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  • Crítica | Batman: Sangue Ruim

    Crítica | Batman: Sangue Ruim

    Quarto filme de Jay Oliva na iniciativa de mostrar o novo universo animado da DC, Batman: Sangue Ruim continua os eventos de Batman vs Robin quase de maneira imediata. Sua ação começa com numa aventura conjunta do Morcego com a Batwoman, muito semelhante ao início do filme anterior, mas não baseado na relação de pai e filho, e sim na de equipe.

    O maior diferencial deste para outras adaptações do homem-morcego é o foco no Bat-Squad (ou Bat-Família). J.M. DeMatteis retorna ao roteiro, como foi no filme anterior, e os pontos positivos moram na interação entre os parceiros do Morcego, em especial nas piadas que a Batwoman faz com Batwing, ou o embate filosófico  entre Dick e Damian, não só como o legado de menino-prodígio, que ocorre entre os dois, mas também pela relação paterna deles com Batman/Bruce. Toda a questão de seguir como o herdeiro do manto do herói é tratada de maneira séria e adulta.

    De negativo, segue a queda de qualidade nas animações. Oliva conduz filmes visualmente bonitos, mas esbarra em movimentos artificiais. Há uma tentativa de traduzir Batman: Descanse em Paz e o arco de Batman e Robin escrito por Grant Morrison, mas aqui, não há nada lisérgico, e sim uma história bastante comum.

    O desfecho do filme é anti-climático, não há uma batalha tão empolgante quanto se esperava, e as questões relacionadas a teoria da conspiração envolvendo o da Liga das Sombras também não são bem exploradas. Batman: Sangue Ruim funciona para demonstrar a química da Bat-família, mas com pouca chance para que eles possam ser desenvolvidos.

  • Crítica |  Batman vs Robin

    Crítica | Batman vs Robin

    Batman vs Robin, de Jay Oliva, é continuação direta de O Filho do Batman, e se inicia com o Robin de Damon Wayne agindo sob a supervisão do Morcego, que o lembra a todo momento o quanto ele deve ser racional e indulgente. Obviamente, o atrito entre pai e filho mora na sede assassina da criança, criada pela Liga das Sombras, de seu avô, Ra’s Al Ghul, além de lidar com esse cenário familiar novo.

    Há momentos curiosos e interessantes no plano de fundo do filme. Inicialmente, Bruce julga ser melhor para o filho manter segredo sobre isso, supostamente por sua vida já ter sido muito difícil junto à Liga das Sombras, e ter de lidar com a imprensa naquele momento, mas a realidade tangencial é bem diferente, pois o novo Robin não era um garoto qualquer, e esse cuidado acaba sendo revertido, causando rejeição nele, que claramente tem saudades de sua antiga família e não encara Bruce como um pai para ele.

    Este é o quinto volume das adaptações pós-novos 52, e nela já se nota um desgaste na qualidade da animação. Há alguns momentos em que os movimentos soam de uma artificialidade monstruosa, além de imagens estáticas mal acabadas ou até mesmo inacabadas, dado que há falhas crassas nas definições de corpos, rostos e cenários em diversos quadros do longa.

    A parte dramática da animação é fraca e sem um ritmo mínimo que prenda o espectador. Há muitas semelhanças da história com o arco recente de Scott Snyder, A Corte das Corujas, mas também não há muito peso no modo como os elementos da história são retratadas. A ação também não funciona bem, as lutas não são plasticamente interessante, mas genéricas, sem dinamismo e qualquer traço de originalidade até mesmo na troca de socos e pontapés.

    O roteiro do quadrinista J. M. DeMatteis é possivelmente o maior equívoco  do filme, por não conseguir dar liga para a história como um todo, o que é uma pena, verdadeiramente, fazendo desse uma versão um pouco menos atabalhoada que Batman: A Piada Mortal que também foi adaptado por um quadrinista famoso, Brian Azzarello, ainda que as diferenças entre quadrinhos e animação não soem tão ofensivas quanto na adaptação do quadrinho de Alan Moore.

  • Crítica | Batman & Robin

    Crítica | Batman & Robin

    A primeira fala do Batman de Val Kilmer em Batman Eternamente, envolve ele e Alfred discutindo sobre a janta do herói, com Bruce se negando a comer em casa, dizendo que irá em um drive thru, quebrando já no inicio a ideia de que aquele poderia ser um filme sério. A abordagem que o novo diretor dava a franquia iniciada por Tim Burton em Batman se distanciava cada vez mais daquele tom dark e violento, e seguiria nesse estilo, na nova versão de Batman e Robin, com um início igualmente esdrúxulo, onde após os créditos iniciais e uma apresentação que deveria ser épica – mas que soa patética – do batmóvel é cortada por uma conversa infantil, entre o Robin de Chris O’Donnel, que agora usa um uniforme que lembra o de Asa Noturna nos quadrinhos, com o novo morcego de George Clooney, onde o jovem deseja usar o carro, por conta das gatinhas se amarrarem, enquanto o cruzado encapuzado diz que é por isso que o Superman trabalha sozinho. Essa piada infame talvez tenha sido a pá de cal em cima da pretensão da Warner em usar esse e Superman Lives como iniciativa do seu universo compartilhado no cinema.

    É comum entre fãs do personagem criado por Bill Finger e Bob Kane, dizer que o arqui inimigo do Batman é Joel Schumacher e não o Coringa, e isso talvez seja uma grande injustiça. Claramente a culpa do que foi cometido em Batman e Robin é não única e exclusivamente dele. Em materiais de divulgação dos DVDs e Blurays do filme, o diretor pede desculpas se ofendeu alguém, mas a realidade é a que a responsabilidade que lhe foi imposta era árdua, pois produtores e roteiristas  pareciam embuidos em sabotar essa quarta versão da saga.

    Nos cinco primeiros minutos de filme, Alfred (Michael Gough) faz piada com pizzas, Batman conversa com o Comissário Gordon (Pat Hingle) em um dispositivo televisivo em seu carro, claramente para vender brinquedos não só do carro, como também desse visor, e o Senhor Frio de Arnold Schwarzenegger – que é aliás o primeiro nome nos créditos – é capaz de entre a minutagem de 4:19 e 5:08 ele consegue proferir três frases com trocadilhos relacionados a frio, e seriam 27 ao longo dos 124 minutos de exibição. A obrigação em vender merchandising é da Warner, e esses diálogos artificiais foram escritos por Akiva Goldsman.

    Evidente que Schumacher poderia ter recusado voltar, diante do texto que tinha em mãos e diante das exigências imbecis que o estúdio propunha, mas a realidade é que recusar a realização de um sonho, de poder traduzir no cinema uma historia do seu personagem favorito não é uma decisão fácil, vide Nicolas Cage aceitando ser o Superman e fazendo Motoqueiro Fantasma, mas a dura realidade é que praticamente nada faz sentido aqui.

    Ainda na cena inicial do museu, os capangas de Frio jogam hockei com o diamante que ele roubou, o mesmo que precisaria estar intacto para formar a máquina que tentaria trazer sua esposa a vida. Os exageros continuam, Victor Fries lança uma rajada de gelo na direção do herói, o suficiente para matar de hipotermia o personagem, mas ele basicamente só manieta o Morcego, levemente, cobrindo suas mãos com um gelinho muito bem talhado. Mas em um filme onde patins saem das botas do Batman, onde a dupla dinâmica surfa com as portas da nave do vilão, desliza na cauda de dinossauros de um museu e onde Schwarzenneger faz cosplay de pomba congelada, com direito a asinha estilizada como as de uma mariposa, pode absolutamente tudo.

    Não bastasse um cenário super bizarro ligado a vilões, há um segundo, envolvendo a versão do Homem Florônico com John Glover fazendo experimentos contra a vontade de suas cobaias, no entanto, cabe a Pamela Isley a primeira inteiração daqui, com a sua interprete Uma Thurman lamentando que ainda não conseguiu fundir a estrutura animal com a das plantas. Enquanto isso, é criado Bane, um homem franzino, que é anabolizado por uma droga chamado Veneno, e que está lá para ser vendido entre soberanos de países, com pastiches de reis africanos, sósias de Fidel Castro, de chineses e outros asiáticos,e esse é só o início dos exageros.

    O tal doutor Woodrue de Glover interrompe seu leilão, para tentar convencer Pamela a se juntar a ele, mesmo ela já sendo sua empregada, e a resposta dela é ideológica, de que não servirá ao mal, falando que sua missão na Terra é cuidar da não extinção das plantas. É tudo tão bobo e pueril que jogar prateleiras cheias de líquidos coloridos e acreditar que uma pessoa morrerá só com isso nem é tão absurdo, no final das contas.

    Mas o filme é ousado, tenta estabelecer algumas sub tramas emocionais, duas em especifico, uma explorando a decadência emocional de Fries, tomando por base a boa construção do personagem trágico e viúvo feita durante Batman The Animated Series, além claro da problemática em relação a saúde de Alfred, fato que permite que Clooney e Gough possam dividir algumas poucas cenas de ternura. É uma pena que ambos os aspectos sejam banalizados, com Freeze mandando os capangas dançarem, e com o advento de Barbara Wilson, de Alicia Silvertone, que mais tarde, se tornaria a nova  Batgirl, repetindo quase todo o arco de Dick Grayson em Batman Eternamente.

    A construção das personagens femininas são terríveis. Pamela retorna dos mortos como a Mulher Gato de Michelle Pfeiffer em Batman o Retorno, mas sem metade do charme daquela versão, apesar de estar lindíssima a partir daí. Julie Madison, que foi um primeiros amores do personagem principal nos quadrinhos é sub aproveitada , e Elle Macpherson só aparece em tela com 35 minutos de exibição. Barbara que foi mudada de filha de Gordon para sobrinha do mordomo também não tem um bom desempenho, é só a menina com ideal de libertar o parente dos grilhões de servidão/escravidão que os Wayne o impuseram, mas usufrui da fortuna deles sem receios, e até aceita entrar o bat-squad, apesar de claramente não concordar com os métodos de Bruce. Mais uma vez essas construções de personagem não fazem sentido.

    Talvez se a trama de Alfred em tentar encontrar seu irmão Wilfred para substitui-lo fosse levada mais a sério, daria certo, fato é que achar que Barbara levaria seu legado a frente, além do que seria mais uma preconceituosa conclusão de que a menina aceitaria a condição de faz tudo de bom grado, já que pela ideia dos quatro filmes, é Alfred que cuida sozinho de toda a mansão. Não fosse Silverstone – uma atriz fraca, escolhida basicamente por ser bonita e famosa – a porta voz do plot sobre a condição de saúde de Alfred, possivelmente seria este o cerne emotivo mais forte do filme, ou ao menos um aspecto positivo em meio a toda a péssima execução do combalido roteiro de Goldsman. O fato de Dick ser insensível (ou apenas desatento) com a condição de seu mordomo faz sentido, pois ele é jovem, impulsivo, e um pouco egoísta, como boa parte dos pós adolescentes, enquanto Bruce, que enxerga Alfred como a sua figura paterna, percebe a tentativa do idoso de ludibria-lo.

    O quadro ainda iria piorar, com uma festa temática africana, uma festa a fantasia que conta com Batman e Robin como convidados, que trabalham em prol da caridade a instituições que precisam de recursos. Assistindo os filmes de Chris Nolan atualmente, se entende por que fizeram tanto sucesso, pois o Batman dele não se permite ser usado para fins lucrativos e nem faz aparições publicas assim tão esdrúxulas. Claro que essa sequencia toda é montada para dar vazão aos fetiches de Schumacher por neon, e para apresentar homens musculoso, de tanga e óleo sobre o tórax e bíceps, que lá estão servindo a versão mais sensual de Pamela, a Hera Venenosa, como um pretexto para pôr  para fora fetiches e exibicionismos.

    Há algo de poético e inocente nos beijos de Hera. A morte, vindo através dos lábios de uma dama é um requinte de crueldade bem pensado, ainda mais se o foco é apresentar a fúria vingativa de Gaia ante os humanos. Juntando isso, ao luto que Fries sofre, ao ser enganado por sua nova parceira, quase se compõe um pequeno respiro de humanidade e inteligência no longa, que obviamente é cortado por um plano esdrúxulo, onde a era glacial invadiria Gotham, através do roubo de uma tecnologia espacial pelo Senhor Frio, onde jamais as plantas de Ivy poderiam sobreviver, além de apresentar a cena mais patética de Pat Hingle em toda a franquia, onde ele é seduzido por Pamela, que se recusa a beijá-lo por conta dele ser idoso. É melancólico que esse seja seu ultimo momento dentro da franquia.

    Os trinta minutos finais formam um caminho de uma ladeira percorrida por um veículo de pneus carecas, por mais que parecesse que esses níveis eram ruins, havia uma rota que poderia piorar tudo, e ela foi tomada com muita vontade por parte de quem ajudou a realizar essa obra. Robin Sinal, Barbara abrindo o cd-rom com as informações da bat caverna com o logo do filme ilumando sua face, a briga para medir quem tem pênis maior encerrada com um pedido fraternal de Bruce para que Dick não cedesse a sedução de Hera claramente com ciúmes, não se sabe se da mulher ou do garoto prodígio.

    Hera e Robin quase consumam seu “amor”, em mais uma sequencia das mais vergonhosas. O gesto recatado de ósculo labial, que deveria ser um paralelo equivalente a ousadia de colocar sexo em um filme feito para crianças é cortado por lábios de borracha do sidekick do morcego, e o causo só é resolvido pelo girl Power de Barbara, em uma série de eventos tão toscos que fazem o inicio parecer sério. A classificação que o Newsweek deu para o filme de Grande, Ousado  e Magnifico poderia facilmente por Espalhafatoso, Excessivo e Patético.

    Nem mesmo a música de Elliot Goldenthal funciona, mesmo que tocada sozinha tenha um significado, ao compor o quadro com as imagens. Quando ela é tocada apenas para embalar os carros e veículos que deslizam sobre o gelo, e para ajudar a vender mais bonecos com uniformes diferentes, tudo se banaliza. Mamilos protuberantes, close em partes genitais e o CGI mal empregado não irritam tanto quanto essa necessidade de vender os tais brinquedos, que por sinal, nem eram tão legais, os que eram feitos para os filmes de Burton eram infinitamente mais legais, se comparar então com os dos desenhos, é covardia.

    Robin é o herói impotente, ao ver seu amigo e parceiro cair, ele diz a Batgirl que a eles resta rezar. A vontade de fazer piada passa por cima inclusive da essência dos personagens, não se pensa duas vezes antes. Há muitos momentos vergonhosos para escolher como o preferido no final, se é a quase cena pós crédito entre Hera e Victor, que não faz sentido, se é o neon que invade até a casa de Bruce, ou se é o Senhor Frio guardando a cura para a doença de sua amada consigo em sua armadura, e que serve para ajudar Alfred a viver. No entanto, há algo mágico na obra que Schumacher dirigiu, algo que faz toda essa besteirada cafona funcionar como algo tão ruim que se torna divertido acompanhar o desastre. O objetivo do diretor era fazer o que James Wan conseguiu em Aquaman, um filme de herói histriônico, brega e que funciona por não se levar a sério, mas as muitas influencias da Warner e sua passividade – sem trocadilhos com orientação sexual, obviamente – não permitiram isso, e fizeram ele enterrar a franquia por muito tempo, até Batman Begins, enterrando também o possível filme cinco  Batman Triunfante e Superman Lives de Tim Burton, o que é uma pena, pois o fã mais curioso e merdeiro. Nem a falta de identidade de Batman e Robin sepulta a curiosidade do que viria a partir daqui, ao menos a esse que vos fala. Sempre imaginei como seria um quinto filme, com Fries do lado dos mocinhos, ou com Alfred entrando em ação, mas obviamente que esses absurdos pensados pela minha cabeça quando criança não estavam a altura do que poderiam construir Schumacher e sua equipe.

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  • Resenha | Lendas do Cavaleiro das Trevas: Alan Davis

    Resenha | Lendas do Cavaleiro das Trevas: Alan Davis

    Se existe uma lacuna nas publicações DC Comics no Brasil, podemos dizer que é a de fases clássicas de seus personagens. A Panini vem publicando com sucesso suas Coleções Históricas da Marvel Comics há algum tempo, enquanto os fãs da DC quase não têm acesso às histórias da mesma época. A coleção Lendas do Cavaleiro das Trevas vem preencher esse vácuo, e podemos comparar sua qualidade com a da Coleção Histórica Marvel: Homem-Aranha. A primeira publicação dessa linha apresenta o Batman desenhado pelo veterano Alan Davis.

    Esqueça o personagem fascista e psicótico eternizado por Frank Miller em O Cavaleiro das Trevas: esse Batman é um verdadeiro herói em todos os sentidos da palavra! O lado detetivesco é bastante explorado, mas o melhor é a relação com o Robin! Qualquer aspirante a humorista que insiste em fazer piadas homofóbicas com a Dupla Dinâmica provavelmente nunca leu uma história dos personagens. Robin aqui é Jason Todd, e a julgar por essas histórias, não há motivo para odiar o personagem. Sua relação com Batman é mais do que entre pupilo e tutor: é de pai e filho. Batman demonstra uma preocupação e um carinho muito grande com seu filho adotivo, e quer para ele um destino melhor que o seu próprio. A possibilidade da perda do parceiro-mirim é um fantasma que assombra o Homem-Morcego – o que nos faz entender todo o desenvolvimento do personagem após a morte de Jason.

    Os vilões clássicos estão presentes nos dois volumes: Mulher-Gato, Coringa, Espantalho e Chapeleiro Louco são apresentados da forma como os conhecemos nas animações oitentistas. Assim, temos uma Selina Kyle miando e ronronando todo o tempo, um Coringa espalhafatoso e pouco ameaçador, e um Jarvis Tetch abobalhado.

    O primeiro volume é bastante divertido. Já o segundo, embora tenha histórias melhores, é um pouco frustrante, pois a capa induz o leitor a pensar em histórias que, no final, não estão na edição. A capa do volume dois apresenta o Batman carregando Robin no colo, com chamas no cenário atrás, o que dá a entender que será apresentada a clássica história Morte em Família, quando na verdade é uma história de origem do Homem-Morcego. Já na quarta capa vemos o Morcegão segurando uma arma, imagem do clássico Ano Dois. Infelizmente, apenas a primeira história de Ano Dois consta na edição, por ter sido a única desenhada por Alan Davis. Esse seria um bom argumento, se no primeiro volume não houvesse histórias desenhadas por outros artistas (o encontro de Batman com Sherlock Holmes) para completar um arco iniciado por Davis. Mesmo assim, essa edição é melhor que a primeira, e se encerra com uma história de Batman – Preto e Branco. É bom ver o Batman oitentista novamente, sendo aquilo que ele realmente deveria ser: um detetive e, acima de tudo, um herói!

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  • Resenha | Robin: Dia Um

    Resenha | Robin: Dia Um

    Robin Ano Um

    Mantendo viva a chama escapista vista em alguns especiais do Morcego nos idos dos anos noventa – visando, obviamente, fazer um contraponto à mega-saga A Queda do Morcego –, a revista Batman Chronicles preconizava aventuras do Cruzado Encapuzado em meio a uma Gotham diferenciada. Em Robin: Dia Um, a cidade é apresentada como um lugar mais lúdico, mesmo sendo publicada em meio à saga Terremoto (No Brasil, presente na edição nº 32 da Editora Abril, ainda em formatinho).

    Os desenhos de Lee Weeks habitam uma amálgama dos traços de David Mazuchelli, de Batman: Ano Um, e o visual típico da série televisiva sessentista do homem-morcego, emulando elementos dessas duas fases tão distintas. Batman é flagrado em mais uma ronda rotineira, atrapalhando um negócio escuso de uma das quadrilhas que habitam a cidade, mais uma vez desbaratando os marginais sem maiores complicações.

    Apesar de o roteiro de Bruce Canwell tocar em pontos-chave, como comportamento mafioso e brechas legais em denúncias não concluídas por parte dos malfeitores, os desenhos de Weeks não abrem margem para uma discussão mais profunda. Isso ocorre também no linguajar do diálogo entre mentor e pupilo, com Bruce Wayne e Dick Grayson conversando bem ao estilo camp das histórias escritas logo no início do surgimento da dupla dinâmica, ainda com arte de Bob Kane. No decorrer da trama, nota-se um clima semelhante ao pensado por Brian De Palma em Os Intocáveis, claro, excetuando a violência gráfica causada pelo antagonista Al Capone, mas permanecendo o mesmo senso de justiça de Eliot Ness – na figura de Batman, logicamente – além de conter uma homogeneidade entre a fotografia do filme e o visual da hq.

    As peripécias das primeiras aventuras do parceiro-mirim do Morcego representam a adaptação do terceiro Robin, Tim Drake, ao ofício de menino prodígio, mesmo com os quase dez anos de exercício do manto. Após a morte de Jason Todd e agora com lugar cativo, o webmaster, que não era órfão – em mais um paradigma quebrado -, não havia ainda ganhado a popularidade que se esperava dele, por isso uma aproximação de uma encarnação mais popular era necessária, além de aproximar a iconografia visual de ambas as figuras.

    Os primórdios do trabalho em equipe da dupla resgatam muito mais do que o simples escapismo das épocas mais inocentes da Era de Ouro,como comprova a competência de Batman enquanto treinador e o discipulado que fez com seu pupilo. Expõem também uma interação harmoniosa sem sugerir qualquer traço de homo-afetividade subliminar, como Fredric Wertham gostava de destacar. Usando plots parecidos com os filmes de Joel Schumacher, Robin – Dia Um consegue unir a origem do Robin e abordar a confiança mútua e simbiótica da dupla, sem precisar apelar para os clichês cafonas dos filmes e sem subestimar o leitor, apresentando uma aventura divertida e descompromissada.

  • Resenha | Batman e Capitão América

    Resenha | Batman e Capitão América

    Batman e Capitão América - John Byrne

    Remetendo ao antiquíssimo selo Túnel do Tempo (ou Elseworld), John Byrne utiliza sua larga experiência e o trânsito livre que sempre teve nas duas principais editoras de quadrinhos mainstream para contar o recordatório que remete ao começo da carreira de dois ícones heroicos imortais, o Cruzado Encapuzado e o homem que lutou a Segunda Guerra Mundial ostentando em seus músculos a bandeira americana, também lembrando, claro, de seus parceiros mirins e seu maiores rivais.

    Passada em janeiro de 1945, ainda com os ecos europeus da grande guerra contra Hitler e companhia, a história começa em Gotham, mostrando uma referência visual muito semelhante a dos primeiros capítulos de Bob Kane enquanto desenhista da Detective Comics. O resgate a este momento específico é válido, causando no leitor um saudosismo agradabilíssimo e muito pontual, uma vez que, em meio aos anos 90, ocorria uma das maiores derrocadas do Batman – leia-se Queda do Morcego.

    É curioso notar que a perseguição entre o Batmóvel e o carro do Coringa é feita por dois Fuscas, mostrando que quase nem era necessária a chancela em balões informando a época do confronto. O clima escapista é notado nas cores escolhidas por Byrne, que, apesar de manter um pouco do clima soturno das primeiras histórias, vê no excesso de cores nos uniformes dos personagens o retrato de uma época em que a docilidade pueril era de praxe.

    Pelo lado europeu do globo, o Capitão América enfrenta a guerra que ainda domina o continente, num embate contra uma máquina assassina hitlerista, uma mistura de tanque de guerra com um robô mas que é facilmente subjugada pelo Sentinela da Liberdade, que, acompanhado do Sargento Rock e da Companhia Moleza, consegue derrubar a resistência nazista. Logo, o herói recebe uma ordem para se reapresentar e interceptar um avião sequestrado. Já no ar, ele decide deter a máquina voadora sem paraquedas ou qualquer outro artifício de segurança, logrando êxito, como era típico das primeiras histórias. Logo o Morcego se aproxima, também no ar, para ajudar o herói a combater seus oponentes, sem qualquer explicação prévia, mas em união bela e proveitosa.

    Pelo dito nas linhas do roteiro, esta não seria a primeira cooperação entre os heróis, o que agrava ainda mais a missão dada a Steve Rogers, a de investigar uma possível conexão entre o milionário Bruce Wayne e o Coringa, que teria em mãos um plano expondo alguns segredos de Estado muito valiosos.

    Em um embate físico entre as contrapartes sem uniforme, ambos, logo depois, decidem cooperar mutuamente, visando alcançar o palhaço vilão de Gotham. Detalhe importante e que colabora muito com a velha disputa entre marvetes e decenetes é que Bruce chega ao cúmulo de assumir sua inferioridade ao soldado americano, antes de eles fazerem as pazes e voltarem a ser amigos.

    Logo se descobre que o ardil é orquestrado pelo Caveira Vermelho, que escapou da Alemanha e atacou Gotham, em um conchavo com o Coringa. O clima de união entre as editoras é tão grande que até os parceiros mirins são trocados, com o Capitão trabalhando com Robin e Bucky acompanhando o Cruzado dentro do veículo cheio de traquitanas internas.

    O nostálgico caráter prossegue, com o plano megalomaníaco do Caveira revelado aos seus inimigos antes de ser plenamente executado. Toda a reconstrução pensada por Byrne é muito bem conduzida, mesmo que sua história não tenha qualquer compromisso com um subtexto mais profundo. Ao final, o encadernado ainda é capaz de demonstrar outras tantas pérolas, como a discussão ideológica entre Coringa e Caveira Vermelha; quando o segundo convida o Palhaço do Crime a se juntar ao terceiro Reich, logo ouve a resposta: “eu sou um insano criminoso americano” – numa referência clara a sua fidelidade à pátria, diferente e muito do que foi pensado por Jim Starlin em Morte em Família, cujo vilão torna-se embaixador do Irã. Claro, tudo isto é muito pautado na comédia.

    Após uma explosão nuclear, os vilões chegam afinal ao seu tão esperado fim, o que prenuncia a nova exploração de conceito heroico que ocorreria lá pelos anos 60, com a evolução do atomic horror para o conceito de Stan Lee em fazer quadrinhos, com poderes de origens radioativas. Além deste conjunto de referências, ainda há um epílogo, sugerido por Roger Estern, em que o novo Batman (Dick Grayson) acha um esquife de gelo, que guarda o herói de guerra Steve Rogers, acordado após décadas de hibernação. O pensamento de Byrne em homenagear Jack Kirby, Bill Finger e Bob Kane é um exercício de singela beleza, além de ser uma homenagem extrema, e até inteligente, guardadas, é claro, as devidas proporções.

  • Resenha | Superman: Para o Homem Que Tem tudo

    Resenha | Superman: Para o Homem Que Tem tudo

    Para o Homem Que Tem Tudo

    A Crise das Infinitas Terras se aproximava, e alguns heróis passavam a contar algumas de suas “últimas histórias”. Em Janeiro de 1985 Alan Moore e Dave Gibbons seriam responsáveis por uma destas histórias do Azulão.

    Para o Homem que tem tudo começa em Kandor – cidade kryptoniana engarrafada por Brainiac -, em uma festa surpresa para Kal-El. As crianças presentes vêem o seriado de Asa Noturna e Pássaro Flamejante. Enquanto isso, no Pólo Norte, os amigos do herói azulado – Batman, Mulher Maravilha e Robin – chegam para comemorar seu aniversário. A ideia de uma festinha com mascarados é pueril e é um resquício da infantilidade das historias da época, em contraponto com os temas abordados por Moore. O Batman recalca Jason Todd, que observa a Mulher Maravilha em trajes sumários, o proibindo de ter pensamentos impuros – piadas com a sexualidade do menino prodígio era uma prática comum.

    Ao se depararem com Superman os vigilantes percebem que ele está preso num simulacro, em uma realidade própria. Seu devaneio passa por estar em seu planeta natal – que não fora destruído – e com uma família, com esposa e filhos. Seu pai Jor-El caiu em desgraça após a sua profecia apocalíptica não ter se cumprido, no entanto a sociedade kryptoniana está em franco declínio.

    A ilusão é causada por uma planta alienígena chamada Clemência Negra, que daria ao seu portador tudo o que ele deseja. O artefato é um presente de Mongul, um antagonista do Super criado em 1980 por Len Wein e Jim Starlin (também criador de Thanos). O vilão pelas mãos de Gibbons é cruel e tem um traço visualmente intimidador. Seu plano maquiavélico põe a responsabilidade em sair da ilusão ao herói. Só o Superman pode escolher sair de seu “paraíso perdido” e salvar seus companheiros, a mercê do poderoso brutamonte amarelo.

    A situação e o caos político que atravessam Krypton é a forma do inconsciente do herói dizer que algo está errado com ele e com o que ele está vivenciando. O plano de Mongul era subjugar o Superman emocionalmente, com a recusa de seus desejos, uma dor muito mais profunda que qualquer acerto de contas físico.

    A batalha entre Superman e Mongul é homérica e de proporções titânicas. O embate faz perguntar por que este vilão não poderia ser utilizado em um filme do Azulão, ao invés de repetir as fórmulas de Lex Luthor ou “trios da Zona Fantasma”. A descrição de como seria o sonho de Mongul influenciado pela Clemência Negra é cruel, e com direito a incineração de Jason Todd e decapitação e empalamento do escoteiro, além da submissão de povos alienígenas ao Mundo Bélico. Para O Homem que tem tudo é uma das histórias clássicas do Super-Homem, não só por mostrar como seria sua vida caso não tivesse pousado no Kansas, mas também para reforçar seu caráter de auto-sacrifício, além de resgatar a sua aura de salvador, provando que, ao menos em seu universo, o mundo precisa sim de um Super-Homem.

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  • Resenha | One-Piece

    Resenha | One-Piece

    One-pieceEm um mundo em que praticamente 90% dele é água, navios se tornam muito importantes, e onde a maior parte dos transportes é feita de navio, é claro que haveriam piratas, e é neste mundo que se passa One-Piece.

    Mangá e Anime criado por Eichiro Oda, mangaká já premiado antes por Wanted, conta a história de Luffy, O Pirata de Chapéu de Palha, começando sua vida como pirata, sonhando ser o rei dos piratas. A motivação é bem simples, houve um homem que recebeu o titulo de “Rei dos Piratas”, chamado Gol D. Roger, quando finalmente capturado pela marinha, esta achando que isso poria um fim na era dos piratas, ele sorri embaixo da guilhotina e diz: “No final da Grand Line eu escondi o maior tesouro do mundo, o One-Piece, ele está lá e será de quem chegar primeiro”, e isso dá inicio a uma nova era de piratas.

    O estilo da narrativa muda um pouco ao longo da história, começa um tanto quanto infantil e tende a evoluir para mais juvenil, e embora às vezes pareça que vai caminhar para um lado mais sombrio, acaba não indo muito.

    Antes de falar de personagens é necessário falar das Akuma no Mi, as frutas do demônio. Frutas que ao serem comidas dão poderes específicos, porém o custo desses incríveis poderes é o fato de que você não pode ficar com água acima do joelho ou entrará em estado de choque. Alguns dizem que não é um poder muito útil para um pirata, mas tem gente que corre atrás desses poderes. Luffy foi um que comeu uma dessas, a Gomu Gomu no Mi, a fruta da borracha e se tornou um homem feito de borracha. Entre outros usuários de Akuma no Mi famosos temos Smoker, cujo nome é seu poder, um homem fumaça, “FireFist” Ace, homem fogo, e por aí vai. Não há limite para o que pode surgir, já apareceram poderes loucos e alguns comuns, a única coisa igual é a fraqueza a água e a “seastone”, que é uma pedra que desativa os poderes.

    E agora podemos falar dos personagens, a tripulação do Chapéu-de-Palha são os personagens principais do mangá: Luffy, Zoro, Nami, Usopp, Sanji e outros que vão aparecendo ao longo da jornada são personagens simples e caricatos. Não são personagens “reais”, porém tem suas motivações bem trabalhadas, até porque geralmente cada adesão a tripulação é acompanhada de um arco ligado ao passado do membro e assim sua motivação para se juntar ao Luffy. Porém vale citar, durante muito tempo eu achei que Luffy ia ser um personagem que sofreria do efeito Goku, não importa quanto tempo passasse ele não teria evolução, seria sempre o mesmo psicologicamente. Felizmente isso não ocorreu, embora pareça que não houve mudança, nos últimos capítulos dá pra notar a diferença de suas ações e pensamento, embora não muito.

    O traço é infantil, redondo e o que é comumente ligado a arte de Anime, mas não chega a incomodar e com o tempo ele melhora, nas ultimas edições do mangá ele tem saído limpo, sem rabiscos e com bastante detalhes.

    Como disse antes, o tom da narrativa muda depois de certo tempo, mais precisamente depois do arco de Skypeia, no arco chamado Water Seven que tem uma das cenas mais emblemáticas do mangá/anime. Então se vai ver/ler recomendo que leia pelo menos até aí, embora até ai já seja bastante coisa.

    One-Piece é uma história aclamada por fãs e crítica, situada há muito tempo no top 5 de vendas e audiência no Japão, tanto sucesso não vem por nada. Uma excelente história de aventura, não tenha medo de embarcar nessa (essa não podia faltar).

    Texto de autoria de André Kirano.

    One-Piece