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  • Crítica | Turma da Mônica: Lições

    Crítica | Turma da Mônica: Lições

    Turma da Mônica: Lições é a nova versão cinematográfica das historinhas da turma do Bairro do Limoeiro, trazendo como protagonistas, naturalmente, o quarteto formado por Mônica, Cebolinha, Cascão e Magali em uma aventura que põe a prova os paradigmas e estereótipos das quatro crianças. O filme é conduzido novamente por Daniel Rezende dando continuação à Turma da Mônica: Laços, baseada na história em quadrinhos homônima de Vitor e Lu Cafaggi.

    A história se desenrola no início de modo bem lúdico, com as crianças ensaiando uma peça que será apresentada em breve. Já nesse início há um belo destaque para um dos fatores mais positivos do filme, a fuga da modernidade e da atualidade. Há uma aura retrô na construção desse universo, os telefones são antigos, os vestuários e penteados também parecem ser de outra época, e ao contrário da versão de 2019, não há um apelo tão forte a um linguajar repleto de gírias típicas dos anos 2000.

    A Turma da Mônica, de Maurício de Sousa, é sem dúvida a maior e mais popular série em quadrinhos no Brasil. Com as novas versões nas Graphics MSP, seria natural expandir, e lançar-se em outras mídias. Nessa tradução seria muito fácil ocorrer a diluição dessa aura mais inocente e ingênua que os gibis clássicos sempre tiveram, e Rezende, mesmo com tão pouco tempo enquanto diretor conduz bem seu elenco, para além do quarteto formado por Giulia Benite, Kevin Vechiatto, Gabriel Moreira e Laura Rauseo.

    Todas as participações (e são muitas) funcionam, há química não só entre os protagonistas, mas com todos os coadjuvantes (novos ou não). Há realmente uma sinergia presente entre eles, algo que remete diretamente a série de Cao Hambúrguer, Castelo Rá-Tim-Bum, que tinha um elenco de crianças que funcionavam juntos, mas bem mais velho, em média, dos que compõem o núcleo desta obra, o esperado é que não demore muito a fazer outros filmes, pois o elenco certamente envelhecerá, e pode ocorrer com ele o mesmo que com Stranger Things, onde os atores estão grandes demais para seus papéis nas temporadas recentes.

    O roteiro de Thiago Dottori trabalha bem não só o relacionamento entre os amigos, mas também as aparições dos personagens clássicos. Franjinha, Do Contra, Nimbus, Marina e tantas outras crianças aparecem, e cada uma delas têm pelo menos um bom momento como centro da narrativa. Até versões da Turma da Tina, com Rolo, Pipa e Zecão são bem representadas, e embora não tenham o mesmo poder do Louco no piloto automático, e sirva ao roteiro como a contraparte mais velha da Mônica, uma torta tática de roteiro utilizada desde que o cinema se tornou uma forma de arte super popular.

    Turma da Mônica: Lições apresenta uma nova versão para os meninos e meninas, obriga-os a crescer e perceber que precisam um do outro, mesmo quando são forçados a se separar. Além disso, as superações deles, por menores que sejam, representam bem os tentos que crianças devem ter ao longo de sua infância. Obviamente, o maior foco da adaptação é a diversão, mas sua história é coesa e mesmo nas interferências bobas, ainda conseguem soar doces.

     

     

  • Resenha | Capitão Feio: Tormenta

    Resenha | Capitão Feio: Tormenta

    Iniciativa da Graphic MSP, Capitão Feio: Tormenta é baseado na persona de um dos vilões da turma do bairro do Limoeiro, o sujeito que vive sujo e nos esgotos da cidade onde Mônica, Cascão, Cebolinha e Magali vivem. Essa é a segunda história roteirizada e desenhada por Magno e Marcelo Costa, continuação direta de Capitão Feio: Identidade, e seu tom é bem semelhante aos comics de super-heróis dos Estados Unidos.

    A história é bem simples e curta. Mostra o personagem principal tentando viver sua vida normalmente, sendo interrompido por um vilão, chamado Cumulus, o homem nuvem, que propõe a ele uma união contra as forças do bem, e ao ser contrariado, ataca Feio e seus capangas, as criaturas de sujeira que moram com ele nos esgotos. Além desse personagem, há também a participação das gêmeas Clotilde e Cremilda, em versões bem diferentes dos gibis antigos de Mauricio de Sousa, além de Olimpo.

    A obra possui cores bem características e vibrantes, assinadas por Mariana Calil auxiliada por Rod Fernandes. A história diverte, ainda que emule o mais do mesmo das histórias clássicas das editoras DC e Marvel os autores abrem mão dos maniqueísmo típico dessas histórias. A trama ainda termina cheia de ganchos, como a anterior, atrelando o passado do protagonista a outro personagem antigo de Mauricio, associação essa até bem óbvia se analisar o visual dos dois.

    Há breves aparições de Cebolinha e Cascão, em atenção ao fato de Feio ter aparecido primeiro nas revistas deles. Magno faz questão de atrelar essa história aos quadrinhos do Astronauta de Danilo Beyruth, aumentando a sensação clara de que esse é um universo compartilhado, onde pelo menos as histórias mais adultas se passam na mesma linha do tempo.

    Capitão Feio: Tormenta é violento, mistura bem momentos típicos de series policiais e clichês de super-heróis como experiências cientificas que produzem poderes nas pessoas. O personagem varia bem entre o anti-herói e o herói falido, tem uma índole que desafia os conceitos de maniqueísmo que povoam os gibis de herói e vilão, e mesmo simples, mostra uma história com todos os elementos que normalmente estão presentes nas histórias clássicas de Batman, Superman, Homem-Aranha e outros personagens de franquias famosas e rentáveis, em tons diferentes e igualmente exitosos as fórmulas vistas nas historinhas mais infantis da linha Graphic MSP.

  • Resenha | Astronauta: Assimetria

    Resenha | Astronauta: Assimetria

    Ao repaginar o Astronauta desde 2012, sob o selo Graphic MSP da editora Panini, Danilo Beyruth fez o que o personagem mais merecia: dar poder e emoção a combinação perfeita de ficção científica, e fantasia que suas histórias sempre tiveram, ainda no domínio criativo de Mauricio de Sousa. Se em Magnetar e Singularidade o efeito já tinha sido alcançado, em contos extremamente ambiciosos e visualmente delirantes, é em Assimetria que tudo se encaixa. Aqui, a impressão é que um arco do Astronauta se fecha, e outro logo se abre, com futuro e passado não apenas se encontrando, mas criando uma nova dimensão repleta de inesperadas possibilidades.

    Assimetria é o mais próximo que o Astronauta já chegou de participar de uma história estilo “E se…?”. Sempre confuso com suas chances perdidas de morar com o seu grande amor, a doce Rita, o conquistador brasileiro do espaço abdicou tudo pela profissão. Em nome da ciência e nada mais, o cara já ficou perdido nos confins das estrelas e investigou buracos negros com toda a bravura que um homem pode ter. Mas, e se o Astronauta interferiu nas dimensões que existem nas extremidades desse buraco, e sem querer, mudou o rumo de sua vida? Agora, ao sair da Terra para verificar a origem misteriosa de um sinal que vem do polo norte de Saturno, nosso orgulho nacional vai ser dar conta que o sinal é um chamado de uma entidade perigosíssima…

    … condenada a derrubar mundos inteiros (numa clara alusão ao Galactus, da Marvel). Como se isso não fosse o suficiente, o Astronauta descobre que essa força da natureza não apenas já exterminou um segundo planeta Terra, mas obrigou os poucos humanos sobreviventes a escapar para o espaço, incluindo o próprio Astronauta dessa realidade paralela – e destruída. Mais velho e bem menos impulsivo que o herói “original”, sua segunda versão casou-se com a Rita e juntos tiveram uma filha, a super corajosa Isabel – e um robô do Horário, útil nos piores momentos que todos irão enfrentar, juntos. Agora, todos possuem duas opções: impedir essa criatura interestelar de alcançar outras Terras, em especial a nossa, ou ver a história se repetir e tudo parecer diante de seus olhos.

    Beyruth continuar a criar painéis de formas aliado as cores impressionantes de Cris Peter, que mesmo quando não ocupam uma página inteira em Assimetria nas cenas de maior aventura, deixam quaisquer leitores embasbacados nos instantes mais decisivos e poéticos, do livro ilustrado. O autor honra a confiança de Maurício de Sousa a cada nova reviravolta, ao entender e vibrar a personalidade de cada personagem, e ao simbolizar enfim e da maneira mais orgânica e criativa possível que o amor é a força mais poderosa do universo, ainda mais crucial que a potência que existe em equações frias, e códigos tecnológicos que nos fazem cruzar nossa atmosfera rumo ao desconhecido. Assim, os quadrinhos do Brasil tornam-se agraciados com os contos modernos do Astronauta, um ícone dos quadrinhos atualizado (e homenageado) com perfeição às novas gerações.

    Compre: Astronauta – Assimetria.

  • Resenha | Astronauta: Singularidade

    Resenha | Astronauta: Singularidade

    O Astronauta (Pereira), também conhecido apenas como Astro, é um dos personagens mais famosos de Maurício de Souza, junto do Chico Bento, Penadinho e outros ícones dos gibis brasileiros. Por isso, uma releitura da figura azul e laranja que ama explorar o universo e seus limites deveria estar à altura de suas clássicas aventuras, repletas de imaginação, senso de questionamento e desejo de exploração. Tal qual um Indiana Jones intergaláctico, Astro é sozinho para o Brasil o que a destemida turma de Interestelar foi para os Estados Unidos, no filme de Christopher Nolan. Um grande motivo de orgulho e admiração para o seu povo à espera do seu retorno, numa missão fantástica rumo ao centro de um buraco-negro que, desta vez, o eterno apaixonado pela Ritinha do bairro do Limoeiro vai ter que contar com uma ajuda inesperada.

    Ao regressar dos confins do espaço, ferido e doente após os eventos da ótima história Magnetar, Astro é resgatado por uma equipe estrangeira que ajuda o homem a se recuperar, física e psicologicamente (a história nunca revela qual é essa nação). Para agradecer e mostrar diplomacia pela assistência amistosa ao maior astronauta do Brasil, a BRASA (agência secreta com os mesmos fins da NASA americana) decide enviar o seu principal cientista junto de um misterioso agente militar deste país, o Major, e de quebra ainda obrigam o Astronauta a alojar em sua nave uma sensível psiquiatra para analisar de perto as condições psicológicas do nosso herói, ainda cheio de obstinação para dar e vender. Nunca a nave redonda e dourada transportou tanta gente (“Isso está parecendo um ônibus!”), mas tudo é válido em prol da ciência. Tudo, mesmo?

    Singularidade pode enganar quem acha que a história é apenas um conto didático sobre um dos maiores enigmas do universo: buracos-negros, um fenômeno que desafia a física ao sugar tudo ao redor de si, desde meteoros até planetas inteiros, logo após a explosão de uma gigantesca estrela que o forma em uma constante expansão destruidora. Nada escapa de sua fome, e o que parece ser apenas uma exploração científica rapidamente torna-se uma exploração sobre a natureza tão imprevisível do homem, quanto a do próprio universo e o seu caos gigantesco, sempre reordenando o vazio, as estrelas e a vida. Em certo momento, a Doutora e o Astronauta entendem que a missão não será tão fácil assim, uma vez que a ambição e a ignorância humana não têm fim e podem botar tudo a perder, ainda mais quando uma nave (ou seria uma sonda?) alienígena aparece para atrapalhar tudo.

    O roteiro e as ilustrações delirantes de Danilo Beyruth são sob medida para orgulhar não apenas Maurício de Souza, mas o público que sempre seguiu as peripécias do Astronauta e, agora, ganha a oportunidade de se deleitar com uma abordagem mais dramática e espetacular, porque não, deste verdadeiro símbolo da ficção-científica brasileira. A editora Panini continua com um impecável trabalho gráfico em Singularidade, ofertando a história um tratamento estético de cores e texturas digno de se rasgar elogios. Beyruth se supera em comparação a Magnetar, e prova aqui ter um talento especial de revitalizar e expandir o nosso encantamento para personagens já solidificados no imaginário popular do Brasil. O Astronauta aqui segue em boas mãos, caso ele consiga (de fato) escapar de onde nem mesmo a luz consegue fugir.

    Compre: Astronauta – Singularidade.

  • Resenha | Astronauta: Magnetar (2)

    Resenha | Astronauta: Magnetar (2)

    Dos confins do espaço, um astronauta bem famoso está isolado, sem viva alma para ajudá-lo a voltar para casa – tampouco sem computador, pifado. Parece que o Astronauta, um dos mais icônicos personagens de Mauricio de Sousa, realmente foi longe demais desta vez, em toda a sua fome de conhecimento. Agora, nosso Cabral das estrelas foi aonde nenhum outro homem ousou atingir: a órbita de uma misteriosa estrela que dá nome a este livro, uma Magnetar. Um corpo celeste altamente magnético, mais brilhante que o sol, e mais perigosa que todos os eventos da Terra, reunidos em um único ponto. Seus estudos ainda seguem incompletos, mas se alguém pode coletar informações presenciais dessa estrela para entendê-la melhor, há muitos anos-luz do nosso pequeno planeta azul, é o nosso amigo intergaláctico, criado em 1963 junto das tirinhas de jornal da Turma da Mônica.

    Mas ele não esperava que o universo, indiferente as ambições humanas, sabotasse sua expedição repleta de coragem, motivada (no começo) por pura curiosidade científica. Logo ao pousar num dos asteroides que gravitam um Magnetar, sua nave é danificada e ele fica sem oxigênio, ao usar todo o ar que tinha em seu traje espacial para sobreviver, e conseguir numa quase missão-suicida voltar a sua nave redonda. Sozinho, e sem a tecnologia de sempre para lhe ajudar nessa missão, como nosso amigo sairá dessa? Em 2012, para comemorar os quase 50 anos de personagens como o Astronauta, Bidu, Louco e Chico Bento, entre tantos outros da espetacular mitologia da Turma da Mônica, a mais popular série de quadrinhos de todos os tempos no Brasil, Maurício de Sousa escolheu artistas que pudessem empregar a seus clássicos ícones novos traços, e novas perspectivas, muito além daquela simplicidade que tanto nos habituamos a ler, nos gibis originais.

    Assim, a aventura de Astronauta pode ser algo chocante para os leitores mais nostálgicos, pois os temas aqui narrados com grande dinamismo e paixão são profundos a ponto de nos inspirar, e talvez, criar nossas próprias histórias imaginárias para esse aventureiro das galáxias. Desamparado, o Astronauta combate o isolamento enquanto tenta consertar em vão a sua nave. Um confinamento que começa a mudar o homem enjaulado e cada vez mais paranoico, enquanto o tempo passa e a beleza e o mistério de um Magnetar tornam-se desprezíveis para o animal pensante preso num cockpit, assombrado pelos fantasmas do passado. Pela culpa de estar tão longe da família… Na trama, o quadrinista Danilo Beyruth, responsável pelo premiado Bando de Dois, ao lado da colorista Cris Peter, comanda um exercício criativo ao testar os limites físicos e psicológicos de uma pessoa, lembrando-nos que nunca estamos no controle de nada, mas a escolha de reagir ao caos vem de nós, seja no fundo do mar, ou no mais distante asteroide que temos alcançado desde o final dos anos 60.

    Tal qual o filhote de dinossauro Horácio e sua perspicaz filosofia, o Astronauta é a personificação irreverente do lado científico de Maurício de Sousa, como ele bem nos informa na introdução que abre essa publicação da editora Panini, que destaca a exuberância do traço e a narrativa gráfica de Beyruth, que assim como a trama que reflete a graça das primeiras histórias do Astronauta, mantém e ainda expande a identidade visual do personagem, em painéis inventivos e surreais, abusando perfeitamente das cores e do silêncio, em algumas situações. Como nos tempos das caravelas, os homens das estrelas também se jogam em seus “abismos” de imprevisão em nome do fim da ignorância, arriscando a vida pelo amor ao desbravamento. Eis uma ode hipnótica ao que rege não só a profissão, mas à nobreza similar das criações de Maurício. Magnetar é pura invenção e renovação, homenagem e deslumbramento, inclusive, a quem nunca leu um gibi sequer da Turma da Mônica e encontra, aqui, a oportunidade perfeita em desbravar (ou reverenciar) o seu encanto, sem igual.

    Compre: Astronauta – Magnetar.

  • Resenha | Jeremias: Pele

    Resenha | Jeremias: Pele

    Normalmente quando escrevo para ao site busco manter uma estrutura com uma breve introdução, sinopse, discussão sobre o quadrinho e por fim uma avaliação se vale a pena ou não a leitura da HQ. Tal como o quadrinho de Rafael Calça (roteiro) e Jefferson Costa (arte) vamos mudar tudo e fazer algo diferente: leia, simplesmente leia esse quadrinho. Que me desculpe os outros autores que participaram da MSP, e muitos com grandes histórias, mas Jeremias – Pele é, em minha opinião, o melhor título lançado pelo selo até então.

    O primeiro ponto para sustentar essa minha afirmação é que esse quadrinho transcende os seus objetivos primários, não se trata apenas de entretenimento ou mesmo de arte se levarmos a discussão para esse campo, mas de uma abordagem que faz com que a história se embrenhe por questões sociais extremamente relevantes para o nosso país, nesse caso o racismo. Não se trata aqui de falso moralismo, mas o quadrinho toca onde a ferida dói, em nossos preconceitos básicos, de enxergar o negro em funções consideradas menores dentro de uma divisão social do trabalho, de considerar que uma pessoa negra não possa ser bem sucedida a não ser em profissões pré-estabelecidas e muitas vezes caricatas.

    Pele aborda também o bullying que esse grupo social sofre diretamente, como mostrado pelos colegas de turma do Jeremias e outros de maneira indireta (num típico exemplo de racismo velado), como é o caso da professora do protagonista que distribui profissões aos seus alunos para um trabalho escolar. Se isso não fosse o bastante, o quadrinhos também destaca pontos que nos fazem refletir: por que o negro ou o pobre não tem o direito de sonhar? Por que não se pode concede a essas pessoas a possibilidade de ao menos almejarem uma melhor situação na sociedade? São questionamentos são apresentados durante a história tanto de forma direta quanto indireta.

    Não se pode esquecer também de alguns personagens coadjuvantes, principalmente os pais de Jeremias. O inconformismo do pai não se trata de raiva devido aos problemas do filho, mas uma questão geracional que ele passou e vê seu filho em uma estrutura social muito parecida, o que faz entender a explosão de nervos e como a embalagem do preconceito pode mudar, mas não o seu conteúdo. O mesmo se pode dizer da mãe e o seu relato sobre sua infância e seus cabelos e como ela passou por um processo de aceitação para ter o visual dos dias de hoje.

    Enfim, uma HQ sensacional, de uma importância tremenda para os nossos dias e que certamente, tendo em vista o alcance de Maurício de Sousa, fará um belo trabalho educacional desde a mais tenra idade até os mais marmanjos. Destaque para o trabalho de arte de Costa, que possui um traço dinâmico, e utiliza as cores em prol da narrativa, além de diversas referências espalhadas ao universo da Turma da Mônica, e claro, ao movimento negro. O álbum ainda conta com um belo texto de quarta capa do rapper Emicida. Como dito anteriormente, Jeremias – Pele transcende a própria mídia e vai além pela crítica e pelo posicionamento. Aliás, deve-se louvar uma leva de artistas e quadrinhos nacionais que tratam de questões sociais e realizam uma justa e necessária crítica ao nosso contexto atual.

    Compre: Jeremias – Pele.

    Texto de autoria de Douglas Biagio Puglia.

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  • Resenha | Chico Bento: Pavor Espaciar

    Resenha | Chico Bento: Pavor Espaciar

    Tendo como pontapé inicial o projeto MSP 50 – Mauricio de Sousa Por 50 Artistas — que propunha uma reinterpretação dos personagens clássicos de Mauricio por 50 artistas diferentes —, as graphics novels MSP ganharam forma três anos depois com o anúncio de quatro álbuns: Astronauta – Magnetar, Turma da Mônica – Laços, Chico Bento – Pavor Espaciar e Piteco – Ingá, todos publicados pela Panini Comics. A intenção do projeto era compor um álbum inteiro dedicado a cada personagem, formato bastante familiar com publicações europeias como Spirou, que teve uma série de histórias produzidas por diferentes quadrinistas, cada um deles utilizando um estilo e abordagem diferente daquele pensado por seus criadores (essa coleção tem sido publicada no Brasil pela SESI-SP Editora).

    Depois de um início arrebatador com uma história no espaço repleta de elementos ficção científica em Magnetar (roteiro e arte de Danilo Beyruth e cores de Cris Peter), e, posteriormente, uma aventura nostálgica e emotiva em Laços (texto e traços dos irmãos Vitor e Lu Cafaggi)foi a vez de Gustavo Duarte fazer sua releitura do caipira mais simpático da Vila Abobrinha: Chico Bento. Tarefa nada fácil, principalmente para um personagem tão querido, bem como para aqueles leitores que podem chegar completamente desavisados na obra do autor. Explico. A obra do quadrinista tem um caráter autoral, seja pelo seu traço característico, como também pela narrativa gráfica própria, que pouco se vale de texto para compor seus quadros.

    Pavor Espaciar aborda uma história de humor onde Chico Bento, Zé Lelé, o porco Torresmo e a galinha Giserda acabam sendo abduzidos por alienígenas. O nonsense e o humor do autor permanecem presentes, compondo uma história divertida, repleta de referências à cultura pop como ao milharal de Sinais, filme de M. Night Shyamalan; o apresentador Giorgio Tsoukalos, do programa Alienígenas do Passado, do canal History Channel; um sabre de luz de Star Wars pendurado ao lado de instrumentos de abate e corte de animais; e ainda um Michael Jackson em uma câmara criogênica; entre outros.

    Mas nem tudo são flores, Duarte parece inicialmente desconfortável. Se um dos pontos altos de sua obra é seu dinamismo, transformando os personagens em seres que parecem se movimentar quadro a quadro – quase como uma animação -, aqui em alguns momentos a narrativa sequencial parece truncada, com a ação, que deveria ser eletrizante, quase desconectada da proposta da própria história. Talvez as poucas páginas tenham prejudicado o resultado final, e isso fica claro em algumas concessões feitas para desenvolver a narrativa, como a utilização de balões de textos, algo não muito comum em seus quadrinhos com tramas mudas.

    Apesar disso, Pavor Espaciar é uma história divertida, destacada pelo traço limpo e funcional de Duarte com o acréscimo de ainda ser colorizado, diferentemente de alguns de seus quadrinhos independentes. Alem da trama, o álbum possui um texto de abertura de Mauricio de Sousa — assim como acontece em todas as graphics — e ainda um texto de quarta capa de Roger Moreira, vocalista da banda Ultraje a Rigor.

    Longe de ser um álbum tão bem realizado e comentado quanto os trabalhos anteriores em Astronauta e Turma da Mônica, ou mesmo Piteco, pelo paraibano Shiko, Chico Bento – Pavor Espaciar é bastante subestimado pelos seus leitores, mas que no geral, tem muitos mais pontos positivos do que o contrário.

    Compre: Chico Bento – Pavor Espaciar.

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  • Resenha | Penadinho: Vida

    Resenha | Penadinho: Vida

    A iniciativa Graphic MSP idealizada pelo editor Sidney Gusman tem como proposta a releitura dos personagens de Maurício de Sousa, cada artista teria uma certa liberdade para tratar de determinados personagens, garantindo novos olhares e possibilidades de abordagem dos mesmos.

    Nesta linha que foi lançado Penadinho – Vida, de Cristina Eiko e Paulo Crumbim. Os autores, que além de quadrinistas também trabalham com animação, se destacaram, principalmente, com o projeto Quadrinhos A2, no qual chegaram a ganhar um prêmio HQ Mix de “melhor publicação independente de autor”.

    A obra retrata um dilema vivido pelo personagem principal Penadinho, que recebe a notícia que o seu amor Alminha irá reencarnar e, portanto, o romance vivido pelos dois chegará ao fim. Essa trama básica demonstra uma interessante alteração do princípio de “até que a morte os separe” para “até que a vida os separe”. Mas, passado essa questão bacana, há outras questões a serem observadas no quadrinho.

    Em primeiro lugar se trata de uma trama bastante simples, uma aventura da Turma do Penadinho como outra qualquer. Para ficarmos em uma comparação dentro do mesmo projeto MSP, os irmãos Vitor e Lu Cafaggi ao produzirem Turma da Mônica – Laços também narram uma aventura simples da Turma da Mônica, porém, o fazem com personagens carismáticos em uma história emotiva e com um certo tom nostálgico, o que não pode ser dito sobre Penadinho.

    A leitura deixa sempre a sensação de que falta algo, é tudo muito normal, ordinário. E, contribuindo com essa sensação, se destaca a personagem Alminha, que é fundamental para a trama, mas em momento algum consegue transparecer qualquer carisma, o que me levou a pensar em um dado momento se o Penadinho não merecia alguém melhor para passar a eternidade.

    Mas, se a trama deixa um pouco a desejar, o mesmo não pode ser dito da arte, que é sensacional. As cores utilizadas e o próprio design de personagens é incrível, realmente digno de elogios, mostrando toda a capacidade e competência dos autores no aspecto arte sequencial. Percebe se uma fluidez no traço que agrada durante toda a leitura. Outro ponto interessante são as referências utilizadas pelos autores ao longo da narrativa, desde clássicos do cinema de terror, como também outras obras do Mauricio.

    Bem, não se trata dos melhores lançamentos da minha Graphic MSP, mas também não se enquadra entre os piores. Muitas das vezes geramos muita expectativa em relação a um determinado produto e quando essa sensação não é correspondida acaba por gerar uma certa frustração. Enfim, devido aos autores esperava um pouco mais desse trabalho, o que de modo algum signifique dizer que não se deve ler o quadrinho, apenas que não vá com muita sede ao pote.

    Compre: Penadinho – Vida.

    Texto de autoria de Douglas Biagio Puglia.

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  • Resenha | Piteco: Ingá

    Resenha | Piteco: Ingá

    O projeto Graphic MSP, nascido da iniciativa de seu editor, Sidney Gusman, em conjunto com Maurício de Sousa, consiste na releitura desses personagens por outros autores em uma linguagem diferente daquela habitualmente apresentada. Pode-se dizer que se trata de uma forma de captar os antigos fãs que envelheceram, propor novas formas de escrever as personagens ou mesmo proporcionar novos contextos e abordagens para figuras que já estão mais do que enraizados no imaginário nacional. Além disso, esse projeto proporcionou uma grande exposição dos artistas nacionais envolvidos no projeto.

    Dentro desta proposta uma das histórias apresentadas foi Ingá, do artista paraibano Shiko (Francisco José Couto Leite), que buscou uma releitura do Piteco, o carismático homem das cavernas de Maurício de SouSa. Além de “Ingá” o autor se destaca com outras obras como a adaptação do romance O Quinze, O Azul indiferente do Céu e Lavagem, já foi ganhador do Troféu HQ Mix e do prêmio Angelo Agostini, além de já ter participado de várias mostras nacionais e internacionais.

    “Ingá” se destaca em vários âmbitos e possibilidades, mas o primeiro deles é a contextualização e caracterização dos personagens. Piteco é um homem das cavernas muito parecido com o estereótipo padrão deste tipo de personagem – clava na mão, vestido com peles e um jeito rústico. O principal mérito do autor, ao meu ver, foi o de trazer o personagem para algo mais factível, adulto – conforme a própria proposta das graphics – e próximo da pré-história brasileira (termo polêmico esse, como existe algo antes da história? Mas deixa pra lá…). Shiko transforma Piteco, o homem das cavernas genérico, em uma espécie de participante de tribo indígena brasileira que viveu por volta de 5 mil anos a.C. fazendo com que a personagem passasse a possuir uma identidade mais plausível para um público mais velho e próximo de nossa realidade.

    Aliás, próximo da realidade do próprio autor, uma vez que a história se passa na Paraíba: o título Ingá se refere a Pedra do Ingá, monumento arqueológico repleto de arte rupestre e importante marco da arqueologia brasileira. Em outras palavras, Piteco passou a ter um lugar entalhado em nossa história. O próprio roteiro está intimamente ligado a esta arte rupestre, quase como uma livre interpretação do autor sobre o significado daqueles símbolos, uma vez que ainda não há consenso entre os estudiosos sobre esse tema. A arte complementa muito bem todo esse panorama, pois apresenta um traço mais real, menos cartunesco, fugindo da concepção de Maurício de Sousa, e apresentando uma leitura inovadora que representa muito bem a personagem.

    Outro destaque é a forma como o autor utiliza de elementos indígenas como o Arapó-Paco (representação do Curupira na história), M-Buantan (mais conhecida como Boitatá), Anhanguera, que possui vários significados, mas aqui tratado como um imenso pássaro voador, enfim, se apropriando de um conjunto de mitos para aproximar e dar mais consistência para o antigo Piteco.

    Poderia ainda ficar escrevendo por muito tempo sobre as virtudes de Piteco: Ingá, mas o melhor que posso fazer é indica-la fortemente. Certamente uma das melhores releituras de personagens de Maurício de Sousa até hoje.

    Compre: Piteco – Ingá.

    Texto de autoria de Douglas Biagio Puglia.

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  • Resenha | Bidu: Caminhos

    Resenha | Bidu: Caminhos

    Desenhada e escrita por Eduardo Damasceno e Luis Felipe Garrocho (Achados e Perdidos, Quiral), Bidu – Caminhos foi o ponto inaugural da fase dois das Graphic MSP, e continuou no rastro deixado pelos irmãos Caffagi, em Turma da Mônica – Laços, no sentido de remeter a nostalgia e pureza das crianças. Os mineiros apresentam uma história que demonstra o primeiro encontro entre Bidu e Franjinha, que faz um apelo à sua mãe para que finalmente tenha um animal de estimação.

    As cores da revista são lindíssimas e vigorosas, fazendo lembrar o trabalho de Cris Peter em Astronauta – Magnetar. A historia é contada sob o ponto de vista do animal, que possui uma linguagem própria entre ele e outros cães, diferenciando assim dos personagens humanos. Com poucas palavras, a história estabelecida levanta temas como cadeia de hierarquia, tanto alimentar quanto de poder, além de mostrar as agruras pelos quais passam a população canina nas ruas das cidades brasileiras. Para o leitor que gosta de animais domésticos a empatia é praticamente automática, em especial graças ao singelo traço empregado na revista e no conteúdo sentimental imposto na história.

    A trama ainda evoca uma inevitabilidade na vida de Franjinha e seu mascote, como se fosse destino de ambos se encontrarem, dependendo então a felicidade de um com o outro a partir daí. Mesmo os desencontros entre eles só ajudam a demonstrar o quanto um está fadado a ser feliz com o outro.

    De certa forma, o processo criativo de Damasceno e Garrocho serve de comentário linguístico a relação de Franjinha e Bidu,  já que os artistas preparam textos, cores e desenhos juntos, processo que tem algumas semelhanças com o visto nos irmãos Fábio Bá e Gabriel Moon em Daytripper e outros produtos. A ternura com que Caminhos é apresentada começa com essa simbiose presente no trabalho de seus autores, que conseguem dar uma boa versão para o personagem pioneiro da carreira de Mauricio.

    Compre: Bidu – Caminhos.

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  • Resenha | Astronauta: Magnetar (1)

    Resenha | Astronauta: Magnetar (1)

    Quando, após vinte anos na Editora Globo, o Estúdio Maurício de Sousa migrou para a Panini Comics em 2007, a parceria com a nova editora ampliou o resgate da Turma da Mônica em reedições do início de cada personagem, bem como a publicação de edições especiais e de encadernados com as tiras de jornal. Dois anos após a estreia na casa nova, as celebrações para a carreira cinquentenária de Maurício de Sousa foi o ponto de partida para três edições comemorativas (MSP 50, MSP +50 e MSP Novos 50) reunindo diversos artistas brasileiros compondo histórias em homenagem a Turma da Mônica.

    O selo Graphic MSP surgiu a partir da boa recepção dessas três coletâneas e possibilitou uma abordagem inédita na obra de Maurício de Sousa: a reinterpretação de seus personagens por outros autores em uma história fechada. Escolhido como o primeiro projeto desta nova linha editorial, o personagem Astronauta foi revisto por Danilo Beyruth e Cris Peter.

    Lançado em setembro de 2012, Astronauta – Magnetar causou um forte impacto desde o início. Um novo formato apresentando as clássicas personagens conhecidas pelo público, dessa vez, em uma vertente diferente, mais adulta pelo que sugeririam as divulgações da época. No prefácio que abre a edição, Sousa afirma que criou o Astronauta como forma de competir com outros personagens da época voltados para a ficção científica. Claro que o fez em seu estilo, um garoto carismático que fazia parte de uma organização brasileira dedicada aos astronautas, a BRASA. O conceito infantil, tônica de sua obra desde a criação é deixado de lado nessa história que se aprofunda em bases da ficção científica para gerar contraponto entre o Astronauta, um homem solitário em missões perigosas contra a vastidão do universo, imenso e silencioso.

    Na trama, o personagem realiza uma missão para estudar um magnetar, uma estrela de nêutrons com um forte campo magnético, quando comete um erro que pode lhe custar a vida. Como muitas obras de ficção científica, é o cerne humano que está em discussão, contrapondo a solidão de um náufrago sendo obrigado a lidar com as adversidades do espaço e a angústia interna, lutando pela sobrevivência.

    A simplicidade do roteiro de Beyruth é o destaque da trama, focada com precisão no drama, sem excessos, mas suficiente forte para demonstrar como o projeto das graphic novels produzia uma nova linha narrativa da obra de Maurício. Seu astronauta é um adulto quase amargo, resgatando do passado bonitas lições nostálgicas, como as conversas com o avô, e memórias duras como o amor perdido.

    As composições dos quadros em cada página apresentam a dimensão do espaço contrastando-a com a solidão da personagem e, brevemente, retomando a sua infância, conectando-o com as origens fundamentadas por Maurício na versão clássica. Em um roteiro tradicional que cumpre seu objeto de trazer uma nova ótica após 50 anos de uma mesma versão do personagem. Ainda que pareça cedo afirmar, o selo MSP Graphic Novel é um dos marcos contemporâneos dos quadrinhos brasileiros, sem dúvida.

    Compre: Astronauta – Magnetar

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  • Resenha | Turma da Mata: Muralha

    Resenha | Turma da Mata: Muralha

    turma da mata - muralha

    Um dos grandes problemas ao se trabalhar com releituras de personagens, independente de sua mídia, está na dificuldade de se desenvolver conceitos originais para o universo em questão ou ainda na perda de identidade dessas personagens. A grande proposta das Graphic’s MSP, idealizada por Maurício de Sousa e o editor Sidney Gusman, está alicerçada justamente na ideia de propor reinterpretações das criações do Mauricio, sempre buscando um tom mais intimista e autoral, talvez com exceção apenas de Pavor Espaciar, do Chico Bento.

    O grande problema de Turma da Mata: Muralha está na propositura de seu conceito maduro e autoral, algo que infelizmente deixa muito a desejar aos leitores que já haviam apontado certas irregularidades em algumas publicações anteriores, um fator que em Turma da Mata se torna mais evidente.

    Muralha, história que se propõe a reinterpretar os queridos Jotalhão, Raposão, Coelho Caolho e cia., traz o trabalho artístico de Roger Cruz, nos desenhos, e David Calil, nas cores, e os roteiros de Artur Fujita, certamente o principal calcanhar de Aquiles desse trabalho.

    Na trama, acompanhamos uma guerra envolvendo um rei tirano e a Turma da Mata envolta de um elemento natural chamado Calerium, o qual em contato com a água produziria vapor e seria o principal responsável pela geração de energia neste mundo, motivando embates políticos e possíveis guerras com sua escassez. Um argumento que se torna estopim para o desenrolar da história.

    Ainda que este suposto elemento natural gere vapor e seja fonte de energia da trama, estabelecendo uma justificativa possível para termos uma história ambientada numa temática steampunk, Fujita deixa isto de lado, não fazendo a menor importância se estes recursos são o Calerium, petróleo ou carvão, já que isso não acrescenta em nada na trama. Felizmente, Cruz e Calil conseguem abordar um pouco dessa ambientação em seus cenários e na paleta de cores escolhidas. É verdade que a arte abusa dos dentes rangendo, caras raivosas e cenas de luta confusas, mas isso é o menor dos problemas de Muralha.

    Os clichês típicos da jornada do herói estão presentes, dessa vez ambientados numa trama aos moldes do herói mítico inglês, Robin Hood. A suposta trama política deixa a desejar, não porque esperava um tratado político em formato de quadrinhos, mas algo minimamente bem trabalhado, quando na realidade o que temos à frente é apenas bobo e raso, e isso fica claro nos diálogos, personagens e roteiro como um todo. Diferentemente das histórias originais escritas pelo Maurício ou alguns de seus roteiristas.

    Se o diferencial das demais graphic novels era a releitura das criações de Mauricio de Sousa, o mesmo não pode ser dito sobre a Turma da Mata. Personagens unidimensionais e pouquíssimos explorados em suas características e motivações próprias beirando o ridículo, como se demonstra na figura dos vilões da trama, sem qualquer carisma ou charme típico dos antagonistas de qualquer história de ação e aventura.

    Com alguns poucos momentos de inspiração, a aventura se mostra extremamente decepcionante. Não se sabe ao certo qual era o objetivo dos autores, mas Muralha parece uma tentativa de emular os quadrinhos de heróis dos anos 90, infelizmente com o que se tinha de pior. A falta de identidade, foco e personalidade dá o tom à obra.

    Compre: Turma da Mata – Muralha

  • Agenda Cultural 61 | Vingadores 2, Game of Thrones e Walking Dead

    Agenda Cultural 61 | Vingadores 2, Game of Thrones e Walking Dead

    agenda cultural 61

    Bem-vindos a bordo. Flávio Vieira (@flaviopvieira), Filipe PereiraCarlos Brito e Wilker Medeiros (@willtage) recebem Bernardo Cury (@bernardocury) para falar de cinema, quadrinhos e o final de temporada de Game of Thrones e Walking Dead.

    Duração: 81 min.
    Edição: Wilker Medeiros
    Trilha Sonora: Wilker Medeiros
    Arte do Banner: 
    Bruno Gaspar

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