Tag: Wyatt Russell

  • Review | Falcão e Soldado Invernal

    Review | Falcão e Soldado Invernal

    Um dos problemas das séries da Marvel veiculadas na Netflix era a total desconexão com os “primos ricos” do cinema. Demolidor, Luke Cage, Punho de Ferro e Jessica Jones tiveram seus momentos, mas careciam de coesão junto as produções de Kevin Feige. Quando o produtor passou a também comandar o setor foram anunciadas algumas séries, sendo a primeira delas Falcão e Soldado Invernal.

    Como ocorreu com Wandavision, que por conta da pandemia acabou sendo lançada primeiro, foi escolhido um diretor para a temporada inteira, Kari Skogland, e o comando da série ficou por conta de Malcolm Spellman. Isso garantiu coesão em abordagem temática e ação, sendo este último um dos aspectos mais positivos dos seis episódios. Os momentos de perseguição se assemelham aos de um thriller, com a mesma ambientação que os irmãos Russo impuseram em Capitão América: Soldado Invernal e Capitão América: Guerra Civil, incluindo também um sem número de referências a personagens e momentos da historiografia do Capitão América nos quadrinhos, de Joe Simon e Jack Kirby a Ed Brubaker.

    A série troca a ideia de mostrar sidekicks agindo em torno de um legado para apresentar uma temática de excluídos tentando provar seu valor. O Sam Wilson de Anthony Mackie e o Bucky Barnes de Sebastian Stan são encarados como fracos ou não dignos de confiança. Em suma, são temas que já foram abordados em outras séries, inclusive de super-heróis como Raio Negro ou Justiceiro, mas atualizados para os dias atuais. O problema maior é que no caso da produção da Disney essas questões são mais mencionadas que desenvolvidas, com o roteiro só arranhando a superfície, quando não faz pouco caso de pautas e discursos revolucionários no arco de pelo menos dois dos personagens que orbitam os protagonistas.

    Mesmo com essas problemáticas, o saldo é positivo. O mundo em reconstrução posterior a intervenção de Thanos em Vingadores: Guerra Infinita mostra como os homens se viraram para manter a sociedade e como essas questões terrenas tem implicações graves para o globo. Falcão é um herói pragmático, mundano, sem poderes e que ainda que se mostre inseguro não refuga sua missão de combater as injustiças. Essa trama contrasta com a personalidade e tentativa de imposição do novo Capitão América. O inconsequente e violento John Walker de Wyatt Russell é a antítese desse comportamento, é super idealista, mas super impulsivo. Seu arquétipo que parece funcionar melhor nos quadrinhos para alguns personagens à margem do heroísmo clássico, mas não é o ideal para seguir o rumo do manto que o governo escolhe lhe dar. Para além até das óbvias e injustas comparações de sua persona com os heróis de Zack Snyder, já que sua construção possui muito mais nuances que as versões sombrias dos filmes da DC pós Homem de Aço.

    Há algumas conveniências esquisitas no final, muitas pontas soltas são mal amarradas e os heróis claramente fazem vista grossa para o destino de personagens que já foram seus aliados no passado. O sexto capítulo é bastante apressado, tem boa parte dos problemas que o nono episódio de Wandavision, inclusive nas questões de obviedades ligadas aos mistérios que a série estabelece. No entanto, mesmo suas conveniências seriam mais aceitáveis caso os temas espinhosos e adultos fossem tratados de maneira menos polida e conciliatória. A estética de escapismo dos heróis parecia estar sendo dobrada neste Falcão e Soldado Invernal, mas o final se percebe realmente que esse é mais um fruto das histórias medíocres (no sentido literal da palavra) do universo Marvel comandado por Feige, pois apesar de apresentar alguma coragem inicial, acaba abraçando o discurso fácil, especialmente na figura do Falcão, que durante os outros cinco episódios, parecia o mais pé no chão entre os vigilantes, mas se torna o bobo idealista que acha que usando chavões e frases feitas ajudará o mundo a ser mais justo. É piegas e nada pragmático esse desfecho, que mais uma vez aposta na fórmula de referenciar futuras produções para esconder sua própria mediocridade.

  • Crítica | Operação Overlord

    Crítica | Operação Overlord

    Operação Overlord começa em 1944, algumas horas antes do Dia D, que consolidaria ainda mais a vitória dos aliados durante a Segunda Guerra Mundial. Na trama, uma equipe de paraquedistas norte-americanos invade a França ocupada pelos nazistas, com uma tarefa difícil de destruir uma torre transmissora de rádio em um ponto estratégico para os alemães. O que eles não imaginam é que ocorrem ali experiências encabeçadas por cientistas nazistas, baseadas de certa forma na realidade, mas com consequências mais exageradas.

    A companhia é formada por muitos soldados novatos. Os que mais se destacam são Boyce (Jovan Adepo) e o misterioso cabo Ford (Wyatt Russell), além de alguns personagens genéricos que servem apenas de alívio cômico, tentando evidentemente aplacar a tensão comum em filmes de guerra. No começo do filme de Julius Avery (Sangue Jovem), há um misto entre ansiedade e angústia, e essa boa sensação seria melhor aproveitada se os diálogos não fossem tão expositivos.

    Ao caírem em solo inimigo, Boyce quase sucumbe, aliás, há uma cena envolvendo o seu paraquedas e a queda na água, que faz uma referências óbvias demais a clichês de renascimento, em mais um exagero que ajuda a dar um charme de coisa irreal ao longa, e que junto à extrema violência e toda escatologia gore seja das dilerações e explosões, formam a atmosfera popular da produção de J. J. Abrams.

    Apesar de extremamente divertido, há também uma preocupação do roteiro de Billy Ray e Mark L. Smith em massificar a vilania dos nazistas, pondo eles como abusadores, malvados como o diabo e seus demônios. A figura de Wafner (Pilou Asbæk) é terrível em múltiplos sentidos, tão ruim que faz os momentos em que ele aparece soarem extremamente maniqueísta e beirando o sensacionalismo, mas nada que deponha contra o filme.

    Cada personagem tem um equivalente, uma pessoa a quem se afeiçoa ou se irrita, e isso soa bastante irritantes em alguns momentos, além disso, Boyce (que é o mais próximo da figura de protagonista) parece ter um super poder de ser imune a bombas e explosões, mas até esses super exageros ajudam a diferenciar esse de outras aventuras escapistas.

    De metade para o final o filme se assume como um trash de orçamento gigantesco. Avery parece ser muito fã da fase de terror da filmografia de Peter Jackson, pois pega emprestado algumas idéias de Trash: Náusea Total ou Fome Animal para criar a atmosfera da aventura de época. O fato da obra de Avery ser somente divertida e nada pretensiosa faz encaixa-la perfeitamente no panteão de histórias escapistas e mashups de estilos dissonantes, envolvendo filme de guerra e ficção cientifica de manipulação genética, fórmula essa que se estica mas não se torna cansativa, ao menos não nesse filme.

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  • Crítica | Jovens, Loucos e Mais Rebeldes!!

    Crítica | Jovens, Loucos e Mais Rebeldes!!

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    Em uma breve sinopse, acompanharemos uma turma de jovens norte-americanos de um time de Baseball da Faculdade que juntos irão se aventurar em uma série de situações inusitadas regadas sempre de muita curtição.

    Ouvindo/lendo assim, sobre essa ótica reducionista muitos devem pensar: “Nossa já assisti há filmes com essa temática diversas vezes! Onde então reside o trunfo que diferencia Jovens, Loucos e mais Rebeldes de tantos outros filmes que têm uma proposta parecida? Respondo – em seu autor, Richard Linklater.

    É impressionante notar como o diretor consegue manter a excelência nessa continuação elevando a obra à um nível quase tão bom quanto o seu antecessor  Jovens, Loucos e Rebeldes cultuada comédia de 1993.

    Ambientado nos anos 80 o filme praticamente não peca e acerta em cheio em diversos aspectos. Com uma meticulosa produção, a obra faz uso de todos elementos possíveis para construir um retrato fidedigno da época, elementos notórios que  vão desde penteados, figurinos, locações até uma ótima trilha sonora e que somadas conseguem construir uma atmosfera precisa, esmerada nos mínimos detalhes.

    É interessante notar como a narrativa vai se desdobrando com uma desenvoltura deliciosa. Mesmo tendo o Baseball como ponto em comum, é admirável notar como a trama desenvolve bem suas personagens tão adversas.

    Jake (Blake Jenner) é um novato que deslumbrado com o novo e na busca de se enturmar assume o papel do fio condutor que irá nos conectar com os demais; Finn (Glen Powell) busca conquistar o máximo possível de garotas, Raw Dog (Justin Street) é o inseguro jovem que precisa se firmar perante os colegas, McReynolds (Tyler Hoechlin) só pensa em vitórias, Willoughby (Wyatt Russell) vive quase o tempo todo no “mundo das nuvens” sendo em determinados momentos a peça ‘nonsense’ do bando.

    O filme tem uma áurea despreocupada, porém se engana quem assim o encarar, já que justamente em sua simplicidade reside sua força. Linklater aqui nos prova mais uma vez a força de sua singular sensibilidade como autor, fugindo de histrionismos gratuitos, o diretor emprega muito dinamismo nesse seu novo trabalho nos tragando aos poucos para dentro da história, como alguém que puxa uma cadeira e nos convida à embarcar juntos em um papo divertido, que discorre de uma cadência agradabilíssima, fazendo com que a experiência deixe impregnado no espectador um gosto de “Quero mais”!

    Dono de uma grande feeling o cineasta procura não ser expositivo em demasia justamente por conseguir fazer com que as personagens e situações se mostrem aos poucos para o público e fazer isso com tamanha sutileza sem deixar que nada passe desapercebido é algo raro, um dom de alguém muito inteligente que sabe exatamente como dar as cartas nos momentos certos.

    Ao fim, como dito antes acima, a verdadeira sensação que fica é de que a resolução dos fatos (apesar de competente) nunca foi o enfoque principal, mas sim a jocosa aventura construída ao longo do percurso. Portanto Jovens, Loucos e mais Rebeldes é uma certeira pedida para quem busca diversão garantida.

    Texto de Autoria de Tiago Lopes.

  • Crítica | Anjos da Lei 2

    Crítica | Anjos da Lei 2

    Na atual era dos remakes e reboots, o receio de tantas produções serem lançadas apenas como caça-niqueis acaba afastando uma parte do público das salas de cinema. Porém, o grande público parece não se importar muito com isso e acaba consumindo vorazmente essas produções, o que incentiva os estúdios a investirem nesse caminho. Em sua grande maioria, essas produções são feitas a toque de caixa, sem muita preocupação estética ou com roteiro e personagens, gerando cópias e mais cópias cada vez mais genéricas e descaracterizadas.

    “Anjos da Lei 2” vem dentro deste contexto. É uma sequência de uma adaptação de uma série de TV dos anos 80, onde jovens policiais se infiltravam na escola como estudantes para investigar o tráfico de drogas. Dando sequência ao bom filme de estreia em 2011, os diretores Phil Lord e Chris Miller mantêm na segunda parte toda a fórmula que se consagrou na primeira: a relação atrapalhada, mas sempre amorosa, entre os amigos Schmidt (Jonah Hill) e Jenko (Channing Tatum), os conflitos com o chefe, Cap. Dickinson (Ice Cube), a dificuldade de Schmidt ao se relacionar com pessoas enquanto Jenko tira isso de letra, e por aí vai.

    O filme conta a história de Schmidt e Jenko sendo novamente direcionados à unidade de infiltrados para investigar a distribuição de uma nova droga antes que ela se espalhe pelo país, mas dessa vez na universidade, já que se provaram incapazes de fazer o trabalho policial convencional. Após várias tentativas frustradas de identificar a origem da nova droga e de brigarem entre si por conta das novas amizades que aparecem em suas vidas, Schmidt e Jenko precisam deixar de lado todas as suas diferenças para solucionar esse caso.

    Se a proposta do filme soa genérica e um tanto quanto inverossímil, o grande mérito de “Anjos da Lei 2” vem justamente de não se levar a sério. Ao saber que se trata de uma comédia com sátiras de vários filmes e seriados do gênero (além do próprio fato de ser uma continuação), as piadas auto-referenciais não são economizadas, especialmente nos créditos finais. As situações embaraçosas em que os protagonistas se metem durante a investigação também são muito mais exageradas do que no filme anterior, o que arranca gargalhadas do público devido, principalmente, a química entre a dupla de atores.

    Tatum não é dos melhores atores, mas ao encarnar justamente um jovem forte fisicamente, com habilidades sociais, mas não muito inteligente (características inclusive reforçadas na continuação), e com a ajuda de Hill, consegue criar um personagem carismático, interessante e engraçado. Quem também cresce no filme é o capitão Dickinson, que ganha mais espaço ao aparecer como o pai de uma aluna da mesma universidade onde os protagonistas estão infiltrados, mas que acaba dormindo com Schmidt, para aumentar ainda mais a tensão entre eles.

    Dentro disso tudo, o desfecho da história principal é o menos importante, e todos os outros personagens inseridos, como os traficantes, servem apenas de trampolim para as crescentes situações absurdas surgidas entre Schmidt e Jenko. Podemos destacar também como é positivo o fato de um filme, teoricamente de comédia, em momento algum desliza para o humor baixo, recurso tão fácil e sempre muito usado. Em momento algum as mulheres, gays ou qualquer outro grupo minoritário é tratado com desdém, muito pelo contrário. Schmidt fica uma noite com uma mulher, que logo o manda embora. Jenko começa a ter aulas sobre sexualidade e logo se posiciona a respeito dos gays, corrigindo termos ofensivos como “faggot” com um discurso politicamente correto, mas sem parecer caricato ao ponto de desvalorizar o próprio discurso.

    Anjos da Lei 2, então, repete as mesmas fórmulas consagradas do primeiro filme, mas sem se repetir como uma cópia descarada. Há evoluções na história que são interessantes de acompanhar, além das piadas e situações engraçadas que acontecem durante o longa. Quem gostou do primeiro, certamente irá se divertir também com este.

    Texto de autoria de Fábio Z. Candioto.