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  • Review | Titãs – 2ª Temporada

    Review | Titãs – 2ª Temporada

    Titãs 1ª Temporada teve uma recepção bastante controversa, mas ainda assim, era  a atração principal do serviço de streaming DC Universe . Ao passo que foi bastante criticada por conta do seu tom sombrio e diferente demais do material clássico, também tem um fandom muito fiel, o mais volumoso entre as séries do serviço, maior do que é com Patrulha do Destino e Monstro do Pântano.

    Titãs 2ª Temporada começa imediatamente após o season finale, como o Dick Grayson de Brenton Thwaites resolvendo seu embate com Trigon, o demônio pai da jovem Ravena (Teagan Croft). Essa luta inicial é visualmente legal, mas narrativamente há diversas fragilidades tanto no embate como no desenrolar dos fatos posteriores, a extrema facilidade de como o demônio é descartado sendo o maior deles.

    O roteiro da série de Akiva Goldsman é confuso. Se estabelece que houve um grupo anterior, chamado de Titãs, formado pelo antigo Robin, pela Moça Maravilha de Donna Troy (Conor Lesley), Rapina e Columba (feitos por Alan Ritchson e Minka Kelly respectivamente), e aparentemente, mesmo que esses personagens tenham tido outros encontros, isso não foi abordado antes. Também fica implícito que Donna e Estelar/ Koriand’r (Anna Diop) já se conheciam, ao ponto da alienígena tamareana saber tudo sobre a antiga equipe.  Esse conhecimento é tão mal explicado que talvez tenha ocorrido por conta de uma habilidade dela não dita, e isso não é referenciado sequer como possibilidade dentro dos 24 episódios, ou seja, possivelmente terá alguma explicação em forma de retcon (novamente) em uma possível terceira temporada.

    Os mistérios da outra temporada são rapidamente resolvidos, e como se esperava, não foi bem desenvolvido não. O texto que já era ruim piora, demonstra fragilidades e tentativas tolas de restabelecer o tom heroico das revistas na série. Os acertos seguem os mesmos, com os  trajes dos heróis muito bem feitos, além de seguir com boas introduções de personagens novos, o problema é o que se faz com eles logo depois disso. Repentinamente, Grayson decide ser tutor dos meninos, Jason Todd (Curran Walters), Gar/Mutano (Ryan Potter) e claro, a jovem Ravena, e por mais que essa  seja uma decisão não desenvolvida pelo roteiro, a premissa dela não é ruim, e produz até algumas boas discussões no programa.

    Outro problema (recorrente, até) é o apelo a figura de Bruce Wayne, vivido aqui pelo Sir Jorah de GOT, Iain Glen. Ora, Os Novos Titãs ou mesmo sua versão primária a Turma Titã era um grupo onde os ajudantes de heróis se emancipavam, colocar o Batman como mantenedor do grupo não faz sentido, vai contra a essência deles e os faz parecer outro grupo da DC, Os Renegados. Ainda assim, mesmo suspendendo a descrença e acreditando que essa é uma versão totalmente diferente deles, o trabalho de Bruce como mentor nesse sentido não tem lógica, é tolo pois o Morcego sempre foi alguém arredio e difícil de lidar, não um lord inglês inspirador que lembra mais o mordomo Alfred Penyworth do que o playboy perturbado mentalmente oriundo de Gotham.

    A DC parece gostar de utilizar o Batman como muleta, sempre que algum produto seu vai mal se apela para ele, e para todos os efeitos, Glen faz um bom dueto com Thwaites, tanto nos momento de sobriedade, com aconselhamentos entre mentor e pupilo, como nos devaneios de Dick, que imagina seu pai adotivo nos momentos mais comprometedores possíveis. Dadas tantas características patéticas do script, essa relação realmente se salva de todo o resto, mas mesmo ela faz o seriado entrar em várias contradições.

    De positivo, há a química entre Mutano e Ravena, a forma como eles  se aproximam é bem crível, os atores até parecem ser um par de fato. Outro fator bom são as ações de Dick como mentor, mesmo quando ele esconde algo, afinal, grandes mestres tem segredos e nesse ponto ele não se diferencia de outras lideranças. Quando o programa tenta ser procedural, lidando a cada episódio com uma situação, é bem mais positiva do que a forçação do arco maior, tendo dessas tramas mais elaborados o único positivo em relação ao passado de Estelar, que tem a mitologia tamareana aludida brevemente, melhor expandida até que as questões espirituais de Ravena ou o passado de amazona de Donna, e que, provavelmente, dará a tônica de uma possível terceira temporada.

    Da parte dos vilões, o modo como Slade Wilson é introduzido engana de tão promissor que é. O desempenho de Esai Morales não compromete, mas o mesmo não pode se dizer de Rose Wilson, a Devastadora de Chelsea Zangh,que é bastante irregular, reunindo momentos onde  é segura e outros tantos que parece apenas uma menina confusa e sem qualquer preparo para a vida, fato que não combina com seu passado. Se a atriz fosse mais experimentada, esse drama poderia ser melhor exposto, mas não é o caso, e o roteiro tenta disfarçar isso colocando ela como parte de um inoportuno casalzinho. O destino de ambos personagens, assim como ocorre com Jericho (Chella Man) varia entre a tragédia e a simples confusão mental de quem não tem fortes  motivações, com uma abordagem que recai demais no sensacionalismo barato.

    Titãs é muito refém dos flashbacks, mesmo em momentos interessantes, como a repercussão do destino do Aqualad de Drew Van Acker. Fica a sensação de que falta algo, de que as historias do passado são muito mais importantes que o tempo atual. Também se demora a amarrar as pontas soltas, como o arco do Superboy (Joshua Orpin), que nem é de todo ruim, mas é tão desimportante que parece estar aqui só para fazer volume. Nem as referencias ao Super Homem de Jerry Siegel e Joe Shuester salvam o personagem da péssima abordagem

    No quesito violência, a temporada segue bem na esteira da primeira, e isso nem incomoda, pois ao mesmo passo que tem gore (e muito), as primeiras lutas com o Exterminador são boas, mas as últimas são terríveis, beirando o patético. O seriado continua apelando para violência gráfica a fim de parecer adulto, e nisso, fica claro o quão sem identidade ele. O final da segunda temporada é apelativo, tentando atrelar aos Titãs uma tradição de tragédia inevitável que mal foi construída. Analisando os fatos posteriores ao confronto final , os significados que já não eram grandiosos nos roteiros ficam ainda mais vazios, os rumos e separações forçadas dos personagens não fazem muito sentido. A pergunta que fica mais sem resposta é como Goldsman, com um histórico tão grande de fracassos financeiros e/ou de críticas ainda continua tão relevante. Da sorte de Titãs e sua sobrevida fica a sensação de que a marca Batman é tão forte que influencia até no produto que seu ajudante protagoniza, mas não forte o suficiente para evitar terminar mais uma vez o ano com um gancho torto e que provavelmente, demorara mais meia temporada para ser aludido, em uma temporada provavelmente tão ou mais sensacionalista que esta.

    https://www.youtube.com/watch?v=Y1Hpdre-Hp4

  • The Long Night: Choro e Frustração – Análises e Teorias sobre Game of Thrones

    The Long Night: Choro e Frustração – Análises e Teorias sobre Game of Thrones

    O início de The  Long Nigtht é bem respeitoso com a expectativas dos aficionados pela obra de George R. R. Martin. A preparação para a balhata que Miguel Sapochnik conduzirá é lenta e gradual, quase sem falas, e a tensão dos personagens é facilmente transmitida ao público. Há dois momentos cruciais: a respiração desesperada e cadenciada de Sam, que reflete em quem está vendo; e a puxada de ar de Sir Jorah (Iain Glen), com a sensação de que ele e tantos outros podem perecer.

    A misteriosa feiticeira Melissandre (Carice van Houten) tem seu último ato dentro de sua igualmente misteriosa jornada. Cabe a ela dois papéis fundamentais constituídos pela “unção” ao aço e as espadas dos guerreiros, que pegam fogo e iluminam o caminho, rumo a morte. A bruxa também faz uma profecia sobre Arya Stark, que a tornaria o ponto chave para a resolução dos conflitos mais esperados da temporada, pois mesmo a disputa pelo trono de ferro não é tão aguardada quanto a batalha contra o rei da noite. Seu fim já era esperado, e só acontece mesmo nos minutos finais, deixando boa parte de suas origens desconhecidas.

    A fotografia de Fabian Wagner dá um destaque absurdo não só as batalhas campais, mas também às inserções de efeitos digitais. Sapochnik sabe como ninguém lidar com muitos personagens em espaços curtos. O aglomerado de guerreiros se vê cercado muito facilmente, e mesmo quando os heróis apelam para os dragões, não há muita esperança.

    Uma coisa há de se admitir, os dois episódios preparativos, Winterfell e Knight of Seven Kingdoms, por mais anticlímax que fossem, prepararam o terreno para a chegada da grande batalha. O grande problema – meu inclusive – foi a péssima transmissão que o canal fez, com imagens ou saturadas ou pixeladas que desabonam aspectos visuais da série, além é claro do fato de o aplicativo HBO Go após um ano de hiato de Game of Thrones ainda apresentar problemas com excesso de acessos, dando erro ou simplesmente não funcionando.

    O inverno finalmente chegou e a expectativa de que a imensidão branca tomaria todos os espaços deu lugar ao predomínio das trevas. O nome do Rei da Noite nunca fez tanto sentido, e as especulações de teorias também se concretizaram com o exército do inimigo universal dos sete reinos. É preciso que o general adversário mande seu pelotão avançar sobre um muro que aparentemente de fogo para que eles encurralem os heróis, e esse momento é muito bem escolhido, pois ocorre logo após um dos poucos momentos de fôlego e respiro. Apesar da resistência, a turba é praticamente inútil sem seu invocador, são mais inteligentes em combate do que zumbis simples, mas não são exatamente racionais. É como se o Rei da Noite fosse um Sistema Nervoso Central.

    Isso abre possibilidade para uma série de perguntas. Se o Rei da Noite tivesse estado nos outros ataques, será que Jon Snow, Cão e companhia sobreviveriam? Dificilmente, e é um pouco frustrante notar isso, embora esse aspecto seja bem comum tanto em exploração de dramas históricos de época, quanto em clássicos de fantasia. Batalhas grandes também são decididas em detalhes bem pequenos.

    Quando a batalha se torna franca, e o desalento e desesperança ocorrem, há alguns momentos onde o fan service impera – há de se lembrar que o único lobo vivo aparece brevemente antes da batalha e onde Sapochnik faz uma mistura de gêneros. Com Arya (Maisie Williams) há um sem números de cenas típicas de filmes de horror que são bem conduzidas, mas que tem boa parte do seu impacto reduzidas pela escuridão onde ocorrem. Sabe-se obviamente que isso é feito para reduzir orçamento, mas a maioria das vezes são saídas covardes. De positivo há o aceno ao público dela junto ao Cão, mas é só isso.

    Em contrapartida, ao mesmo tempo em que a direção acerta nas batalhas, o roteiro desabona a sobrevivência dos que estão ao Norte do Mapa. Há muito desespero quando os mortos voltam a caminhar, mas não há certezas sobre os destinos da maiorias dos personagens. Há um bocado de covardia, exceção feita obviamente à Jorah Mormont, que fecha seu ciclo de lutas honrando sua amada jamais correspondida, e claro, Theon (Alfie Allen) que após um caminho de sofrimento e dor, finalmente tem um momento épico, primeiro conseguindo proteger seu irmão de criação dos andadores, improvisando armas quando necessário, e depois perecendo diante do inimigo maior.

    A escolha da trilha sonora instrumental é bem conduzida, ao passo que ganha força ao mostrar o sofrimento dos heróis, também perde por alguns dos momentos deus ex machina que ocorrem, embora nenhum deles seja tão forte, quanto o que cabe a Stark que foi refugiada e aguentou toda sorte de humilhação. O desfecho, por mais que existam mortes significativas é anticlímax, no mínimo. O fã que ainda não desagradou com essa temporada de Game Of Thrones é a prova viva de que basta que produtores e realizadores entreguem qualquer coisa que terá público cativo.

    Mesmo que seja justo caber a Arya o último golpe no lendário inimigo, e mesmo tenham se dado sinais do golpe meio infantil que ela usa contra o opositor, ainda assim soa bobo e infantil. A defesa tola de que “a verdadeira guerra é contra Cersei” acaba entrando em contradições sérias se levar em conta que eventos simples, como toda a construção do passado dos White Walkers, as primeiras aparições do Rei da Noite, seus talentos como necromante ou o simples encontro dos poderosos na sétima temporada onde a própria Cersei treme diante de um pequeno morto vivo, todo o resto não faz sentido.

    Para o futuro se espera que as mortes confirmadas não tenham sido em vão, e que o exército do Norte consiga se recompor, mesmo com as baixas, afinal, David Nutter volta à direção, possivelmente para mais um episódio epílogo, com Sapochnik outra vez conduzindo o quinto, cabendo o último aos showrunners, além de se esperar que a próxima batalha seja realmente grande, pois essa, que prometia ser a maior de todas, não foi sequer a melhor de Game of Thrones, ficando anos-luz atrás da Batalha dos Bastardos.

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