Tag: Jay Oliva

  • Crítica | Batman: Sangue Ruim

    Crítica | Batman: Sangue Ruim

    Quarto filme de Jay Oliva na iniciativa de mostrar o novo universo animado da DC, Batman: Sangue Ruim continua os eventos de Batman vs Robin quase de maneira imediata. Sua ação começa com numa aventura conjunta do Morcego com a Batwoman, muito semelhante ao início do filme anterior, mas não baseado na relação de pai e filho, e sim na de equipe.

    O maior diferencial deste para outras adaptações do homem-morcego é o foco no Bat-Squad (ou Bat-Família). J.M. DeMatteis retorna ao roteiro, como foi no filme anterior, e os pontos positivos moram na interação entre os parceiros do Morcego, em especial nas piadas que a Batwoman faz com Batwing, ou o embate filosófico  entre Dick e Damian, não só como o legado de menino-prodígio, que ocorre entre os dois, mas também pela relação paterna deles com Batman/Bruce. Toda a questão de seguir como o herdeiro do manto do herói é tratada de maneira séria e adulta.

    De negativo, segue a queda de qualidade nas animações. Oliva conduz filmes visualmente bonitos, mas esbarra em movimentos artificiais. Há uma tentativa de traduzir Batman: Descanse em Paz e o arco de Batman e Robin escrito por Grant Morrison, mas aqui, não há nada lisérgico, e sim uma história bastante comum.

    O desfecho do filme é anti-climático, não há uma batalha tão empolgante quanto se esperava, e as questões relacionadas a teoria da conspiração envolvendo o da Liga das Sombras também não são bem exploradas. Batman: Sangue Ruim funciona para demonstrar a química da Bat-família, mas com pouca chance para que eles possam ser desenvolvidos.

  • Crítica |  Batman vs Robin

    Crítica | Batman vs Robin

    Batman vs Robin, de Jay Oliva, é continuação direta de O Filho do Batman, e se inicia com o Robin de Damon Wayne agindo sob a supervisão do Morcego, que o lembra a todo momento o quanto ele deve ser racional e indulgente. Obviamente, o atrito entre pai e filho mora na sede assassina da criança, criada pela Liga das Sombras, de seu avô, Ra’s Al Ghul, além de lidar com esse cenário familiar novo.

    Há momentos curiosos e interessantes no plano de fundo do filme. Inicialmente, Bruce julga ser melhor para o filho manter segredo sobre isso, supostamente por sua vida já ter sido muito difícil junto à Liga das Sombras, e ter de lidar com a imprensa naquele momento, mas a realidade tangencial é bem diferente, pois o novo Robin não era um garoto qualquer, e esse cuidado acaba sendo revertido, causando rejeição nele, que claramente tem saudades de sua antiga família e não encara Bruce como um pai para ele.

    Este é o quinto volume das adaptações pós-novos 52, e nela já se nota um desgaste na qualidade da animação. Há alguns momentos em que os movimentos soam de uma artificialidade monstruosa, além de imagens estáticas mal acabadas ou até mesmo inacabadas, dado que há falhas crassas nas definições de corpos, rostos e cenários em diversos quadros do longa.

    A parte dramática da animação é fraca e sem um ritmo mínimo que prenda o espectador. Há muitas semelhanças da história com o arco recente de Scott Snyder, A Corte das Corujas, mas também não há muito peso no modo como os elementos da história são retratadas. A ação também não funciona bem, as lutas não são plasticamente interessante, mas genéricas, sem dinamismo e qualquer traço de originalidade até mesmo na troca de socos e pontapés.

    O roteiro do quadrinista J. M. DeMatteis é possivelmente o maior equívoco  do filme, por não conseguir dar liga para a história como um todo, o que é uma pena, verdadeiramente, fazendo desse uma versão um pouco menos atabalhoada que Batman: A Piada Mortal que também foi adaptado por um quadrinista famoso, Brian Azzarello, ainda que as diferenças entre quadrinhos e animação não soem tão ofensivas quanto na adaptação do quadrinho de Alan Moore.

  • Crítica | Liga Da Justiça Sombria

    Crítica | Liga Da Justiça Sombria

    Quando nem sequer os maiores heróis da Terra – Superman, Mulher Maravilha, Batman, etc – conseguem resolver uma questão que aparentemente é espiritual, um novo grupo de justiceiros deveria ser acionado. A questão é que não há uma reunião desses místicos super poderosos, até que haja um convocação feita pelo Homem-Morcego. Liga da Justiça Sombria é baseada livremente na revista homônima dos Novos 52, e mostra Constantine, Zatanna, Desafiador, Jason Blood/Etrigan, Monstro do Pântano e outros agindo juntos, a fim de resolver uma questão envolvendo seres incorpóreos.

    A adaptação que o filme de Jay Oliva se propõe a fazer é a do primeiro arco da revista  da fase dos Novos 52. A mudança mais drástica é por conta do vilão, que nas HQs era a Magia (ou Enchantress, no original), e que é retirada para não se confundir com a trama do péssimo Esquadrão Suicida, de David Ayer, que acabava de receber críticas muito negativas à época. Fora essa mudança, não há muito do que reclamar em relação a fidelidade relativa ao cânone dos personagens, exceto é claro que a maioria deles é mostrada de maneira muito genérica.

    Etrigan, Constantine e o Monstro do Pantano são mostrados como quaisquer outros personagens da DC Comics, sem quaisquer complexidades de identidade ou de aceitação, como normalmente são retratados nos quadrinhos. Tal fato nos faz perguntar qual a necessidade colocá-los nesse grupo denominado como dark, exceto é claro pela vulnerabilidade de Superman a ataques mágicos. O Felix Faust utilizado como antagonista também não mostra muito potencial de exploração. Os combates corporais não empolgam, tampouco decepcionam, tudo na produção soa morno.

    O argumento de J. M. DeMatteis (Batman: Absolvição, Liga da Justiça Cômica) e Ernie Altbacker é genérico e a aventura não tem um clímax minimamente cativante, tudo isso aliados aos personagens que sequer causam apreço no público fazem desse Liga Justiça Sombria uma das mais descartáveis animações da DC.

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  • Batman vs Superman é um verdadeiro “épico” das referências

    Batman vs Superman é um verdadeiro “épico” das referências

    Como todos sabem, a Marvel estabeleceu no cinema uma característica peculiar para suas produções: as cenas pós-créditos. Elas revelam curiosidades dos filmes e também indicam eventos futuros.

    Semelhantemente, a Warner também está estabelecendo uma característica própria para os filmes do universo DC, e isso está sendo feito através dos easter eggs. Nunca se viu em um filme de super-herói tamanha avalanche desse recurso como vimos em Batman v Superman, consagrando-o definitivamente como um “épico das referências” em filmes do gênero.

    O termo easter eggs significa “ovo de Páscoa” em inglês, e refere-se a qualquer coisa oculta que possa ser encontrada em músicas, jogos de vídeo-game, séries e filmes. Eles trazem alguma curiosidade sobre a produção em que aparecem, podem fazer referências a outros filmes e também apontar eventos futuros.

    Entender essas referências é  uma “arte” dominada por poucos. Por causa disso, eu assisti Batman vs Superman: A Origem da Justiça sete vezes,  e utilizando minha “visão de raio-x” (coisa que o Superman de Zack Snyder não é habituado a fazer), descobri alguns novos easter eggs e gostaria de compartilhá-lhos com vocês.

    Chega de papo e vamos às referências!

    WATCHMEN

    As referências à obra prima de Moore estão presentes no começo, meio e fim de Batman vs Superman.

    No inicio do filme há um outdoor pichado com a seguinte mensagem “o fim está próximo”. Essa mensagem escatológica, oriunda da bíblia sagrada (da Epístola de São Pedro, capítulo 4, versículo 7), é base da pregação feita por Walter Kovacs (Rorschach) que, em Watchmen, atuava como um “profeta do apocalipse”. Isso era devido ao clima de medo que pairava na população devido a iminência de uma guerra nuclear entre EUA e URSS.

    Semelhantemente, esse medo também estava presente em uma parcela da população no contexto social do filme Batman vs Superman, também vislumbrava um futuro apocalíptico para a raça humana por conta da presença na Terra de um alienígena dotado de um poder de destruição em   massa, como foi testemunhado por eles nos eventos mostrando de O Homem de Aço.

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    Na metade do longa, na cena que Batman carrega Superman no ombro, quando ele está inconsciente, percebe-se uma mensagem pichada em uma coluna, em latim, que diz: “Quis custodiet ipsos custodes?“. Essa frase é do poeta Juvenal – satírico de Roma do século I e II – e significa “Quem vigia os vigilantes?”, sendo adaptada por Alan Moore como premissa máxima de Watchmen, onde foi questionada pelas autoridades dos EUA, a falta de controle e supervisão da atividade de vigilantismo na sociedade, pois os heróis agiam acima da lei e do bem e do mal, o que resultou na sanção de uma Lei Federal – Lei Keene – determinando que todos os “heróis fantasiados” fossem registrados pelo Governo. Muitos se aposentaram, outros continuaram suas atividades sob a supervisão do Estado, e alguns não se submeteram a essa situação e recusavam tal registro – como era o caso de Rorschach, atuava na clandestinidade. Esse panorama é uma menção a situação de Batman e Superman que, assim como os vigilantes de Watchmen, atuam acima da lei, sem controle ou supervisão do Estado, através de uma “jurisdição” própria, sem se submeterem as leis locais e as autoridades constituídas, o que gera medo e  insegurança em uma parte da população, que vê os heróis como uma ameaça, assim como ocorreu na clássica obra de Moore.

    Screen Shot 07-07-16 at 10.17 PMPor fim, no final no filme, é possível observar no Planeta Diário, um quadro com a capa de edição antiga do jornal com a morte de John F. Kennedy em destaque. É uma alusão ao Comediante, pois, em Watchmen, foi ele quem matou  o Presidente dos Estados Unidos.

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    Ah, Essa eu notei de imediato na estreia do filme no cinema!

    Há uma clarividente referência ao filme 300 – baseado na HQ homônima de Frank Miller – no novo trabalho de Snyder. Falando precisamente, ele estabeleceu um paralelo no roteiro de ambos os filmes. Por isso podemos observar que tanto em 300 quanto em  Batman vs Superman, há:

    – uma lança;
    – um rosto ferido;
    – um “deus” que sangra.

    O objetivo e a motivação de Bruce era a mesma de Leônidas: provar que o inimigo que enfrentava não era uma “divindade” de fato, mas um “falso deus”, que  não era invencível, possuía fraquezas, podendo inclusive ser ferido, sangrar; de fato, nesse quesito, cada qual cumpriu sua missão de maneira muito semelhante.

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    A PRIMEIRA APARIÇÃO DE LEX LUTHOR NOS QUADRINHOS

    Na prisão o guarda chama Lex Luthor de “prisioneiro A-C- 23-19-40”.

    Essa foi uma referência a primeira aparição do maior vilão do Superman, nos quadrinhos, que ocorreu na revista “A-C 23 – 19-40” (Action Comics n° 23, de abril de 1940). Luthor foi criado por Jerry Siegel e Joe Shuster, já com o propósito de ser o principal inimigo do Homem de Aço.

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    No início ele era retratado com um cientista brilhante e ambicioso – como caracterizado em Batman vs Superman, mas como vários personagens dos quadrinhos, ele sofreu transformações e chegou até mesmo a ser representado, numa série de TV, como um homem relativamente bom e atormentado. Ele só assumiu o perfil “magnata imobiliário” após Crise nas Infinitas Terras, pelas mãos do grande mestre, John Byrne.  Em 2006, na edição de número 177, a  respeitada revista Wizard, organizou ranking dos 100 maiores Vilões das Histórias em Quadrinhos de Todos os Tempos, e Luthor ocupou a 8° posição;  no mesmo ranking elaborado pelo site IGN, ele ficou em 4° lugar.

    INDÚSTRIA ACE – O “BERÇO” DO CORINGA

    A indústria ACE Chemicals é o lugar onde o Capuz Vermelho caiu num tanque de produtos químicos e “nasceu” o Coringa. Isso pode ser visto na Piada Mortal de Moore, onde é contada a origem do vilão.

    Aparentemente, esse também deve ser o lugar onde “nascerá” a Arlequina, pois no filme do Esquadrão Suicida, também foi vista a logo da mesma industria, durante as filmagens do longa no Canadá.

    Pelo visto o Palhaço do Crime será o “criador” da Arlequina – a versão feminina dele mesmo – no filme do Esquadrão Suicida e a fará “nascer” da mesma forma que ele mesmo “nasceu”, que como já vimos no trailer. Ele a jogará num tanque de produtos químicos (provavelmente as mesmas substâncias com as que ele fora banhado) o que  muda, inclusive, a cor de sua pele, seus cabelos, deixando a Harley Quinn bastante semelhante ao Coringa. Esse processo de transformação é uma inversão do simbolismo do batismo cristão, no qual a imersão – o  ato de entrar nas  águas – simboliza a morte da “velha criatura”, com a sua natureza humana pecaminosa, e a emersão –  o ato de sair das águas – simboliza o nascimento de uma “nova criatura”, com uma vida santificada. No caso do Coringa e da Arlequina há um significado contrário: quando entraram nas ”águas” do ”tanque batismal” da ACE Chemicals, ali morreu tudo o que neles havia de ”humano”, e ao sair das ”águas”, renasceram com uma natureza “inumana”, maligna…

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     A CRUCIFICAÇÃO DE JESUS CRISTO 

    Religião foi um tema abundante no filme Batman v Superman. Há paralelos com o   messias Jesus Cristo, na origem e formação do mito Superman; não seria diferente na sua morte, pois foi claramente inspirada na morte de Cristo descrita nos Evangelhos. Podemos observar que a cena em que o corpo do Superman é descido cuidadosamente pelo Batman e a Mulher-Maravilha de um “monte”, é baseada na descrição da bíblia, quando Jesus é retirado da cruz. O ambiente na cena do filme é recriado de maneira a  assemelhar-se ao Calvário, local da crucificação de Cristo. Podemos observar figuras bíblicas aludidas na cena: Lois representa Maria, com o filho morto em seus braços; Diana representa Maria Madalena e Batman, o apóstolo João. Há, Inclusive,  a presença de duas cruzes no ambiente, fazendo alusão aos dois ladrões que morreram crucificados ao lado de Jesus. A cena, criada numa atmosfera de arte barroca, foi montada,  para enfatizar o aspecto messiânico e salvador do Superman, que a exemplo de Jesus, dá a sua vida em sacrifício para salvar a humanidade. O que corrobora ainda mais esse aspecto religioso do filme e paralelo da Morte do Superman com a Paixão de Cristo,  foi o fato do filme ter estreado nos cinemas em fim de semana de Páscoa.

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    DIRETOR DAS ANIMAÇÕES DA DC COMICS

    Após a  discussão entre Clark e Lois, no Planeta Diário, acerca da viagem investigava que ela faria, Lois vai embora; nesse ínterim é possível notar o nome “Jay Oliva” como um dos funcionários do jornal. O easter egg, ao meu ver, é muito significativo. Para quem não o conhece, Oliva é responsável pela direção de diversas animações da DC, entre elas Ponto de Ignição, na qual, por causa de um evento promovido pelo Flash, toda realidade DC é alterada. Quando participou do Hall of Justice Podcasts, Oliva afirmou sobre Batman vs Superman, que  o sonho de Bruce acerca do futuro apocalíptico, que findou com uma mensagem trazida pelo Flash,  não era apenas um sonho. Segundo o diretor: “Na DC, quando você volta no tempo, você cria um tipo de expansão temporal, onde muitas coisas mudam. Deixe-me dizer isso. Mais uma vez. Eu não sei qual o pensamento de Snyder, mas esse é o meu: e se isso não for uma sequência de sonho? E se isso for uma expansão temporal, uma memória latente do futuro de onde o Flash voltou? Se você observar a cena, ele [Bruce] não dorme. Ele espera pelos arquivos da Lexcorp, e de repente a cena acontece, e ele vê sua própria morte. E o que ele viu? Ele viu o Flash. E se você é um fã da DC, sabe o que está acontecendo. Você sabe que Flash está voltando no tempo, que   estas memórias estão voltando para ele.”

    Ou seja,  Jay Oliva está convencido de que a viagem no tempo promovida pelo Flash – para de alertar Bruce – resultaria em uma “expansão temporal”. Seria uma referencia a Injustice? veremos realmente no cinema o  ” Superman ditador”?

    Este mistério somente o tempo desvendará.

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    Batman vs Superman é um filme que possui um roteiro extremamente rico e, por isso tem gerado grandes debates entre os fãs, que são os verdadeiros especialistas no assunto. Não vejo nenhum outro filme que seja capaz de superá-lo nesse quesito, seja da Marvel ou da própria Warner/DC.

    Vou parar por aqui porque se eu citar todas as outras, poderei causar uma “overdose” de referências no leitor. E você, notou alguma referência no filme? Comente e compartilhe conosco. Achá-las é um exercício mental delicioso para os fãs do universo DC.

    Texto de autoria de Jamy Milano.

  • Crítica | Batman: Assalto em Arkham

    Crítica | Batman: Assalto em Arkham

    Batman Assalto em Arkham

    De começo simplista, Batman: Assalto em Arkham segue a nova onda de animações da DC Comics pós-reboot, e diferentemente de outros pares como Liga da Justiça: Guerra e O Filho do Batman, esta foca personagens secundários do universo do Morcego, mais especificamente os vilões. A toada é diferenciada da estética dos Novos 52, já que logo no início é mostrada uma Amanda Waller ainda obesa, com a costumeira e bela construção de sua personagem antes da última “reinvenção”. A violência também é inserida no filme de maneira mais acentuada se comparada a de seus primos, com direito a sangue e dilacerações.

    O mote da história varia nas referências, com momentos que lembram a série recente de games de Batman relacionados a Franquia Arkham e, claro, a formação do Esquadrão Suicida, idealizada pela membro do Projeto Cadmus. A velha máxima do grupo de bandidos é reafirmada, cuja sentença aparece em duas formas: a total cooperação deles em troca da remissão de seus pecados ou a morte.

    A missão desta vez caracteriza-se por uma invasão ao asilo de Amadeus Arkham para recuperar o cajado do Charada, que poderia conter uma arma de destruição em massa. A desculpa para a ausência de Batman na história se dá por ele estar em outra missão, ainda que tal prioridade seja muito discutível.

    O submundo de Gotham é um campo muito fértil para as desventuras do grupo de marginais, ao exibirem toda a a sua misantropia à procura das condições mínimas para a execução da missão a qual foram comissionados. No entanto, a postura dos personagens do ideário da cidade é curiosa e contrastante com a violência gráfica mostrada anteriormente.

    O mafioso superpoderoso Pinguim é apresentado como um selvagem se alimentando de uma pilha de peixes crus, como fazia sua contraparte deformada e monstruosa em Batman: O Retorno – tal caracterização além de datada é contraditória por ser demasiada imatura, especialmente quando é precedida por uma cena de cunho sexual envolvendo Arlequina e o Pistoleiro.

    Os ares do universo pré-Novos 52 são notados na escolha de dubladores, especialmente com o retorno de Kevin Conroy como dublador do Cruzado Encapuzado, o que não ocorria em longas desde Liga da Justiça: Ponto de Ignição. É curioso como o diretor Jay Oliva prossegue reverenciando o segundo filme de Tim Burton à frente do herói, com cenas literalmente copiadas e com o design do batmóvel muito semelhante ao veículo pilotado por Michael Keaton. Por mais que não seja o personagem que mais aparece em tela, o Morcego ainda envolve-se em cenas de luta impressionantes se analisadas sob o ponto de vista gráfico.

    Alguns outros easter eggs são mostrados, entre eles máscaras dos palhaços capangas do Coringa de Heath Ledger. Do meio para o final da exibição, a tônica volta para os personagens mais conhecidos e carismáticos, primeiro remetendo à óbvia rivalidade de Batman com seu nêmese, depois com a reativação do romance protagonizado por Coringa e Arlequina – é esta relação, aliás, a responsável para que o caótico plano do Palhaço do Crime fosse às vias de fato. O caos do manicômio ganha as ruas da cidade, pondo-se além dos portões da casa de loucos.

    O Coringa rouba a cena, fazendo do Asilo e seus arredores um zoológico ao liberar todas as feras enjauladas para desviar a atenção da bomba de Nygma, que ele resolve ativar só por diversão. Tudo ocorre em tempo o suficiente para o herói destravar todas as traquitanas de seu rival. Se por um lado há uma sobra de violência nos primeiros momentos, o roteiro de Heath Corson não consegue desenvolver algo mais elaborado quando se cobra uma visão mais adulta dos fatos.

    Esse desequilíbrio entre o juvenil e o infantil denigre muito a fita, fazendo dela uma peça de gosto duvidoso e de público não definido. Seu caráter é de difícil distinção, e fora a bela coordenação de vozes de Andrea Romano e seu atores, pouco há para se elogiar no filme, claro, destacando a melhora aparente quando comparado com as animações que emulam os Novos 52.

  • Crítica | Liga da Justiça: Guerra

    Crítica | Liga da Justiça: Guerra

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    Iniciando o reboot das animações do DCAU (DC Animated Universe), Liga da Justiça: Guerra adapta o primeiro arco de histórias de Geoff Johns à frente do título dos Novos 52. O início, introduzindo Batman – até então uma lenda urbana – e o Lanterna Verde (Hal Jordan) mostra uma das primeiras ações conjuntas dos heróis mascarados, ainda bastante desentrosados. A cena em si pouco inspira entusiasmo e quase não diz nada ao espectador.

    A personalidade dos vigilantes é fraca, sua constituição é vazia e não permite nuances, é quase como se o poder fosse a personalidade deles. Quase não há variações e o nível de ação sem propósito é grande, no sentido de não explorar grandes motivações. O erro seria até perdoável, caso as cenas de ação fossem bem feitas e plásticas, mas isso não ocorre com frequência. As animações da DC jamais foram um primor quanto ao roteiro, mas sempre foram redondas, algumas vezes até se saindo melhor que as sagas originais, vide Liga da Jusiça: A Legião do Mal por exemplo. Este sucesso não se repete nesta obra.

    O foco maior das ações dos seres superpoderosos é em atos isolados dos feitos dantescos, quebrados no máximo por ações em dupla com outros vigilantes coloridos. O quadro muda decorridos 60 minutos de exibição, especialmente com a presença do opositor, o soberano de Apokolips: Darkseid. O ruim é que o excessivo tempo gasto em piadas desvirtua a atenção do público, e a falta de exploração dos dramas dos personagens causa uma total falta de empatia por seus caracteres.

    A equipe de dublagem não é ruim, mas está muito aquém dos antigos castings de Andrea Romano. Vozes como as de Kevin Conroy, Tim Daly, Michael Ironside e tantos outros fazem uma falta considerável, visto que estes encarnaram os heróis mais famosos dos comics por muitos anos. Outro inconveniente é o opositor. Antes retratado como um inimigo imponente de discurso orgulhoso e bravo, é mostrado como uma ameaça física unicamente, se importar com si é praticamente impossível pois sua faceta não tem o mínimo apelo ou carisma.

    Justice League War inicia mal a nova seara de animações da DC Comics. Tem um caráter ordinário, falha em produzir algo novo, em rememorar os bons momentos da editora e tampouco revitaliza o tema de modo competente. Jay Oliva traz uma fita insossa e apática, muito inferior a sua anterior, Liga da Justiça: Ponto de Ignição mesmo quando apela para a violência pueril e tudo isso é ainda mais lamentável quando percebe-se que acabaram com a equipe criativa antiga para trazer isso à tona. A cena pós créditos dá um gancho para continuações vindouras, mas é tão gratuito que mal justifica a menção.