Bem-vindos a bordo. Flávio Vieira (@flaviopvieira), Filipe Pereira, Dan Cruz (@dancruz_83), Bruno Gaspar, Jackson Good (@jacksgood) e Rafael Moreira (@_rmc) comentam sobre o decepcionante final de Game of Thrones. Se prepare para o derramamento de bile.
Duração: 138 min. Edição: Julio Assano Júnior Trilha Sonora: Julio Assano Júnior e Flávio Vieira
Arte do Banner: Bruno Gaspar
O começo silencioso do episódio faz lembrar o óbvio: o massacre em The Bells, e que quase nada sobrou. Uma boa prova disso é a cena do homem queimado vagando, passando por Tyrion (Peter Dinklage), enquanto o anão está a procura de seus irmãos, em uma das cenas mais emocionantes das oito temporadas. Os produtores finalmente lembraram do talento de Dinklage, e deram ao personagem um momento em que poderia fazer as pazes com suas memórias e amarguras.
Logo depois, temos um enquadramento do momento em que Drogon fica atrás de sua mãe, dando-lhe asas – certamente David Benioff e D.B. Weiss nos relembra que essa não é uma temporada de sutilezas. Neste episódio, Jon Snow volta a ser muitas coisas, principalmente, o excluído que sempre foi. É necessário que o anão que esteve ao seu lado faça um discurso sobre a tirana que Daenerys se tornou, e só assim ele se convença disso. Nada faz muito sentido no arco dele, não pelas conclusões em si, mas pelo modo que ocorrem, e seria um verdadeiro milagre que isso fosse magicamente consertado no final, mas tudo bem.
O fato do capítulo ter sido conduzido por Benioff e Weiss é de uma licença poética ímpar, pois os acertos e (principalmente) os erros da série são méritos dos dois. Toda a problemática, desde a péssima escolha de Emilia Clarke para momentos dramáticos, e a curva de justiça que o episódio convenientemente dá vazão nos seus últimos instantes. Os pecados que ambos cometeram fez com que recebessem duras e justas críticas a forma como se desenhou esse final, atrapalhado e atabalhoado, de certa forma uma releitura de A Vingança dos Sith. É realmente uma pena a pressa que os criadores tiveram nesse desfecho, pois o desenho final demonstra que a maioria dos problemas de roteiro seriam resolvidos com um maior cuidado se houvesse mais desenvolvimento desses personagens e tramas.
É bom lembrar que, apesar dos inúmeros diálogos, esse último episódio trabalha bastante bem o silêncio. Desde a contemplação de Daenerys pelo trono ao choque dos personagens pelo massacre que a rainha praticou. Além disso, Tyrion chega as conclusões que precisa sem conversas, Snow percebe que acertou quando não há mais palavras ditas, e Drogon desfaz o trono de mil espadas com seu fogo redentor, sendo o mais racional dos seres. Ao menos não demora mais de uma hora para dar um desfecho a Khaleesi, e sua despedida é emocionante, deixando algo em aberto, sobre o destino de seu Drogon. Ainda assim é odiável ter que assumir que Sansa Stark (Sophie Turner) tinha razão, e odiável que o homem que ressuscitou precise ser convencido de que ele vivo, ainda é um perigo para Daenerys.
O que se vê a partir da reunião do que sobrou das famílias também faz pouco sentido. Parecendo uma reunião de veteranos de série, após 10 anos dela ter acabado, mas isso ocorre dentro do próprio seriado. Ao menos, se dá oportunidade para que alguns dos coadjuvantes tenha brilho, como Sor Davos (Liam Cunningham), que de repente, se lembra que pode ser um bom mediador, ainda que não faça sentido ele pedir sobriedade aos outros e depois dizer que não sabe se tem direito a voto. Muita humildade para quem faz parte de um conselho de notáveis. É uma boa piscadela para os fãs o assunto da democracia surgir pela boca de Sam (John Bradley-West). A queda de um rei não parece ser o suficiente para dar poder de voto ao povo, aparentemente esse desejo precisa vir e ser conquistado a partir do povo, e não vindo de nobres, como uma dádiva.
Martin estava certo, precisava de mais tempo para desenrolar a trama toda e seus personagens com seus destinos. O armistício, a escolha de Bran (de todas as coisas, a que menos faz sentido) e o fato do anão aceitar ser a Mão do Rei soa incoerente e pouco desenvolvido. O rei “quebrado” é tão alienado e ausente do mundo dos vivos que sua realeza é simbólica e só, tanto que nem sua irmã cuida de si, e decide manter seu pedaço de reino independente. Ela ser coroada até faz sentido, e é um dos bons acertos dessa reta final, mas até esse mérito poderia ter sido feito de outro modo e melhor engendrado. Das boas idéias, a coroação de um homem sem herdeiros e sem possibilidade de herdeiros é sábia, ainda que se confie demais em único homem para decidir por seu legado. O destino de Snow é o que mais destaca os problemas apontados neste parágrafo. Ele é sentenciado a retornar a Patrulha da Noite, mas seu destino final é para além da muralha, ao lado dos Selvagens. Não ficando claro se ele decide descumprir a decisão do rei de Westeros ou se se trata de uma missão específica. A cena reitera a ideia de que ele era mais Stark que Targaryen, reunindo-se ao lado de Fantasma mais uma vez.
Boa parte das teorias finalmente se cumpriram, como os adendos na biografia de Jaime Lannister, o fato de Arya se tornar uma desbravadora, a coroa nortenha de Sansa. Há coisas bem decepcionantes, como Bronn sendo um burocrata ou as Crônicas de Gelo e Fogo sendo entregues sem qualquer emoção ou surpresa. Ao menos Porto Real termina com discussões os detalhes mais burocráticos dos reinos, como fortificações dos muros, alimentação, reconstrução de bordéis e o destino do último dragão. A brincadeira de que essa foi uma história dos Starks é levada até a última das consequências, e é realmente uma pena que essa temporada tenha sido tão frágil e apressada. Quem reclama unicamente desse final parece mesmo não ter acompanhado toda a problemática trajetória da quinta temporada em diante, com anos que vinham piorando cada vez mais.
O quinto e penúltimo episódio da oitava temporada de Game of Thrones finalmente chegou, e com ele o retorno do diretor de ação Miguel Sapochnick. A expectativa e dilema é que as forças que venceram o exército de vagantes consiga tirar Cersei do poder sem destruir e matar todos que estão em Porto Real, no entanto isso não é esperado com qualquer otimismo, visto que mesmo os fãs mais cegos do seriado, em maioria absoluta, se frustram com os acontecimentos mostrados nesse último tomo da Saga de Gelo e Fogo.
O início desse episódio no entanto guarda algumas surpresas, seguidas de obviedades, ligadas ao coadjuvante (de luxo) Lorde Varys (Conleth Hill), que é julgado (aparentemente o ato de julgar está presente em absolutamente tudo de GOT na 8ª Temporada) por querer o melhor para Westeros. Ele é impedido de falar a verdade sobre Aegon Targaryen. Por mais protocolar (outro aspecto bem presente e repetido neste tomo) que seja isso, ao menos há a testificação da antes possível, agora comprovada insanidade de Daenerys, aspecto que acreditam boa parte dos fãs ser bem típica da sua família. Até as boas relações que ela tem com Tyrion e com Jon são consumidas por sua paranoia e pelo desejo ao trono de ferro, e ela até lamenta um pouco, mas não acha inválido ser mais temida que amada.
Caso o leitor se incomode com spoilers, saiba que eles se agravarão severamente na análise.
A postura belicosa da personagem contradiz um dos muitos nomes da mãe dos dragões, afinal ser conhecida por libertar os escravos já devia ser motivo suficiente para mostrar a empatia da personagem, mas aparentemente, para os roteiristas, isso não é tão importante. Os motivos que fizeram ela agir da forma como age é um bocado atrapalhado. Ainda que não se leve em conta a construção literária de George R.R. Martin, o que se construiu ao longo das primeiras temporadas do seriado não faz muito sentido, além do que a saída da maquiagem em deixa-la envelhecida e “feia” é um artifício tão patético que faz perguntar qual era a intenção dos produtores.
Há uma preparação para a batalha, dessa vez sem o mesmo alarde de Long Night. Quase todo momento que Jaime aparece tem uma carga de emoção forte, e Nikolaj Coster Waldau tem uma chance bastante válida de mostrar seus dotes, ainda que não seja um grande ator, seu desempenho é bem encaixado.
As cenas de batalha melhoraram drasticamente, ou melhor, o massacre que Drogon e os imaculados fazem no exército dos Lannister e nos piratas de Greyjoy é mostrado de maneira visceral, com muito gore e golpes secos e certeiros dos soldados, que agem covardemente, como os verdadeiros viloes da série. Ao menos em um ponto o ato de vingança foi favorável, se antes não havia estratégia, agora há, e o trabalho da trilha sonora ambienta bem estes confrontos, embora ainda não seja tão épico quanto na Batalha dos Bastardos.
Em algum ponto, o episódio parecia que ia ter o freio de mão puxado, mas o que se vê depois é uma carnificina, e por mais que a composição seja bela, o ato em si é injustificável, para muito além da moralidade. Para as teorias, esse arco serve talvez para justificar uma possível tomada de poder de Jon Snow, fato que faz preocupar também qual seria a reação emocional de Kit Harrington. Ao menos o grafismo das mortes faz valer um bocado a direção de Sapochnick, que consegue mostrar bem o desequilíbrio emocional da personagem de Emilia Clarke, que bizarramente, tem até pouco tempo de tela, em uma revanche que soa bastante impessoal por conta desse estranho aspecto.
A tentativa de trabalhar a batalha em várias frentes nao tem funcionado, os êxitos são raros, ainda que ocorram boas lutas entre cavaleiros, mas que infelizmente perdem boa parte de sua importância por ocorrerem no meio de um massacre tão evidente. Os momentos de lição são um pouco forçados, em especial o que ocorre entre Cão e Arya Stark, ao menos, tanto Rory McCan quanto Maisie Williams estão muito bem, representando uma carga emotiva absurda, e com um desempenho bastante superior a qualidade do texto.
A postura de arrogância de Cersei faz a personagem de Lena Headey se assemelhar demais ao que Grand Moff Tarkin fez em Uma Nova Esperança, não querendo sair da Estrela da Morte em seu possível momento de triunfo, embora isso não pareça provável no momento em que a Rainha é indagada sobre permanecer ou não na Torre Vermelha. Fica a dúvida sobre seu futuro, seria outra quebra de expectativa enorme e mais uma amostra de anti clímax se ela realmente pereceu da forma que se pensa após o término do capítulo.
Analisar uma temporada episódio a episódio é uma tarefa ingrata, e pode produzir algumas injustiças, uma vez que não se tem noção da mensagem do todo, no entanto, é difícil não ter um sentimento de decepção com os fatos até aqui apresentados, assim como é praticamente impossível não julgar que, por mais apoteótico que seja o episódio derradeiro, ainda assim não salvará todos os outros dessa temporada
O torpor do insucesso e da falta de planejamento dá lugar a uma vingança que não tem qualquer perspectiva de futuro, seja com relação ao reino, que claramente não existirá após todo esse ataque, ou dos laços e amizades com os guerreiros que acompanharam Khaleesi até esse momento. O fato dela não ter misericórdia ou algo que o valha é um convite para os antigos aliados a ataquem, gerando contenda até nos que está presentes na tal batalha. Por mais que todas as previsões apontassem para algo assim há muita coragem em mostrar isso de maneira tão categórica. Resta esperar qual será a postura de Daenerys com Sansa, que se torna aparentemente sua inimiga mortal, na evolução de um quadro infantil e plantado no começo dessa temporada. É uma pena que Game of Thrones se dedique tanto a evoluir quadros pueris, e nem toda boa violência e brigas justificam isso.
O quarto episódio da última temporada de Game of Thrones, The Last of Starks, começa valorizando aqueles que tombaram em batalha, em especial com Khaleesi se despedindo de seu fiel escudeiro, Sor Jorah, que morreu em sacrifício por sua amada. Quem reclama da participação de Emilia Clarke não tinha noção do que esperaria por ela em outras situações do roteiro.
Este início é bastante lento, demorado e anti-climático, mas contém bons momentos, como quando Sansa dá ao cadáver de Theon um brasão dos Stark, para que ao menos em sua despedida ele possa ter uma ligação maior com a família a que sempre serviu. Há um discurso inflamado de Jon Snow, e Kit Harrington coloca ali uma energia que há muito não se via. Essa energia poderia ter sido gasta preparando minimamente o exército contra os inimigos mortos-vivos, mas o que se viu não foi isso, e sim letargia e inabilidade.
Tyrion funciona como a voz do público ao conversar com Sor Davos de que é preciso “enfrentar a nós mesmos”, ou seja, os homens (ou os Lannister). Isto abre a discussão sobre qual era a luta real, reforçando o argumento desta temporada de que o inimigo seja Cersei. Ainda que na temporada anterior tenha se vendido algo completamente diferente disso.
O momento mais irritante deste episódio certamente mora na completa face inexpressiva de Bran. Durante todo o seriado se teorizou e discutiu sobre suas habilidades, e jamais foi explicado ou estabelecido quais eram seus limites. Se esperava muito que essa temporada traria à luz alguma informação a esse respeito, e tendo passado quatro sextos do seriado, não houve qualquer resposta sobre isso. O que se viu foi o personagem encarando as pessoas que chegavam ao vilarejo, e claro, a clarividência sobre qual seria o destino do Rei da Noite, não há com o que se importar, nem com seu destino, muito menos com o que ele pensa.
A metade final do episódio contém muitos reencontros, a começar pelo encontro entre um dos vassalos mais carismáticos do original de George R.R. Martin, Bronn (Jerome Flynn) com os irmãos Lannister que estavam no Norte, e tal qual muitas teorias diziam, ele não cumpriu o combinado com Cersei por não saber o destino da guerra – e também por não confiar na rainha – também se confirmou outra “teoria”, de que os Targaryen costumam cometer incesto (dado que os cabelos deles são brancos e seria difícil manter a cor assim caso não houvesse casamento entre iguais), e essa discussão ocorre entre Tyrion e Lorde Varys (Conleth Hill), onde o eunuco diz que para ele isso pode ser comum entre o clã, mas no Sul seria mal visto, embora o mesmo se aplique para Cersei.
A questão dos barcos de Euron Greyjoy utilizando a besta gigante em alto mar é uma tática de guerra muito inteligente, e Cersei se mostra mais estratégica e astuta que Snow e Daenerys juntos, demonstrando que não tem qualquer pudor em fazer prisioneiros e trair seus aliados. Nas discussões internas, alguns personagens falam o óbvio, que Daenerys perdeu o controle e não seria uma boa rainha. Enquanto isso, se pensa em qual será o destino de Cersei, uma vez que Jaime pode cumprir a profecia de ser mais uma vez um regicida (e obviamente faria sentido ele parar a mulher que sempre amou), mas há também sobre Arya Stark (Maisie Williams) a expectativa de que cumpra outra previsão, da bruxa Melisandre, de que mataria guerreiros de cores de olhos diferentes, entre eles azuis (Rei da Noite) e verdes (Cersei). Esta temporada que se atrapalha nas próprias pernas mantém viva poucas teorias, restando entre as principais a identidade do possível assassino de Cersei.
Ao trono, segue a probabilidade maior e mais equilibrada de ascender Jon, ainda que nesse capítulo tenha acendido uma pequena chama ligada a Gendry (Joe Dempsey), o Baratheon bastardo e agora condecorado por Daenerys. Ao menos, David Nutter conseguiu segurar a tensão nos pouco mais de setenta minutos de exibição, de uma forma que os outros capítulos não conseguiram. Esse até agora foi o melhor episódio, contendo duas mortes significativas para a soberana Targaryen, e tornando uma briga que já era desrespeitosa em algo mais pessoal ainda. Só nos resta que Miguel Sapochnick consiga fazer um episódio de confronto entre Cersei e Daenerys mais digno e menos bobo do que foi Long Knight, ainda que fazer quaisquer previsões sobre a qualidade dos episódios venha sendo um esforço bobo e inútil, principalmente, se levar em consideração que os spoilers vazados tem acertado quase tudo.
O início de The Long Nigtht é bem respeitoso com a expectativas dos aficionados pela obra de George R. R. Martin. A preparação para a balhata que Miguel Sapochnik conduzirá é lenta e gradual, quase sem falas, e a tensão dos personagens é facilmente transmitida ao público. Há dois momentos cruciais: a respiração desesperada e cadenciada de Sam, que reflete em quem está vendo; e a puxada de ar de Sir Jorah (Iain Glen), com a sensação de que ele e tantos outros podem perecer.
A misteriosa feiticeira Melissandre (Carice van Houten) tem seu último ato dentro de sua igualmente misteriosa jornada. Cabe a ela dois papéis fundamentais constituídos pela “unção” ao aço e as espadas dos guerreiros, que pegam fogo e iluminam o caminho, rumo a morte. A bruxa também faz uma profecia sobre Arya Stark, que a tornaria o ponto chave para a resolução dos conflitos mais esperados da temporada, pois mesmo a disputa pelo trono de ferro não é tão aguardada quanto a batalha contra o rei da noite. Seu fim já era esperado, e só acontece mesmo nos minutos finais, deixando boa parte de suas origens desconhecidas.
A fotografia de Fabian Wagner dá um destaque absurdo não só as batalhas campais, mas também às inserções de efeitos digitais. Sapochnik sabe como ninguém lidar com muitos personagens em espaços curtos. O aglomerado de guerreiros se vê cercado muito facilmente, e mesmo quando os heróis apelam para os dragões, não há muita esperança.
Uma coisa há de se admitir, os dois episódios preparativos, Winterfell e Knight of Seven Kingdoms, por mais anticlímax que fossem, prepararam o terreno para a chegada da grande batalha. O grande problema – meu inclusive – foi a péssima transmissão que o canal fez, com imagens ou saturadas ou pixeladas que desabonam aspectos visuais da série, além é claro do fato de o aplicativo HBO Go após um ano de hiato de Game of Thrones ainda apresentar problemas com excesso de acessos, dando erro ou simplesmente não funcionando.
O inverno finalmente chegou e a expectativa de que a imensidão branca tomaria todos os espaços deu lugar ao predomínio das trevas. O nome do Rei da Noite nunca fez tanto sentido, e as especulações de teorias também se concretizaram com o exército do inimigo universal dos sete reinos. É preciso que o general adversário mande seu pelotão avançar sobre um muro que aparentemente de fogo para que eles encurralem os heróis, e esse momento é muito bem escolhido, pois ocorre logo após um dos poucos momentos de fôlego e respiro. Apesar da resistência, a turba é praticamente inútil sem seu invocador, são mais inteligentes em combate do que zumbis simples, mas não são exatamente racionais. É como se o Rei da Noite fosse um Sistema Nervoso Central.
Isso abre possibilidade para uma série de perguntas. Se o Rei da Noite tivesse estado nos outros ataques, será que Jon Snow, Cão e companhia sobreviveriam? Dificilmente, e é um pouco frustrante notar isso, embora esse aspecto seja bem comum tanto em exploração de dramas históricos de época, quanto em clássicos de fantasia. Batalhas grandes também são decididas em detalhes bem pequenos.
Quando a batalha se torna franca, e o desalento e desesperança ocorrem, há alguns momentos onde o fan service impera – há de se lembrar que o único lobo vivo aparece brevemente antes da batalha e onde Sapochnik faz uma mistura de gêneros. Com Arya (Maisie Williams) há um sem números de cenas típicas de filmes de horror que são bem conduzidas, mas que tem boa parte do seu impacto reduzidas pela escuridão onde ocorrem. Sabe-se obviamente que isso é feito para reduzir orçamento, mas a maioria das vezes são saídas covardes. De positivo há o aceno ao público dela junto ao Cão, mas é só isso.
Em contrapartida, ao mesmo tempo em que a direção acerta nas batalhas, o roteiro desabona a sobrevivência dos que estão ao Norte do Mapa. Há muito desespero quando os mortos voltam a caminhar, mas não há certezas sobre os destinos da maiorias dos personagens. Há um bocado de covardia, exceção feita obviamente à Jorah Mormont, que fecha seu ciclo de lutas honrando sua amada jamais correspondida, e claro, Theon (Alfie Allen) que após um caminho de sofrimento e dor, finalmente tem um momento épico, primeiro conseguindo proteger seu irmão de criação dos andadores, improvisando armas quando necessário, e depois perecendo diante do inimigo maior.
A escolha da trilha sonora instrumental é bem conduzida, ao passo que ganha força ao mostrar o sofrimento dos heróis, também perde por alguns dos momentos deus ex machina que ocorrem, embora nenhum deles seja tão forte, quanto o que cabe a Stark que foi refugiada e aguentou toda sorte de humilhação. O desfecho, por mais que existam mortes significativas é anticlímax, no mínimo. O fã que ainda não desagradou com essa temporada de Game Of Thrones é a prova viva de que basta que produtores e realizadores entreguem qualquer coisa que terá público cativo.
Mesmo que seja justo caber a Arya o último golpe no lendário inimigo, e mesmo tenham se dado sinais do golpe meio infantil que ela usa contra o opositor, ainda assim soa bobo e infantil. A defesa tola de que “a verdadeira guerra é contra Cersei” acaba entrando em contradições sérias se levar em conta que eventos simples, como toda a construção do passado dos White Walkers, as primeiras aparições do Rei da Noite, seus talentos como necromante ou o simples encontro dos poderosos na sétima temporada onde a própria Cersei treme diante de um pequeno morto vivo, todo o resto não faz sentido.
Para o futuro se espera que as mortes confirmadas não tenham sido em vão, e que o exército do Norte consiga se recompor, mesmo com as baixas, afinal, David Nutter volta à direção, possivelmente para mais um episódio epílogo, com Sapochnik outra vez conduzindo o quinto, cabendo o último aos showrunners, além de se esperar que a próxima batalha seja realmente grande, pois essa, que prometia ser a maior de todas, não foi sequer a melhor de Game of Thrones, ficando anos-luz atrás da Batalha dos Bastardos.
A HBO costuma lançar séries cuja expectativa de destino de personagens e tramas é enorme. Família Soprano, True Blood, Boardwalk Empire e até Westworld sofreram com isso, mas certamente nenhuma como Game of Thrones. Assim como no primeiro episódio, Winterfell, pouco acontece aqui, e mais uma se reforça a ideia dos ciclos de reencontros e revelações que não contém qualquer novidade para o público.
Há quem defenda que toda essa contemplação, e o desenrolar emocional do episódio faz aumentar a expectativa para a real conclusão dos capítulos finais. A Knight of the Seven Kingdoms começa e termina com o freio de mão puxado, e não consegue sequer amarrar as pontas soltas do episódio anterior. Jaime Lannister é o primeiro enfocado pela câmera de David Nutter, mas ao contrário do que se pensou, ele não conversaria com Bran, e sim com o conselho que envolve Jon Snow, Daenerys Targaryen e Sansa Stark. Aqui, é desenvolvido um diálogo repleto de verdades jogadas à mesa, que teriam um grande impacto e importância se não fossem utilizadas apenas como clichês verbalizados.
Jaime e Bran se encontram de novo e conversam, mas isso só ocorre com 10 minutos, e a expectativa mal se cumpre, pois a conversa poderia ou não ter ocorrido tamanha falta de importância da conversa entre eles. O personagem de Nikolaj Coster-Waldau parece estar ali apenas para reencontros, porque nem os confrontos com o fato dele ter sido incestuoso ou ser um regicida são tão importantes para ele quanto reatar boas relações com seu irmão e Brienne. Ao menos, não se pode reclamar da participação de Peter Dinklage e Gwendoline Christie, eles estão bem quando são exigidos, mesmo que suas cenas sejam exacerbadamente folhetinescas, e bem menos irritante que os confrontos entre Sophie Turner e Clarke por uma liderança de um exército que sequer entrou em campo de batalha.
Este capítulo acontece praticamente todo nos bastidores da reunião de forças no Norte, explorando cada detalhe e meandro dos personagens que vivem sobre esse governo, e ao menos tem tempo para mostrar o drama do povo ao ser obrigado a não só viver na penúria, mas também a lutar por sua própria sobrevivência. Esses detalhes não são muito exploradas em batalhas épicas, nem na trilogia Senhor dos Anéis há tanto mergulho nessa situação, e aqui cabem elogios a esta parte dramática, assim como na valorização dos personagens comuns, entre eles a promoção simbólica de Brienne, que também teria mais impacto se não fosse a participação de Tormund (Kristofer Hivju), que segue falando inconveniências que o fazem parecer apenas um ruivo babão e carente em busca de atenção.
Fora as resoluções de confrontos que ninguém pediu para ocorrer, o episódio dá vazão à crença da teoria de que em breve os personagens secundários devem perecer, afinal, tiveram muitas honrarias nesse meio tempo, foram saudados e valorizados demais. Cersei sequer apareceu, e talvez isso seja mais frequente, embora sua personagem seja uma das mais populares da trama, mesmo como figura de ódio. Ao menos os vilões finalmente chegaram, e o diretor será Miguel Sapochnik, que conduziu boa parte dos episódios com ação frenética, entre eles, o da batalha dos bastardos, na sexta temporada, e talvez esse valorize toda a construção de nostalgia estabelecida nesses dois primeiros episódios.
Game of Thrones finalmente voltou, e com ela, a expectativa de como o Inverno chegará ao continente, os personagens usam roupas ainda mais reforçadas para o frio, e o primeiro episódio da oitava temporada tem o sugestivo nome de Winterfell. Pois bem, apenas a longa espera após Game of Thrones – 7ª Temporada, terminada por sua vez em Agosto de 2017, o resultado é um bocado óbvio, avançando bem pouco em relação ao que é visto em The Dragon and The Wolf, ultimo episodio do sétimo ano, ou seja quase nada se acrescenta dentro do que é considerado canônico no seriado/saga.
Muito se reclamou do autor George R. R. Martin, que não entregou os livros dentro do prazo que se esperava, ou ao menos a tempo de terminar a série com o material original já concluído. Quando a HBO começou a adaptar a literatura, haviam quatro livros, e durante o decorrer dela foi publicado o quinto. Deste a quinta temporada, as histórias são praticamente inéditas visto que já haviam coberto a maioria esmagadora do conteúdo escrito por Martin, acredita-se (sem comprovações oficiais, diga-se) que há consultoria do autor nesses eventos, com Martin dando dicas aos roteiristas do que aconteceria. Mas a realidade é que, apesar do escritor demorar bastante para entregar seus capítulos, o programa da HBO pouco avança, dando pouca vazão inclusive para as teorias que fãs tipicamente fazem após ver os episódios. Nos primeiros anos por exemplo, morrem muitos personagens importantes, mas de 2015 para cá poucos morrem, exceto vilões, como Ramsay Bolton, ou um ou outro vassalo carismático.
Talvez a maior revelação acontece exatamente no final de 801 de GOT, quando Jaime Lannister (Nikolaj Coster-Waldau) encontra Bran Stark (Isaac Hempstead Wright), fato que não acontece basicamente desde o piloto, quando o guerreiro responsável pela morte do “Rei Louco”, por amor, se livra da presença do menino logo após ser flagrado transando com sua irmã, Cersei (Lena Headey), jogando o rapaz pela janela para a morte, fato que obviamente não acontece. No entanto, essa é a única menção real a estranha união entre o Sul dos Lannister e o Norte que seria atacado em breve pelo exercito do Rei da Noite. Ora, não se sabe sequer se há ressentimento ali entre os dois, isso pode ou não ser explorado em GOT 8.02 mas não há garantia de nada, afinal esse capítulo apesar de ter muito reencontros, se restringe a reuniões mega óbvias. Aqui não se resolve nem a possível rivalidade entre os dois personagens, nem se dá vazão para que o espadachim maneta perceba o quanto cresceu o antigo menino, e o quão poderoso e estratégico para a tal guerra ele se tornou.
Ao invés de explorar por exemplo a questão que envolve o exercito do Sul ir ou não ao Norte combater os caminhantes brancos, o roteiro de Dave Hill resolve amarrar pontas soltas fúteis, como a união tão esperada pelos fãs virjões, entre Jon Snow (Kit Harrington) e Daenerys Targaryen (Emilia Clarke), relação essa que é morna, chata, e de interessante, só faz refletir sobre os Targaryen serem uma família incestuosa, uma vez que é difícil manter aquele cabelo branco por outras gerações – Aegon por exemplo, herdou as cores de cabelo de sua mãe, uma Stark – ainda que os dois apaixonados que ficam trocando gracejos típicos dos romances em folhetim das revistas Sabrina e Super Julia não saibam que são tia e sobrinho. A HBO rende-se a mania de shippar casais, tal qual a CW adora fazer em Arrowou Flash, dali realmente se espera, até pelo tom juvenil dessas, aqui não.
Uma das poucas coisas positivas nesse capitulo, é a reunião do que restou dos Starks, exército esse que tem tendência a crescer, independente até de conseguir mais alistados. A verdade revelada a Jon Snow sobre sua origem e parentesco é feita sim, por seu fiel escudeiro, Sam (John Bradley), mas carece de emoção ou dramaticidade. Soa como um artifício obrigatório e sem necessidade de ocorrer de forma tão tacanha e previsível, isso faz perder bastante do impacto que era esperado.
Talvez o único ponto fora da curva,plantado nesse episódio, seja o fruto da relação de Cersei e Euron Greyjoy (Pilou Asbæk), afinal, ela poderá dizer que o filho que espera é dele, e não do irmão, fato esse que obviamente não seria inédito, e que casaria com uma profecia dos livros, de que seria o destino de Jaime ser o King Slayer, para muito além de ter assassinado o Rei Louco, até por conta de uma conhecida teoria de que seria ele o responsável por acabar com o sangrento mandato de sua irmã / amante, já que ela claramente é insana e não abraça a causa continental contra o Rei da Noite. Natural que seu irmão tente repetir seu ciclo de regicídio, dadas as circunstâncias.
No entanto, ao invés de desenvolver isto, se escolhe dar vazão a romances, e a piadas de casal, como foi feito em outra serie nerd, como em The Walking Dead, onde mais se vibrou com a relação de Rick e Michonne ao invés de refletir sobre a condição humana em um ambiente pós apocaliptico. Aqui também, o inverno e os inimigos dos homens se aproximam, mas sempre há vazão para uma relação de amor e para comunicados com zero surpresas. Dito isto, é impressionante com Jon se preocupa mais que a honra do finado Ned Stark, que não lhe contou a verdade por conta de ter perdido a cabeça, e sempre o protegeu, diante da enormidade de situações estranhas que lhe ocorreram, com ele ressuscitando, ser descendente legítimo de duas grandes famílias é tranquilo, o que não é tranquilo é a Khaleesi falar para ele “esquentar a rainha”, aos olhos de dois dragões ciumentos…isso é difícil engolir, mas ainda há o que teorizar nos próximos seis capítulos (assim esperamos).
Ao término de sua sexta temporada, foi anunciado ao grande público que o desfecho da grande saga criada por George R. R. Martin e que ganhou vida sob os olhos de D. B. Weiss e David Benioff teria somente apenas mais 13 episódios a serem divididos numa penúltima temporada de sete episódios, sendo a temporada derradeira, seis. Os fãs de Game of Thrones receberam a notícia como se fosse um banho de água fria, já que a série é a mais querida e mais assistida da televisão. Afinal, qual seria o real motivo de diminuir a quantidade de episódios logo em sua reta final? Porém, quando os créditos do último episódio desta 7ª temporada começaram a aparecer, teve-se a sensação de que a decisão dos produtores foi acertada.
Se a ótima 6ª temporada havia sido a melhor de toda a série, sua sucessora tinha a injusta missão de superá-la, ou ao menos, igualá-la. E para isso, Weiss e Benioff tinham em mãos um planejamento certeiro, que acabou por casar a história com a quantidade de episódios a serem distribuídos, sendo que, o que se teve, foi uma temporada com episódios maiores em termos de duração, mas sem nenhuma morosidade, inclusive apresentando certa urgência incomum em seus desenrolares e acontecimentos, deixando um saldo final como a temporada mais regular até aqui em termos de episódios, não cabendo, portanto, espaço para a enrolação tão criticada nas outras temporadas.
Se logo no começo da 1ª temporada os principais personagens se separaram, mas ainda assim podendo mencioná-los e dividi-los por núcleos (ainda que cada membro de uma determinada casa estivesse um em cada lugar de Westeros), o que se viu aqui foi uma satisfatória mistura recheada de primeiros encontros e vários reencontros. A premissa desta vez foi extremamente simplificada. Enquanto Daenerys Targaryen (Emilia Clarke) cruzou o Mar Estreito pela primeira vez junto dos Dothraki e os Imaculados nos navios fornecidos por Yara (Gemma Whelan) e Theon Greyjoy (Alfie Allen), trazendo consigo sua mão, Tyrion Lannister (Peter Dinklage) e Lorde Varys (Conleth Hill). O Rei do Norte, Jon Snow (Kit Harington), se preocupa em reunir demais aliados ao Norte para a ameaça dos White Walkers, liderados pelo Rei da Noite, que busca atravessar a muralha com seu exército de mortos. Enquanto isso, a nova rainha, Cersei Lannister (Lena Headey), continua estabelecendo suas alianças e se fortalecendo através do terror e da intimidação.
Obviamente, a história passa a se converter na urgência maior, obrigando Jon a viajar até Dragonstone, onde Daenerys estabeleceu sua moradia. Sua missão é convencê-la da ameaça dos White Walkers, pedindo para que ela lute ao seu lado e ainda permita que a equipe do Lorde de Winterfell extraia o vidro de dragão, extremamente abundante na ilha e efetivo contra os mortos-vivos. O encontro que foi bastante aguardado, seguindo a tradição de encontros emblemáticos, não sai como esperado, haja vista que a orgulhosa khaleesi ordena que Jon Snow se ajoelhe, jurando servir a Casa Targaryen. O pedido é totalmente negado, mas Snow consegue convencê-la a deixar com que se extraia o mineral.
Uma das principais deficiências da série sempre foi o fato dos produtores e roteiristas introduzirem sérias ameaças sem justificativa nenhuma, como foi o caso do Alto Pardal de King’s Landing, seus seguidores e dos Filhos da Hárpia, que causaram muitas baixas no exército de Daenerys nas temporadas anteriores. Na atual temporada, o descaso/ameaça da vez é o irritante e cruel Euron Greyjoy (Pilou Asbaek), personagem introduzido na temporada anterior e que consegue tomar para si todo o poder das Ilhas de Ferro. Aliado aos Lannisters e querendo ser casar com Cersei, Euron intercepta pelo mar parte da armada de Daenerys numa sensacional batalha entre navios, sequestrando Yara Greyjoy e as Serpentes de Areia, entregando essas últimas (assassinas da menina, Myrcella) para a rainha de Westeros.
Um outro ponto que mereceu destaque foi a maneira como os dragões foram utilizados nesta temporada, onde foi deixado de lado seus aparecimentos apenas para salvarem o dia, no melhor estilo Deus Ex Machina, ou “Dragões Ex Machina”, como preferir. Após ser enganada numa bela manobra militar feita por Jaime Lannister (Nicolaj Coster-Waldau), que conseguiu afastar o exército de Imaculados, Daenerys resolve responder de maneira efetiva aos leões, dizimando violentamente parte do exército de Jaime com seus 3 dragões pelo ar e os Dothraki em terra. Jaime que quase não sobrevive e que estava cego pelo seu amor por Cersei, passa a ter lampejos de racionalidade, reconhecendo a supremacia de Daenerys, a força dos Dothraki e o poder dos 3 dragões, demonstrando, por várias vezes, ser contrário aos ideais de sua irmã, dando a entender, ao final da temporada, aparentemente, ter escolhido um caminho a seguir. A batalha em questão teve um escopo maior que a Batalha dos Bastardos, usando mais figurantes, mais cavalos e mais tempo para ser preparada, ainda que, aparentou ter sido filmada com um pouco menos de cuidado em relação ao embate de Jon Snow e Ramsey Bolton na temporada anterior.
Enquanto tudo isso acontecia, assuntos menores, mas de suma importância desenrolavam em outros pontos de Westeros. Sam (John Bradley), por exemplo, no caminho de se tornar um meistre para ajudar Jon Snow, além de descobrir algumas respostas sobre os White Walkers e sobre o casamento em segredo de Rhaegar Targaryen (Wilf Scolding) e Lyanna Stark (Aislin Franciosi), esbarra, sem querer, numa conveniência de roteiro que levou à Cidadela Sor Jorah Mormont (Iain Glenn), que está num estado degradável com a escamagris tomando boa parte de seu corpo. Enquanto isso, um chato Bran Stark (Isaac Hempsted Wright), agora como o Corvo de Três Olhos, chega a Winterfell que está sendo guardada por sua irmã, Sansa (Sophie Turner), sendo que as reuniões não param por aí, quando a corajosa Arya (Maisie Williams), chega para fazer a maior reunião da Casa Stark, desde o final do 1º episódio da série. Vale destacar que é o cenário perfeito para que o ardiloso Mindinho (Aidan Gillen) continue com seu plano de tomar tudo para si. Acontece que Arya e Sansa não são mais as mesmas garotas de antes e, mesmo que tenhamos uma noção de que apesar de tudo que passaram, elas ainda guardam diferenças e uma certa inveja uma da outra, foi bom poder acompanhar a continuidade do “trabalho” de Mindinho e a maneira como as irmãs Stark lidaram com isso.
Sem dúvida, o momento mais sensacional de toda a temporada e seguindo a tradição da série do melhor episódio ser sempre o penúltimo, foi quando Jon Snow resolve capturar algum membro do exército de mortos com a finalidade de provar à Cersei que é hora de colocar as divergências de lado em prol do futuro da humanidade. Assim, reúne num só time nada mais, nada menos, que parte dos mais queridos e melhores guerreiros de Westeros, causando furor na internet que, carinhosamente, comparou o time com a Sociedade do Anel, ou com os Vingadores, ou com um nome ainda mais justo: Esquadrão Suicida. Quem se juntou a Snow na empreitada foi o selvagem Tormund Giantsbane (Kristofer Hivju), o Cão, Sandor Clegane (Rory McCanne), Sor Jorah Mormont, completamente curado e novamente integrado à Daenerys, o sumido Gendry (Joe Dempsie), repatriado por Sor Davos (Liam Cunningham), além de Thoros De Myr (Paul Kaye) e Beric Dondarrion (Richard Dormer), a dupla que sobrou da extinta Irmandade Sem Bandeiras. O episódio tem diálogos sensacionais e divertidos, principalmente quando Tormund e Clegane conversam sobre Lady Brienne (Gwendoline Christie). Toda a empreitada teve momentos para prender a respiração e momentos de apresentar baixas significativas, tanto na equipe, quanto no que diz respeito à morte de um dos dragões, demonstrando que o Rei da Noite é muito mais poderoso do que se imagina.
Além de ter sido o episódio mais tenso de toda a temporada e também foi aquele que bateu recorde de audiência, ainda que a HBO Espanha tenha cometido a irresponsabilidade medonha de passar o episódio dias antes de sua estreia, em vez de passar uma reprise do episódio anterior, fazendo com que tudo fosse disponibilizado na rede muito antes da hora.
Se o sexto episódio foi um dos top 3 de toda a série e detentor de recordes, o último episódio acabou por superar o recorde antigo no que diz respeito à audiência. Nele, pudemos acompanhar a maior reunião de personagens numa única cena. Junto de Cersei e alguns soldados da guarda real, estavam Jaime, Qyburn (Anton Lesser), Euron Greyjoy e a Montanha, Gregor Clegane (Hafþór Júlíus Björnsson). Do lado de Daenerys, estavam Tyrion, Jon Snow, Davos, Varys, o Cão, Sandor Clegane, Brienne, que foi representar Sansa Stark; Missandei (Nathalie Emmanuel), Theon, Jorah Mormont e alguns Dothraki. A importância dessa reunião foi enorme, tanto para o seguimento da história, quanto para os fãs que aguardaram anos para ver concretizada. Jon Snow, pela primeira vez, desde o primeiro episódio da série confronta os assassinos de Ned Stark. Brienne reecontra Jaime e o Cão que foi derrotado por ela, sendo que o respeito mútuo entre os dois chega a ser louvável. O Cão confronta seu irmão, deixando claro que a história entre os dois, o chamado Clegane Bowl está perto do fim. E por último, Daenerys tendo seu primeiro contato com o reino e a rainha de King´s Landing.
O episódio, que foi o mais longo de toda a série, teve uma pegada bem cadenciada, mas longe de ser chata, ou cansativa. Contudo, pudemos experimentar detalhes importantes para a trama, primeiro no que diz respeito a Jon Snow, onde todas as teorias a seu respeito foram confirmadas com um adendo especial: seu nome, que poderá, inclusive delimitar o seu destino na trama. Um outro ponto foi a conversa secreta que Tyrion teve com Cersei. O que será que o anão fez para convencer a rainha a apoia-los na batalha contra os White Walkers? E o que a fez desistir tão facilmente do acordo a ponto de Jaime tomar as decisões que tomou? E Tyrion que se demonstrou extremamente desconfortável ao ver Jon Snow entrando no quarto de Daenerys? Essas perguntas só serão respondidas na derradeira temporada da série.
Afinal, a sensação é que não restará muita coisa, assim como parte da grande muralha, destruída por Viserion, o dragão de Daenerys, ora derrotado e revivido pelo Rei da Noite. O inverno que já havia chegado ao Norte, chegou inclusive na Capital. E na história de Westeros, neve na Capital não é sinal de bons ventos. A previsão é de um longo e tenebroso inverno, porém curto o bastante para os espectadores.
Nós sabemos que personagens de série na real são somente atores fingindo ser alguém, mas não significa que suas interpretações não possam despertar fortes emoções em quem assiste. Alguns personagens são adoráveis, enquanto outros fazem nosso sangue ferver.
Por que alguns personagens são mais odiados que outros? Pode ser porque a série tenha intensão de apresentar um personagem tão horrível que faça o público desejar sua queda, outras vezes pode ser que o personagem seja desenvolvido para ser simpático e amigável mas simplesmente não agrada o público. Veja alguns exemplos de personagens mais odiados das séries ultimamente. Cuidado spoilers à frente!
Não precisa nem dizer, se você ainda não assistiu ao primeiro episódio da 7ª temporada de The Walking Dead, você deverá assistir antes de ler esse artigo.
Para aqueles que já assistiram o episódio, você já sabe o porquê odiar Negan. Ele foi introduzido no final da 6ª temporada, carregando seu amado taco de baseball enrolado com arame chamado Lucille, e ameaçando os principais personagens de morte. Negan cumpriu sua ameaça e matou dois personagens queridos logo no primeiro episódio da 7ª temporada.
Enquanto outros personagens de The Walking Dead também fizeram atos horríveis, Negan se destaca por ficar claro que ele se diverte nas suas maldades. Ao cometer suas perversidades Negan aproveita pra tirar sarro e fazer piadas enquanto mata outros personagens.
Dana Brody – Homeland
Quando Homeland, uma série madura e inteligente estreou em Outubro de 2011, ela era focada em Nicholas Brody, um soldado americano que foi libertado pela Al Qaeda após passar anos sendo prisioneiro de guerra. Brody retorna para sua família, que inclui sua filha adolescente Dana. Ela era irritante na primeira temporada, mas ela ajudou Brody a se desenvolver como personagem principal, esse foi o preço a se pagar pela sua presença na série.
Com o passar da série, ao invés de focarem nos personagens principais, que fascinava os fãs com caçadas a células terroristas, a série passou a focar Dana e em seus problemas de adolescente e pior ela era uma adolescente insuportável, egoísta, sabe-tudo e que acha como funciona o mundo. Dana não é exatamente padrão de comportamento de todos os adolescentes, mas por que se importar tanto com ela quando temos na série uma agente da CIA bipolar e com problemas de relacionamentos com um homem que está envolvido com grupos terroristas?
Depois da 1ª temporada, Dana não adiciona nada a trama no geral, e ainda diminui o ritmo da série para um nível extremamente irritante.
Adolescente pode ser bem irritante quando quer, mas Joffrey elevou o nível de irritação dos fãs ao máximo. Joffrey simplesmente conseguiu incorporar tudo de pior que um adolescente pode ter. Ele era de uma família nobre e usou sua posição na vida para ser um valentão sádico com aqueles que têm uma posição inferior a dele, simplesmente por que ele gosta de se sentir importante. Mas ao longo da série o jogo se virava contra Joffrey, ele agia covardemente. Ele era insuportavelmente presunçoso.
Não importa onde você trabalhou você provavelmente já cruzou com alguém como Pete Campell de Mad Men. Ele usa sua ambição como pele de cobra e se sentia no direito de ter tudo o que quisesse. Ele não se esforçava e ele não era melhor do que seus colegas de trabalho. Pete era egoísta, ambicioso e ele não tinha problemas de passar por cima dos outros para conseguir atingir seu objetivo. Ambição é aceitável, mas você pressionar alguém para ganho pessoal não é característica que é normal.
Um torturador sádico, estuprador e assassino em massa, Ramsey é essencialmente um serial killer em uma posição de poder feudal que comanda um exército, ou seja, o pior tipo de serial killer que você pode imaginar. Vindo de uma longa tradição de esfolar seus inimigos vivos, ele esfola seus inimigos até desmaiarem com a perda de sangue ou até morte.
Um selvagem, Ramsey brutaliza outros para sua própria diversão, olhos de louco sempre esperando uma oportunidade de humilhar ou mutilar qualquer um que atravessa seu caminho, ou qualquer um que olhe para ele atravessado.
E aí o que você achou do top 5 dos mais odiados das séries? Faltou alguém nessa lista? Deixe seu comentário.
Game Of Thrones é a adaptação para a TV da obra literária conhecida como As Crônicas de Gelo e Fogo. Cada livro é composto de um subtítulo, sendo que o subtítulo da primeira obra é justamente o nome da série criada por David Benioff e D. B. Weiss e desenvolvida para a HBO. Desde o início, ficou claro que cada temporada lançada adaptaria um dos livros dessa saga criada por George R. R. Martin, sendo que o terceiro, o maior de todos até aqui, precisou de duas temporadas para ser adaptada. Com o passar do tempo, ficou claro que Benioff e Weiss chegariam a ultrapassar Martin ante a demora do escritor em lançar o sexto livro, previamente chamado de Winds of Winter. Se na temporada anterior já tivemos alguns vislumbres que ainda não foram reportados nos livros, essa sexta temporada, definitivamente, mostrou que os showrunners de fato assumiram o controle criativo da série (obviamente sob a supervisão e consultoria de Martin) e o resultado, acredite, foi satisfatório, superior e promissor.
Assim como nas temporadas anteriores, seguimos acompanhando a sofrida história da casa Stark, bem como a história das casas Lannister e Targaryen, e suas relações com as casas que, embora menores, possuem suma importância para o desenvolvimento da história e dos protagonistas.
A Casa Lannister ficou enfraquecida após a morte de Lorde Tywin (Charles Dance) na quarta temporada, o que permitiu mais poderes para que Alto Pardal (Jonathan Pryce) de Porto Real aprisionasse e julgasse os pecadores da cidade. Por conta da prisão da Rainha Margaery Tyrell (Nathalie Dormer) e de seu irmão, Sir Loras Tyrell (Finn Jones), o Rei Tommen (Dean-Charles Chapman) acaba por fazer uma aliança com o líder religioso, colocando fim, inclusive, no famoso julgamento por combate, o que coloca Cersei Lannister (Lena Headey) numa difícil situação, ao mesmo tempo que seu irmão, Jaime (Nicolaj Coster-Waldau), precisa viajar para tomar Correrrio sob proteção do Peixe Negro.
Ainda que os acontecimentos deste núcleo tenham sido arrastados e extremamente tímidos – com exceção de uma cena ou outra em que o Montanha (Hafþór Júlíus Björnsson) está em ação, ficou claro que havia um motivo para ser assim, uma vez que o último episódio da temporada guardou em sua abertura um lindo retorno triunfante ao poder e cheio de resquícios de maldade vindos de Cersei. Tecnicamente, a cena é muito bonita e ao mesmo tempo chocante, acompanhada de uma bela trilha sonora que faz com que o espectador até torça pela maldade da Rainha-Mãe, que não fala uma palavra sequer durante todo seu tempo em tela. O curioso é que, logo no começo da temporada, Tyrion conta a Daenerys os reais motivos de Jaime ter matado o pai da Não Queimada, Aerys II (o Rei Louco), e quais as suas intenções para com Porto Real caso perdesse a guerra. Esse pequeno diálogo passa a fazer todo sentido depois que vemos a citada cena de abertura do último episódio da temporada.
O núcleo de Daenerys Targaryen (Emilia Clarke) há tempos vem sendo o mais fraco de toda a série, e com isso todos os personagens ao seu redor enfraquecem também. Obviamente, sabemos que sua resolução será grandiosa, porém incomoda que todas as situações vividas pela Khaleesi sejam impiedosamente repetidas. Parece que há uma espécie de fórmula, sendo ela composta da seguinte forma: Daenerys acha que é poderosa o suficiente e começa a passar por sérias dificuldades, no entanto a solução para se livrar do problema é sempre um deus ex machina, carinhosamente chamado de “dragões ex machina”, e tudo termina com um discurso de guerra extremamente motivador na língua nativa daquele respectivo povo a que ela se dirige. Pelo menos, desta vez, tivemos o retorno dos Dothraki, o que favorece o Vale Dothraki e todo o seu povo. Enquanto isso, Tyrion Lannister (Peter Dinklage) e Lorde Varys (Conleth Hill) lutam para achar a melhor saída para a paz em Meereen, enquanto Daenerys está desaparecida. Ainda assim, os acontecimentos nesse núcleo foram de extrema importância, já que muitas das casas menores presentes no universo criado por Martin estão fazendo alianças com aqueles que acham que tem a razão. Dessa forma, Daenerys faz sua primeira aliança com uma casa de Westeros, partindo com todo seu exército de Imaculados, juntamente com os Dothraki, nos navios construídos pelos Greyjoy, sob o comando de Yara (Gemma Whelan) e Theon Greyjoy (Alfie Allen).
Mas, definitivamente, essa sexta temporada teve os Starks como protagonistas. A sofrível jornada dos irmãos separados ao final da primeira temporada, finalmente, começou a dar indícios de que a vida de Bran (Isaac Hempstead Wright), Arya (Maisie Williams), Sansa (Sophie Turner) e Jon Snow (Kit Harington) começará a melhorar em breve.
Por conta do desfecho ocorrido ao final da temporada anterior, o foco principal foi a morte de Jon Snow, traído por companheiros da Patrulha da Noite. Numa tentativa desesperada de trazer o Lorde Comandante de volta à vida, Sir Davos Seaworth (Liam Cunningham) e os melhores amigos de Snow recorrem a Melisandre (Carice van Houten), que ressuscita o guerreiro. Nesse meio tempo, Bran continua seu treinamento junto com o Corvo de Três Olhos (Max von Sydow), revisando parte do passado de seu pai, Ned Stark e de alguns personagens que até então só apareciam em relatos. Sansa e Theon ainda fogem do domínio do cruel Ramsay Bolton (Iwan Rheon) e Arya, agora cega, vive mendigando pelas ruas.
Ocorre que o desenvolvimento do núcleo Stark nessa temporada foi muito semelhante ao dos Lannisters, porém alguns acontecimentos envolvendo a família causaram muita reação e permanecerão na memória dos fãs por muito tempo. Primeiro com relação a Bran: devido a sua condição física, o jovem Stark precisa ficar parado a maior parte do tempo, mas é através dele que descobrimos o que de fato aconteceu com seu amigo Hodor (Kristian Nairn) e sua demência, em uma cena de partir o coração, além de abrir um infinito leque de opções ao personagem em relação a que caminho seguir. E segundo porque Jon Snow passa boa parte do tempo imaginando uma forma de retomar Winterfell para sua família. Num desses momentos, conhecemos a menina Lyanna Mormont (Bella Ramsey), responsável pela Casa Mormont, a mesma casa de Sir Jorah Mormont (Iain Glenn), mais um grande momento da temporada.
Seguindo a tradição de inserir grandes acontecimentos nos últimos momentos, foi reservada para o nono episódio a Batalha dos Bastardos, que com certeza entra para o rol das mais sensacionais cenas de duelo da história da televisão, tanto tecnicamente quanto narrativamente. Só de equipe técnica, houve uma mobilização de 600 pessoas, além de cerca de 500 figurantes, toneladas e mais toneladas de cascalhos, além de cavalos e dublês para gravar uma cena que levou, ao todo, quase um mês de gravação. E o resultado foi espetacular. Vale destacar que a batalha teve várias influências de O Senhor dos Anéis na visão de Peter Jackson para As Duas Torres e O Retorno do Rei. Apenas a título de curiosidade, o canal CW leva cerca de duas semanas para filmar um episódio inteiro de seus seriados.
A sexta temporada de Game Of Thrones, sem dúvida, foi uma das mais regulares desde sua estreia em 2011. De qualquer forma, por conta de todos os acontecimentos, ficou mais que evidente que a história de fato está caminhando para chegar ao fim. Afinal, o inverno chegou e só teremos mais duas temporadas com um número reduzido de episódios. Aparentemente, muita coisa ainda precisa ser resolvida. Só nos resta, por enquanto, aguardar mais um ano.
A chuva cai torrencialmente lá fora. Ou deveria cair, como contraste com suas lágrimas. Tentando esquecer o amor que se foi, você imagina que um pouco de música poderá distraí-lo. Liga o som mais próximo, e Love Hurts, regravada em versão definitiva pelo Nazareth, cospe dor das caixas de som. Entre soluços, abraçado com seu travesseiro preferido, você diz silenciosamente, afinal está se afogando em lágrimas: o amor fede.
Reflexo de um sentimento natural do homem, a representação do amor na ficção nem sempre é apoiada no viveram felizes para sempre. A equipe do Vórtex se reúne ao lado de Mariana Guarilha do Miss Bennetpara lembrar aqueles momentos cinematográficos e televisivos em que o amor, uma relação ou casamento, não necessariamente nessa ordem, não se tornaram o costumeiro símbolo feliz. Em homenagem ao dia dos namorados, esta lista especial a todos os amores que viraram bruma, como diria Vinícius de Morais em seu Soneto da Separação.
How I Met Your Mother (2005 – 2014) – Por Filipe Pereira
A série How I Met Your Mother se desenvolve como versão menos idealizada da também cômica Friends, mantendo a temática de um grupo de grande amigos que convivem com os dilemas da vida adulta, com a triste sina de se não se verem tanto quanto gostariam. Um dos defeitos da série, certamente, é a relação de amor platônico de Ted (Josh Radnor) e Robin (Cobie Smulders), ainda que as saídas para eles não sejam tão covardes e repletas de clichê quanto com Ross e Rachel. No entanto é outro casal que compreende a melhor demonstrativa de acerto e erro. Robin e Barney (Neil Patrick Ellis) são pessoas parecidas, desprendidas de moral e independentes até o momento em que começam a se relacionar. O namoro dá errado, mas retorna próximo do fim do seriado, tomando toda a atenção da sétima e última temporada, focada nos preparativos para a cerimônia. Para Barney é a última chance de tentar se afiliar a uma pessoa só para fugir de um fim de meia-idade solitária. Evidentemente o plano fracassa, mais uma vez sem qualquer pecado capital, indiscrição ou erro de fidelidade conjugal que justifiquem o término, só não se encaixaram mais uma vez as agendas e repertório da dupla. A série tem essa triste sina, de mostrar mais relações que dão errado do que gratificações sentimentais, o que faz dela um objeto raro em meio às comédias norte-americanas recentes.
Minhas Versões do Amor (Richard J. Lewis, 2010) – Por Thiago Augusto Corrêa
A velhice é o ponto de partida para as lembranças de Barney Panofsky nesta produção estrelada por Paul Giamatti. Recordando sua trajetória, a personagem explicita seu impulso amoroso e um ímpeto imaturo: casa-se a primeira vez devido à possibilidade de gravidez da mulher e, na cerimônia de seu segundo casamento, se apaixona perdidamente por uma terceira mulher. Panofsky representa a violência das paixões sem equilíbrio e um caráter canalha que nem mesmo a tradição de uma cerimônia foi capaz de impedi-lo. Em um drama sensível sobre as escolhas de cada um de nós, Giamatti, como costumeiro, está excelente na produção que lhe garantiu o Globo de Ouro em Comédia ou Musical em 2011.
Namorados Para Sempre (Derek Cianfrance, 2010) – Por Flávio Viera
Derek Cianfrance realiza uma autópsia de um relacionamento fracassado com tons de John Cassavetes e Woody Allen. Namorados Para Sempre é insuportavelmente amargo, uma verdadeira desconstrução dos contos de fadas hollywoodianos aos quais estamos tão habituados. Dean (Ryan Gosling) e Cindy (Michelle Williams) se encontram nas casualidades do cotidiano e passam a se relacionar de maneira terna e bastante precoce. Pouco a pouco, vamos conhecendo a fundo o desenvolvimento dessa relação ao longo dos anos, do começo promissor ao fim extremamente melancólico. A fotografia e a direção de arte mudam consideravelmente com o decorrer do longa, assim como o aspecto físico e o figurino dos protagonistas. A intensidade das atuações solidificam as razões do colapso da união dos dois. Difícil não chegar ao fim do longa-metragem sem um sabor amargo.
Tom (Joseph Gordon-Levitt) decidiu que Summer (Zooey Deschanel) é a mulher da sua vida. É uma pena que ela não concorde com isso. Em 500 Dias Com Ela, os dois acabam vivendo um romance casual, no qual fica claro que Summer não tem grandes expectativas, mas o rapaz acredita ter encontrado sua alma gêmea. Tom parece ter assistido a comédias românticas demais e ouvido as músicas erradas, pois acredita que pode de verdade transformar esse relacionamento passageiro em um romance perfeito. Muitas vezes lida como apenas uma “Manic Pixie Dream Girl”, a garota excêntrica e sem muita profundidade que aparece para ensinar uma lição ao protagonista. Summer na verdade só não estava apaixonada, e Tom teria se poupado de uma grande dose de sofrimento se apenas deixasse pra lá e fosse procurar em outro lugar a grande história de amor com que sonhava.
Sex And The City (1998 – 2004) – Por Thiago Augusto Corrêa
Em uma série que traça um retrato feminino contemporâneo, situado em uma das cidades mais famosas do mundo, nada mais adequado do que uma história de amor desnivelada. Tema desenvolvido desde o episódio piloto, a relação de Carrie Bradshaw (Sarah Jessica Parker) com Mr. Big (Chris Noth) somente emplaca, quando emplaca, devido a necessidade de um final feliz na trama. A jornada do casal é longa e somente se acertam definitivamente no primeiro filme derivado. Mesmo assim, a relação apresenta dramas pontuais e, dado o histórico de desencontros, se mantém delicada. A dupla representa o tipo de casal que confia em uma relação que, provavelmente, estará fadada ao fracasso.
Apenas o Fim (Matheus Souza, 2008) – Por Filipe Pereira
A melancolia é o mote do roteiro de Matheus Souza em Apenas o Fim. A jornada da personagem consiste na aceitação de um fracasso romântico sem motivos graves aparentes. Antes da fama oriunda do Porta dos Fundos, Gregório Duvivier vive Antônio, um estudante de cinema nerd e sem qualquer atrativo além do comum. Tem seu namoro findado pela parte feminina, inominada propositalmente para evocar universalidade, interpretada por Erika Mader. A agonia do filme reside exatamente no efêmero e na incapacidade do sujeito em reverter a relação mal-sucedida, além de ser o produto de um tempo único, prevendo a condição da moda atual: namoros curtos ou relações nas quais o desapego é central. O modo como Souza escolhe contar sua história, no campus da PUC, acaba sendo mais um importante elemento narrativo dentro da obra, mais uma vez lembrando o quão desprendida pode ser a geração retratada, servindo como uma metalinguagem autobiográfica.
Eclipse Total(Taylor Hackford, 1995) – Por Thiago Augusto Corrêa
Stephen King confere peso dramático a esta obra que adapta seu romance lançado em 1992. Diferentemente das narrativas românticas anteriores, é a relação abusiva do marido de Dolores Claiborn que se destaca como ponto de arranque da obra e motivo para figurar nesta lista. Magistralmente interpretada por Kathy Bates, o drama é intenso na violência das relações entre tais personagens e, embora configure apenas parte de uma história maior, é preponderante para a reflexão sobre limites da justiça e lei em casos de agressão.
Thelma & Louise(Ridley Scott, 1991) – Por Flávio Vieira
Thelma & Louise, filme de 1991, dirigido por Ridley Scott, é um misto de sentimentos e sensações onde relembramos de temas como a liberdade, amizade, empoderamento feminino, abuso sexual, dentre outros. A trama é voltada para as personagens que dão título ao filme, interpretadas respectivamente por Geena Davis e Susan Sarandon, com as quais acompanharemos a jornada das duas amigas. Como é típico de um road movie, a estrada é mais importante que o objetivo, já que ela servirá como o amadurecimento dessas personagens. Interessante notar que Thelma (Davis), ao iniciar o longa, não passa da típica mulher submissa que passa o dia em sua casa, com o jantar pronto à mesa e a casa arrumada, enquanto o marido dominador lhe destrata e sai com outras mulheres. A jornada da personagem mostrará o seu crescimento e, em contrapartida, a deterioração do seu casamento, culminando no seu inevitável fim. Ainda bem.
Game of Thrones(2011 -) – Por Mariana Guarilha
Não há ninguém como George R.R. Martin pra escrever uma cerimônia de casamento. Se nos relacionamentos da série de livros As Crônicas de Gelo e Fogo o autor já demonstra um certo ceticismo ao amor que tudo vence, é nas cerimônias que coloca uma dose especial do seu sadismo. Os eventos que ficaram conhecidos como Casamento Vermelho e Casamento Roxo refletem isso. No Casamento Vermelho, graças à traição de Walder Frey, ocorre a chacina de boa parte dos correligionários do Rei do Norte, Robb Stark. Já no Casamento Roxo, graças a uma conspiração, o noivo morre engasgado, graças ao veneno no copo de vinho usado para brindar sua união. As duas passagens já foram apresentadas na série de Game of Thrones, adaptação comandada por David Benioff e D. B. Weiss.
Excelente produção argentina, o amargo Relatos Selvagens reúne um poderoso recorte narrativo sobre diversos conflitos da relações humanas. A última história apresentada, O Casamento, implode o falso moralismo dos amores. O exagero cênico é proposital para que cada ação seja ainda mais agressiva. Explosões de fúria, amor e lágrimas conduzem a história que explicita o quanto o amor e os desejos são díspares quando não alinhados em um objetivo. A composição da trama é intensa e o público se sente parte da história como um convidado. O realismo incomoda e aponta como somos frágeis diante de amores e desejos.
Antes de qualquer coisa – e minhas desculpas antecipadas por isso -, vale um salutar aviso: sim, eu vi muitas, mas não todas as séries exibidas ao longo do ano (ainda não assisti às elogiadas temporadas de The Americans e Halt and Catch Fire, por exemplo). Logo, é provável que aquela série que você acompanhou e achou sensacional (porque deve ser mesmo) não esteja nessa lista, visto que o autor infelizmente, por absoluta falta de tempo, teve que negligenciar umas em detrimento de outras. Recado dado, vamos à lista das séries que considero as dez melhores do ano.
1. Fargo – 2ª Temporada
Como bem disse Maureen Ryan, crítica de TV da Variety, se a segunda temporada de Fargo tivesse sido apenas sobre o advogado liberal bêbado feito por Nick Offerman já poderíamos ficar satisfeitos. Sorte nossa, portanto, que o segundo ano da série criada por Noah Hawley e inspirada na obra dos irmãos Coen, nos deu muito mais que devaneios de um advogado. Ousada na mistura de elementos (como o sci fi numa trama essencialmente policial, por exemplo) e temas, não é exagero dizer que Fargo alcançou nesse ano níveis artísticos que poucos filmes atingiram. Fiel ao estilo dos Coen, a série, contudo, jamais tentou imitá-lo buscando sempre uma identidade própria que se traduziu, ao longo de seus dez episódios, em momentos genuínos de diversão, surpresas, choques e, por que não dizer, lágrimas, dada a engenhosidade de sua carpintaria dramática e o altíssimo nível de atuação de seu elenco (com destaque para Kirsten Dunst, num trabalho absolutamente marcante).
2. Mr. Robot – 1ª Temporada
Uma simples série sobre um hacker ativista ou um comentário ácido, preciso e direto sobre quem somos como indivíduos e a sociedade em que vivemos? Só essa discussão já valeria um posto entre as melhores do ano para Mr. Robot, mas a série oferece muito mais ao nos lançar como testemunhas oculares no mundo do engenheiro de segurança de TI, Elliot Alderson (Rami Malek), um sujeito tão genial quanto perturbado por crises de ansiedade e que ao se juntar a um grupo ativista, descortina um mundo de corporações e sistemas moralmente e eticamente corruptos. Criada por Sam Esmail, Mr. Robot flerta esteticamente com vários ícones da cultura pop (impossível não lembrar de Psicopata Americano e Clube da Luta, só pra ficar em dois exemplos) para instigar, de forma provocadora, uma reflexão sobre identidade e até que ponto somos manipulados ou nos deixamos ser, por conforto ou inércia, pelo status quo.
O grande mérito dessa ótima surpresa da Netflix? Vender-se como comédia romântica adulta (provavelmente a melhor dos últimos anos, diga-se) para, como quem não quer nada, fazer um estudo elaborado e sensível sobre os conflitos de uma geração em busca de identidade e sobre a efemeridade e contradições de relacionamentos amorosos, paternos e profissionais. Explorando temas tão variados quanto distintos, Master of None – criada pelo comediante Aziz Ansari (de Parks & Recreation), navega com muita fluidez, segurança e graça sobre ideias que geralmente são ignoradas pelo mainstream da TV, mas que aqui ganham o tratamento, a embalagem e o conteúdo perfeito para um binge watching irresistível.
Popularidade nem sempre é sinônimo de qualidade, mas no caso de Game of Thrones, pode-se dizer, sem qualquer receio, que as duas coisas caminham absolutamente juntas. Aliás, parece que quanto maior a série fica, melhor ela se torna. Em seu quinto ano, a produção da HBO, mostrou-se bem mais madura na abordagem de seus temas e soube dar foco às tramas que realmente importavam (relegando as menores a segundo plano) e consolidando todo o drama daquele mundo fantástico em algo mais tangível à medida em que deu aos conflitos de seus personagens, elementos que os tornassem mais humanos e envolventes (ficamos até com pena da Cersei!). Outros dois pontos que justificam a presença da série nessa lista? Foi a temporada que finalmente ultrapassou a trama dos livros e ainda nos deu aquele gancho final capaz de deixar milhões de fãs mundo afora roendo as unhas de curiosidade sobre o que virá a seguir.
A trajetória quase mitológica de Pablo Escobar; um thriller carregado de inspirações na obra de Martin Scorsese e um amálgama sobre o panorama sócio-político da América Latina nas décadas de 70 e 80. Narcos foi isso e também uma história tão complexa, extensa e incrível, que o exercício da suspensão de descrença (quando o espectador aceita a premissa, por mais fantástica que ela possa ser, em favor do entretenimento) se tornou uma constante tão inevitável ao longo de seus dez episódios, que fica fácil acreditar na frase que é dita por um personagem em determinado momento da série: “Mentiras são necessárias quando a verdade é muito dura para acreditar.”
6. Transparent – 2ª Temporada
À primeira vista, é fácil achar que essa série da Amazon é apenas mais uma dessas comédias com pegada independente sobre uma família disfuncional. Mas não se engane, porque Transparent é uma porradaça no melhor sentido possível da palavra. Contando com a impressionante atuação de Jeffrey Tambor na pele de um pai que passa a se identificar e a viver como mulher (papel que lhe rendeu um merecido Emmy), a série usa o tema e a consequente reação da família para falar, sempre abusando do humor, sobre relações, preconceitos e, principalmente, sobre como o medo de ser rejeitado e os caminhos que alguém pode abraçar para se anular como indivíduo, podem ao mesmo tempo transformar a mais amada das pessoas na mais solitária delas.
7. The Knick – 2ª Temporada
Simples e direto? A primeira temporada é boa, mas a segunda é ótima. Dirigida pelo aclamado Steven Soderbergh, esse novo ano de The Knick ousa ainda mais em sua proposta. Pela perspectiva do Dr. John Thackery (Clive Owen), um homem consumido por contradições e vícios, a série mostra que o pioneirismo em práticas médicas num hospital do início do século 20 funciona tanto como um resumo de como o salto no conhecimento humano e o domínio de novas tecnologias e especialidades transformou a sociedade de maneira impactante, quanto como um exercício que expõe o que temos de melhor e pior como seres humanos.
Uma série focada nas armações de um advogado malandro e filho da puta. Sério, quem não iria se interessar por algo assim ainda mais sabendo que esse advogado era o mesmo que conhecemos trabalhando para o Walter White em Breaking Bad? Era tudo fácil demais, convenhamos, e por isso o que Vince Gilligan e Peter Gold fazem nesse spin-off é ainda mais valioso, já que conseguiram criar algo com uma proposta nova, ainda que ambientada naquele mesmo universo de BB. Nesse contexto, se na matriz vimos um homem “bom” gradativamente tornar-se um monstro, aqui vemos uma sutil inversão da fórmula, com o personagem do ótimo Bob Odenkirk que passa (quase) o tempo todo resistindo à tentação de se dar bem às custas dos outros. Quando a trama começa, ele é um malandro em busca de regeneração querendo provar (e conseguindo em dados momentos) que é melhor que tudo isso que está aí, mas que com o tempo percebe que a realidade é sempre mais avassaladora que simples boas intenções.
9. Homeland – 5ª Temporada
Não dá para negar que o final da temporada foi anti-climático (e até pareceu um series finale), mas em retrospecto, o quinto ano de Homeland mais pareceu um contundente documentário levemente romantizado sobre os acontecimentos da geopolítica internacional do que um programa de ficção. Explorando terrorismo em solo europeu perpetrado pos simpatizantes do Estado Islâmico; bastidores do jogo político que envolve interesses diversos no conturbado cenário da Síria e as controversas práticas que governos ocidentais usam para ignorar direitos individuais em nome da segurança nacional, a série teve uma temporada bastante madura e que de maneira chocante colocou o espectador na frente de um espelho que reflete, com uma triste perfeição, a complexidade do mundo em que vivemos.
10. UnReal – 1ª Temporada
Uma série sobre os bastidores de um reality show da linha The Bachelor em que várias mulheres disputam o interesse de um cobiçado e rico solteirão. À primeira vista, a premissa não é das mais animadoras, é verdade, mas basta assistir a um episódio de UnReal pra se surpreender com o lado vil da TV em que a única coisa que interessa é explorar (ou criar) dramas custe o que custar em prol da audiência. Na série, a personagem da atriz Shiri Appleby (de Roswell) é uma produtora do programa claramente competente no que faz, mas também consumida pelo conflito de querer dar o que o “espectador (e principalmente sua chefe) quer” e o constante incômodo de ter que manipular as participantes das maneiras mais sórdidas e covardes possíveis. Em resumo: um retrato fiel da verdade nua e crua do que devem ser todos esses “shows de realidade”.
Quando Ned Stark proferiu uma das mais célebres frases de Game Of Thrones, “preparem-se, o inverno está chegando”, ele não estava brincando. Stark se referia ao período sombrio e rigoroso que aquele mundo criado por George R. R. Martin passaria a enfrentar dentro de algum tempo. Pois bem, o inverno chegou, e se traçarmos um paralelo com a novela de Westeros, podemos dizer que o inverno também chegou, não só para os criadores e principais roteiristas da série, David Benioff e D. B. Weiss, mas também para os fãs da série e dos livros. Com a demora (justa) de Martin para entregar o sexto (e possível penúltimo) livro, pré intitulado Winds Of Winter, percebeu-se que essa quinta temporada conseguiu não só alcançar os livros das Crônicas de Gelo e Fogo, como também já apresentou momentos e passagens que, até então, eram desconhecidas para seus leitores.
Pela primeira vez, com exceção da Casa Bolton, já estabilizada como a casa que domina o Norte, a quinta temporada mostrou uma certa homogeneidade entre os núcleos, uma vez que era normal um núcleo ser mais vitorioso ou bem-sucedido em relação ao outro. Ainda que do outro lado do continente, em Meereen, onde o deserto e o clima quente prevalecem, o inverno também chegou para Daenerys Targaryen (Emilia Clarke), ainda que de forma figurada. Por conta de seu governo que, por um lado libertou os escravos, mas por outro acabou trazendo fome e miséria para a população, despertou a ira de um grupo conhecido como Filhos da Hárpia e passou aos poucos a dizimar a população, os aliados e alguns imaculados que servem Daenerys. E é justamente no núcleo de Daenerys que temos um dos primeiros acontecimentos que até então não havia registro nos livros. Após fugir de King’s Landing, junto com Varys (Conleth Hill), Tyrion Lannister (Peter Dincklage) é sequestrado por Sir Jorah Mormont (Iain Glenn), que tem como objetivo entregá-lo a Daenerys como prova de que agora está ao seu lado.
Aliás, vale destacar o quanto a Casa Lannister enfraqueceu com a morte de seu patriarca, Lorde Tywin. O rei Tommen (Dean-Cherles Chapman) é muito jovem e seu tio, Jaime Lannister (Nikolaj Coster-Waldau) está numa missão em Dorne para resgatar a jovem Myrcella (Nell Tiger Free), irmã de Tommen. Desta forma, Cersei Lannister (Lena Headay) ficou sozinha na capital e consequentemente, desprotegida. E, assim como os Filhos da Hárpia, um grupo religioso extremamente conservador, liderado pelo Alto Septão, começou a fazer justiça com os pecadores da cidade, o que gerou uma das mais memoráveis cenas desta quinta temporada.
Pela primeira vez conhecemos Dorne, a terra da Casa Martell, do Príncipe Oberyn, um dos personagens mais queridos da quarta temporada. Infelizmente, o que vemos em Dorne foi mal trabalhado. Mostrou-se tudo, mas não vimos nada. Conhecemos as filhas de Oberyn, e vimos pouquíssimo suas habilidades como guerreiras, sendo o destaque, apenas, um ótimo diálogo entre Obara Sand (Keisha Castle-Hughes) e o sempre sensacional Bronn (Jerome Flynn). O mesmo podemos falar da viagem de Brienne de Tarth (Gwendoline Christie) e seu escudeiro, Podrick (Daniel Portman), que esbarraram com Sansa Stark (Sophie Turner) no caminho para, depois, acabarem com o sofrimento de Stannis Baratheon (Stephen Dillane) em Winterfell. Aliás, o orgulhoso Stannis só colecionou derrotas e desgosto em sua jornada ao trono de Westeros. O único herdeiro ao trono por direito se aliou à feiticeira Melisandre (Carice Van Houten) que só trouxe desgraça para a sua família. Talvez, as coisas tivessem sido diferentes se Stannis ouvisse Sir Davos Seaworth (Liam Cunningham), que novamente, dividiu ótimas cenas com seus colegas, principalmente com a jovem Shireen (Kerry Ingram), que foi responsável pelo que talvez seja a cena mais chocante de toda a temporada.
A vida de Arya (Maisie Williams) também foi dura. Mesmo chegando sã e salva a Braavos, e após encontrar seu “velho amigo”, Jaqen (Tom Wlaschiha), começou seu treinamento para se tornar uma Sem Face, mas o treinamento é mais difícil do que aparenta ser, o que deixa a menina completamente desmotivada. Pela primeira vez na história do seriado, o arco de Arya foi desinteressante e o mesmo seguiu com sua irmã, Sansa, que foi deixada em Winterfell pelo “mindinho”, Lorde Petyr Baelish (Aiden Gillen) para se casar com o cruel Ramsey Snow (Iwan Rheon), que agora detém o sobrenome Bolton. Aliás, o jovem ator Iwan Rheon merece ser elogiado por suas ótimas atuações que não vêm desta temporada. Ramsey já é mais odiado que o falecido Geoffrey por toda crueldade (merecida, diga-se) cometida a Theon Greyjoy (Alfie Allen), que foi transformado praticamente num cão doméstico, além de cometer outros atos cruéis e sádicos de gostos duvidosos que causaram muita ira e controvérsia aos fãs, como o estupro de Sansa, assistido por um arrependido Theon, que cresceu junto a Sansa como se irmão fosse.
Um pouco mais ao norte de Winterfell está AMuralha defendida pela Guarda da Noite, e que agora tem um novo lorde comandante, qual seja Jon Snow (Kit Harington), que liderou e saiu vitorioso na batalha contra parte dos selvagens liderados por Mance Rayder (Ciaràn Hinds). Jon, que contou com o apoio de Stannis Baratheon para aprisionar Mance, se viu numa situação difícil, tendo que recusar, inclusive, o sobrenome de Stark oferecido por Stannis caso a Guarda da Noite o ajudasse em sua investida contra os Bolton em Winterfell. Porém, presenciou um dos momentos mais sensacionais da temporada, quando liderou uma expedição à terra dos selvagens para oferecê-los ajuda e abrigo no Castelo Negro. A investida não deu muito certo e Jon e a Guarda da Noite tiveram a certeza de que o inverno tinha chegado por conta da horda de White Walkers que atacou a vila dos selvagens. Não sei se foi intencional, mas, aqui, os efeitos especiais lembraram muito (claro, com a tecnologia dos dias atuais) os do primeiro Fúria de Titãs, além de remeter e muito ao jogo Diablo. Aliás, seria muito bom se todas as casas de Westeros parassem de guerrear umas com as outras e se unissem contra os White Walkers. Realmente, o que vai acontecer daqui pra frente é uma incógnita. O que nos resta é acreditar que, de fato, esses seres são coisa séria.
De qualquer forma, ainda que essa quinta temporada tenha sido morna, o maior seriado da história do canal HBO e o mais pirateado do mundo continua com sua qualidade inegável. Infelizmente, os arcos não emplacaram, muito menos empolgaram, exceto por uma vez ou outra. Porém, não se sabe o que aconteceu, uma vez que o time de roteiristas continuou o mesmo. O que mudou muito em relação às outras temporadas foi o time de diretores, sendo que muitos deles dirigiram a série pela primeira vez. Não tivemos grandes nomes como Alan Taylor (que dificilmente retornará, por ter feito filmes como Thor: O Mundo Sombrio e O Exterminador do Futuro: Gênesis), David Nutter, Michelle McLaren e Neil Marshall. Mas, ainda assim, fica aqui a curiosidade sobre qual será o desfecho dos personagens nas próximas temporadas, uma vez que deixou claro que muitos deles já fizeram as suas últimas curvas para o final da história, que deverá ser em mais duas ou três temporadas.
Bem-vindos a bordo. Flávio Vieira (@flaviopvieira), Filipe Pereira, Carlos Brito eWilker Medeiros (@willtage) recebem Bernardo Cury (@bernardocury) para falar de cinema, quadrinhos e o final de temporada de Game of Thrones e Walking Dead.
Duração: 81 min. Edição: Wilker Medeiros Trilha Sonora: Wilker Medeiros
Arte do Banner: Bruno Gaspar
Muito se fala de Game of Thrones, obra escrita por George R. R. Martin e lançada nos EUA em 1996, principalmente depois do sucesso da série televisiva. Resolvi enfim embarcar nessa jornada por intermináveis 500 e tantas páginas, e tentar entender um pouco os motivos desta obra ser tão falada nos últimos tempos.
Nesse primeiro capítulo das Crônicas de Gelo e Fogo, talvez pelo meu primeiro parágrafo já seja possível entender uma das minhas maiores críticas à obra, que é justamente a sua extensão. Criticar a extensão de Guerra dos Tronos, não quer dizer que eu desqualifique automaticamente qualquer obra que seja longa, com descrições infinitas, ou passagens arrastadas, longe disso. O meu problema nesse aspecto se deve ao fato da quantidade de informações, personagens, locais, tramas, subtramas, e que muitas vezes, lemos páginas e mais páginas, para que nada aconteça, a história não se movimente, ou às vezes até servem de gancho a um futuro acontecimento, mas o período de preparação para isso se torna tão longo e enfadonho, que quando o fato preparado 200 páginas antes acontece, a sensação está mais para alívio por finalmente sair das páginas alguma coisa que realmente importa, do que de assombro ou surpresa.
Ainda sobre a quantidade excessiva de nomes, personagens, locais, tramas, acontecimentos, histórias, mitologias. Um bom professor de literatura certa vez disse-me, fazer uma história, envolvente, e que se desenvolva de maneira satisfatória, com uma porção de personagens e núcleos de enredo, é mais fácil e suscetível a agradar o público geral, do que uma história com poucos personagens, mas que sejam bem aprofundados e consistentes (O contexto dessa frase se deu, quando alguma novela estava fazendo grande sucesso e era o assunto do momento, não me pergunte qual). Essa frase pode nem ser verdade, mas ainda assim me permeou toda a experiência com o livro. Me parece que na história existem núcleos e pessoas para todos os gostos.
Há quem penderá para o lado de Winterfell, por simpatizar com os aspectos de paladinos do bem. Há quem goste dos Lannister, pela falta de escrúpulos e a inteligência de Tyrion. Ou principalmente Daenerys, porque dentre todos segue um arco mais próximo da jornada do herói. Deve haver até quem goste do qual não me lembro o nome (afinal são tantos), mas é o eunuco que fode geral, por mais contraditório que isso seja. Enfim, o leque é amplo.
É claro que não há só pontos negativos, a grande história do livro por assim dizer, a luta pelo poder e pelo trono de ferro de Westeros, os Sete Reinos e etc. Claramente inspirada pela Guerra das Rosas, período que se sucedeu uma série de intrigas e batalhas pelo poder na Inglaterra do século XV. É muito bem construído, intriga e faz com que o leitor se sinta interessado em que fim vai dar tudo aquilo.
Os elementos fantásticos daquele mundo também são interessantes, as estações do ano, que não seguem a nossa lógica, com verões longos, e invernos que podem durar 10 anos. Nos intriga ao pensar em qual será a influência desse rigoroso e temido inverno à todos esses jogos de poder da corte. Além de criaturas temidas que há tanto tempo não são vistas, que muitos acham até que já não são mais uma realidade, ficamos interessados em como o autor amarra todos esses elementos.
Até mesmo as intrigas internas e os jogos de poder menor, com um personagem apunhalando o outro pelas costas para que tire proveito disso, também são satisfatórias, e talvez até a alma central do livro. Mas nelas também reside grande parte dos problemas já anteriormente citados, pois sempre envolvem um sem fim de nomes, problemas que nos levam a mais intrigas, formando uma teia enorme e modorrenta de pequenos fatos, até chegar a algo que realmente tenha impacto.
Já que falei de impacto, talvez o último importante ponto a ser citado é o tratamento que o autor dá a importantes personagens. Pelo menos nesse primeiro capítulo da saga, pode-se notar que pelo bem da história, qualquer um pode estar a perigo, seja de perder tudo que tem, seja de uma morte inesperada. Isso é bom por duas vias, tanto para mostrar que mesmo os nossos heróis ou vilões favoritos, continuam humanos e podem ser derrotados, e mais ainda pelo fator de surpresa que a história pode lhe oferecer. Já por outro lado, dada a minha insistência em bater nessa tecla, a quantidade de núcleos presentes na obra, comporta a falta de qualquer um dos grandes personagens. Podendo naturalmente o papel de um, ser suprido por outro, nas mesmas condições de caráter e fio condutor de uma situação, sem que hajam reviravoltas extraordinárias.
No geral, vejo Game of Thrones apenas como um grande tomo regular com algumas boas passagens, um livro de fácil digestão, que pouco de substancial oferece ao leitor além do que já está impresso no papel e ao fim causa um sentimento dúbio naquele que o consome (desde que este não seja um fanático por fantasia medieval), pois a grande saga retratada, instiga e nos causa interesse de saber como tudo aquilo irá terminar. Mas ao mesmo tempo toda a carga de passagens desnecessárias, inundação de personagens, e o total de mais seis livros a frente (todos maiores do que o primeiro), me espantará de seguir adiante com a criação de Martin. Um último e rápido ponto, quanto a todas as hiperbólicas conotações do livro, como genial, revolucionário, livro mais importante do século XXI (sim, já li até isso), só posso dizer: menos, muito menos.
O inverno ainda não chegou, mas não tem problema, pois mesmo assim a recém concluída segunda temporada de Game of Thrones manteve o alto nível da estréia no ano passado e consolidou a série como uma das melhores da atualidade (só não é A melhor porque existe Spartacus). Adaptando o segundo livro da saga, A Fúria dos Reis, mas mantendo o nome simplesmente por questões de marca, a HBO mais uma vez esbanjou qualidade e cuidado em todos os elementos da produção. Direção sempre impecável, figurinos e cenários, muitos deles reais, mais uma vez dignos de blockbusters cinematográficos, e atuações se não brilhantes, todas competentes.
Até mesmo nos roteiros, aspecto mais discutível e complexo (principalmente pra quem leu os livros), a emissora soube trabalhar muito bem. Essa temporada trouxe muito mais mudanças do que a anterior, todas ainda justificáveis pelas limitações de orçamento e duração dos episódios. Em muitos momentos, não deu pra evitar uma sensação de estar vendo um resumão, ultra rápido e um tanto for dummies, do livro. Mas o mais importante é que se manteve uma grande fidelidade, com as alterações levando a trama pra onde ela precisa ir, sem uma preocupação babaca com “originalidade” desviando a história pra caminhos muito menos interessantes. Aprende, The Walking Dead!
Em linhas gerais, a temporada foi menos impactante que a passada. Mas nem poderia ser diferente, pois o segundo livro é inferior ao primeiro. George R. R. Martin tem um problema sério com os livros pares, fato que se confirma de vez em O Festim dos Corvos. Mas isso é assunto pro futuro. Por enquanto, uma análise dos núcleos desse ano 2, com evidentes SPOILERS.
Em Porto Real, o protagonista indiscutível (ao menos no livro) Tyrion esteve por cima da carne seca. Enviado pelo pai, o fodão-mor Lorde Tywin, para ser a Mão do Rei, o Duende teve que se virar pra organizar um pouco as coisas. Entre o Rei mais imbecil, despreparado e leite com pêra que os Sete Reinos já viram, e sua mãe ainda mais tola e inútil do que no livro, tarefa ingrata. Como tempo urge, pouco se viu das várias reuniões do conselho onde questões gerais do reino são debatidas. O foco foi mesmo em gerenciar a cidade e os preparativos pro ataque iminente de Stannis. Peter Dinklage mais uma vez deu show em todas as cenas que apareceu.
Também na capital, a personagem mais insuportável, insossa e sansa: Sonsa. Ah, vocês entenderam. Problema sério aqui: se no livro a utilidade dela é basicamente termos a visão do que acontece neste núcleo, na série isso acaba sendo desnecessário. Então uma personagem já fraquíssima se enfraqueceu ainda mais. Não deu nem pra sacar por que ela insistiu na atitude besta de “eu amo Joffrey e está tudo bem”, isso no livro fica mais bem explicado. Sansa não é esperta e ativa como a irmã, pois engoliu toda educação de lady que lhe foi passada. A cortesia é, então, sua única arma pra sobreviver naquele ninho de cobras.
Falando na Arya, ela é uma das personagens que chamo de “pé na estrada”. Em todos os livros, sempre tem alguém viajando pelo reino, a utilidade é mostrar os efeitos da guerra por todos os cantos. Mas esta storyline sofreu bastante com os cortes e aceleradas. Já de início, a batalha em que Yoren morre (que no livro é um mini-cerco a um castelo) teve sua grandiosidade apagada pra um simples ataque noturno na floresta. Depois, em Harrenhall, também pouco se trabalhou na crueldade com que as tropas Lannister agiram contra as aldeias da região dos rios, e menos ainda se mencionou Beric Dondarrion e a Irmandade. As várias interações entre a menina e Tywin (inexistentes no livro), mesmo que tenham rendido cenas interessantes, geraram muita expectativa que inevitavelmente resultou em nada de nada. Por outro lado, tudo relacionado a Jaqen H’ghar atendeu as expectativas, sendo a melhor coisa desta subtrama.
Ainda nos Stark, Bran pouco apareceu, como era previsto. Entre ser o lordezinho de Winterfell e uma leve introdução aos Sonhos de Lobo, aspecto mais interessante desse personagem, não havia muito pra onde ir com ele ainda. Sua participação será mais ativa na próxima temporada. Catelyn, outra da categoria “pé na estrada”, no início serviu pra vermos a corte de Renly Baratheon, um cara que honra o símbolo da sua Casa. Mas como ele acaba morrendo logo de cara (única morte relevante da temporada, e eu avisei que tinha spoiler), essa parte serve mesmo pra apresentar/situar personagens que serão explorados mais a frente, como Margaery e Loras Tyrell, além de Brienne de Tarth.
Esta última, aliás, vai protagonizar uma das partes mais surpreendentemente legais da próxima temporada, ao lado de Jaime Lannister. Pois Catelyn, na sua dor mãe, acaba libertando o Regicida pra tentar reaver as filhas. Esse plot acabou sendo antecipado, o que foi uma boa, pois assim vimos mais de Jaime. Quem pensava (como eu) que ele era só um vilãozinho vazio e unidimensional, já começou e ainda vai se surpreender muito. Na minha opinião, é com ele que Martin mais se revela MESTRE (ou meistre, hehehe) no quesito desenvolvimento de personagens.
Voltando a Catelyn, no livro é somente através dela que vemos Robb, e na série sabiamente o Rei do Norte assume o centro das atenções em seu próprio núcleo. Não pra reclamar das batalhas não serem mostrada, pois no livro é do mesmo jeito. Porém, pecou-se em não explorar praticamente nada dos conflitos internos das tropas nortenhas, dedicando este plot quase que exclusivamente ao romance. Com uma personagem, que nos livros, é OUTRA. Mas o objetivo disso permaneceu o mesmo, fazer o Jovem Lobo trair a promessa feita aos Frey, o que trará conseqüências terríveis.
Um personagem que teve muito mais destaque do que o esperado foi Theon Greyjoy. E isso acabou sendo ótimo, pois todo o núcleo das Ilhas de Ferro ficou muito bem caracterizado. Os caras são os vikings de Westeros, pô! Theon foi mais humanizado, sim, mas o que muitos encararam como uma descaracterização, prefiro enxergar como um enriquecimento da história. E o ator esteve muito bem ao retratar um merdinha que se acha o Senhor Fodão.
Por outro lado, Davos, um de meus personagens preferidos, teve sua importância diminuída. Se no livro ele é a única visão que temos da corte de Stannis, a série resolveu simplificar, focando em Stannis e Melisandre (em cenas que Davos não estava presente) e explicitando de vez coisas que o Cavaleiro das Cebolas só podia suspeitar. A Mulher Vermelha ficou muito bem caracterizada, méritos inclusive pra atriz, mas foi uma pena ver pouco da interessante relação de respeito mútuo entre Davos e seu Senhor.
Além da Muralha, Jon Snow teve sua subtrama retratada com bastante fidelidade. Sem muito a discutir aqui, pois foi tudo uma grande preparação pra próxima temporada, quando o bicho vai pegar gloriosamente nesse núcleo. Jon é sem dúvida um dos personagens mais cativantes nos livros, pois sua jornada (do herói) é bastante movimentada e épica. Pena que na série, a cara de bunda do ator acabe comprometendo um pouco. Há que se destacar aqui, a fotografia fantástica de todas as cenas, filmadas na Islândia.
Por fim, Daenerys e seus mini-dragões. Uma coisa que me divertia muito na temporada passada era ver as pessoas comentando e se preocupando com detalhes da cultura dothraki. Agora acho que ficou claro pra todo mundo que nada daquilo importava de PORRA NENHUMA, pois o foco sempre foi na Mãe dos Dragões. Ela continua sua evolução, percebendo que não é por ser a legítima herdeira do Trono de Ferro que alguém vai dar mínima pra ela. Principalmente do outro lado do Mar Estreito, na rica cidade de Qarth. Seu grande momento, o final na Casa dos Imortais, foi um tanto decepcionante. Tudo bem que essa passagem do livro era inadaptável (pra quem não sabe, é uma série de visões, uma mais doida dorgas mano do que a outra), mas creio que simplificaram DEMAIS as coisas nessa parte. Enfim, a storyline de Dany é outra que vai ser incrível na próxima temporada.
As expectativas pro ano 3 da série são enormes. A saga chega ao seu melhor momento, o fodaralhaço A Tormenta de Espadas. Os produtores já declararam que nem todo o livro será mostrado na terceira temporada, decisão mais do que acertada, afinas são quase 900 páginas de pura epicidade, onde tudo é importante e não há enrolação. A adaptação fica mais difícil do que nunca, mas a HBO já provou estar à altura do desafio. Só nos resta aguardar e confiar.
PS: George R. R. Martin, seu velho maldito, faça o favor de parar de ficar roteirizando episódios pra série e vai logo terminar os dois livros que faltam, por gentileza.