas duas páginas, escritas por Mark Waid e desenhadas por grandes nomes da industria, como Ivan Reis, Andy Kubert e Adam Hughes. Esta versão do compilado visa trazer um panorama completo sobre os eventos ocorridos na historiografia da editora, atinge esse objetivo de maneira inventiva e inteligente, ainda que burocrática e corrida em certos pontos.