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  • Resenha | Os Maiores Super-Heróis do Mundo

    Resenha | Os Maiores Super-Heróis do Mundo

    A grandiosidade da publicação que reúne as parcerias de Paul Dini e Alex Ross não poderia ter um nome mais simbólico, afinal, Os Maiores Super-Heróis do Mundo não exagera em seu título, independente do leitor achar hiperbólico, já que os autores captam em sua essência tudo aquilo que representam as histórias do Superman, Batman, Mulher Maravilha, Shazam e Liga da Justiça contidas neste álbum.

    O compilado da Editora Panini foi lançado em formato grande e luxuoso, com páginas que emulam o tamanho das telas utilizadas pelo artista, embora ainda sejam evidentemente menores que os quadros do Ross. O álbum reúne seis histórias: Batman: Guerra ao Crime, Shazam: O Poder da Esperança, Superman: Paz Na Terra, Mulher-Maravilha: O Espírito da Verdade, e pela Liga da Justiça, Origens Secretas e Liberdade e Justiça.

    Paul Dini ficou famoso por seu trabalho com animação, primeiro nos desenhos da Warner Animation, depois mais especificamente nas adaptações de heróis, com os desenhos de Batman, Superman e Liga da Justiça, ao lado de Bruce Timm, Dwayne McDuffie e tantos outros.

    Da parte das histórias da Liga da Justiça, Origens Secretas se dedica a mostrar os momentos de Gênesis dos heróis, falando rapidamente de Batman, Flash, Aquaman e os quadros clássicos da Liga, mas com enfoque maior em personagens como Arqueiro Verde, Gavião Negro, Átomo, Homem-Borracha e Caçador de Marte. Cada um tem seu momento de brilho, com páginas dedicadas a sua rotina e a origem.

    O uso das cores é um absurdo, Ross emprega todo seu talento para mostrar não só os momentos clássicos do começo da carreira desses heróis, como dá um novo e poético significado mesmo para as mais ordinários e óbvios detalhes de sua composição. Tudo aqui é bem fluído e divertido, escapista e heroico, como os melhores quadrinhos da Era de Ouro e Prata, período este bastante caro ao artista.

    Antes de Liberdade e Justiça, são aludidos também Adam Strange, Zatanna, Homem-Elástico, Metamorfo, Tornado Vermelho e Vingador Fantasma, de maneira mais breve que os anteriormente citados. A história em si é deslumbrante, e como não poderia deixar de ser, Ross traz artes dignas de quadros para exposição. A história é longa, beira centenas de páginas, e mostra o Pentágono apelando para os heróis mais poderosos da Terra. Há momentos curiosos, que revelam boas sacadas, especialmente de Batman, que ao ver o envolvimento do governo na tal aventura, diz que talvez Oliver Queen tivesse uma luz sobre a questão graças ao seu posicionamento político – que ao ver do Morcego, às vezes acerta no julgamento –, quanto na liderança e comportamento épico do Caçador de Marte.

    A ação conjunta, onde cada um dos heróis tem uma função específica de acordo com os seus talentos,  dá uma bela importância aos heróis, fazendo eles evoluírem de simples bonecos de ação para pessoas de carne e osso, que apesar de heroicos, tem preocupações mundanas e comuns. Poucas histórias da Liga da Justiça capturam isso tão bem, especialmente no trato aos civis. As demais histórias foram analisadas individualmente quando publicadas pela Editora Abril, e podem ser lidas nos links acima.

    Na publicação, existe ainda um belo posfácio que inclui detalhes de cada uma das obras. Nesse espaço são mostrados os métodos de trabalho de Alex Ross, e o quão mágico é o processo artístico dele. Os Maiores Super-Heróis do Mundo captura bem a essência das lendas da DC Comics, com histórias diversas, em várias frentes, mas que primam pelo comportamento exemplar e retilíneo de seus personagens clássicos.

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  • Resenha | Mulher-Maravilha: O Espírito da Verdade

    Resenha | Mulher-Maravilha: O Espírito da Verdade

    Como parte da iniciativa de Paul Dini e Alex Ross em catalogar historias que emulam o clássico dos personagens icônicos da DC – compiladas em Os Maiores Super-Heróis do MundoMulher Maravilha: O Espírito da Verdade é mais um exemplar da boa parceria da dupla, que escreveu o argumento junto e deu a luz a mais uma aventura da amazona poderosa de Themyscera.

    A historia em si começa com um monologo mental da heroína, pouco antes de atacar um grupo terrorista na parte continental do mundo, que ela chamava de terra dos homens.Logo depois seguem duas splash pages fabulosas, uma da ação em si, outra com Diana como figura central em meio a lembranças de outras figuras vilanescas, com quem teve embates no passado.

    A revista é praticamente toda narrada pela personagem central, e parte de sua rotina e cotidiano são mostradas de modo bem natural, sem glamour, fato que a humaniza acima de tudo. Poder ver os efeitos visuais provenientes das portas do Jato Invisível é curioso, com um relevo mais colorido para identificar um veículo que normalmente não se vê

    Por mais invasivo que possa parecer os métodos da Mulher Maravilha, ela não julga os bandidos que captura, deixa para corte e juiz decidirem, se ausenta e tem consciência o suficiente de que os bandidos mais perigosos são os que usam um verniz de normalidade para cometer seus atos maus, em um discurso central contra a corrupção. O roteiro dribla bem questões genéricas normalmente atribuídas a esse tipo de discurso, não há nada derivativo, e sim  reflexões consideravelmente profundas, guardas as devidas proporções claro, sobre o papel dos super humanos na política e contexto social do mundo, em especial sobre evitar guerras e ajudar feridos e necessitados.

    A sensação do passar do tempo é para Diana, mas ficar longe do seu lugar de origem faz tudo parecer ir mais devagar. As partes passadas na ilha das amazonas mostram um equilíbrio praticamente perfeito entre ciência, tecnologia e natureza. Um dos poucos momentos que Diana não faz um monologo, é em uma conversa com Clark Kent, o alter ego do Super Homem, e nesse ponto a historia se conecta bastante com Superman: Paz na Terra, no sentido da heroína se vestir como uma civil comum, para ajudar o povo por dentro, sem ostentar seus brasões e cores comuns, como uma humana comum.

    Ainda que haja um belo enfoque no modo de operar da heroína como pessoa anônima, quando ela se mostra para a ação o mundo para, e Ross é muito reverencial a figura mítica que é a guerreira amazona, seja com ela largando as roupas civis, ou mesmo nas páginas duplas a frente de uma explosão. Mesmo que na descrição a “cena” possa parecer clichê, aqui é muito bonita e simbólica, compondo um quadro quase divino, descobrindo que poderia ser uma guerreira, uma mulher de paz e uma fonte de inspiração, tudo na mesma carne, entendendo também o quanto de maniqueísmo terá que driblar para ser todas essas mulheres ao mesmo tempo.

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  • Resenha | Superman 80 Anos: Action Comics Especial

    Resenha | Superman 80 Anos: Action Comics Especial

    Em junho de 2018 a revista norte-americana Action Comics atingiu a incrível marca de mil edições além de completar 80 anos em que o Superman surgiu em suas páginas, já no primeiro número. a DC Comics então a publicou como uma edição especial comemorativa, com mais páginas e histórias que o habitual, com muitas capas variantes feitas por diversos artistas que trabalharam com o personagem ao longo dos anos. Pouco tempo depois, em dezembro do mesmo ano, a Panini lança no Brasil Superman 80 Anos: Action Comics Especial, que seria a versão nacional de Action Comics #1000.

    Em 132 páginas e capa cartão com reserva em verniz, a edição embora histórica não apresenta nada muito importante ou novo. Logo de cara, vemos a republicação da primeira história história do herói, vista em 1938 na lendária Action Comics #1, que é um tanto confusa por começar da metade da história (apenas um ano depois, em Superman #1,  a história seria reeditada de forma correta). A seguir começam as histórias inéditas do volume, sendo a primeira delas escrita e desenhada por Dan Jurgens – veterano do meio que vem trabalhando com o Azulão desde os anos 1990 – e mostra um evento em Metrópolis em homenagem ao Superman. É estranho ver a reação de Clark, que mesmo após tantos anos não se sente confortável nessa situação. Era de se supor que ele já estivesse acostumado e entendesse principalmente o quanto esse reconhecimento é importante para as pessoas de Metrópolis. Jurgens mantém seu belo traço, embora em alguns momentos pareça bastante apressado e cometa alguns deslizes, típico das vezes em que o autor acumula as funções de desenhista e roteirista.

    A terceira história é interessante por se valer de diversos pin-ups de página inteira, retratando diferentes épocas e visões do Superman, para costurar uma história em que Kal-El enfrenta o vilão Vandal Savage através do Hipertempo. Peter J. Tomasi engana bem no fim das contas, e a miscelânea acaba parecendo uma história bem construída, mesmo quando as imagens não conversam entre si e dependem exclusivamente do texto para fazer algum sentido dentro da trama. Mesmo assim, os desenhos de Patrick Gleason são muito bonitos e conseguem emular de forma satisfatória os diferentes períodos que retratou.

    Em seguida temos mais algumas histórias curtas, sendo que uma delas utiliza-se da arte de Curt Swan para uma remontagem inédita. Na história de Loise Simonson e Jerry Ordway temos o exato clima dos anos 1980, na fase logo após a saída de John Byrne do título do personagem. Temos também uma história sobre o carro verde que ilustra a icônica página da primeira edição e algumas histórias mais intimistas, que explora a psiquê do personagem e uma divertida aparição de Sr. Mxyzptlk de Paul Dini e José Luis García-López.

    A parte mais esperada da edição é a estreia de Brian Michael Bendis no roteiro da última história, que pareceu bastante jogada na edição. Começa já no meio e termina antes do fim, mas deixa ao leitor um aperitivo do que há por vir na nova minissérie O Homem de Aço – que seria publicada nas revistas mensais do personagem por aqui.

    Fechando a edição, uma galeria com todas as capas variantes lançadas nos Estados Unidos. Infelizmente, falta material adicional e a revista não parece estar ao alcance da importância da sua marca histórica. A redação brasileira da Panini se limitou a colocar um selo de 80 anos na capa. A edição vale mais pelos pin-ups e fac-símiles das capas do que pelas histórias em si, mas ainda é uma edição histórica que fãs e colecionadores não podem deixar de fora.

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  • Resenha | Shazam!: O Poder da Esperança

    Resenha | Shazam!: O Poder da Esperança

    A Humanidade trava uma eterna guerra contras as forças soturnas que almejam destruí-la. Durante milhares de anos, empreguei os poderes de deuses e heróis ancestrais na luta pela virtude. Porém, quando meu tempo no plano mortal tornou-se escasso, procurei um novo campeão para me substituir.

    O monólogo de Paul Dini no início de Shazam! – O Poder da Esperança resume maravilhosamente bem a busca do mago por um campeão. A arte de Alex Ross torna angustiante a vida do órfão Billy Batson, ainda que brevemente, e dá um tom poético, tornando grandiosos os feitos do personagem mágico. Além disso, ele é tratado como onipresente, já que salva muitas vezes o dia em lugares diferentes, desde momentos mais simples até os mais complexos.

    Billy é um radialista, repórter da Radio Whizz em referência a uma das revistas que compilavam as histórias clássicas do personagem (Whizz Comics), e seu dia-a-dia é bem mostrado aqui, variando entre os momentos como civil e super-herói, e nessa dicotomia, se brinca com a situação de onipotência do Capitão e as fragilidades de Billy. É engraçado como mesmo não revelando ser uma criança, ele se torna um exemplo para elas. O Capitão visita um hospital infantil, e suas palavras são encorajadoras. É nesse momento que Ross dá sua versão para a Sociedade do Mal, além de alguns robôs de aspecto retrô, lembrando um pouco Metropolis e Gigante de Ferro, referências que situam o leitor no clima original das histórias que C.C. Beck e Bill Parker pensaram nos anos 1930 e 1940.

    Há boas semelhanças com Superman: Paz Na Terra, entre outras coisas, pela grandiosidade dos atos do herói. Por mais que seja forte e poderoso, seu gesto mais notável é o de transportar um médico japonês para operar os olhos da pequena Nádia, uma vez que poucos médicos podem fazer a operação e ela estava frágil demais para viajar. As crianças parecem saber que Shazam é alguém que não esquece como é ser criança.

    Shazam! – O Poder da Esperança é uma das historias mais equilibradas entre as figuras do herói e do pequeno Billy e foi lançada pela Editora Abril em 2001 e republicada numa compilação intitulada Os Maiores Super-Heróis do Mundo, pela Editora Panini, que reuniu outras histórias da dupla Alex Ross e Paul Dini.

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  • VortCast 53 | Trindade (DC Comics)

    VortCast 53 | Trindade (DC Comics)

    Bem-vindos a bordo. Flávio Vieira (@flaviopvieira), Filipe Pereira (@filipepereiral) e Thiago Augusto Corrêa (@tdmundomente) se reúnem para comentar sobre os três maiores heróis da DC Comics, Superman, Batman e Mulher-Maravilha. Exploramos os conceitos e as raízes do trio, em especial, comentando sobre as histórias realizadas por Paul Dini e Alex Ross, além da minissérie de Matt Wagner que trata do primeiro encontro dos personagens.

    Duração: 144 min.
    Edição: Caio Amorim
    Trilha Sonora: Caio Amorim
    Arte do Banner:
    Bruno Gaspar

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    Materiais comentados

    Superman: Paz na Terra
    Batman: Guerra ao Crime
    Mulher-Maravilha: O Espírito da Verdade
    Os Maiores Super-Heróis da Terra (compre aqui)
    Mulher-Maravilha, Batman e Superman: Trindade (compre aqui)
    Batman: Ano Um, Por Frank Miller (compre aqui)
    Superman: O Homem de Aço, por John Byrne (compre aqui)
    Mulher-Maravilha, por George Perez (compre aqui)

    Materiais Relacionados

    Especial | Superman
    Especial | Batman
    VortCast 41 | A Representatividade nos Quadrinhos
    VortCast #09: Batman Ano Um
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    VortCast 01: A História da DC Comics – Parte 1
    Mulher-Maravilha: Símbolo Feminino do Séc XX? – Parte 1
    Mulher-Maravilha: Símbolo Feminino do Séc XX? – Parte 2
    Mulher-Maravilha: Símbolo Feminino do Séc XX? – Parte 3
    Resenha Superdeuses: A Era de Ouro – Grant Morrison (Parte 1)
    Resenha Superdeuses: Era de Prata – Grant Morrison (Parte 2)
    Resenha Superdeuses: Era das Trevas — Grant Morrison (Parte 3)
    Resenha Superdeuses: A Renascença – Grant Morrison (Parte Final)

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  • Resenha | Batman: Guerra ao Crime

    Resenha | Batman: Guerra ao Crime

    Em 1999, Paul Dini já havia ganho bastante notoriedade graças a criação de Batman – A Série Animada junto com seu parceiro, Bruce Timm, sendo este o tomo um do chamado Universo Animado Compartilhado da DC Comics, ou DCU. Junto a Alex Ross, Dini havia de escrever uma série com os grandes heróis da DC, sendo o primeiro deles Superman: Paz Na Terra.

    Em Batman: Guerra ao Crime, os artistas dedicam o trabalho a Bill Finger, que segundo eles, é o real homem-morcego e a reverência se vê também no classicismo de sua história que remete a alguns elementos vistos na criação do personagem no final dos anos 1930, além do visual se valer das influências dos desenhos de Neal Adams. A violência urbana é vista nesse início em momentos pontuais, como o sangue das vítimas preenchendo o asfalto.

    Ross representa Batman como uma figura dantesca, transformando o personagem e seu uniforme como partes da cidade e da noite, simbioticamente e intimamente ligados. Em uma das suas ações, ele tem contato com o jovem Marcus, um garoto que fica órfão após um crime em uma loja de conveniência, e o herói vê sua história se repetir em outrém, resgatando a universalidade de seu destino.

    O Bruce Wayne desta versão é mais maduro, conseguindo enxergar até os pontos positivos de ser quem era, uma vez que a morte de seus pais e a fortuna que tinha permitia a ele os meios para impingir justiça a seu próprio modo, coisa essa que dificilmente ocorreria se não fosse tão abastado, como acontece com Marcus. Essa ausência de egoísmo e arrogância é uma mostra muito inteligente da evolução dele como homem e vigilante.

    Dini tem muita propriedade ao falar sobre o personagem, em especial nas conclusões que faz Wayne ter, ao perceber que ele não pode ser exclusivamente uma figura de horror para os bandidos, mas também de inspiração para os “novos” órfãos. O vilão da história não é o Coringa, Charada ou qualquer malfeitor genérico, e sim a violência que costuma habitar as grandes cidades, e o embate entre as gerações de desprovidos de família apesar de começar piegas soa emocionante, e ainda que possua um tom otimista neste ponto, o final não é açucarado ou demasiado irreal, ao contrário, mostra uma face pragmática e péssima de nosso sistema econômico. Batman: Guerra ao Crime é um produto fechado e muito competente em apresentar a identidade do cruzado encapuzado, distanciando ele até da violência extrema que permeou sua criação e suas boas histórias, sem perder sua essência mais básica, sendo composta por belas composições de quadros, uma trama original e envolvente para quase todos os leitores.

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  • Batman e os Videogames – Parte 1

    Batman e os Videogames – Parte 1

    O personagem criado por Bob Kane e Bill Finger em 1939 tem protagonizado seus próprios jogos há mais de 30 anos, nos mais variados gêneros, estilos, plataformas e qualidade. O objetivo desta coluna é relembrarmos, ainda que de modo superficial cada um desses jogos, seus detalhes, inovações e características, não só como adaptação do personagem e de seu universo, como também dos próprio mundo dos games.

    Por conta da grande quantidade de títulos do personagem, inicialmente, abordaremos apenas àqueles em que ele é o protagonista do jogo, para depois passarmos para suas aparições em jogos de equipe ou de outros personagens. Espero que vocês se divirtam com essa primeira parte.

    Batman (Ocean Software, 1986)

    No distante ano de 1986 foi lançado o primeiro jogo do Batman, lançado pela Ocean Software para os microcomputadores ZX Spectrum, Amstrad CPC, MSX e Amstrad PCW. Batman é um jogo de ação e aventura com uma inovadora visão 3D isométrica, que tem como o objetivo principal resgatar seu parceiro Robin, e para isso o herói primeiramente precisa procurar sete partes do seu hovercraft que estão espalhados pela Batcaverna.

    O jogo ganhou algumas versões não-oficiais, colorida e com gráficos atualizados, no ano de 2000, totalmente desenvolvida por fãs e que se encontram facilmente pela internet, sendo a maioria delas disponível para download gratuito.

    Batman: The Caped Crusader (Special FX Software, 1988)

    Desenvolvido pela Special FX Software e lançado novamente pela Ocean Software, para microcomputadores ZX Spectrum, Commodore 64, Apple II, Commodore Amiga e PCBatman: The Caped Crusader, foi o primeiro jogo do Homem-Morcego a chegar nos EUA, já que seu anterior só havia sido lançado na Europa.

    O jogo possui uma jogabilidade bastante diversa do anterior, já que aqui Batman utiliza socos, chutes e um inventário a seu favor para enfrentar seus inimigos. Outro diferencial do jogo era a divisão de sua história em duas partes, sendo que em cada uma delas Batman precisava enfrentar um grande vilão. Na primeira parte você enfrenta Pinguim, que planeja dominar o mundo com seu exercito de pinguins-robôs; enquanto na segunda você precisa impedir o Coringa e salvar Robin, sequestrado pelo palhaço do crime.

    O jogo ainda possuía uma tela de exibição que simulava o formato de uma história em quadrinhos e foi considerado bastante inovador e interessante para a época.

    Batman (Ocean Software, 1989)

    Terceiro jogo do Batman desenvolvido pela Ocean Software, e inspirado no filme Batman, do diretor Tim Burton. O jogo segue o roteiro do filme, sendo composto por cinco etapas. Cada fase possui um limitador de tempo e um indicador de saúde que era representado pelo rosto de Batman (Michael Keaton) que conforme perdia energia se transformava no Coringa (Jack Nicholson).

    O diferencial do jogo fica sem dúvida para sua jogabilidade. Cada etapa do jogo possui uma dinâmica diferente da anterior, sendo na primeira delas o típico side-scrolling como do Batman: The Caped Crusader, enquanto na segunda etapa você controla o Batmóvel pelas ruas de Gotham. A terceira parte é voltada uma resolver quebra-cabeças, na quarta o Homem-Morcego precisa utilizar seus equipamentos para estourar balões repletos cheios de gás do Coringa. Retomando novamente, no quinto e último nível a jogabilidade side-scrolling da primeira etapa, onde Batman precisa chegar ao topo da Catedral de Gotham para enfrentar o palhaço do crime.

    Lançado para os os consoles e computadores Amstrad CPC, Apple II, Atari ST, Commodore 64, Commodore Amiga, MS-DOS e ZX Spectrum e muito bem recepcionado pela crítica e o público, diferente da esmagadora maioria das adaptações dos cinemas para os games que são lançadas atualmente.

    Batman: The Video Game (Sunsoft, 1989)

    Mais uma adaptação do filme de 1989 no Japão, e nos EUA em 1990, o jogo da Sunsoft esta longe de ser um caça-níquel tipico de adaptações do cinema, pelo contrário, o jogo é muito fiel com a essência da personagem. A utilização de tons escuros e o uso técnico de sombra bastante condizente com a atmosfera do Batman e da adaptação do Tim Burton.

    Os gráficos do jogo eram impressionantes para época se comparados com seus contemporâneos. A música é igualmente impressionante, com uma trilha sonora memorável. A jogabilidade e o game design proporcionam desafio e um fator replay até os dias de hoje, o que de certa forma é impressionante, dado o jogo ser do final dos anos 1980. Foi lançado para NES e Game Boy.

    Batman (Sunsoft, 1990)

    Com o sucesso do filme do Tim Burton e do jogo anterior baseado no longa, era inevitável a produção do jogo para outros formatos e plataformas. A novidade foi o caminho trilhado pela Sunsoft, deixando de lado a versão para outras plataformas e produzindo um jogo completamente diferente para a sua encarnação no TurboGrafx-16 (ou PC Engine, como é conhecido no Japão e França).

    Batman era praticamente uma evolução do clássico Pac Man, sendo sua jogabilidade baseada exclusivamente em labirintos habitados pelos capangas no Coringa ao longo de diversas fases. O grande diferencial do jogo era a possibilidade de desenvolvimento de habilidades da personagem, já que a princípio Batman anda muito lentamente e possui equipamentos com pouco alcance e munição, e a medida que avança encontra power-ups para desenvolver essas habilidades.

    O jogo ainda tinha objetivos diferentes a cada estágio, no entanto a natureza repetitiva da jogabilidade era o grande problema do jogo, apesar de seus gráficos bem desenhados, as sequências de animações e o ótimo som existente pra época. De qualquer forma, interessante notar a coragem da Sunsoft  ao procurar diferenciar seus produtos.

    Batman (Data east, 1990)

    Batman é um jogo de arcade beat ‘em up, lançado pela Atari Games em 1990, e desenvolvido pela Data East. O jogo mais uma vez segue o enredo do filme de Tim Burton, de 1989, assim como alguns dos jogos anteriores. Ainda que não seja um diferencial, o jogo possui fases inteiramente baseados em locais no filme, incluindo o controle em primeira pessoa do Batmóvel e do Batwing.

    A união entre Data East e Atari proporcionou aos fãs do morcego e de games em geral um beat ‘em up bastante interessante e completamente esquecido pelo grande público. Surfando na onda do filme, conforme já falado, o jogo contou com as vozes de Michael Keaton e Jack Nicholson, diversas fotos digitalizadas do filme e ainda pode utilizar várias armas, como batarangs e granadas de gás. O jogo foi lançado para arcades, já que nessa época eles tinham muito mais poder de processamento, e processadores de vídeo muito melhores que os videogames em geral, é notável o quão melhor é o gráfico desse comparando com os mesmos jogos do morcego do mesmo ano, por conta dos recursos de voz e digitalização de imagens, impossíveis de se realizar no Yamaha YM2612, chip de áudio do Mega Drive.

    Batman: Return of the Joker (Sunsoft, 1991)

    Em 1991, a Sunsoft novamente entrou no jogo e decidiu fazer uma sequência para o seu jogo do Batman lançado em 1989 e baseado no filme do Burton. Assim como o primeiro jogo, Batman: Return Of The Joker repete a fórmula do seu antecessor entregando um jogo inesquecível, seja pelos belos gráficos e a utilização de música, como pelo nível de dificuldade. No enredo, fazendo livre adaptação de uma continuação do filme de 1989, o Coringa retorna do mundo dos mortos e cabe ao Morcego tentar detê-lo. Lembremos que Batman: O Retorno só chegaria aos cinemas um ano depois.

    Os pontos fortes do jogo da Sunsoft são os gráficos, levados ao limite o hardware do NES, algo que já era bastante elogiado no jogo anterior. Apesar de se tratar de 8-bit, os detalhes gráficos impressionam, lembrando bastante jogos antigos de Mega Drive. O mesmo destaque pode ser dado a jogabilidade, similar em muitos momentos aos jogos da série Contra, já que o Homem-Morcego utiliza apenas uma arma em seu pulso e com ela ataca seu inimigos.

    O jogo obteve tanto sucesso que tempos depois ganhou um remake para Mega Drive, já sem o mesmo brilho, e felizmente, uma versão do Super Nintendo que nunca foi levada à frente, pois era considerada ainda inferior que o remake para o concorrente. Além disso, o jogo teve uma versão lançada também para Game Boy.

    Batman Returns (Konami/Sega, 1992/1993)

    Mais um bom exemplo de um jogo que fez uma boa transição do cinema para os videogames. Batman Returns segue o mesmo roteiro do filme e foi lançado para múltiplas plataformas nos anos de 1992 e 1993, sendo que as versões dos consoles da Sega foram publicadas pela própria Sega, enquanto as versões para a Nintendo foram desenvolvidas e publicadas pela Konami. Além disso, as versões para a Sega seguiam um estilo plataforma, semelhante ao jogo anterior, enquanto as versões para a Nintendo já utilizavam um estilo beat’em up, algo que seria um dos estilos característicos dos jogos do Super Nintendo naquele momento.

    A jogabilidade e o gráfico se aproximavam bastante dos jogos da série Final Fight, enquanto a versão de NES já lembrava um pouco do estilo e jogabilidade da série Double Dragon. Um dos grandes diferenciais da versão da Sega foi aquela lançada para o Sega CD, onde o hardware fez toda a diferença, não só pela qualidade gráfica, mas também em relação ao áudio do jogo. O jogo ainda teve versões para as plataformas Amiga, Lynx (console portátil da Atari), Game Gear, DOS e NES. A versão do Amiga também se diferenciava das demais, sendo um mix de jogo de plataforma com beat ‘em up.

    Batman: The Animated Series (Konami, 1993)

    Batman: The Animates Series, desenvolvido pela Konami e lançado para Game Boy, foi o primeiro jogo que procurou adaptar a série animada de Paul Dini e Bruce Timm que havia estreado um ano antes. O jogo teve uma ótima recepção de público e crítica na época.

    A dinâmica era similares a de outros jogos de plataforma do personagem, com o diferencial de se mudar o design de fases e que ocasionalmente você podia controlar o Robin por um pequeno período de tempo. O herói tinha ainda a sua disposição uma série de gadgets para enfrentar alguns dos principais vilões da série de TV.

    The Adventures of Batman & Robin (Konami/Sega, 1994/1995)

    O sucesso do jogo anterior gerou uma continuação um anos depois, The Adventures of Batman and Robin, dessa vez lançado para várias plataformas, mas com a diferença de que a versão para Super Nintendo foi desenvolvida pela Konami em 1994, enquanto as versões para Mega Drive, Game Gear e Sega CD teve como desenvolvedor a própria Sega um ano depois, com desafios e roteiros completamente diferente, já que na versão da Nintendo seu objetivo era capturar o Coringa, enquanto na versão da Sega seu inimigo era o Senhor Frio.

    Assim como a versão para Game Boy lançada em 1993, o jogo se baseava na série animada, chegando a utilizar cenários e roteiros de alguns episódios para a composição de determinadas fases do game. Ambas as versões tiveram bastante sucesso de público e crítico, sendo que a versão da Sega ficou marcada por se ter a opção de jogar com Batman e Robin, diferente da versão para Super Nintendo, ainda que esta tivesse mais fases. Esse é um dos primeiros trabalhos, e o primeiro a ser bem notado em um jogo de sucesso do compositor Jesper Kyd, que é o mais próximo de John Williams que temos nos games. Esse também é o último jogo, pelo menos da série Batman, em que as diferenças de um mesmo jogo pra duas plataformas diferentes  não apenas de gráficos e limitações de uma plataforma específica, mas com diferenças fundamentais colocando-os em gêneros completamente diferentes, em função do que em determinado momento faria mais sucesso em uma plataforma especifica, ou com que o estúdio de desenvolvimento que conseguiu o contrato estava mais acostumado e com mais experiencia para fazer.

    Ps. Esse artigo não poderia ser escrito sem a colaboração de Rafael Moreira.

  • Crítica | Batman: A Máscara do Fantasma

    Crítica | Batman: A Máscara do Fantasma

    Batman - A Mascara do Fantasma

    O sucesso de Batman – A Série Animada proporcionou a realização de um longa metragem ambientado no mesmo excelente cenário da série criada em 1992. Batman – A Máscara do Fantasma foi lançado nos cinemas em 25 de Dezembro de 1993, portanto, um ano após a primeira temporada da série e teve excelente recepção da crítica, ainda que o público tenha sido abaixo do esperado. Ainda hoje é considerado um dos melhores longa metragens do morcego.

    O roteiro não apresenta nenhum argumento novo no universo da personagem, mas trabalha de maneira habilidosa com os conceitos básicos em um estilo apurado e dramático suficiente para que se compreenda a dimensão e o fardo de Bruce Wayne. Na trama, os principais gângsteres de Gotham estão sendo assassinados por um misterioso novo vilão. Ao investigar, Batman descobre que algumas histórias do passado podem voltar à tona.

    Dividido entre flashbacks sobre o passado do morcego e o desenvolvimento presente da história, revisitamos o começo da carreira de vigilante de Wayne. Sem dúvida, há uma leve inferência do famoso Ano Um da personagem, porém, o roteiro feito a oito mãos por Paul Dini, Alan Burnett, Martin Pasko e Michael Reaves apresenta mais dúvidas quanto a uma vida de super herói ao incluir um interesse amoroso e duradouro na vida do milionário.

    Enquanto estuda maneiras de intimidação para viver como o futuro alter ego, a vida de Wayne se modifica com a relação duradoura com Andrea Beaumont, filha de um grande empresário do local. Dividido entre a promessa que fez aos pais após sua morte e a percepção de que poderia ter uma vida feliz afeta o psicológico do herói. Há mais fragilidade em sua personalidade nesta história do que na brilhante narrativa de Frank Miller. Com direito a uma bonita cena em que, na chuva, em frente ao túmulo dos país, Wayne questiona a promessa e o fardo perante a possibilidade de ser feliz, reconhecendo que, ao se tornar um herói, não haverá nenhum laço familiar com outra pessoa.

    O entreato passional se realinha com a tradicional história do morcego ao apresentar a desistência repentina da garota ao quase se tornar a futura Srta. Wayne. Um recurso habilidoso que amarra os eventos do passado com os assassinatos do presente, utilizando favoravelmente a presença do Coringa como um dos vilões do longa metragem.

    Um dos grandes vilões do universo do morcego, o Coringa, está presente em diversas sagas devido a sua popularidade, mas nem sempre sua presença garante qualidade. Em A Máscara do Fantasma, o passado do palhaço do crime também é revelado, sendo ele um dos capangas que trabalhou para um dos gângsteres assassinados. Dessa maneira, o personagem adentra a história ativamente, não apenas como um maníaco aleatório como alguns roteiros de quadrinhos apresentam. Produzindo um bom equilíbrio entre o novo vilão e um antigo.

    Mesmo aclamado com o sucesso atualmente, a produção estreou arrecadando uma bilheteria inferior ao esperado pela Warner. Porém, foi indicada ao Annie, prêmio americano de animação (perdendo para O Rei Leão) e sendo bem vendido em Home Video, além de inspirar um tie-in em quadrinhos. Um longa metragem bem superior as duas obras seguintes do morcego nos cinemas: Batman Eternamente e Batman & Robin. Ainda não há uma edição em alta definição desta produção. No Brasil, um DVD foi lançado, porém, em edição fullscreen. Uma pena para uma história com bonita ambientação nos consagrados traços da animação.

    Para ouvir: VortCast 34: Batman – A Máscara do Fantasma

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  • Resenha | Superman: Paz na Terra

    Resenha | Superman: Paz na Terra

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    Superman Paz na Terra tem o argumento de Alex Ross e Paul Dini, desenhado pelo primeiro e escrito pelo segundo.

    Sinopse: Superman salva uma mendiga com fome em pleno Natal, levando-a para um abrigo, e, inspirado por uma frase de Charles Dickens e pelas conversas com o pai, ele decide tentar empregar seus poderes para acabar com a fome no mundo.

    O roteiro de Paul Dini opta pela narração em primeira pessoa o tempo todo, deixando um clima totalmente pessoal e conseguindo, assim, abrir a introspecção do personagem ao permitir que suas lembranças sejam compartilhadas com os leitores.

    A história começa lembrando (de novo) as origens do herói, fazendo essa ligação com a premissa da história ao se ater aos ensinamentos do seu pai com o semeio da terra durante a sua infância. Essa opção tenta resgatar a essência do personagem para justificar a narrativa que se dará a seguir, porém, de forma desnecessária: as motivações do Superman não precisam sempre ser ligadas à sua origem. Se não houvesse essa ligação, a história talvez fosse um pouco mais rica. O herói já é crescido, ficar sempre voltando ao passado para justificar as suas ações não dá maturidade ao personagem, pelo contrário.

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    O ponto alto do roteiro se dá logo no começo, quando ele mesmo reconhece a ironia de um ser que não sente fome querer ajudar a acabar com a fome no mundo. Como um alienígena inserido na Terra, a humanidade e os humanos são estranhos para ele até hoje. Nesse momento já pode-se perceber que sua missão vai falhar, não por causa dos seus atos para se resolver um problema literalmente do tamanho do mundo, muito menos por causa da politicagem humana no congresso americano e nos países em que o Super encontra problemas ao visitar, mas sim por falta de compreensão: Superman não sente fome, logo, não consegue entender justamente o objeto do seu tema em sua completude; portanto, não pode ajudar a humanidade.

    Pena que isso foi abordado superficialmente; talvez, se fosse mais elaborado, enriquecesse a história de uma forma espantosa. Ao invés disso, o roteiro prefere se focar nas atitudes nobres tentando, em vão, solucionar o problema. É interessante também mostrar a percepção do personagem de que o problema que ele abraçou é muito maior do que ele conseguiria realizar, porém, ela acaba perdendo força ao virar a pieguiçe no final com uma desnecessária moral da história à la He-Man. Nessa HQ não tem espaço para isso, pois Superman falhou em tudo com a humanidade: tanto no seu propósito quanto através dos meios que utilizou, justamente por não conseguir compreendê-la. Seria mais digno e muito mais interessante por parte do roteiro admitir a derrota do personagem e tentar levantar outras perguntas do que empurrar novamente para a humanidade de forma patética a solução do problema que tomou para si. Em suma: como um ser poderoso e indestrutível que deu falsas esperança para uns se acha no direito de inspirar outros no final, ainda mais de forma paternalista? Não faz sentido agora tapar o sol com a peneira, por mais que tente apelar para as origens messiânicas no início da história.

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    A arte realista em forma de pintura de Alex Ross é impressionante, desde o uso das luzes e sombras até o acabamento. Tanto a parte descritiva do presente quanto as lembranças do passado, onde a descrição fica um pouco vaga, mostram a versatilidade do artista.

    Superman Paz na Terra vale a pena? Sim, primeiramente pela arte, e também por levantar algumas reflexões interessantes para o personagem. Porém, se você quer ler uma grande história do Super, que esteja no seleto grupo das melhores, sugiro partir para outra HQ.

    Texto de autoria de Pablo Grilo.