Tag: Jack Dylan Grazer

  • Crítica | Shazam!

    Crítica | Shazam!

    Cercado de expectativas, ainda mais após Aquaman ter  dado tão certo com publico e crítica especializada, Shazam! finalmente chega ao circuito comercial de cinema mundial, no entanto, já no início se indica que este é um filme independente de Homem de Aço, Batman vs Superman, Liga da Justiça e outros crossovers, tanto que nem tem a já tradicional animação da DC que também esteve no filme de James Wan e em Mulher Maravilha. David F. Sandberg teve a árdua missão de fazer um filme que soasse juvenil, divertido e diferente de toda a atmosfera que Zack Snyder tinha feito, e o caminho pavimentado antes por Wan é muito bem conduzido, sendo esse um longa-metragem algo bem diferente de tudo que foi feito na nova fase de heróis da Warner Bros.

    As primeiras cenas do filme mostram um jovem, atormentado por uma rejeição provinda de seu pai, que aliás é  interpretado por Jon Glover, o mesmo que fez o Homem Florônico em Batman e Robin, e foi o pai de Lex Luthor em Smallville, o interprete serviu de introdução portanto em três vilões em adaptações  da DC Comics. Neste início, o jovem Chad Silvana tem um encontro mágico com seres mitológicos, e a partir daí começa uma obsessão pela mágica. Esse menino se tornaria no futuro o ator Mark Strong, que faz um sujeito curioso, rico, que tem problemas sérios com seu pai e desconta toda sua frustração nessa busca.

    Em paralelo a isso, são mostrados alguns garotos órfãos, sendo o primeiro deles, Billy (Asher Angel) um menino que se perde de sua mãe e que cresce entre orfanatos, casas de adoção e reformatórios, além de Freddy Freeman (Jack Dylan Grazer), um menino hiperativo que é louco pela cultura de super heróis. O primeiro é adotado por uma família que costuma trazer meninos e abandonados para casa, enquanto o segundo já faz parte dessa casa. Os dois tem de lidar com a questão de não terem pais, além das  questões comuns a puberdade. Os dois são acompanhados por outros irmãos, cada um com sua importância e personalidade, sendo eles Darla, Pedro, Eugene  e Mary.

    Sandberg consegue colocar colocar pitadas de terror muito bem empregadas, e por mais que não seja do gênero, é mais assustador que Quando as Luzes se Apagam. Suas criaturas monstruosas são bem feitas e causam medo,  mesmo quando soam artificiais. Esses opositores, somados ao vilão maniqueísta servem bem a construção do conflito entre o ideal de Campeão do Relâmpago que vivo que Shazam/Capitão Marvel deveria ser, em confronto com a realidade dele ser um herói em formação, afinal, seu alter ego é também muito novo, vive na puberdade e tem seu caráter em formação. Como diz o mago de Djimon Hounsou (em uma participação especial bem legal por sinal), ele não é perfeito, mas é o herói que pode ser o campeão do antigo conselho dos magos que se foram.

    O roteiro repercute bem a questão da orfandade e do abandono parental, de um modo bem diferente dos quadrinhos, mas igualmente sentimental, alias é neste ponto que Billy se diferencia totalmente de Silvana ele é mais maduro e digere melhor a rejeição que o vilão , e isso ele aprende com seus irmãos adotivos, sobretudo Mary e Darla, estabelecendo assim uma união familiar melhor trabalhada até que a origem de Geoff Johns e Gary Frank em Shazam Com Uma Palavra mágica.

    O filme ainda guarda boas referências aos quadrinhos, como as que homenageiam Shazam e A Sociedade Monstruosa do Mal! de Jeff Smith, além de uma escolha de trilha sonora que funciona bem demais, mesmo em suas contradições, como quando passam os créditos, que além de ter uma animação ao estilo Deadpool, ainda é acompanhada pelo clássico dos Ramones I Don’t Want to Grow Up, que faz lembrar uma boa frase de Freddy Freeman nos quadrinhos, de que Billy se corrompeu e tornou chato ao agir como adulto, já a versão  de Zachary Levi não é isso, ao contrário, o ator está bem a vontade no papel e parece talhado para fazer um homem tão poderoso com a mentalidade de um moleque, além de ter uma química monstruosa com Grazer, estabelecendo um bromance melhor até do que a versão infantil dos dois interagindo. A escolha  dos produtores por não fazer do personagem um herói grandioso conforme as revistas antigas da editora Fawcett, e sim apelando para a fase em que a DC adquiriu as propriedades intelectuais do personagem funciona aqui, apesar de gerar curiosidade para uma versão sua que fosse mais séria e poderosa como a original

    Shazam! lembra um filme de herói tipico da Disney, escapista e fantasioso como Rocketeer, divertido e engraçado num nível que nem os filmes iniciais da Marvel conseguiram, ao mesmo tempo não se parece com praticamente nenhum filme de herói recente, causa um fascínio semelhante ao Batman de Tim Burton, mas com una aura mais despretensiosa e sem medo de ser puramente uma historia infanto juvenil.

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  • Crítica | Querido Menino

    Crítica | Querido Menino

    Querido Menino, do diretor Felix Von Groening (Bélgica e Alabama Monroe) começa com uma fala tão isolada de David Sheff que quase parece um monólogo de Steve Carrell. Em sua expressão se percebe desespero, angústia e resignação, causadas pelo sumiço de seu filho Nicolas. Entre a depressão do distanciamento emocional com seu filho – e agora físico – reside a sensação de impotência de um pai que sabe que seus erros podem ter sido o motivo do afastamento do seu primogênito, tanto de si quanto de sua família, ainda que esses erros e/ou irresponsabilidades não sejam dados de uma vez ao espectador.

    A música instrumental atua numa crescente, aumentando seu volume a medida que o passado de Nic é mostrado. Com idade de 12 anos, ele é feito por Jack Dylan Grazer e parece deslumbrado com a chegada dos bebês que seriam seus irmãos. Já mais velho, o rapaz é feito por Timothée Chalamet. A delicadeza com que a história do rapaz se desenrola impressiona, não só pelo desempenho de Chalamet e Carrell, mas também pelo cuidado que a câmera de Groening possui ao retratar esse desenvolvimento familiar.

    A trilha sonora tem um papel narrativo importante, sua utilização ultrapassa o simples embalar simbólico típico dos filmes premiados, pois servem como abreviações dos sentimentos e sensações não só de Nic, mas também de seu pai. Em alguns momentos, evocam a rebeldia, em outros tantos se atalham as discussões entre pai e filho e a decepção do homem mais velho, pelos rumos que a vida de seu filho está tomando.

    Em alguns pontos, o roteiro de Luke Davies e Groeningen soa moralista e conservador ao lidar com os vícios de Nic, mas é até natural que isso ocorra visto que é baseado no livro de pai e filho contando tal história. Em alguns pontos a montagem soa confusa, não equilibrando os momentos de desespero dos adultos com os de curtição do jovem. A ideia de soar confuso, propositalmente, para emular a condição mental de Nicolas tem uma função narrativa clara, mas sua execução não é satisfatória. A ousadia do realizador pode ser facilmente confundida com arrogância.

    De qualquer forma, Querido Menino acerta demais em seu cunho emocional e no retrato do limite das pessoas que orbitam alguém com uma adicção severa. Chalamet e Carrell estão irretocáveis, nota-se a química absurda entre os dois e a proximidade sentimental que deveria existir entre os reais. Uma fala de uma pessoa cuja família também está na reabilitação resume bem a sensação de quem sofre com um parente adicto, de que existe a sensação de luto por quem ainda está vivo, e esse talvez seja o diferencial mais óbvio deste para um Trainspotting ou Réquiem Para um Sonho, pois se trata mais de um estudo de personagem que sofre com uma obsessão do que um debruçar sobre o vício em si, e por mais que não seja tão profundo quanto as obras de Danny Boyle e Darren Aronofsky, sobra sentimento, cumplicidade e humanidade no filme de Groening.

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