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  • Winterfell: Protocolos de Gelo e Fogo – Análise e Teorias sobre Game of Thrones

    Winterfell: Protocolos de Gelo e Fogo – Análise e Teorias sobre Game of Thrones

    Game of Thrones finalmente voltou, e com ela, a expectativa de como o Inverno chegará ao continente, os personagens usam roupas ainda mais reforçadas para o frio, e o primeiro episódio da oitava temporada tem o sugestivo nome de Winterfell. Pois bem, apenas a longa espera após Game of Thrones – 7ª Temporada, terminada por sua vez em Agosto de 2017, o resultado é um bocado óbvio, avançando bem pouco em relação ao que é visto em The Dragon and The Wolf, ultimo episodio do sétimo ano, ou seja quase nada se acrescenta dentro do que é considerado canônico no seriado/saga.

    Muito se reclamou do autor George R. R. Martin, que não entregou os livros dentro do prazo que se esperava, ou ao menos a tempo de terminar a série com o material original já concluído. Quando a HBO começou a adaptar a literatura, haviam quatro livros, e durante o decorrer dela foi publicado o quinto. Deste a quinta temporada, as histórias são praticamente inéditas visto que já haviam coberto a maioria esmagadora do conteúdo escrito por Martin, acredita-se (sem comprovações oficiais, diga-se) que há consultoria do autor nesses eventos, com Martin dando dicas aos roteiristas do que aconteceria. Mas a realidade é que, apesar do escritor demorar bastante para entregar seus capítulos, o programa da HBO pouco avança, dando pouca vazão inclusive para as teorias que fãs tipicamente fazem após ver os episódios. Nos primeiros anos por exemplo, morrem muitos personagens importantes, mas de 2015 para cá poucos morrem, exceto  vilões, como Ramsay Bolton, ou um ou outro vassalo carismático.

    Talvez a maior revelação acontece exatamente no final de 801 de GOT, quando Jaime Lannister (Nikolaj Coster-Waldau) encontra Bran Stark (Isaac Hempstead Wright), fato que não acontece basicamente desde o piloto, quando o guerreiro responsável pela morte do “Rei Louco”, por amor, se livra da presença do menino logo após ser flagrado transando com sua irmã, Cersei (Lena Headey), jogando o rapaz pela janela para a morte, fato que obviamente não acontece. No entanto, essa é a única menção real a estranha união entre o Sul dos Lannister e o Norte que seria atacado em breve pelo exercito do Rei da Noite. Ora, não se sabe sequer se há ressentimento ali entre os dois, isso pode ou não ser explorado em GOT 8.02 mas não há garantia de nada, afinal esse capítulo apesar de ter muito reencontros, se restringe a reuniões mega óbvias. Aqui não se resolve nem a possível rivalidade entre os dois personagens, nem se dá vazão para que o espadachim maneta perceba o quanto cresceu o antigo menino, e o quão poderoso e estratégico para a tal guerra ele se tornou.

    Ao invés de explorar por exemplo a questão que envolve o exercito do Sul ir ou não ao Norte combater os caminhantes brancos, o roteiro de Dave Hill resolve amarrar pontas soltas fúteis, como a união tão esperada pelos fãs virjões, entre Jon Snow (Kit Harrington) e Daenerys Targaryen (Emilia Clarke), relação essa que é morna, chata, e de interessante, só faz refletir sobre os Targaryen serem uma família incestuosa, uma vez que é difícil manter aquele cabelo branco por outras gerações – Aegon por exemplo, herdou as cores de cabelo de sua mãe, uma Stark – ainda que os dois apaixonados que ficam trocando gracejos típicos dos romances em folhetim das revistas Sabrina e Super Julia não saibam que são tia e sobrinho. A HBO rende-se a mania de shippar casais, tal qual a CW adora fazer em Arrow ou Flash, dali realmente se espera, até pelo tom juvenil dessas, aqui não.

    Uma das poucas coisas positivas nesse capitulo, é a reunião do que restou dos Starks, exército esse que tem tendência a crescer, independente até de conseguir mais alistados. A verdade revelada a Jon Snow sobre sua origem e parentesco é feita sim, por seu fiel escudeiro, Sam (John Bradley), mas carece de emoção ou dramaticidade. Soa como um artifício obrigatório e sem necessidade de ocorrer de forma tão tacanha e previsível, isso faz perder bastante do impacto que era esperado.

    Talvez o único ponto fora da curva,plantado nesse episódio,  seja o fruto da relação de Cersei e Euron Greyjoy (Pilou Asbæk), afinal, ela poderá dizer que o filho que espera é dele, e não do irmão, fato esse que obviamente não seria inédito, e que casaria com uma profecia dos livros, de que seria o destino de Jaime ser o King Slayer, para muito além de ter assassinado o Rei Louco, até por conta de uma conhecida teoria de que seria ele o responsável por acabar com o sangrento mandato de sua irmã / amante, já que ela claramente é insana e não abraça a causa continental contra o Rei da Noite. Natural que seu irmão tente repetir seu ciclo de regicídio, dadas as circunstâncias.

    No entanto, ao invés de desenvolver isto, se escolhe dar vazão a romances, e a piadas de casal, como foi feito em outra serie nerd, como em The Walking Dead, onde mais se vibrou com a relação de Rick e Michonne ao invés de refletir sobre a condição humana em um ambiente pós apocaliptico. Aqui também,  o inverno e os inimigos dos homens se aproximam, mas sempre há vazão para uma relação de amor e para comunicados com zero surpresas. Dito isto, é impressionante com Jon se preocupa mais que a honra do finado Ned Stark, que não lhe contou a verdade por conta de ter perdido a cabeça, e sempre o protegeu, diante da enormidade de situações estranhas que lhe ocorreram, com ele ressuscitando, ser descendente legítimo de duas grandes famílias é tranquilo, o que não é tranquilo é a Khaleesi falar para ele “esquentar a rainha”, aos olhos de dois dragões ciumentos…isso é difícil engolir, mas ainda há o que teorizar nos próximos seis capítulos (assim esperamos).

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  • Crítica | Operação Overlord

    Crítica | Operação Overlord

    Operação Overlord começa em 1944, algumas horas antes do Dia D, que consolidaria ainda mais a vitória dos aliados durante a Segunda Guerra Mundial. Na trama, uma equipe de paraquedistas norte-americanos invade a França ocupada pelos nazistas, com uma tarefa difícil de destruir uma torre transmissora de rádio em um ponto estratégico para os alemães. O que eles não imaginam é que ocorrem ali experiências encabeçadas por cientistas nazistas, baseadas de certa forma na realidade, mas com consequências mais exageradas.

    A companhia é formada por muitos soldados novatos. Os que mais se destacam são Boyce (Jovan Adepo) e o misterioso cabo Ford (Wyatt Russell), além de alguns personagens genéricos que servem apenas de alívio cômico, tentando evidentemente aplacar a tensão comum em filmes de guerra. No começo do filme de Julius Avery (Sangue Jovem), há um misto entre ansiedade e angústia, e essa boa sensação seria melhor aproveitada se os diálogos não fossem tão expositivos.

    Ao caírem em solo inimigo, Boyce quase sucumbe, aliás, há uma cena envolvendo o seu paraquedas e a queda na água, que faz uma referências óbvias demais a clichês de renascimento, em mais um exagero que ajuda a dar um charme de coisa irreal ao longa, e que junto à extrema violência e toda escatologia gore seja das dilerações e explosões, formam a atmosfera popular da produção de J. J. Abrams.

    Apesar de extremamente divertido, há também uma preocupação do roteiro de Billy Ray e Mark L. Smith em massificar a vilania dos nazistas, pondo eles como abusadores, malvados como o diabo e seus demônios. A figura de Wafner (Pilou Asbæk) é terrível em múltiplos sentidos, tão ruim que faz os momentos em que ele aparece soarem extremamente maniqueísta e beirando o sensacionalismo, mas nada que deponha contra o filme.

    Cada personagem tem um equivalente, uma pessoa a quem se afeiçoa ou se irrita, e isso soa bastante irritantes em alguns momentos, além disso, Boyce (que é o mais próximo da figura de protagonista) parece ter um super poder de ser imune a bombas e explosões, mas até esses super exageros ajudam a diferenciar esse de outras aventuras escapistas.

    De metade para o final o filme se assume como um trash de orçamento gigantesco. Avery parece ser muito fã da fase de terror da filmografia de Peter Jackson, pois pega emprestado algumas idéias de Trash: Náusea Total ou Fome Animal para criar a atmosfera da aventura de época. O fato da obra de Avery ser somente divertida e nada pretensiosa faz encaixa-la perfeitamente no panteão de histórias escapistas e mashups de estilos dissonantes, envolvendo filme de guerra e ficção cientifica de manipulação genética, fórmula essa que se estica mas não se torna cansativa, ao menos não nesse filme.

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  • Crítica | A Vigilante do Amanhã: Ghost in The Shell

    Crítica | A Vigilante do Amanhã: Ghost in The Shell

    Recentemente, M. Night Shyamalan disse que a onda de remakes e continuações em Hollywood está perto do fim. Tal declaração ocorreu quando o diretor divulgava seu novo trabalho autoral, Fragmentado e esse palpite certamente não alcançou A Vigilante do Amanhã: Ghost in The Shell, produção dirigida por Rupert Sanders e que já vinha sendo prometida a muito tempo. Cercado de polêmicas a respeito da mudança de etnia da maioria dos personagens, tal aspecto passa longe de ser o  maior defeito de concepção do produto.

    Sanders repete qualidades e defeitos de seu filme anterior Branca de Neve e o Caçador, mais uma vez trazendo um visual belo com um texto pasteurizado e repleto de clichês. Sua abordagem resgata alguns dos elementos do anime de Mamoru OshiiO Fantasma do Futuro, com referências inclusive ao background do diretor de animes, além de manter parte da essência do mangá Masamune Shirow através de fan-services ora pontuais ora gratuitos, no entanto, falta sutileza no tratar dos assuntos chaves.

    A personagem principal é chamada de Major e é interpretada pela celebridade Scarlett Johansson. A atriz está bem quando se exige dela um talento dramatúrgico, ainda que em alguns momentos sua performance aparente preciosismo, culpa evidentemente do roteiro de Jamie Moss e William Wheeler. O texto escolhe investir em uma discussão mais óbvia e obsoleta sobre a questão da alma e espírito sobre a inteligência artificial. É nessa transposição da linguagem tipicamente japonesa para uma visão mais ocidental, vista nas refilmagens dos Estados Unidos, que mora o principal demérito do longa. A questão filosófica de vida inteligente é minimizada para uma questão individual, no caso, relacionada a heroína da trama.

    A centralização narrativa é tanta que quase não sobra substância para os outros personagens explorados. Batou (Pilou Asbaek) por exemplo é um dos personagens mais queridos da franquia, mas soa como um sidekick de luxo. De positivo há o trabalho de Juliette Binoche como a Doutora Ouelet, Takeshi Kitano como o chefe Aramaki e o surpreendente Michael Pitt, que rouba a cena quando aparece, como Kuze. No entanto, a motivação dos três personagens em momento nenhum se justifica e se torna quase tão risível quanto a performance e background do vilão clássico, Cutter (Peter Ferdinando), antagonista que torna a experiência aborrecida.

    Apesar de não ser tão brilhante quanto a dos outros filmes, a trilha sonora casa bem tanto com o visual cosmopolita que remete à Blade Runner quanto com as sequências de ação. Para quem é fã da saga de Motoko Kasanagi e todo o universo de Ghost in The Shell há algumas referências básicas e pontuais, como cenas filmadas de maneira idêntica, uso de nomes importantes da saga além de uma preocupação por parte da direção de arte, que conseguem retratar com qualidade um cenário futurista cyberpunk capaz de se diferenciar até dos filhos da série como Matrix.

    É curioso que o título brasileiro Vigilante do Amanhã se distancie tanto do nome original, exceto pelo subtítulo em inglê. A sensação após o filme é a de se apreciar algo diferente dos materiais anteriores. Não é uma adaptação ofensiva  – ainda mais graças a toda reverência as obras de Oshii e Shirow – mas acrescentando bem pouco a franquia como um todo, uma vez que a temática é tão modificada que parece outra história, em um roteiro de qualidade baixa principalmente ao forçar o trama para uma possível continuação.