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  • Resenha | Os Maiores Super-Heróis do Mundo

    Resenha | Os Maiores Super-Heróis do Mundo

    A grandiosidade da publicação que reúne as parcerias de Paul Dini e Alex Ross não poderia ter um nome mais simbólico, afinal, Os Maiores Super-Heróis do Mundo não exagera em seu título, independente do leitor achar hiperbólico, já que os autores captam em sua essência tudo aquilo que representam as histórias do Superman, Batman, Mulher Maravilha, Shazam e Liga da Justiça contidas neste álbum.

    O compilado da Editora Panini foi lançado em formato grande e luxuoso, com páginas que emulam o tamanho das telas utilizadas pelo artista, embora ainda sejam evidentemente menores que os quadros do Ross. O álbum reúne seis histórias: Batman: Guerra ao Crime, Shazam: O Poder da Esperança, Superman: Paz Na Terra, Mulher-Maravilha: O Espírito da Verdade, e pela Liga da Justiça, Origens Secretas e Liberdade e Justiça.

    Paul Dini ficou famoso por seu trabalho com animação, primeiro nos desenhos da Warner Animation, depois mais especificamente nas adaptações de heróis, com os desenhos de Batman, Superman e Liga da Justiça, ao lado de Bruce Timm, Dwayne McDuffie e tantos outros.

    Da parte das histórias da Liga da Justiça, Origens Secretas se dedica a mostrar os momentos de Gênesis dos heróis, falando rapidamente de Batman, Flash, Aquaman e os quadros clássicos da Liga, mas com enfoque maior em personagens como Arqueiro Verde, Gavião Negro, Átomo, Homem-Borracha e Caçador de Marte. Cada um tem seu momento de brilho, com páginas dedicadas a sua rotina e a origem.

    O uso das cores é um absurdo, Ross emprega todo seu talento para mostrar não só os momentos clássicos do começo da carreira desses heróis, como dá um novo e poético significado mesmo para as mais ordinários e óbvios detalhes de sua composição. Tudo aqui é bem fluído e divertido, escapista e heroico, como os melhores quadrinhos da Era de Ouro e Prata, período este bastante caro ao artista.

    Antes de Liberdade e Justiça, são aludidos também Adam Strange, Zatanna, Homem-Elástico, Metamorfo, Tornado Vermelho e Vingador Fantasma, de maneira mais breve que os anteriormente citados. A história em si é deslumbrante, e como não poderia deixar de ser, Ross traz artes dignas de quadros para exposição. A história é longa, beira centenas de páginas, e mostra o Pentágono apelando para os heróis mais poderosos da Terra. Há momentos curiosos, que revelam boas sacadas, especialmente de Batman, que ao ver o envolvimento do governo na tal aventura, diz que talvez Oliver Queen tivesse uma luz sobre a questão graças ao seu posicionamento político – que ao ver do Morcego, às vezes acerta no julgamento –, quanto na liderança e comportamento épico do Caçador de Marte.

    A ação conjunta, onde cada um dos heróis tem uma função específica de acordo com os seus talentos,  dá uma bela importância aos heróis, fazendo eles evoluírem de simples bonecos de ação para pessoas de carne e osso, que apesar de heroicos, tem preocupações mundanas e comuns. Poucas histórias da Liga da Justiça capturam isso tão bem, especialmente no trato aos civis. As demais histórias foram analisadas individualmente quando publicadas pela Editora Abril, e podem ser lidas nos links acima.

    Na publicação, existe ainda um belo posfácio que inclui detalhes de cada uma das obras. Nesse espaço são mostrados os métodos de trabalho de Alex Ross, e o quão mágico é o processo artístico dele. Os Maiores Super-Heróis do Mundo captura bem a essência das lendas da DC Comics, com histórias diversas, em várias frentes, mas que primam pelo comportamento exemplar e retilíneo de seus personagens clássicos.

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  • Agenda Cultural 70 | Infiltrado na Klan, Green Book, Shazam!

    Agenda Cultural 70 | Infiltrado na Klan, Green Book, Shazam!

    Bem-vindos a bordo. Flávio Vieira (@flaviopvieira) e Filipe Pereira se reúnem para resgatar os filmes não comentados nos últimos tempos na Agenda Cultural. Plot-twist é uma assinatura de M. Night Shyamalan? Podemos ter otimismo com o progressismo da academia do Oscar? Shazam! é mesmo um filme bobo? Tudo isso e muito mais na agenda deste mês.

    Duração: 103 min.
    Edição: Julio Assano Júnior
    Trilha Sonora: Julio Assano Júnior e Flávio Vieira
    Arte do Banner:
     Bruno Gaspar

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    Crítica Shazam!

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  • Resenha | Shazam!: O Poder da Esperança

    Resenha | Shazam!: O Poder da Esperança

    A Humanidade trava uma eterna guerra contras as forças soturnas que almejam destruí-la. Durante milhares de anos, empreguei os poderes de deuses e heróis ancestrais na luta pela virtude. Porém, quando meu tempo no plano mortal tornou-se escasso, procurei um novo campeão para me substituir.

    O monólogo de Paul Dini no início de Shazam! – O Poder da Esperança resume maravilhosamente bem a busca do mago por um campeão. A arte de Alex Ross torna angustiante a vida do órfão Billy Batson, ainda que brevemente, e dá um tom poético, tornando grandiosos os feitos do personagem mágico. Além disso, ele é tratado como onipresente, já que salva muitas vezes o dia em lugares diferentes, desde momentos mais simples até os mais complexos.

    Billy é um radialista, repórter da Radio Whizz em referência a uma das revistas que compilavam as histórias clássicas do personagem (Whizz Comics), e seu dia-a-dia é bem mostrado aqui, variando entre os momentos como civil e super-herói, e nessa dicotomia, se brinca com a situação de onipotência do Capitão e as fragilidades de Billy. É engraçado como mesmo não revelando ser uma criança, ele se torna um exemplo para elas. O Capitão visita um hospital infantil, e suas palavras são encorajadoras. É nesse momento que Ross dá sua versão para a Sociedade do Mal, além de alguns robôs de aspecto retrô, lembrando um pouco Metropolis e Gigante de Ferro, referências que situam o leitor no clima original das histórias que C.C. Beck e Bill Parker pensaram nos anos 1930 e 1940.

    Há boas semelhanças com Superman: Paz Na Terra, entre outras coisas, pela grandiosidade dos atos do herói. Por mais que seja forte e poderoso, seu gesto mais notável é o de transportar um médico japonês para operar os olhos da pequena Nádia, uma vez que poucos médicos podem fazer a operação e ela estava frágil demais para viajar. As crianças parecem saber que Shazam é alguém que não esquece como é ser criança.

    Shazam! – O Poder da Esperança é uma das historias mais equilibradas entre as figuras do herói e do pequeno Billy e foi lançada pela Editora Abril em 2001 e republicada numa compilação intitulada Os Maiores Super-Heróis do Mundo, pela Editora Panini, que reuniu outras histórias da dupla Alex Ross e Paul Dini.

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  • Review | Shazam! (The Kid Super Hour With Shazam)

    Review | Shazam! (The Kid Super Hour With Shazam)

    Exibido no canal NBC no ano de 1981, Shazam! era um desenho animado que mostrava a Família Marvel, chamada na versão dublada de “Os Poderosos Marvels”. O desenho passava em um dos blocos do programa de auditório da Filmation, The Kid Super Hour With Shazam, junto a outra série animada chamada Hero High. Aqui no Brasil ele foi distribuído pela Focus Filmes, primeiro na extinta Rede Manchete e depois no SBT. Tal qual outros seriados da Filmation, Shazam! era mal animado, utilizando rotocospia – técnica que desenha em cima de filmagens feita por atores reais – e muita repetição de quadros.

    Na trama, Billy Batson era um repórter que apresentava um programa na TV Whiz, e contava no elenco fixo com sua irmã, Mary, e o jornaleiro, Freddy Freeman, amigo dos dois. Juntos eles formavam a família Marvel. O tom dos episódios era bastante infantil. Em quase todos os doze episódios, os vilões chamam o Capitão de Grande Queijo Vermelho.

    Na abertura dublada se detalha cada um dos poderes do Capitão, mas quando se trata de Mary, só se “nomeia” a letra H, falando que ela tem a beleza de Helena e os demais poderes de deusas cujas iniciais formam Shazam. Isso soa ridículo, mesmo se tratando de um desenho para crianças, nem mesmo Superamigos soava tão bobo, mesmo sendo de décadas antes. O teor do seriado é bastante bobo, com os vilões sabendo a identidade dos Marvels e tendo diálogos bastante expositivos. Na maior parte das vezes a série lembra os antigos cartoons baseados nas histórias da Archie Comics, mas sem o mesmo charme que essas produções possuíam.

    Um dos episódios mais interessantes traz a origem do Adão Negro de Black Adam, explicando um pouco de quem era Tet Adam, discípulo antigo do Mago Shazam e que acabou cinco mil anos aprisionado, no fim do universo e voltou a Terra para ressuscitar sua amada, a princesa Jamai. Anos mais tarde, Paul Dini ficaria famoso por produzir os desenhos animados da DC, com Batman – The Animated Series e seus derivados, mas ele também escreveu alguns roteiros dessa série, curiosamente os que mais se aproximam de não serem medíocres.

    De resto, aparecem outros vilões, os heróis vão até o Rio de Janeiro e cruzam o Brasil como se ele fosse do tamanho de Macaé, e ainda há um crossover com Hero High. Se ao menos tivessem mais orçamento para variar os quadros, certamente Shazam seria melhor. Ainda assim, esta é uma versão bem semelhante aos quadrinhos clássicos, e reúne vários dos elementos que fizeram do personagem algo popular nos anos 40, mas sem revitaliza-lo para épocas mais recentes, como foi com Batman, Superman e outros ícones da cultura pop.

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  • Resenha | Shazam!: Com Uma Palavra Mágica

    Resenha | Shazam!: Com Uma Palavra Mágica

    A fase da DC chamada Os Novos 52 representou um movimento de extrema mudança no universo dos heróis clássicos, chamado por  uns de reboot e por outros de uma “pequena reformulação, acabou por gerar muita discussão e claro, alguns recuos  por parte da editora. Nesse cenário, algumas origens de personagens foram alteradas e recontadas, entre elas a do antigo Capitão Marvel e atual Shazam. Lançada depois em encadernado, Shazam! Com Uma Palavra Mágica foi originalmente publicada como backups da revista da Liga da Justiça, pela dupla Geoff Johns e Gary Frank, a mesma que já havia feito bons trabalhos em Superman, Batman Terra Um e coisas mais recentes como Dooms Day Clock.

    A historia se diferencia das outras origens (analisadas por nós em Shazam: Desvendando as Origens do Capitão Marvel Original) na composição de quem é Billy Batson, o menino que é o alter ego do homem poderoso e que recebe as dádivas do Mago Shazam. Billy é um adolescente problema, fato que antes era pouco explorado e obviamente faz muto sentido, pois ele é um rapaz na puberdade, sem pais, desamparado e que convive em um orfanato em que só lhe causam enfado.

    Até por serem estas historias backup, as primeiras aparições do personagem e da mitologia que cerca Shazam são bem curtas, reciclando conceitos de um jeito que Johns é especialista, começando de maneira despretensiosa a procura do Mago por um hospedeiro de seus poderes, tendo esse processo apressado após mostrar um dos vilões, o doutor Silvana procurando  itens mágicos, que leu ao se aprofundar na lenda do Adão Negro. A obsessão do sujeito o faz reprisar outras figuras vilanescas também, parecido demais com o Lex Luthor de Superman- Origens Secretas, e isso faz a revista cair um pouco de qualidade, pois parece um prato requentado.

    Billy é um orfão disperso, que não consegue ser adotado por ser um pré adolescente, mas  ele consegue fingir não ser um rapaz genioso. Ao encontrar os Vasquez, sua futura nova família, ele diz gostar de ler e fazer podcasts, e se surpreende ao receber uma resposta afirmativa. Na verdade isso era um teatro, ele não queria ser adotado por achar o casal idiota, mas sua vontade de se distanciar do orfanato era maior. Ao ir para a sua nova casa, é estabelecida uma rivalidade com Freddy, que vem a ser a contra parte antiga do Capitão Marvel Jr., e fora o rapaz loiro, todas as outras crianças são bem receptivas a ele, desde Mary (que carrega o nome de sua antiga irmã gêmea) até Pedro, Billy e Darla.

    Os elementos clássicos da mitologia de Marvel estão lá, como o tigre Tawny. A historia demora um pouco a engrenar, muito por conta desse clima de teaser, mas isso tem seu lado positivo, pois a problemática de Billy ser um párea é bem sentida, assim como os laços sentimentais que ele vai fazendo com Freddy e seus novos irmãos. A questão envolvendo os filhos do homem mais rico da Filadelfia o senhor Bryer também fazem sentido, afinal, é um drama pequeno para um adulto, mas grande o suficiente para um adolescente.

    Quando Silvana finalmente retorna, ele acha a tumba do Adão Negro, e magicamente fala a língua dele, dominado por uma força maligna maior e isso apressa o senso de urgência do Mago, que ao ver seu antigo pupilo ressurgir, se apressa em fazer de Billy o detentor de seu poder. Isso é uma boa explicação para a escolha do rapaz, pois o tempo se esgotando faz primar por uma solução veloz mesmo.

    O Mago Shazam é o ultimo dos vivos que foram do conselho de Magos antigos e embora não se aprofunde muito nessa questão, esse pano de fundo dá ao mentor um ar de importância. Billy recebe o poder do Relâmpago Vivo mesmo não sendo uma criança fofa e puramente boa, basicamente para ser o sujeito que derrotaria o Adão Negro, e a partir daí começa uma corrida contra o tempo para o rapaz se tornar um sujeito exímio no que faz. Esta não é uma historia extraordinária como O Poder de Shazam de Jerry Ordway ou Shazam e a Sociedade Monstruosa do Mal do Jeff Smith, mas é bem legal em boa parte da exploração do mito que a Fawcett publicava nas revistas antigas.

    No entanto, em algo a  publicação acerta demais, que é na composição das crianças. Billy e Freddy se contentam com pouco, salvam pessoas, recebem vinte dólares e ficam felizes demais, e essa atmosfera juvenil é muito bem vinda dada as características do personagem. Até o fato delas desejarem cerveja, desistindo na hora  da compra por não saber qual comprar faz muito sentido. Já a obsessão do Adão Negro em aumentar seu poder roubando o do Mago é  explicada como um paralelo entre Caim e Abel, o mito bíblico em que o irmão primogênito canibaliza o caçula, e obviamente é repaginado a um novo estilo aqui, mais moderno e parecido com o ideal da DC Comics do século XXI.

    Da parte dos outros antagonistas, mesmo com Silvana sendo um pouco descartável, a reunião dos Sete Pecados encarnados é bem legal, e conversa com  Superman/Shazam: O Primeiro Trovão, de Judd Winnick, e a solução final de Shazam com relação ao poder do relâmpago enganando seu inimigo é uma boa sacada, e mesmo que beire o artificial, a ideia em si é bem executada, em especial porque as crianças se doam de fato umas para as outras. Apesar de o final ser parecido demais com os de outras origens, Shazam: Com Uma Palavra Mágica é uma boa reimaginação do personagem, contando com um roteiro de Johns muito correto, divertido e juvenil.

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  • Crítica | Shazam!

    Crítica | Shazam!

    Cercado de expectativas, ainda mais após Aquaman ter  dado tão certo com publico e crítica especializada, Shazam! finalmente chega ao circuito comercial de cinema mundial, no entanto, já no início se indica que este é um filme independente de Homem de Aço, Batman vs Superman, Liga da Justiça e outros crossovers, tanto que nem tem a já tradicional animação da DC que também esteve no filme de James Wan e em Mulher Maravilha. David F. Sandberg teve a árdua missão de fazer um filme que soasse juvenil, divertido e diferente de toda a atmosfera que Zack Snyder tinha feito, e o caminho pavimentado antes por Wan é muito bem conduzido, sendo esse um longa-metragem algo bem diferente de tudo que foi feito na nova fase de heróis da Warner Bros.

    As primeiras cenas do filme mostram um jovem, atormentado por uma rejeição provinda de seu pai, que aliás é  interpretado por Jon Glover, o mesmo que fez o Homem Florônico em Batman e Robin, e foi o pai de Lex Luthor em Smallville, o interprete serviu de introdução portanto em três vilões em adaptações  da DC Comics. Neste início, o jovem Chad Silvana tem um encontro mágico com seres mitológicos, e a partir daí começa uma obsessão pela mágica. Esse menino se tornaria no futuro o ator Mark Strong, que faz um sujeito curioso, rico, que tem problemas sérios com seu pai e desconta toda sua frustração nessa busca.

    Em paralelo a isso, são mostrados alguns garotos órfãos, sendo o primeiro deles, Billy (Asher Angel) um menino que se perde de sua mãe e que cresce entre orfanatos, casas de adoção e reformatórios, além de Freddy Freeman (Jack Dylan Grazer), um menino hiperativo que é louco pela cultura de super heróis. O primeiro é adotado por uma família que costuma trazer meninos e abandonados para casa, enquanto o segundo já faz parte dessa casa. Os dois tem de lidar com a questão de não terem pais, além das  questões comuns a puberdade. Os dois são acompanhados por outros irmãos, cada um com sua importância e personalidade, sendo eles Darla, Pedro, Eugene  e Mary.

    Sandberg consegue colocar colocar pitadas de terror muito bem empregadas, e por mais que não seja do gênero, é mais assustador que Quando as Luzes se Apagam. Suas criaturas monstruosas são bem feitas e causam medo,  mesmo quando soam artificiais. Esses opositores, somados ao vilão maniqueísta servem bem a construção do conflito entre o ideal de Campeão do Relâmpago que vivo que Shazam/Capitão Marvel deveria ser, em confronto com a realidade dele ser um herói em formação, afinal, seu alter ego é também muito novo, vive na puberdade e tem seu caráter em formação. Como diz o mago de Djimon Hounsou (em uma participação especial bem legal por sinal), ele não é perfeito, mas é o herói que pode ser o campeão do antigo conselho dos magos que se foram.

    O roteiro repercute bem a questão da orfandade e do abandono parental, de um modo bem diferente dos quadrinhos, mas igualmente sentimental, alias é neste ponto que Billy se diferencia totalmente de Silvana ele é mais maduro e digere melhor a rejeição que o vilão , e isso ele aprende com seus irmãos adotivos, sobretudo Mary e Darla, estabelecendo assim uma união familiar melhor trabalhada até que a origem de Geoff Johns e Gary Frank em Shazam Com Uma Palavra mágica.

    O filme ainda guarda boas referências aos quadrinhos, como as que homenageiam Shazam e A Sociedade Monstruosa do Mal! de Jeff Smith, além de uma escolha de trilha sonora que funciona bem demais, mesmo em suas contradições, como quando passam os créditos, que além de ter uma animação ao estilo Deadpool, ainda é acompanhada pelo clássico dos Ramones I Don’t Want to Grow Up, que faz lembrar uma boa frase de Freddy Freeman nos quadrinhos, de que Billy se corrompeu e tornou chato ao agir como adulto, já a versão  de Zachary Levi não é isso, ao contrário, o ator está bem a vontade no papel e parece talhado para fazer um homem tão poderoso com a mentalidade de um moleque, além de ter uma química monstruosa com Grazer, estabelecendo um bromance melhor até do que a versão infantil dos dois interagindo. A escolha  dos produtores por não fazer do personagem um herói grandioso conforme as revistas antigas da editora Fawcett, e sim apelando para a fase em que a DC adquiriu as propriedades intelectuais do personagem funciona aqui, apesar de gerar curiosidade para uma versão sua que fosse mais séria e poderosa como a original

    Shazam! lembra um filme de herói tipico da Disney, escapista e fantasioso como Rocketeer, divertido e engraçado num nível que nem os filmes iniciais da Marvel conseguiram, ao mesmo tempo não se parece com praticamente nenhum filme de herói recente, causa um fascínio semelhante ao Batman de Tim Burton, mas com una aura mais despretensiosa e sem medo de ser puramente uma historia infanto juvenil.

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  • Shazam | As Aparições do Capitão Marvel Original no Audiovisual

    Shazam | As Aparições do Capitão Marvel Original no Audiovisual

    O personagem de C.C. Beck e Bill Parker publicado nas páginas da Fawcett Comics rivalizou demais com o Superman em popularidade, vendeu mais que o Azulão da National Comics (antiga DC Comics) e se tornou um fenômeno de popularidade, e é totalmente natural que ganhasse espaço fora dos quadrinhos. É sobre elas que falaremos agora.

    (leia também nosso artigo Desvendando as Origens do Capitão Marvel Original)

    As Aventuras do Capitão Marvel ou O Homem de Aço (1941)

    Adventures of Captain Marvel foi um seriado de doze capítulos, curiosamente chamado no Brasil de Homem de Aço. Era produzido pela Republic Pictures e teve 12 capítulos. A narrativa era bem fiel as histórias originais e o principal inimigo era um ser mágico chamado Escorpião, que tirava seus poderes de uma estatueta mágica. Tom Tyler vivia o Capitão Marvel, e Frank Coghlan Jr. fazia Billy, que não era uma criança e sim um radialista.

    Shazam (1974)

    Este foi um pouco mais conhecido que o original, teve três temporadas, um total de 28 capítulos e era exibido na rede de televisão CBS. O herói teve dois intérpretes, Jackson Bostwick (17 episódios) e John Davey (11 episódios), mas Billy foi sempre feito por Michael Gray. A principal diferença do programa para os quadrinhos é a inexistência do Mago Shazam. O garoto conversava diretamente com as entidades que lhe conferiam seus poderes. Davey também apareceu em um crossover no seriado Poderosa Ísis, que é de certa forma um spinoff de Shazam, e teve inclusive uma bela audiência, os episódio são Funny Gal (décimo segundo episódio da primeira temporada), Now You See It… e …And Now You Don’t (sexto e sétimo episódio da segunda temporada).

    Legends of Super Heroes (1979)

    Este foi um caso estranho… um programa de auditório comandado por Adam West e Burt Ward como Batman e Robin. Existiam alguns personagens da DC, como Caçadora, Gavião Negro, Lanterna Verde, e também, o Capitão Marvel, interpretado por Garret Graig. O programa era para ser um revival, mas não fez sucesso, tendo só três capítulos, e pudera, já que a qualidade era terrível.

    The Kid Super Power Hour With Shazam (1981)

    O Capitão teve seu próprio programa de auditório da TV dos Estados Unidos, em 1981, produzido no estúdio Filmation, o mesmo de He-Man e She-Ra. Uma parte do show mostrava a série Shazam!, um desenho com 12 episódios. A (des)animação era dublada por Barry Gordon, como Capitão Marvel, e Billy por Burr Middleton. O programa também passava Hero High, um desenho com uma escola de super-heróis.

    Alive (1999)

    No clipe Alive, dos Beastie Boys, o rapper Mike D resolveu homenagear o herói Capitão Marvel. É curioso como mesmo não sendo super popular naquele momento, o personagem estava impresso na cultura pop, e lembrar disso faz também resgatar da memória que Elvis Presley utilizava uma roupa que usava boa parte dos elementos do Capitão Marvel Jr. quando estava já no auge de sua carreira como rei do rock.

    The Drew Carey Show (2001)

    The Drew Carey Show era uma sitcom que foi ao ar na ABC de 13 de setembro de 1995 a 8 de setembro de 2004, ambientada em Cleveland, Ohio, e girava em torno do escritório de varejo e da vida doméstica de Drew Carey, uma versão ficcional do ator. Em 2001, o personagem principal faz um voo (bem mal feito, por sinal, como elemento cômico tipico do seriado) e encontra o Capitão Marvel, vivido por John Valdetero, que era um ator gordinho, tal qual o protagonista. Essa participação é bem curiosa, tal qual a última citada.

    Liga da Justiça Sem Limites (2005) 

    No episódio Clash, de Liga da Justiça Sem Limites, aparece o Capitão Marvel em uma interação bem legal, onde o personagem tem alguns atritos com o Superman – isso se tornou um clichê nas animações da DC Warner, com o personagem quase sempre lutando contra o azulão. Ele é dublado por Jerry O’Connell, que também dublou o Superman em algumas animações, como Liga da Justiça e Jovens Titãs, e fez também Elektron em Justice League Action.

    DC: A Nova Fronteira (2008)

    Como o personagem não teve grande participação na adaptação da revista que resgata os elementos da Era de Prata e que se baseia nos quadrinhos de Darwyn Cooke, o personagem acaba tendo uma pequena ponta sem falas em um dos quadros com outros tantos personagens do universo DC.

    Superman e Batman: Inimigos Públicos (2009)

    Apesar do filme ser sobre Superman e Batman, o Capitão Marvel faz uma aparição para ser um rival físico do Super. Na animação ele é dublado por Corey Burton e a luta entre os dois personagens é bem feita. Um duelo de titãs muito bem encaixado.

    Batman: Os Bravos e Destemidos (2010)

    Este era um desenho animado bem legal, que colocava o Morcego com outros personagens históricos da DC Comics, assim como a premissa da revista homônima que reunia muitos crossovers de personagens da editora. Jeff Bennett faz o Capitão e Tara Strong fazia a voz de Billy. O personagem apareceu em sete episódios da animação.

    Superman/Shazam: O Retorno de Adão Negro (2010)

    Dirigido pelo português Joaquim dos Santos, o curta traz Clark Kent fazendo uma matéria com o pequeno Billy Batson, que é um rapaz abandonado em Fawcett City, e que de repente, se vê em apuros por conta da chegada do Adão Negro, que precisa matá-lo para roubar seus poderes. O filme é direto, divertido e muito bem feito. Os dubladores do protagonista são James Garner (Shazam) e Zach Callison (Billy) e o clima é bem parecido com o que Bruce W. Timm e companhia faziam no Universo DC Animado.

    Young Justice (2011)

    Ainda na primeira temporada, um plot bem interessante envolvendo o personagem e sua participação na Liga da Justiça e a Justiça Jovem. Ele apareceu em seis episódios. Billy era dublado por Robert Ochoa e Shazam por Chad Lowe.

    Ponto de Ignição (2013)

    A saga Ponto de Ignição ou Flashpoint Paradox foi adaptado para um longa-animado, e o Shazam (já era utilizado esse nome) aparece com toda a família reunida, como na imagem acima. Jennifer Hale fazia a voz de Billy (além de também dublar Iris) e o herói era feito por Steve Blum, que na verdade, faz o Capitão Trovão, que tem uma luta voraz com a Mulher-Maravilha.

    Liga da Justiça: Guerra (2014)

    Outra adaptação de arco dos Novos 52, Liga da Justiça: Guerra mostra uma das primeiras histórias da Liga de Geoff Johns, e curiosamente, introduz o Shazam como nas histórias backups que o próprio Johns escreveu, ainda utilizando o capuz no personagem. Sean Astin (o Sam, de Senhor dos Anéis) faz Shazam e Zach Callison dubla Billy Batson.

    DC Nation Shorts (2014)

    Em 2011, a Cartoon Network produziu alguns curtas da DC, com seus personagens clássicos em versões miniaturizadas e mega infantis. O episódio do Shazam foi exibido em 2014 e foi um dos melhor encaixados dada o clima ultra escapista do personagem nos quadrinhos. Tara Strong fez de novo a voz de Billy e Shazam foi dublado por David Kaye.

    Liga da Justiça: Trono de Atlantis (2015)

    No longa que adapta histórias do Aquaman e da Liga, Shazam tem uma participação pequena, quase sem ação, onde ele basicamente gasta um bom tempo conversando com o Cyborg. Incrivelmente com tantos longas animados da DC/Warner, ainda não houve um em que o herói tenha algum destaque ou protagonismo, ao contrário, só o curta do DC Showcase tem esse caráter e ele ainda divide o heroísmo com o Superman. Mais uma vez Astin dubla o personagem.

    Justice League Action (2016)

    O novo desenho da Liga traz os personagens em um traço mais minimalista, e o Shazam funciona bem com o estilo, em atenção as revistas clássicas da época da Fawcett. Astin faz a voz do herói novamente, e o clima mais juvenil da série combinaria bastante com o personagem, que foi de certa forma sub-utilizado, o que é uma pena, pois no pouco que apareceu, funcionou muito bem.

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  • Shazam | Desvendando as Origens do Capitão Marvel Original

    Shazam | Desvendando as Origens do Capitão Marvel Original

    Quando Billy Batson encontrou o mago Shazam, após perseguir um homem misterioso no metrô, encontrando-se  rumo à Pedra de Eternidade, nem a Editora Fawcett e nem seus criadores C.C. Beck e Bill Parker imaginavam o rebuliço que Capitão Marvel faria na cultura pop e no consumo de revistas em quadrinhos. Shazam se tornava um fenômeno, marcando tanto o nome da revista do herói e seu mentor, como recentemente se tornou o nome do personagem, reunindo um conjunto de poderes singulares: Salomão, a força de Hércules, o vigor de Atlas, o poder de Zeus, a coragem de Aquiles e a velocidade de Mercúrio.

    Mais do que o apego a mitos e a magia, havia uma ligação diferente do personagem com o público por Billy Batson, sua contraparte, ser uma criança. Um feito realizado muito antes do adventos dos sidekicks como Robin ou dos personagens humanizados na Marvel de Stan Lee. Lançado em 1940 (na verdade em 1939, dado o atraso comum a essas publicações, ou seja, o herói completa 80 anos) o personagem símbolo da Fawcett teve sua vida útil abreviada em 1953, após uma série de brigas jurídicas com a Nacional Comics (antiga alcunha da DC Comics) que usava sua força e dinheiro para mover um processo por plágio, acusando o estúdio de realizar uma cópia do Superman. Todo o imbróglio aconteceu pelo sucesso do herói, pois, Marvel era mais popular, ganhando até mesmo uma produção em live action antes do Azulão, enquanto as vendas continuavam em alta.

    Em 1942, nascia o conceito da Família Marvel, que na época só com Mary Marvel, irmã gêmea de Billy, e o Capitão Marvel Jr., que invocava o nome Capitão Marvel e ganhava poderes. Este último era tão popular que inspirou boa parte do visual do rei do rock, Elvis Presley. Mary foi uma das primeiras personagens femininas heroicas, antes de Supergirl, e só um ano mais velha que a Mulher Maravilha. Além dessa composição, a família teve outras encarnações, como os Tenentes Marvel, e a participação do bonachão tio Dudley, da California, que  fingia ter poderes e usava um roupa igual a do Capitão.

    Sobre o personagem no Brasil, pelos anos de 1950, a revista Shazam, composta por uma antologia de historias antigas, tinha em seu mix Capitão Marvel e, pasmem, Namor. Depois, a edição se fundiu com a Revista Biriba e. a partir de entãoa, lançada com o nome (terrível, por sinal) de Biriba Shazam, reunindo historias da Jane das Selvas e outros personagens. Estranhamente não havia histórias do Capitão Marvel, essas estavam na Marvel Magazine, também publicada pela RGE (antigo nome da Editora Globo de Roberto Marinho). Na época, o nome do empresário era tão forte que sustentava as duas publicações em banca.

    Por ironia do destino foi a DC que relançou, em 1972, historias licenciadas do personagem, ainda sem propriedade intelectual. O personagem havia parado no tempo, tal qual Capitão America de Jack Apenas em 1991 a empresa teve os direitos do personagem, fato que explica a ausência de uma revista própria, ainda que os motivos para a baixa de sua popularidade sejam discutíveis até hoje. Como é natural nos quadrinhos, diversas histórias foram lançadas como base para uma nova cronologia. Analisamos algumas dessas histórias de origem do personagem e suas reformulações.

    The New Beginning, de Roy Thomas

    Minissérie de origem do Capitão Marvel, escrita por Roy Thomas e desenhada por Tom Mandrake, Shazam! The New Beginning jamais foi publicada no Brasil. Trata-se da primeira reformulação do personagem pós Crise. Os principais destaques da publicação são a presença de Doutor Silvana (ou Sivana, no original) tanto como vilão, como tio de Billy, fazendo com que o garoto procure uma família. Esse conceito é bem mal explorado, hiper dramático, mas ao menos alude aos hieróglifos como vínculo mágico e mitológico da origem do Capitão.

    Billy se transforma na frente de Silvana em uma referência a Era de Ouro, em que o vilão descobre sua identidade. Fora isso, é difícil falar desta origem por conta da dificuldade de acha-la (somente em edições gringas, tanto soltas como na edição de 30 anos), além de ter uma arte um pouco peculiar de Mandrake, em alguns momentos, bem feia.

    O Poder de Shazam, de Jerry Ordway

    Publicado em 1994 (1996 no Brasil), O Poder de Shazam é uma revista bem legal, de temática leve e divertida.  Escrita e desenha por Jerry Ordway (que arte finalizou  com George Perez em Crise nas Infinitas Terras e também acumulou função de texto e arte de Superman entre 1986 e 1989, além de ser um dos artistas por trás de Zero Hora). A história tem pouco menos que 100 páginas e começa no Egito com uma equipe de arqueologia.  Aqui há um elemento um polêmico, envolvendo o passado do Senhor Batson, o pai de Billy, com o Silvana e com o outro arqui rival do Capitão Marvel, Adão Negro, colocando o vilão na escavação do pai para, em seguida matá-lo, em ação semelhante a que Tim Burton fez em seu Batman, pegando algumas das coincidências de New Beginning.

    Tirando essa estranheza, a historia é bem legal. O traço de Ordway combina com o clima de aventura super otimista  do herói. Billy é mostrado como um menino pobre e necessitado que vende jornais nos sinais de transito. Ao ser encontrado por uma figura misteriosa, passa por uma caverna, onde há estatuas dos inimigos mortais do homem: Orgulho, Inveja, Cobiça, Ódio, Egoísmo, Preguiça, Injustiça, resgatando visualmente o que os criadores fizeram e lançando moda, pois quase toda origem repetiria esses conceitos.

    Um fato interessante e inesperado na historia, é que Billy ao  ganhar os poderes fica ressabiado e nervoso, não aceita a “dádiva” como algo bom, por não ter estrutura enquanto criança para lidar com tamanho poder e conhecimento, afinal a mudança é radical demais e repentina. Mais poder não significa mais equilíbrio emocional.

    Há momentos curiosos, como quando ao pegar um grupo de criminosos ele vira o carro, tal qual a capa clássica de Action Comics em uma piada visual com o Super Homem, bem como com a mania do personagem durante a Era de Ouro de ser o justiceiro dos pobres. O embate entre o heroi e Adão Negro fluí e toda a sequência a partir daí funciona como o regaste da memória do pai de Billy e a definição de Adão como o nêmese de Shazam. A arte de Ordway é uma grande homenagem aos quadrinhos dos anos 40. O sucesso fez com que estivesse a frente do título por um bom tempo.

    Primeiro Trovão e Os Desafios de Shazam, de Judd Winick

    Judd Winick se dedicou a duas histórias com o personagem entre 2006 e 2007. Na primeira, chamada Superman e Shazam: Primeiro Trovão, com arte de Josh Middleton, a narrativa parte do principio que  Superman e Batman acabaram de começar a nova era heroica enquanto o Capitão Marvel realiza suas primeiras ações, Acompanhado por seu mentor, o Mago Shazam. Para muitos esse é o equivalente ao Ano Um do personagem.  Apesar de não ser exatamente uma origem, os elementos clássicos do personagem estão lá: o clima dos anos 40, o escapismo e o traço de Middleton, mesmo sem ser primoroso, tem um ar de coisa antiga. Seu Capitão Marvel parece mesmo uma criança em tamanho grande. O contraponto entre o Capitão e o Superman é gritante e a dinâmica de herói novato e o veterano funciona bem.

    Silvana é um magnata poderoso e chefe de uma corporação maligna e criminosa. O Capitão se  descontrola e quase mata o capanga que disparou um tiro contra seu amigo, o pequeno Scott. É natural que aja assim, pois é uma criança para todos os efeitos, sem um código ético definido. O paradoxo é curioso. Marvel quase mata o vilão para evitar que ele assassine mais pessoas. Porém, sem coragem de dar cabo dele, decide se isolar no Everest, onde Superman o encontra. Nesse momento, acontece algo bem incomum: uma reclamação do kriptoniano com o Mago, por ter escolhido um menino para usar seu manto, dizendo que as atribuições de salvar as pessoas não deveriam ser destinadas a uma criança. Afinal, o peso do mundo não é compatível com seus ombros. É incrível como se demorou tanto a ter essa reflexão nos quadrinhos, e essa conclusão surgir do Super faz todo sentido, pois, seu destino inicial como salvador também era assim.

    A segunda história do roteirista foi uma minissérie em 12 edições, Os Desafios de Shazam, com arte de Howard Porter. A trama é polêmica por substituir Billy como herói, mas foi importante pra a cronologia do personagem. Porém, ao meu ver, o fato mais polêmica está em sua qualidade. A arte é estranha, com uma coloração que emula aquarela mas que parece feia. Além disso, a série tentou ser ambiciosa ao reorganizar a face página do Universo DC pós Crise Infinita. Com direito a presença de outros personagens mágicos, como Zatanna, mas que não tem nenhuma importância à trama.

    Na história, o Mago morre e o Capitão assume seu lugar e convoca Freddy Freeman, (Capitão Marvel Jr.) para ser o herdeiro do manto, tornando-se o novo Shazam. Alcunha utilizada para evitar problemas judiciais com a Marvel que se apossou do nome do personagem enquanto ele estava no limbo de publicações. O grande problema é o descarte de personagens clássicos como Mary Marvel, mostrada como deficiente, para deixar o caminho livre para Freddy. A série é prolixa, mastiga demais o universo mágico, e mesmo que tenha conceitos legais como o herói de legado (com uma década de atraso, diga-se de passagem), e a busca pelos paralelos dos personagens míticos do nome SHAZAM, não é o suficiente para salvar a publicação. A arte nas ultimas edições é assinada por Mauco Cascioli mas só melhora o quadro ligeiramente, pois as cores seguem terríveis. Na narrativa não há melhora, seguindo atrapalhada até o final com uma vilã que lembra o Adão Negro (Sabina), mas que não tem o mesmo peso, além da participação da Liga da Justiça de uma forma Deus Ex Machina. Neste ponto, Primeiro Trovão é bem mais reverencial.

    A Sociedade dos Monstros, de Jeff Smith

    O criador de Bone escreveu em 2007 Shazam! E a Sociedade dos Monstros, uma revista que equilibra um pouco de caráter autoral com apego a cronologia. Nela, Billy é um menino bem pequeno, abandonado, que sofre perseguição. O tom do quadrinho é bem infantil e fofo. Lembra em alguns momentos O Poder de Shazam de Ordway, mas tem sua própria identidade, especialmente visual, em muito tempo não havia historia cujo contraponto de Billy e Capitão são igualmente especiais e importantes.

    A figura de Marvel/Shazam é carismática, em especial por conta de detalhes pequenos, como seu gosto por hot dogs e seus inimigos, monstros animalescos comandados pelo Senhor Cérebro, um vilão clássico da época da Fawcett Comics. Além disso, o gibi contrapõe o desprezo de todos ao Billy, por ele ser um menino em situação de rua, e traz uma repaginação da sua irmã Mary e do  senhor Malhado tão legais quanto a versão de Billy. O clima da revista é bem fantasioso, infantil, mas também é sério quando precisa, e principalmente, lisérgico quando é mostrado Sr. Cérebro em ação.

    É engraçado como o Silvana de Smith lembra levemente a figura física de Robert Crumb, ainda que ele seja careca enquanto o quadrinista anarquista não seja. Também é legal que os antagonistas sejam mais pueris, em uma versão parecida com a dos desenhos do Super Homem dos irmãos Fleischer e dos quadrinhos pulp. O final da revista é otimista e combina demais com a docilidade de seu autor que ainda repagina Shazam também em um tamanho gigante emulando os tokusatsus.

    Com Uma Palavra Mágica, de Geoff Johns

    A versão de Geoff Johns e Gary Frank foi introduzida nos backups da revista da Liga e tem como principal diferença o fato de Billy ser um adolescente problemático, em sintonia com um rapaz sozinho vivendo a puberdade. As primeiras aparições são bem curtas, fundamentando a origem do personagem em paralelo a acontecimentos da fase Novos 52, reciclando conceitos de um jeito que o roteirista é especialista. A trama começa de maneira despretensiosa, apresentando a procura do Mago por um hospedeiro de seus poderes, encontrando no jovem disperso seu representante. Ao ser adotado pela família Vasquez, Billy encontra uma nova família e, aos poucos, afeiçoa-se a eles.

    O Doutor Silvana é um estudioso obcecado nas lendas antigas, reprisando de certa forma o que o autor fez com seu Lex Luthor em Superman: Origens Secretas, substituindo a questão de Kripton pelo Adão Negro. A forma como se lida com a família Marvel é bem legal, expandindo-se a mitologia, a partir de Freddy Freeman. Além disso, é mostrado também o tigre Tawny como uma das poucas lembranças dos pais de Billy. Apesar de demorar a engrenar, a ação da revista é bem fundamentada, não é extraordinária, mas repagina bem a maior parte dos conceitos, seja com o Mago, com os vilões, a questão do Relâmpago Vivo.  O momento em que Billy e Freddy lidam com os poderes no começo é interessante, e a motivação do Adão Negro também é bem construída.  Esta deve ser a origem que ganhará destaque no roteiro de Henry Gayden no filme de David F. Sandberg. Momentos vistos no trailer como a sobrecarga de materiais com eletricidade ou a recompensa de muitos doces por salvar um lojista de um assalto vieram direto dessa aventura e, como outros filmes da Dc Comics já se pautaram na fase Novos 52, é natural que esta trama sirva de nova versão do herói, por estar mais alinhada com o cânone atual.

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  • Resenha | Miracleman #1

    Resenha | Miracleman #1

    Miracleman 2

    Corrigindo um atraso no mercado editorial brasileiro – no início da edição, um relato feito pelo editor Fernando Lopes tem função de mea culpa –, finalmente é lançada a aventura de Alan Moore à frente do plágio voador Miracleman, de modo econômico, viável, bem distante dos patamares desejados por colecionadores. Um jeito interessante e bastante sábio de introduzir um personagem tão pouco conhecido no Brasil.

    A era nuclear, que inspirou Mick Anglo, e o arcaico conceito conservador de exibir uma família em ação em meio a um mundo heroico, seriam os ingredientes para tornar o alterego de Michal “Micky” Moran em uma boa figura de análise, a base perfeita para a piração que Alan Moore pensava, discutindo o mito do super-humano e elevando o conceito a patamares superlativos dos deuses e semideuses gregos. Chega a ser curioso que todo o arcabouço ideológico que o escritor produz seja baseado em uma figura que, a priori, é um plágio, criado somente para suprir a brecha legal que o Capitão Marvel deixou na Fawcett.

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    O prólogo exibe uma das escapistas histórias de Anglo, mostrando o jovem Johnny Bates tão inocente quanto o cunho moral da história, em que a simples menção a uma palavra, que remetia à nomenclatura do herói, era capaz de resolver qualquer situação inconveniente. A esdrúxula fórmula atômica pensada por Guntag Borghelm é capaz de transformar humanos simplórios em seres perfeitos, tanto fisicamente quanto espiritualmente, valorizando o conceito nietzscheano do Super-Homem, o qual inspiraria o bruxo, citando Zaratrusta ao fim da introdução. Ironicamente, o desfecho da história envolve o “abandono” do mentor, e figura valente, de seu pupilo, no caso Kid Miracleman, fato repaginado no primeiro plot.

    O serviço de contínuo, o mesmo que travava nos anos cinquenta, mostra a involução do personagem, que deixou há muito os tempos gloriosos, lembranças que atormentam a mente do sujeito de meia-idade na forma de pesadelos. Em 1982, a decadência física de Moran baila junto à paranoia atômica, ambos aspectos frutos da condição temerária da Guerra Fria, situações que tornavam os meros humanos reféns da inexorável condição de mortalidade anunciada.

    Levantando-se da apatia e depressão de sua contraparte, ressurge Miracleman, um homem sem limites, triunfante em postura, carne e ações. Até a figura matrimonial de Michael, Liz Sullivan Morgan, teria que sofrer mudanças. A postura da mulher encarando Miracleman começa com uma rejeição, mas se modifica ao analisar a bela figura que se exibe à sua frente. A ausência de atrito do humano ao exercer o tato é apenas a superfície de suas características, em uma fusão com o “Código Harmônico do Universo”. O diálogo que promete demonstrar uma interação entre um mortal e um ser quase divino na verdade revela um comentário metalinguístico que assume toda a frivolidade das histórias iniciais, na qual um poder magnânimo é usado para prender maltrapilhos e cientistas que não apresentam perigo real ante o cenário mundial.

    Após a historieta Sonho de Voar, há uma bela exibição de desenhos de esboço de Gary Leach, desde os experimentais arquétipos e pin-ups até figuras rejeitadas pela editora e revista Warrior. Capas variadas são mostradas, destacando a Warrior 2, onde Miracleman volta a ser destaque, fato que não ocorria desde 1963.

    Miracleman 6

    No espaço interno, foram publicados textos explicativos, que diferenciam a origem mística do Capitão Marvel com a científica gênese de Marvelman, e a distinção básica presente nas palavras de poder, do Shazam ao Kimota. O mergulho na intimidade se agrava com um entrevista que Joe Quesada, então editor da Marvel Comics, fez com o criador do herói, Mick Anglo, em 2010, contendo algumas peculiaridades de bastidores. O já idoso quadrinista fala a respeito de seu serviço no exército britânico durante a Segunda Guerra Mundial, e do pouco engajamento na época, modificado com o tempo, em que se destaca o conservadorismo do artista até sua morte, em 2011. As influências do hobby, que era o interesse de Anglo pela Primeira Guerra Mundial e a figura dos nazistas, teriam reflexos claros em sua arte com o passar do tempo.

    Antes do fechamento da edição, há a primeira história que o herói estrelou, em preto e branco, em uma intensa luta contra a Bomba Atômica. O traço do autor é cartunesco, e a história contém semelhanças curiosas com os antagonistas, os boromanianos, semelhantes aos primeiros vilões exploradores do proletariado vistos nas histórias de Siegel e Shuster do Superman, motivo que teria sido o catalisador da cassação de direitos do Capitão Marvel, anteriormente. Nos tempos simples das primeiras histórias, a simples menção a Era dos Milagres foi o suficiente para resolver quaisquer problemas, como é visto em Marvelman e o Radiosótopo Roubado, servindo especialmente para exibir os poderes e o ethos do paladino. Já em Marvelman e os Reflexos Roubados, terceiro e último enredo da revista, mostra-se um ingênuo embate entre o poderoso homem e uma cópia fajuta de si, pensada por uma figura genial e semelhante a Garzunga, seu arqui-inimigo.

    A revista lançada pela Panini não possui capa dura ou maiores luxos, o que justifica seu baixo preço. De negativo, há as poucas histórias do “Escritor Original” por publicação, o que faz a espera pelo periódico ser ainda maior, piorada pelo fácil acesso a scans traduzidos pela internet. A saga denominada Um Sonho de Voar ainda teria uma boa quantidade de questões filosóficas e ideológicas, cujo escopo é muito mais maduro que os espécimes originais.

    Miracleman 4

  • Crítica | Liga da Justiça: Guerra

    Crítica | Liga da Justiça: Guerra

    leaguejustice

    Iniciando o reboot das animações do DCAU (DC Animated Universe), Liga da Justiça: Guerra adapta o primeiro arco de histórias de Geoff Johns à frente do título dos Novos 52. O início, introduzindo Batman – até então uma lenda urbana – e o Lanterna Verde (Hal Jordan) mostra uma das primeiras ações conjuntas dos heróis mascarados, ainda bastante desentrosados. A cena em si pouco inspira entusiasmo e quase não diz nada ao espectador.

    A personalidade dos vigilantes é fraca, sua constituição é vazia e não permite nuances, é quase como se o poder fosse a personalidade deles. Quase não há variações e o nível de ação sem propósito é grande, no sentido de não explorar grandes motivações. O erro seria até perdoável, caso as cenas de ação fossem bem feitas e plásticas, mas isso não ocorre com frequência. As animações da DC jamais foram um primor quanto ao roteiro, mas sempre foram redondas, algumas vezes até se saindo melhor que as sagas originais, vide Liga da Jusiça: A Legião do Mal por exemplo. Este sucesso não se repete nesta obra.

    O foco maior das ações dos seres superpoderosos é em atos isolados dos feitos dantescos, quebrados no máximo por ações em dupla com outros vigilantes coloridos. O quadro muda decorridos 60 minutos de exibição, especialmente com a presença do opositor, o soberano de Apokolips: Darkseid. O ruim é que o excessivo tempo gasto em piadas desvirtua a atenção do público, e a falta de exploração dos dramas dos personagens causa uma total falta de empatia por seus caracteres.

    A equipe de dublagem não é ruim, mas está muito aquém dos antigos castings de Andrea Romano. Vozes como as de Kevin Conroy, Tim Daly, Michael Ironside e tantos outros fazem uma falta considerável, visto que estes encarnaram os heróis mais famosos dos comics por muitos anos. Outro inconveniente é o opositor. Antes retratado como um inimigo imponente de discurso orgulhoso e bravo, é mostrado como uma ameaça física unicamente, se importar com si é praticamente impossível pois sua faceta não tem o mínimo apelo ou carisma.

    Justice League War inicia mal a nova seara de animações da DC Comics. Tem um caráter ordinário, falha em produzir algo novo, em rememorar os bons momentos da editora e tampouco revitaliza o tema de modo competente. Jay Oliva traz uma fita insossa e apática, muito inferior a sua anterior, Liga da Justiça: Ponto de Ignição mesmo quando apela para a violência pueril e tudo isso é ainda mais lamentável quando percebe-se que acabaram com a equipe criativa antiga para trazer isso à tona. A cena pós créditos dá um gancho para continuações vindouras, mas é tão gratuito que mal justifica a menção.