Tag: Batman 66

  • Crítica | Batman vs Duas Caras

    Crítica | Batman vs Duas Caras

    Em junho de 2017 o icônico ator Adam West faleceu após uma longa carreira de sucessos. Quase nonagenário, passou a se dedicar a dublagens, como na comédia Uma Família da Pesada e, eventualmente, reprisando seu papel de Batman / Bruce Wayne como visto em Batman: O Retorno da Dupla Dinâmica, produção em que junto a Burt Ward refez a dupla Batman e Robin do mesmo universo do seriado de 1966. Em Batman vs Duas Caras um desejo antigo do programa original foi posto em prática com o advento do personagem de Harvey Dent, dublado pelo icônico ator William Shatnner.

    O diretor segue sendo Rick Morales, o mesmo que conduziu o primeiro filme, e se mantém emulando a fantasia da irrealidade da série do Morcego, mas também ecoa algumas referencias visuais a Batman – A Série Animada de Bruce W. Timm, principalmente quando a trama tenta soar séria.

    Os heróis são apresentados ao promotor Harvey Dent e a um estranho cientista, o senhor Hugo Strange, outro vilão clássico que não teve muitas versões no áudio visual. Há referencias também a figura de Harleen Quinzel, o alter ego da Arlequina, além de um sem número de fan services, como os ciúmes oriundos do menino prodígio com a Mulher Gato dublada por Julie Newmar, a mesma que fez a personagem nas primeiras temporadas do programa.

    A trama se desenrola de maneira escapista como era na série e o uso de um experimento de lavagem cerebral que dá errado é maniqueísta na medida, substitui bem a questão mental de dupla personalidade do Harvey Dent pós O Longo Dia das Bruxas. O roteiro é divertido e brinca com a hiper exposição dos argumentos dos programas que se valem do didatismo para revelar sua trama. O excesso de explicações faz troça até com os roteiros de quadrinhos que Chris Claremont escrevia para os X-Men.

    Analisar sob a perspectiva de que esse seria o ultimo trabalho de West como o cruzado embuçado pode soar como triste, mas toda a singeleza da abordagem 01colorida que Morales emprega dribla a melancolia facilmente, seja nas participações especiais, como a do Rei Tut vilão exclusivo do programa original, ou na desculpa para a transformação transitória de Harvey em vilão. Um artifício que soa como uma escolha inteligente, que permite ao longa ser uma boa obra para ser apreciada por crianças, contendo ainda alguns bons elementos humorísticos mais ácidos, entendidos somente por adultos. Essa, ao lado de Batman 66 de Jeff Parker e Jonathan Case e outros artistas, são boas obras em homenagem ao legado que West, Ward e companhia fizeram no passado.

  • Crítica | Batman: O Retorno da Dupla Dinâmica

    Crítica | Batman: O Retorno da Dupla Dinâmica

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    O seriado do Morcego de Gotham iniciado em 1966 foi um sucesso de público à época, mas era comumente tratado como algo menor e digno de reclamações de fãs mais ardorosos, em especial depois do lançamento do Batman, de Tim Burton. Aos poucos, esse quadro mudou, com um resgate de louvor da obra, com paródias brasileiras como Feira da Fruta além da recente revista Batman 66, do roteirista Jeff Parker. É na esteira desse revival que mora Batman – O Retorno da Dupla Dinâmica, uma animação em longa metragem de Rick Morales, que conta com as vozes de Adam West, Burt Ward e Julie Newmar à frente da dupla dinâmica e da vilã felina.

    Morales tem uma experiência considerável em animações, tendo trabalhado nos televisivos A Sombra do Batman e Lanterna Verde: A Série Animada, além de alguns trabalhos com a franquia Lego. O Retorno da Dupla Dinâmica é seu projeto mais potente enquanto diretor e possui uma trama simples, com o quarteto de vilões Charada (Wally Wingert), Coringa (Jeff Bergman), Pinguim (William Salyers) e Mulher Gato (Newmar) se unindo para causar mal a Gotham, bem ao estilo do longa-metragem live action de Leslie H. Martinson.

    Alguns eventos dão errado e o Morcego parece ter enlouquecido por completo, ao ponto de usar uma arma de multiplicação para fazer muitas cópias de si para então substituir os cargos importantes da cidade, como o corpo policial, padeiro, cargos eletivos como prefeitos etc. O script é simples, mas ainda guarda riquezas imprescindíveis em sua execução, desde a sobrevivência da Mulher Gato no espaço sem qualquer material de astronauta, até uma boba justificativa para a função de motorista que o menino prodígio às vezes fazia.

    Há referências claras a detalhes obscuros do programa de TV, como o trio de atrizes que fizeram a persona de Selina Kyle (além de Newmar, Eartha Kitt que também fez a vilã na TV e Lee Meriwether no longa do cinema) além da tradicional subida pela corda nos prédios e itens como um escudo de calor embutido na capa do herói, fator que faz lembrar imediatamente do bat-repelente de tubarão, utilizado no já citado filme de 66.

    O clima camper típico do programa está presente no script e nas ações de Dick Grayson e Bruce Wayne. Há insinuações de cunho sexual até agressivas se levar em conta o restante das animações da DC Comics e Warner Bros, ainda que não sejam estas situações tão gritantes. As referências estão lá para quem quiser perceber. Apesar de o final parecer um pouco anti-climático, o mesmo condiz à perfeição com o lugar comum do programa, com a possibilidade de um gancho para uma continuação e claramente aludindo ao escapismo que fazia da série algo tão interessante e divertido. Batman – O Retorno da Dupla Dinâmica consegue o mesmo feito, ainda que não seja tão brilhante é um belo objeto de reverência e deixa no espectador a vontade de ver mais produtos semelhantes.

  • Resenha | Batman ’66: O Episódio Perdido

    Resenha | Batman ’66: O Episódio Perdido

    Batman 66 - O Episódio Perdido - Capa

    Algumas versões, interpretações ou fases de personagem se tornam tão marcantes que viram objeto de culto pelo público. Em 1966, Batman já havia estrelado em séries anteriores, porém a série produzida pela ABC conquistou grande audiência em suas três temporadas, em 120 episódios reverenciados. A vertente narrativa – diferente daquela conhecida hoje, focada em um herói mais inocente, sem uma personalidade taciturna – traduziu-se de formas diferentes ao abordar o Homem-Morcego. Mesmo hoje, tendo momentos quase cômicos, permaneceu no imaginário pelas boas aventuras de um período que não havia um conceito hiper-realista como representação.

    Diante deste sucesso, a DC Comics desenvolveu uma nova revista destacando essa fase do herói, uma homenagem explícita explorando a narrativa da série, como os conhecidos cortes de cena e as cenas de luta cujas onomatopeias apareceriam na tela. Batman 66’ teve 30 edições e um especial lançado em 2015.

    Contendo diversas histórias curtas, a revista conseguiu se manter por um bom período no mercado, ainda que, devido à ausência de uma cronologia, o projeto tivesse sobrevivido em um fôlego breve e se destacasse pela natural nostalgia dos leitores. Dentro destas histórias, Batman 66’ – O Episódio Perdido apresenta uma interessante intersecção entre a série original e os quadrinhos.

    Lançado no país pela Panini Comics como edição capa dura, mesmo formato da série Batman 66’ regular, este especial adapta um roteiro que nunca foi ao ar, apresentando a origem do Duas-Caras. Portanto, trata-se de um episódio inédito cujo roteiro foi desenvolvido por Len Wein a partir do original de época, com arte assinada pelo grande José Luis García-Lopez.

    Se a série como um todo é uma homenagem nostálgica, este especial é aquele que traz o maior ganho narrativo por simbolizar uma continuidade inédita da trama original. Estruturalmente, o estilo se mantém como nos anteriores: roteiro e desenhos se apoiam na dinâmica do seriado com falas de impacto, e ação simples e bem pontuada que, evidente, ressalta o talento de nossos heróis ao combater o crime.

    Por se tratar de uma única história, a edição contém, além do especial, esboços da composição dos personagens e trechos do roteiro. Recheado com material extra que sempre agrada aos leitores, Batman 66’ – O Episódio Perdido é a edição que mais se destaca dentro da homenagem à série clássica. Ainda que não fuja da emulação do mesmo estilo narrativo, ao menos resgata um produto genuíno de uma época anterior, produzido como um registro novo de uma publicação presente na memória de grande parte dos leitores do Homem-Morcego.

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