Tag: Animes

  • Crítica | The End of Evangelion

    Crítica | The End of Evangelion

    Evangelion teve uma produção mais conturbada que a mente de seus personagens. Seu diretor, Hideaki Anno, passava por uma depressão profunda, o Estúdio Gainax tinha pouquíssimo dinheiro e, por conta disso, o final do anime foi praticamente um recorte de cenas que mostrou apenas o ponto de vista do protagonista Shinji. Porém, o mundo dá voltas e, quando o anime começou a ser transmitido em um horário direcionado à audiência mais adulta ganhou muita fama e legiões de fãs no Japão e no mundo. Isso não impediu que vários fãs não gostassem do final “cabeçudo” do anime.

    De certa forma, o final do anime não é o que Anno realmente planejava. Ele e a Gainax fizeram o que foi possível na época. Eis que, pouco tempo após o fim do anime, eles conseguiram uma verba suficiente para fazer o que era planejado, e daí nasceu The End of Evangelion.

    Curioso notar que o filme tem a estrutura de dois episódios com o dobro da duração normal, totalizando quase 90 minutos. A qualidade de animação está muito boa e muito menos parada. Mas eles substituem o final do anime? Não!

    Acontece que o anime mostra, em seu final, o ponto de vista de Shinji após a Instrumentalidade Humana, que é uma espécie de unificação de todas as almas da humanidade. Porém, não é mostrado exatamente como chegamos até ali. Inclusive algumas cenas de personagens mortos simplesmente aparecem sem explicar o que os matou. Tudo isso é mostrado neste filme.

    Logo de início, devemos lembrar que Shinji estava mentalmente destruído no final da trama por ter matado alguém querido. Os episódios finais até amenizam um pouco essa situação, mas quando iniciamos este filme, relembramos o quanto ele estava no mais absoluto abismo existencial. Shinji se mantém apático e distante durante o filme todo, causando até um contraste com o final do anime, sendo que este acaba ficando com um tom “feliz” tendo em vista toda a desgraça apresentada neste filme.

    Asuka está desacordada e hospitalizada. O Eva 01 despertou e será fundamental para desencadear a Instrumentalidade. A SEELE fica irritada com a Nerv e decide mandar uma tropa para exterminar a todos e roubar os EVAs. Interessante notar que durante o anime  praticamente não vemos humanos morrerem. Aqui teremos um banho de sangue que certamente causa um impacto considerável.

    Outro ponto interessante é a aparição de uma nova linhagem de EVAs. Durante a série, as Unidades 00, 01 e 02 são as únicas com grande tempo em tela. A Unidade 03 aparece rapidamente (em uma das cenas mais icônicas do anime), outras Unidades são apenas mencionadas, e é isso. Aqui veremos vários outros EVAs em ação,

    Estes EVAs serão essenciais para iniciar a Instrumentalidade, logo após uma batalha sanguinária contra a Unidade 02, cena esta que destrói o pouco que sobrou da sanidade de Shinji. Hideaki Anno não teve pena dos espectadores.

    Temos que lembrar que, durante a série, a Unidade 01 absorveu um Dispositivo S2 de um Anjo, o que deixou-a muito próxima das criaturas, ou seja, supostamente tornou-se uma espécie de deus. Também ocorreu o “despertar” da Unidade 01, tudo isso é crucial para o desfecho da história.

    Alguns dizem que este filme é “o final com violência e orçamento que o anime não pôde ter”. Concordo plenamente. Mas não confunda as coisas, a parte psicológica está a mil por hora, e afirmo que sua cabeça vai fritar ainda mais. Estamos falando de Evangelion, então não espere um final mastigado, explicadinho, reto e definitivo. O término do filme dá brechas a diversas teorias, mas com delimitações. Não é aquele final aberto que possibilita qualquer tipo de interpretação.

    The End of Evangelion é perturbador e instigante, dá um tom mais adulto que a série e não encerra as discussões. A prova disso é que estou aqui, duas décadas depois, recomendando o filme pra vocês. Tanto o filme quanto a série estão disponíveis na Netflix com uma excelente dublagem brasileira. Não é a dublagem da Locomotion, porém algumas vozes permaneceram, como o próprio Shinji e Gendo. Particularmente acho esta dublagem muito melhor por causa das interpretações. Este elenco de dublagem foi mantido na série Rebuild, que estará aqui no Vortex muito em breve.

    OBS.: o filme DEATH (TRUE)², também disponível na Netflix, é apenas um compilado de cenas do anime. Vale assistir apenas para relembrar algumas coisas, mas é dispensável em termos de conteúdo.

  • Melhores Animes de 2020

    Melhores Animes de 2020

    Confira a lista dos melhores animes que se destacaram em 2020.

    O ano de 2020 foi difícil para a cultura em geral, e com o mundo dos animes não seria diferente. Vários projetos adiados e transmissões interrompidas para zelar da saúde dos realizadores e responsáveis. Ainda assim, muito material interessante chegou ao público, dos mais diversos projetos e com uma expansão cada vez mais forte dos animes mundo afora. E vamos a lista!

    10. The God of Highschool

    Da leva dos originais do Crunchyroll, The God of Highschool veio para dividir opiniões, principalmente por acelerar os acontecimentos, mas também empolga na ação. O anime conta as aventuras de Jin Mori, Yoo Mira e Han Daewi, que entram no The God of Highschool, um torneio de artes marciais onde o vencedor poderá realizar um desejo, seja lá qual for, e os três jovens enfrentam todo tipo de adversário. A obra, com 13 episódios disponíveis, é uma ode aos grandes animes de luta, com inspirações de Dragon Ball até JoJo’s Bizarre Adventure, com batalhas usando captura de movimento, tornando os golpes mais realistas em meio às lutas espetaculares, que são guiadas pela trilha sonora com influência do kpop, devido ao material original ser uma webtoon sul-coreana, escrita por Youngje Park, usando bastante a cultura do país.

    9. BNA: Brand New Animal

    O original da Netflix em conjunto ao estúdio Trigger, que repetem a parceria já vista em Little Witch Academia. O anime mostra a história de Michiru Kagemori, uma garota que, por algum motivo misterioso, ganha aparência animalesca e acaba em Animalia, uma cidade habitada pelos ferais, humanos que têm a habilidade de se transformarem em animais. A garota se junta ao detetive Shirou Ogami, um homem-lobo, para tentar descobrir o motivo dela ter se transformado em feral, enquanto lidam com problemas na sociedade de Animalia. Disponível em 13 episódios.

    8. Deca-Dence

    Dirigido por Yuzuru Tachikawa (Mob Psycho 100), o anime conta sobre um mundo pós-apocalíptico onde os humanos vivem em uma fortaleza móvel chamada de Deca-Dence. A humanidade luta contra os Gadolls, monstros que diminuíram a população e fizeram com que os humanos se protegessem na fortaleza. Os guerreiros que lutam contra esses monstros são divididos em Gears, que representa a elite, e os Tankers que são os humanos de baixo escalão. Uma garota chamada Natsume sonha em ser uma Tanker, mas acaba sendo movida para trabalhar na manutenção da fortaleza com o misterioso Kaburagi. Tudo começa a mudar na vida de Natsume e também em toda a trama.

    7. Akudama Drive

    O estúdio Pierrot, famoso por produzir obras extensas como Naruto, Bleach e Yu Yu Hakusho, aposta num anime de 12 episódios e com muito estilo, aproveitando a onda cyberpunk, colocando cores vibrantes e ação usando bem o slow-motion e gadgets tecnológicos. Akudama Drive se passa num Japão futurista, em que o governo persegue um grupo de criminosos altamente perigosos denominado de Akudama. A polícia anuncia a execução de Cutthroat, um dos Akudama, e vários nomes perigosos são convocados para libertá-lo em troca de uma recompensa enorme.

    6. The Day I Became a God

    De Jun Maeda, criador de Angel Beats, a história aborda a vida de Yota Narukami, que durante seus exames no ano de graduação do ensino médio, conhece Hina Sato, que se denomina como uma deusa. Hina diz que o mundo irá acabar em um mês, mas Yota duvida, porém ela começa a acertar previsões, o que faz o jovem crer realmente que ela é uma divindade. Então Hina e Yota vão ajudando as pessoas nesse período até o fim do mundo e conta como ela se transformou em uma deusa. O anime distribuído em 12 episódios e produzido pelo estúdio P.A.Works, o mesmo de Angel Beats

    5. Sing “Yesterday” for Me

    Um slice of life que conta a história de quatro jovens tentando lidar com a vida adulta enquanto relembram acontecimentos do passado que ainda permeiam no presente. O anime adapta livremente o mangá de Kei Toume e foi desenvolvido em 12 episódios, disponíveis no Crunchyroll.

    4. Great Pretender

    Mais um original Netflix, Great Pretender conta a história de Makoto Edamura, um vigarista que se considera o maior do Japão. Um dia, ele se encontra com o misterioso Laurent Thierry e começa a fazer parte do seu grupo, crescendo sua fama como ladrão cada vez mais. Great Pretender tem um visual colorido marcante, empolga pela série de crimes arquitetados e pelo carisma dos personagens. Desenvolvido pelo estúdio Wit, responsável pelos enormes sucessos Attack on Titan e Vinland Saga, foi distribuído em 23 episódios na Netflix.

    3. Dorohedoro

    Baseado no mangá de Q Hayashida, o anime apresenta um mundo biopunk, que se divide em duas realidades, o Buraco, lugar que os humanos residem e o Mundo dos Feiticeiros, onde esses são uma raça diferente dos humanos, tendo poderes especiais e tem a capacidade de atravessar as dimensões e ir para o Buraco, tendo uma rivalidade com os humanos. Em meio a isso, Kaiman, um humano com cara de lagarto, junto à sua parceira Nikaido, tentam descobrir o motivo de Kaiman ter essa aparência reptiliana, caçando e interrogando os feiticeiros que possam ter feito isso com ele. O anime, repleto de gore e comédia, foi produzido pelo estúdio MAPPA e distribuído pela Netflix em 12 episódios.

    2. Jujutsu Kaisen

    O grande sucesso do ano é sem dúvida Jujutsu Kaisen. A nova jóia da Shonen Jump, escrita pro Gege Akutami, foi adaptada em anime pelo estúdio MAPPA, trazendo a história de Yuji Itadori, o jovem que vive o luto do seu avô, e por desventuras dos seus colegas de escola, acaba comendo o dedo do demônio Ryomen Sukuna e passa a dividir a sua consciência com o ser amaldiçoado. Ele é recrutado pelos feiticeiros Jujutsu, uma ordem que lida com as maldições, seres sobrenaturais que atormentam o mundo real. A série carrega uma lindíssima animação, com uso dos elementos de terror somados a várias cenas de ação extraordinárias. Anime segue em exibição no Crunchyroll, com previsão de ser finalizado em 24 episódios.

    1. Keep Your Hands Off Eizouken!

    O visionário diretor de animes Masaaki Yuasa (Devilman Crybaby) faz de Keep Your Hands Off Eizouken! uma carta de amor à indústria dos animes e a quem almeja ser um realizador de animação. Serializado em 12 episódios no Crunchyroll, a trama traz Midori Asakusa, uma jovem que ama animes e adora desenhar esboços, que encontra Tsubame Mizusaki, uma modelo famosa que secretamente cria personagens e tem o sonho de ser animadora. Elas unem seus desejos e paixão pela animação e criam o clube de audiovisual “Eizouken”, com a ajuda de Sayaka Kanamori, tendo o objetivo de criar um anime experimental. A cada união de pensamento das garotas, o anime coloca a imaginação delas para saltar na tela, com todo episódio tendo um show de animação excelente, enquanto elas montam passo a passo o seu projeto. Sem dúvidas é o melhor de 2020.

    Texto de autoria de Wedson Correia.

  • Review | Parasyte: The Maxim

    Review | Parasyte: The Maxim

    Parasyte: The Maxim, de Kenichi Shimizu, apareceu somente este ano na Netflix, mas é um anime originalmente exibido em 2014. E mais, seu mangá, idealizado por Hitoshi Iwaaki, foi publicado mais de duas décadas atrás (recentemente publicado no Brasil pela Editora JBC).

    O anime conta a história de Shinichi, um estudante japonês comum que mora com seus pais. Porém, alienígenas parasitas chegam à Terra e começam a tomar os humanos como seus hospedeiros, dominando completamente suas consciências e fazendo com que seus corpos se tornem armas bizarras (aquele body horror que só os japoneses sabem fazer, aliado à animação sempre impecável do estúdio Madhouse). Esses parasitas são pequenos e parecem vermes. Um deles tenta parasitar Shinichi, mas ele não consegue tomar seu cérebro. Esse parasita acaba tomando conta apenas da mão direita de Shinichi, e a partir daí eles viverão em uma espécie de simbiose (ou parasitismo?).

    Esta série foi uma grata surpresa. Conseguiram criar uma história de narrativa ágil, intrigante e altamente “maratonável”. A cada dia Shinichi vai conhecendo melhor a forma de pensar de seu parasita, e o próprio protagonista acaba mudando de personalidade. Por diversas vezes, o jovem se vê tomando atitudes e pensamentos frios, mas nem se dá conta disso (ou será que sim?), o que leva a crer que, cedo ou tarde, ele pode perder sua consciência. Os parasitas têm um pensamento puramente racional, sem princípios éticos, até porque eles veem os humanos como mero alimento. E mais do que parasitas, eles são predadores impiedosos. O personagem também irá usufruir de algumas habilidades sobre-humanas e terá vários embates sensacionais.

    A trama é repleta de reviravoltas, momentos engraçados e acontecimentos estarrecedores. A dualidade de Shinichi entre humano/parasita e os assassinatos brutais causados pelos alienígenas tornam a série muito interessante. Há muita violência explícita e momentos fortes. O estúdio caprichou na animação, e provavelmente você assistirá aos 24 episódios em poucos dias. Vale destacar a dublagem brasileira, bastante caprichada e surge como uma boa opção para quem quer evitar legendas, então fica a dica pra quem curte. Anime excelente, divertido, maduro e que pode trazer boas discussões. Ah, e mais um com música de abertura da banda Fear, and Loathing in Las Vegas.

  • Review | O Sangue de Zeus

    Review | O Sangue de Zeus

    Heron vive com sua mãe em um pacato vilarejo da Grécia Antiga. Ele nunca conheceu o pai. A partir de um momento, seres estranhos começam a aparecer e atacar os humanos. Em meio à situação caótica, Heron descobre que seu pai é Zeus, o soberano do Olimpo. A partir daí, Heron se vê totalmente envolvido no conflito com essa horda demoníaca que assola a Grécia.

    O Sangue de Zeus é um dos mais recentes animes produzidos pela Netflix, e fez algo sempre bem-vindo: trouxe a Mitologia Grega à cultura pop. Aqui temos um excelente anime que, infelizmente, só teve oito episódios, mas tudo indica que teremos uma segunda temporada.

    O ponto principal da trama é a horda demoníaca que aparece trazendo caos e destruição. Essa horda surgiu a partir de pessoas que tiveram contato com o corpo de um Titã. Existe a preocupação desses Titãs serem libertados, iniciando literalmente um duelo entre Titãs e Deuses. O líder dessa horda tem uma história bem interessante, que dá uma carga dramática bem no estilo das tragédias gregas.

    A estética do anime é bem legal, trazendo uma ambientação muito boa. Os deuses são retratados com personalidades fortes, e Zeus… bem, ele é um desregrado que se aventura na Terra fazendo filhos bastardos, algo que deixa Hera morrendo de ódio. A relação entre Heron e Zeus também não é das melhores, mas ele precisa da ajuda do deus para cumprir sua missão.

    A narrativa da série é excelente. Apesar da linha central da trama não fugir muito de clichês, as ramificações, detalhes e ouso dos elementos da mitologia grega tornam esta série muito intensa, especialmente na reta final da temporada. Há a sensação de aventura épica, e Heron passará maus bocados ao longo de sua missão. Teremos boas doses de aventura, humor e, claro, momentos trágicos. Série altamente recomendada, foi uma grata surpresa e espero que não demore muito para a nova temporada. Vale destacar a ótima dublagem brasileira, com vozes bem conhecidas.

  • Crítica | Akira

    Crítica | Akira

    Em 1988, Akira abriu as portas para que as animações japonesas se popularizassem ainda mais no Ocidente, não só pela qualidade inigualável da animação, mas também pela estética cyberpunk que ficava popular por obras como Neuromancer (William Gibson), Blade Runner, RoboCop, entre outras. O longa-metragem de Katsuhiro Otomo, adapta o mangá homônimo (também de Otomo), enquanto a publicação sequer havia sido concluída.

    Entre a cena inicial e os fatos do “presente” se passam 31 anos, tempo o bastante para o mundo ter mudado para um futuro impessoal e cruel. Em menos de dez minutos é mostrado um homem sendo chacinado na frente de uma criança. Logo somos apresentados a Shotaro Kaneda e Tetsuo Shima, que andam sobre suas motos tunadas por um ambiente urbano que remete bastante ao futuro de Blade RunnerLaranja Mecânica. Neo Toquio é uma cidade violenta, onde as gangues imperam, semelhante ao visto no clássico Cult de Walter Hill, Warriors: Os Selvagens da Noite, mostrando aqui toda a salada de referências que o realizador apresentava em ambas versões da obra, e repetindo de certa forma o ciclo ocorrido após a Segunda Guerra Mundial, onde a capital do país se tornou mais cosmopolita após uma explosão de proporções nucleares.

    As cenas de perseguição de moto são visualmente absurdas, os movimentos impressionam pela qualidade técnica, visual e a fluidez de movimento. Até hoje a qualidade da animação salta aos olhos, e para 1988 a sua configuração era ímpar, e isso é um bom motivo para louvar os produtores por terem concentrado a história em um longa-metragem, já que se essa fosse uma série contínua, a qualidade e o orçamento seriam diluídos ao longo da temporada.

    A carga dramática da história aborda não só temas pesados e distantes (até certo ponto, claro) como um cenário pós apocalíptico e longe do que era tangível e atual no ano de seu lançamento, mas também questões muito caras a qualquer sociedade, como problemas de aceitação, depressão e suicídio. O personagem de Tetsuo é a personificação da maioria dos medos da juventude.

    Autores de mangá adaptando suas próprias obras era algo meio raro, e tal qual ocorreu com o lendário Osamu Tezuka que produziu e dirigiu produtos baseados em seus escritos, se percebe que Otomo é senhor de sua obra. Os momentos em silêncio fazem paralelos com o cinema introspectivo japonês, que ajudam o público a respirar e refletir sobre o horror atômico e outros temas que expõe.

    Tetsuo, Kaneda e outras crianças são vítimas, meninos que tiveram suas infâncias e inocências interrompidas por conta da falta de escrúpulos dos poderosos. Mesmo que eles tivessem alguma autonomia e liberdade de escolha como os que formavam gangues, não havia ali qualquer paralelo com a malignidade inescrupulosa dos cientistas que brincam com as vidas alheias. O destino final é triste, seja qual for, e um mundo onde as crianças perdem as esperanças é um mundo sem vida. Além de toda narrativa dramática, Akira possui um trabalho único, as movimentações de seus personagens são perfeitas, de uma qualidade comparável aos clássicos animados de Walt Disney, e que certamente influenciou toda sorte de produtos animados, ficando lado a lado com Ghost in The ShellPerfect Blue e outros. A utilização das cores varia de intensidade, seja nos cenários como também nas luzes piscantes que lembram a lisergia das sequencias de 2001: Uma Odisséia no Espaço, além de referenciar o trabalho de Alejandro Jorowsky e Ken Russsell, e mesmo nessa salada de referências a abordagem soa original e poética, mesmo em seus pessimismos e pragmatismos.

  • Review | Tower of God – 1ª Temporada

    Review | Tower of God – 1ª Temporada

    O Crunchyroll, serviço de streaming focado em animações japonesas que distribui mundo afora semanalmente One Piece, Boruto e os demais animes transmitidos por temporada na terra do sol nascente, começou a produzir suas próprias séries. Um dos grandes destaques do seu selo original é a adaptação de Tower of God, web comic sul coreana do autor SIU de grande sucesso. O anime foca em Vigésima Quinta Bam, um garoto solitário que quer encontrar sua amiga Rachel, única pessoa que ele conhece, na misteriosa Torre de Deus, um lugar cultuado por dar tudo que é desejado a quem alcança o topo dela.

    Bam acaba entrando na Torre por si só, demonstrando ser um irregular, alguém que entra no local por vontade própria, diferente dos regulares que são convidados. Headon, uma criatura que se apresenta como senhor da Torre, propõe o primeiro teste a Bam, para começar a subir para os próximos níveis, onde o jovem encontra Yuri, uma das princesas da Jahad. O protagonista consegue uma arma lendária com a princesa e posteriormente cai no meio de um battle royale com vários outros indivíduos. Tower of God então demonstra um aspecto similar a um RPG, um universo que tem uma intenção de ser grandioso. A separação das especialidades dos personagens em classes e todo conceito que envolve o shinsu, a energia usada pelos seres desse universo, também deixam a caracterização mais interessante, sendo o atrativo maior do anime.

    Bam é jogado nesse novo mundo e é tentado de alguma forma fazer com que o telespectador acompanhe a evolução da história junto ao protagonista. Bam vai tentando se adaptar às provas da Torre e conhecendo seus aliados propícios, como o astuto Khun Aguero Agnes (uma homenagem do autor ao futebolista argentino Kun Agüero do Manchester City) e o réptil antropomorfizado grandalhão Rak Wraithraiser, sendo o trio principal durante o decorrer da história.

    O trio entre si funciona bem, Bam sendo a alma inocente, Khun age como o grande cabeça da equipe, com um fundo interessante, só que pouco explorado. Khun se identifica com Bam pela semelhança da sua causa, devido à relação com a sua irmã e a rejeição da família que ele carrega consigo. Rak acaba somente sendo usado como alívio cômico. Porém deixa a desejar bastante na construção do protagonista e dos laços com os personagens secundários. Bam começa vazio e termina mais vazio ainda, sem conseguir expressar sua verdadeira intenção na obra. Seu carinho pela Rachel é a única interação e motivação colocada ali, de resto, não há diálogo nem conteúdo que justifique sua bondade posta, mesmo os demais personagens tendo personalidade, mas nada que seja orgânico. O protagonista é colocado como alguém adorável e que faz tudo pelos seus próximos, mas nada que ele faça, confirma do porquê dele ser bom. Além de cair no clichê de ter uma progressão exponencial diante os demais, o protagonismo barato comum em qualquer anime de luta.

    O arco fora do trio protagonista é bem mais convincente e melhor construído. A parte de Anaak e Endorsi, princesas de Jahad apresentadas posteriormente, é inicialmente um mistério, pelo fato delas serem poderosas e da relação delas com o domínio da Torre. Isso leva para toda a motivação de Anaak agir contra tudo relacionado à Torre e de como Endorsi se vê ligada a ela em relação ao seu segredo. Uma história de poder e riqueza construídos pelos senhores da Torre dados por meio de opressão.

    A ação é bem feita, principalmente pelo uso do shinsu, de toda forma que é animada e do aporte que certos personagens dão, como as estratégias de Khun e das provas colocadas pelos rankers, pessoas que chegaram mais alto na Torre, mas nada que encha os olhos e seja marcante. Tower of God é apático, desinteressante, com várias tramas colocadas como importantes, mas pouco exploradas e acaba tendo um final problemático, com uma reviravolta que tenta justificar as ações de certos personagens, mas só coloca dúvidas no desenvolvimento da narrativa, quebrando todo o clima da possível continuação. Os 13 episódios disponíveis no Crunchyroll parecem ser corridos e imediatistas, numa tentativa falha de sucesso, contrariando toda a expectativa de um dos animes mais aguardados de 2020.

    Texto de autoria de Wedson Correia.

  • Crítica | Dragon Quest: Your Story

    Crítica | Dragon Quest: Your Story

    Em termos de história, Dragon Quest V é um dos jogos mais elogiados da franquia. Enquanto que seu antecessor, Dragon Quest IV, trazia vários núcleos de personagens que se encontram, no V a história se desenvolve ao longo das gerações de uma família. Outro diferencial foi trazer os monstros para seu lado da batalha. Feito o mini review do jogo, vamos ao filme.

    O longa de animação faz uma adaptação interessante da história em pouco mais de 100 minutos. Optaram pela arte em 3D, seguindo a linha visual dos jogos VIII e XI. Apesar disso, os traços possuem alguns detalhes diferentes do estilo consagrado de Akira Toriyama, o que não chega a ser um problema.

    A história começa de uma forma bem inusitada e interessante: o protagonista é filho de um grande herói, mas uma tragédia faz com que ele se torne um escravo do vilão por anos. É claro que nosso protagonista conseguirá escapar (mesmo demorando anos, o que é deveras interessante), e entrará em uma grande jornada para derrotar o maligno vilão. Mais Dragon Quest que isso, impossível.

    É claro que um jogo com dezenas de horas não poderá ser condensado em 100 minutos de filme, então sim, a história é bem corrida e sem grandes detalhes. Infelizmente alguns momentos dramáticos e fortes, como o próprio início, perdem um pouco do impacto devido ao escasso tempo de tela.

    O grande barato desta história é mostrar o enorme lapso temporal. Acompanhamos o protagonista desde o nascimento, inclusive é mostrada a cena do jogo original, o que a princípio parece apenas um fan service. A narrativa atravessa muitos e muitos anos, literalmente mostrando as gerações futuras de nosso herói. Isso traz um tom ainda mais épico à jornada, fazendo-a grandiosa.

    Não espere um filme extremamente profundo, complexo e sem clichês. É Dragon Quest, ora bolas!  É claro que existem momentos inusitados, mas o cerne é a típica aventura do herói contra o grande vilão. Todos os elementos carismáticos da franquia estão aqui: os monstros criados por Toriyama, as memoráveis músicas de Koichi Sugiyama, os sons corriqueiros das magias e os personagens mais importantes do jogo. O ritmo é muito bom, não há muito espaço para enrolações, e os 100 minutos passarão muito rápido. A grande sacada foi a mensagem final do filme, que é bem inusitada, mas acaba trazendo uma reflexão interessante para todos nós. Se eu falar mais do que isso, vou acabar estragando a surpresa. Não é algo transcendental que mudará a sua vida, ok? Então pode baixar as expectativas para não se frustrar.

    Não é necessário jogar Dragon Quest V para aproveitar este filme, mas talvez te anime para conhecer os jogos. A dublagem brasileira é razoável.

  • Review | Demon Slayer: Kimetsu no Yaiba

    Review | Demon Slayer: Kimetsu no Yaiba

    Tanjiro Kamado, um jovem camponês que ajuda a família vendendo carvão, cresce no período Taisho do Japão, até que uma tragédia acontece. Sua família é atacada e morta por um demônio, exceto sua irmã Nezuko, que acaba sendo transformada em uma dessas criaturas. Além de ter que lidar com a horrenda surpresa, aparece Giyu Tomioka, um espadachim exterminador de demônios, que ao cumprir seu papel, tenta dar fim em Nezuko. O espadachim vê potencial em Tanjiro, que o ataca por impulso e impede sua irmã de morrer.  Giyu acaba deixando os irmãos em paz e envia o jovem carvoeiro para treinar com seu mestre, para que Tanjiro torne-se um exterminador de demônios, conseguindo poder para proteger sua irmã e tente achar uma maneira de fazê-la voltar a ser humana. Assim Demon Slayer: Kimetsu no Yaiba começa, com a mudança de realidade do protagonista, de sua vida pacata para o treinamento (literalmente) mortal, entrando no mundo sobrenatural e fantástico da animação.

    A jornada dos irmãos Kamado segue uma narrativa básica de animes de batalha, com o herói seguindo em busca do seu objetivo. Contudo, de modo bastante honesto, pelo carisma enorme que Tanjiro demonstra e como ele reage a cada pessoa que encontra em suas missões, a cada acontecimento em sua jornada, seja a violência constante que passa a presenciar pelas suas ações no novo posto de exterminador, nas lutas, no contato com o ambiente urbano que ele como camponês se espanta ao ver um Japão pós-modernização: cidades lotadas, vestimentas diferentes, transportes etc. tudo se torna recente para ele.

    O aspecto emocional de Tanjiro e suas relações entre os personagens é um dos pontos altos da obra, envolvendo bastante o espectador com o desenvolvimento das relações em volta do protagonista, seja pelo vínculo entre os dois irmãos e o sacrifício que ele faz pela Nezuko, ganhando o apreço de quem o encontra durante o caminhar do anime, motivando os personagens para que até se arrisquem pela sua causa. Mesmo os vilões se afeiçoam pelo herói, já que os demônios são humanos transformados e ressentem sobre os sentimentos das suas vidas passadas.

    Isso se sustenta quando Tanjiro encontra seus companheiros de jornada, Zenitsu Agatsuma e Inosuke Hashibira, dois outros exterminadores de demônios. O primeiro sendo um medroso e inseguro que não entende a capacidade que tem e o seu papel, e o segundo, um selvagem hiperativo que desconhece e luta contra as relações interpessoais, principalmente por ter detalhes faciais bem delicados, usando uma cabeça de javali como máscara. Eles veem Tanjiro como uma figura cativante e juntam-se à jornada instintivamente. Juntos os três compõem uma harmonia incrível e um alívio cômico bem dosado, complementando o elemento humano e emocional da obra.

    O outro ponto alto de Kimetsu no Yaiba, e talvez o maior, é a parte técnica. Tanto  na ambientação e estética propostas pelo mangá homônimo de Koyoharu Gotoge, com a reimaginação do contexto histórico, roupas, espaços e os elementos de terror do mundo sobrenatural criado, os designs dos demônios e suas habilidades bem inusitadas, encaixam perfeitamente para as cenas de ação, sendo uma experiência bastante imersiva. A animação é bem fluida e as técnicas de espada fazem das batalhas um espetáculo, certos momentos lembrando bastante um jogo de hack and slash, pela movimentação de tela usada. Somando a trilha sonora que é usada de forma bem sucinta, o estúdio Ufotable, responsável pela produção de Kimetsu no Yaiba, resume exatamente como fazer um anime de batalha ideal, divertido e muito empolgante, demonstrando o motivo do sucesso.

    Os 26 episódios lançados introduzem bem a história e os personagens, com Tanjiro e os Pilares, que são os excêntricos exterminadores de demônios da mais alta patente, tendo que lidar com os planos do grande vilão da obra, Muzan Kibutsuji, o demônio que assassinou sua família e transformou Nezuko. Encerrando com Tanjiro, Nezuko, Inosuke e Zenitsu partindo para uma nova missão. A continuação foi anunciada nos pós-créditos do episódio final, que adaptará o arco do Trem Infinito em formato de filme.

    Texto de autoria de Wedson Correia.

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  • Review | Kengan Ashura

    Review | Kengan Ashura

    Desde o Período Edo existia os torneios Kengan. Cada lutador representava um mercador e quem vencesse levava um grandioso prêmio em dinheiro. Esta tradição sobreviveu até os dias atuais, onde os mercadores foram substituídos pelas empresas bilionárias. Daí teremos torneios selvagens.

    Selvagem porque as lutas são brutais, sem maiores regras, e, parafraseando o filósofo Ivan Drago, “Se morrer, morreu”. A história do anime começa quando o misterioso lutador Ohma Tokita cruza o caminho de Kazuo Yamashita, um típico assalariado japonês na casa dos 50 anos de idade. Ohma representará a empresa de Yamashita no torneio Kengan, e daí começa a porradaria.

    Impossível não se lembrar de vários outros animes de porrada, especialmente Baki, que também foi lançado recentemente pela Netflix. Kengan Ashura segue uma fórmula bem manjada, abusando de clichês, história rasa, personagens caricatos com motivações simplórias. É por isso que o anime é bom.

    Bom porque ele não se leva a sério. E seu grande foco são as cenas de lutas sensacionais. Foi utilizada aquela técnica de animação 3D que simula o 2D. Muita gente não gosta desse tipo de animação, mas ela permitiu dar um visual mais sujo e detalhado aos personagens, além de movimentações mais fluidas e realistas. As cenas de porrada são muito boas, violentas e sangrentas. Há exageros, claro, mas nada de raios e poderes mágicos.

    Os episódios disponibilizados até o momento mostram pouca coisa, basicamente a introdução de Ohma, de outros personagens e do torneio Kengan. A história, conforme dito antes, é rasa e simplória, obviamente um mero pretexto para criarem um torneio onde os participantes cairão na porrada sem dó nem piedade. Não há muito o que falar além disso, afinal o destaque são as lutas. Em suma, as lutas, visual e animação são bem legais, deixando, mais uma vez, a ressalva sobre o estilo gráfico. A técnica 3D emulando o 2D desagrada algumas pessoas, mas deu possibilidade de deixar os personagens mais detalhados e a animação mais fluida. Para intensificar a ação, a trilha sonora é calcada no rock pesado, que combina perfeitamente com a brutalidade do anime.

    Kengan Ashura é baseado em um mangá homônimo lançado entre 2012 e 2018. O roteiro é assinado por Yabako Sandrovich e a arte por Daromeon. A obra ganhou adaptação em anime graças a uma maciça votação dos fãs.

    Segundo informações, os novos episódios chegarão em outubro. Até lá, vale assistir estes que já estão disponíveis. E para quem curte, a dublagem brasileira ficou bem legal, com vozes conhecidas e experientes.

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  • Review | Forest of Piano

    Review | Forest of Piano

    O novo aluno, Shuhei Amamiya, não tem a melhor recepção do mundo quando chega em sua nova escola. Alguns valentões da classe resolvem fazer bullying com o garoto, deixando-o bem desconfortável. Porém, há males que vêm para o bem. Dentre as “brincadeiras saudáveis” feitas com Amamiya, uma delas leva o novato a conhecer Kai Ichinose e o famigerado piano da floreta. Kai mora em uma casa próxima a esse piano, que está quebrado e não emite sons. Porém, o pequeno Kai, por algum motivo, consegue extrair som do instrumento. E que som! Kai é extremamente talentoso e possui um estilo de tocar muito envolvente, o que deixa Amamiya perplexo, encantado e frustrado. Mas por que?

    Na verdade, Amamiya também é pianista. Mais que isso, seu pai é um pianista profissional muito renomado, e acaba gerando muita pressão ao jovem Shuhei para que se aprimore a cada dia. Com isso, Shuhei vê em Kai um amigo e, ao mesmo tempo, seu maior rival.

    Na escola dos jovens pianistas há um professor de música, Sousuke Ajino. Vamos descobrir que Ajino foi um grande pianista mundialmente famoso, porém teve sua carreira interrompida após sofrer um acidente e perder o pleno movimento de uma de suas mãos. Mas quando Ajino vê Kai tocando o piano da floresta, ele se dispõe a lapidar aquele talento.

    Forest of Piano (Piano no Mori, no original japonês) faz uma mistura perfeita de história simples e emocionante. Se por um lado existe um tom leve, por outro há entrelinhas surpreendentemente pesadas. Por exemplo, Kai é filho de uma prostituta, mora com ela e a ajuda nos afazeres do local onde trabalha (lavando louça, varrendo o chão). Apesar das dificuldades e do ambiente desfavorável, o amor de mãe e filho é muito bonito. Kai alivia a atmosfera suja daquele ambiente quando, à noite, toca o piano da floresta, e isso traz muita alegria à sua mãe.

    A partir do momento que Ajino se torna o mentor musical de Kai, ele assume claramente uma figura paterna ao garoto, mesmo que nenhum deles diga isso explicitamente. Ajino viu um talento inigualável em Kai, e toma como missão de vida elevar o garoto ao patamar que ele merece, sem pedir nada material em troca. Alguns momentos de atrito vão existir, como qualquer boa relação, mas o respeito que Kai tem por seu professor sempre é muito claro.

    Ao longo das duas temporadas, Kai  terá um grande crescimento, tanto nas habilidades musicais quanto na idade. O pianista prodígio conhecerá novos ares e alçará voos que nem ele imaginava. Diversos outros pianistas aparecerão em sua vida, e histórias pouco felizes também.

    Obviamente precisamos destacar a parte musical do anime. Simplesmente maravilhosa. Muito piano e música clássica tocadas pelos personagens em momentos lindos. Alguns episódios são praticamente inteiros de música, com inserções narrativas e desenvolvimento de história muito bem feitos. Curioso notar que a trilha incidental do anime raramente tem piano.

    Na primeira temporada, utilizou-se animação 3D quando os personagens tocam o piano, primando pela fidelidade dos movimentos das mãos apertando as teclas. O visual causa contraste, mas até que funciona bem. Poderiam ter focado mais nas mãos, assim a estranheza seria menor. A segunda temporada deixou esse recurso de lado (só utiliza em um momento bem especial) e deu prioridade a alguns elementos sinestésicos nos momentos de piano, que já eram utilizados na primeira temporada.

    Se analisarmos a história em pontos separados, não parece algo que se destaque. Porém, ao juntarmos tudo, o resultado é uma obra belíssima. A música foi usada de forma magistral e, por mais que o mangá original tenha sido premiado, provavelmente sofre do mesmo problema de Your Lie in April: papel não emite som, e isso tira grande parte da emoção da obra. Forest of Piano foi uma das melhores surpresas que tive nos últimos tempos. Todos os episódios estão disponíveis da Netflix com uma excelente dublagem brasileira.

    https://www.youtube.com/watch?v=EQ9JIe-AWws

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  • Review | Ingress: The Animation – 1ª Temporada

    Review | Ingress: The Animation – 1ª Temporada

    Pouco antes de estourar a febre do Pokémon Go, um outro jogo ganhou certa notoriedade: Ingress. A desenvolvedora Niantic utilizou boa parte dos dados de Ingress para montar Pokémon Go, mas isso é outro assunto.

    Ingress é um jogo de celular que utiliza o ambiente e a localização real para funcionar. Existem diversos portais espalhados pelas cidades do mundo inteiro, cabendo ao jogador capturar e defender esses portais para sua respectiva facção (Iluminados ou Resistência). Para fazer isso, o jogador deve ir até o local com o celular conectado à internet e, claro, com o jogo aberto. Na tela há o mapa do local, como se fosse um GPS, e os portais estão ali. Quando uma facção captura três portais próximos, eles fazem uma área triangular entre esses portais, tornando-a um espaço da facção. É possível capturar portais neutros e de outra facção.

    Com base nesta ideia, por que não fazer um anime? Eis que a Netflix disponibiliza a primeira temporada da animação de Ingress, feita com aquela técnica 3D que simula o 2D. Tanto o visual quanto a animação têm boa qualidade.

    Criou-se uma trama com pano de fundo interessante. Os cientistas descobrem uma estranha substância chamada XM capaz de influenciar a mente humana. Tal substância tem origem nos portais espalhados pelo mundo. Com isso, as duas facções, Iluminados e Resistência, entrarão em conflito para dominar os portais e, com eles, a XM.

    A história gira em torno de Makoto, um jovem investigador que possui o poder de visualizar momentos presenciados por aquilo que ele tocar, seja pessoa ou objeto. Durante sua vida inteira ele se sentiu deslocado por conta desta habilidade. Quando Sarah cruza seu caminho, as cisas se tornam caóticas.

    Sarah sobreviveu a um experimento com a XM, e agora está sendo perseguida. Um de seus algozes é Jack, o personagem mais interessante do anime. As relevações sobre a XM e as tramas paralelas envolvendo corporações poderosas tornam o anime bem interessante, muito mais do que o esperado.

    Existe uma tentativa de fazer um paralelo com o jogo da vida real, trazendo uma espécie de justificativa para ele existir. Os personagens utilizam o Ingress em seus celulares para interagir com os portais, algo forçado para incluir o jogo na animação. Seria mais funcional algum outro dispositivo ou método de interação com os portais, mas OK, isso toma destaque em breves momentos que não chegam a prejudicar o todo. Na verdade, era difícil esperar algo realmente bom deste anime, e o resultado final surpreende. O ritmo da narrativa é bom, com alguns deslizes, mas não há grandes dificuldades para assistir a todos os episódios.

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  • Review | The Seven Deadly Sins

    Review | The Seven Deadly Sins

    A jovem princesa Elizabeth sai em uma jornada solitária em busca dos poderosos guerreiros denominados Os Sete Pecados Capitais. O motivo? Vencer a tirania dos Cavaleiros Sagrados que tomaram o poder em seu reino, Liones. Porém, os Sete nunca mais foram vistos após serem expulsos pelos Cavaleiros Sagrados.

    Na verdade, os Sete foram acusados de tentar um golpe de Estado no reino de Liones, e os Cavaleiros Sagrados, a princípio, se mostraram como os mocinhos da história. Mas foram os Cavaleiros Sagrados que acabaram dando o golpe e tomando o poder em Liones. Agora, os Sete estão desaparecidos e Elizabeth precisa encontrá-los, pois são os únicos que têm poderes equiparados aos Cavaleiros Sagrados. Elizabeth encontra uma curiosa taverna administrada pelo fanfarrão Meliodas. Em determinada situação, ele acaba se revelando o líder dos Sete Pecados, e acompanhará Elizabeth em sua jornada para encontrar seus outros companheiros e vencer a tirania dos Cavaleiros Sagrados.

    Até aqui, não parece algo original. Entretanto, os personagens carismáticos junto à narrativa competente tornam The Seven Deadly Sins (Nanatsu no Taizai) um baita anime divertido e envolvente, no melhor estilo shonen. Ao longo dos episódios, a história cresce bastante, e os personagens acompanham. Elizabeth se mostra corajosa e Meliodas um tremendo guerreiro poderoso.

    Por enquanto, temos duas temporadas do anime, disponibilizadas na Netflix, além de alguns episódios de transição entre elas. Na primeira, teremos a saga pela libertação de Liones, enquanto que na segunda aparecerá uma ameaça grandiosa: Os Dez Mandamentos, demônios extremamente poderosos. O misterioso passado de Meliodas também revelará situações macabras.

    O ponto forte do anime são os personagens, muito variados e carismáticos. Os membros dos Sete Pecados são muito distintos, com poderes e características únicas. Sua lealdade ao capitão Meliodas é enorme, existindo um laço muito especial entre todos eles. Situações extremas são constantes no anime, e muitas vezes surpreendem pelo nível de maturidade em um anime aparentemente infanto-juvenil. Questões profundas são abordadas, especialmente nas reflexões internas de Meliodas e no passado melancólico de Bam, outro dos Sete.

    Diversos elementos visuais criam a mitologia daquele mundo, que se assemelha à Europa Medieval com toques de fantasia. Por exemplo, a taverna de Meliodas fica nas costas de uma porca verde gigante (!), que é mãe do porquinho falante Hawk, companheiro de Meliodas. As armas e poderes são bem diversificados e, muitas vezes, criativos, com exageros que intensificam as cenas de ação. Existem monstros e demônios com influências da cultura oriental e ocidental. Nestes pontos, o anime é muito bom.

    Por mais elementos criativos que tenha, o anime, obviamente, não se exime de clichês, o que não chega a ser um problema, pois são bem utilizados. É claro, existem pontos que podem incomodar algumas pessoas, como os momentos em que Meliodas fica apalpando Elizabeth das formas mais esdrúxulas e gratuitas possíveis. Existe uma nuance bem sensível aqui, pois, apesar de não haver um relacionamento formal entre eles, claramente há um forte laço emocional que os une, e Elizabeth não demonstra reprovação (apesar de ficar desconcertada). Porém, contudo, entretanto, todavia, é totalmente aceitável se incomodar com isso, pois não acrescenta nada à história, e sim, é muito desnecessário. Coisa dos japoneses…

    No final das contas, é um anime que vale muito a pena acompanhar. O ritmo frenético, história crescente, personagens carismáticos, é um belo entretenimento. Aproveite para fazer uma maratona antes do lançamento da terceira temporada, prevista para este ano. Vale dizer que a dublagem brasileira está excelente, com boas atuações e vozes  compatíveis. A qualidade tem uma queda na segunda temporada, e com algumas mudanças de vozes devido a mudanças de estúdio e problemas diversos.

    https://www.youtube.com/watch?v=kuj4d1TWesQ

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  • Review | Megalo Box

    Review | Megalo Box

    No submundo das lutas clandestinas,  um sujeito se destaca. Sem nome, sem origem conhecida, ele luta para ganhar algum dinheiro e sobreviver. Até que seu “empresário” e treinador sugere alçar voos mais altos: ingressar no Megalonia, o grande torneio de megalo box.

    Megalo box? O que diabos é isso? Basicamente o nosso boxe, porém os lutadores utilizam um gear, equipamento acoplado nos braços. Seria um boxe cyberpunk futurista dos anos 1960.

    À primeira vista, o anime parece antigo, seja pela ideia ou mesmo pelo estilo gráfico. Apesar de ter sido lançado em 2018, Megalo Box é uma comemoração aos 50 anos (sim, eu disse CINQUENTA anos) do mangá Ashita no Joe, um grande clássico no Japão, mas praticamente desconhecido aqui no Brasil. Recentemente, a série foi disponibilizada na Netflix.

    Nosso protagonista sem nome vai iniciar uma árdua trajetória para ingressar no Megalonia. O primeiro passo, vejam vocês, é forjar uma identidade falsa. Daí ele adota o nome Joe. Para ganhar destaque rápido, ele subverte o megalo box e passa a lutar sem utilizar o gear, equipamento básico do esporte. A duras penas, ele consegue vencer seus oponentes, e o nome Joe Sem Gear (ou Gearless, em inglês) ganha notoriedade e chega aos ouvidos dos organizadores do Megalonia.

    O grande objetivo de Joe é vencer o campeão do Megalonia, Yuri, um lutador extremamente habilidoso que utiliza um gear diretamente ligado em seu corpo. Ao longo da história, Yuri se identifica muito com Joe e passa a nutrir um grande desejo em enfrentá-lo.

    Toda a jornada de Joe é acompanhada por seu treinador, Nanbu, um trambiqueiro de marca maior que arranjava lutas para o protagonista. Ele será o grande responsável pela ascensão de Joe até o Megalonia, apesar de vários problemas no processo, inclusive atritos na amizade. O pequeno Sachio, um garoto órfão, acaba se juntando a eles para acompanhar de perto essa jornada.

    Como podem notar, a história é bem simples. O que traz boas doses de emoção são as lutas, muito legais por sinal. Não há superpoderes, tudo é bem calcado na realidade.Até mesmo os gears, que seriam o elemento fantástico da obra, são verossímeis, a maioria deles seriam possíveis de existirem nos dias atuais.

    São 13 episódios que fecham bem a história, e não deixa muitos indícios se haverá continuação. Existe a possibilidade de continuar a história? Sim. Mas já é bem satisfatório o modo em que ela termina. É uma sensação de “fechamento de um ciclo”. Recomendado para quem gosta dessa pegada mais antiga dos animes, ou mesmo quem quer apenas um bom passatempo.

  • Review | Baki: O Campeão

    Review | Baki: O Campeão

    Em dezembro de 2018, um anime apareceu na Netflix: Baki, o Campeão. Muita gente não sabe, mas Baki é um anime/mangá antigo, e esta série é, na verdade, a terceira temporada. Isso poderia afastar os novos espectadores, mas ocorre o contrário. Após assistir este, caso lhe agrade, você acabará correndo atrás das temporadas anteriores. Já falamos delas em outra postagem, então confira AQUI.

    Em locais diferentes do mundo, cinco condenados à morte escapam da prisão. Eles não se conhecem, mas simultaneamente fogem com um único objetivo: querem conhecer a derrota. Para isso, vão ao Japão, pois ouviram falar que ali encontrarão pessoas fortes que poderão realizar este desejo.

    Todos os cinco são extremamente fortes, cada um seguindo um estilo de luta (não necessariamente uma arte marcial específica). Por serem tão fortes, nunca foram derrotados, e por isso desejam encontrar alguém forte o suficiente para lhes dar uma luta digna.

    Eles vão até Tokyo Dome, local onde ocorreu o grande torneio na segunda temporada. Ali eles encontram os cinco lutadores que lhes farão frente, dentre eles o próprio Baki. Todos os personagens do lado do “bem” tiveram destaque no torneio da segunda temporada, e colocarão toda sua força em jogo. Agora, poderemos vê-los em qualidade de animação melhor e com aparência modificada, alguns mais, outros menos.

    Se fôssemos avaliar a história de Baki, o resultado seriam apenas risadas. Tudo é muito maniqueísta, totalmente voltado às lutas, caricato e esdrúxulo. O objetivo de praticamente todos os personagens é serem fortes.  Mas  isso não é um problema, muito pelo contrário. O grande barato da série é justamente isso, ver a galera caindo na porrada em lutas extremamente exageradas, seja pela força, seja pela resistência física, ou mesmo pela situação onde a batalha ocorre.

    As temporadas anteriores já tinham esse viés “porradístico”, sem haver uma ameaça ao mundo ou perigos à cidade. Não, os personagens lutam por si, querem ter duelos extraordinários e levar o inimigo ao chão com os punhos.

    Por mais exageros que tenha, o anime traz diversas artes marciais existentes e as retrata muito bem. Posturas, movimentos e golpes são identificáveis, quem gosta de artes marciais vai perceber isso. E vale lembrar, a qualidade de animação está muito melhor que as temporadas anteriores. Movimentos fluidos, lutas mais dinâmicas e violência gráfica visceral. A testosterona jorrará com sangue e ossos quebrados.

    Toda a ação é embalada com heavy metal, potencializando a atmosfera de fúria. A primeira abertura, que inicia os 13 primeiros episódios (metade da temporada), segue o mesmo estilo, com uma excelente música da banda Granrodeo. Aliás, a primeira abertura é um baita fan service, uma vez que traz diversas cenas de lutas da temporada anterior, terminando com a icônica luta final entre Baki e Jack Hammer (os músculos pulsantes das costas tem um significado maior do que parece). Já a segunda abertura remete àquela da segunda temporada, com Baki dando golpes no ar. Porém, diferentemente da animação horrenda da antiga, agora a movimentação é excepcional, muito fluida e realista. A música ficou a cargo da banda Fear and Loathing in Las Vegas, que já fez aberturas de Kaiji, Hunter X Hunter e outros animes. O som da banda é bem peculiar, onde as guitarras pesadas e vocal gutural são acompanhados de um tecladão frenético e, em algumas músicas, por outro vocalista cheio de efeitos sintetizados.

    Na primeira metade da temporada, Baki não tem muito destaque. Quem não viu os episódios antigos pode até pensar que ele não é nada de mais, que é só um moleque que luta mais ou menos.  Aos poucos, este cenário se inverte, principalmente depois da “iniciação” do garoto (que rendeu uma cena constrangedora, bizarra, mas que mantém o espírito galhofa da série).

    São inúmeros personagens, todos muito fortes e protagonistas de lutas homéricas. Com exceção dos cinco vilões, todos os outros lutadores são velhos conhecidos. Alguns sofreram mudanças no visual, mas a essência está ali. Várias cenas dos episódios antigos foram refeitas com o visual novo e melhor qualidade de animação, em alguns flashbacks, e ficou bem legal. Isso ajuda inclusive quem não assistiu aos episódios antigos.  Se você leu até aqui, acho que já deu pra notar que a história de Baki é qualquer coisa, um fiapo de roteiro pra justificar as cenas de porrada. Nessa proposta, o anime é sensacional. É daqueles pra assistir vários episódios seguidos, diversão pura. A Netflix foi cruel em disponibilizar apenas metade em dezembro de 2018, e somente em abril de 2019 liberou o resto. A dublagem brasileira merece elogios, com boas adaptações, atuações e vozes bem escolhidas.

    Para quem devemos recomendar Baki? A todos que buscam um anime exagerado, com muita porrada, sem se preocupar em tramas mirabolantes e bem elaboradas. Baki não tem vergonha de ser ridículo e estereotipado. Justamente por isso é um anime tão bom e divertido. O final da temporada deixa muito claro que a história continuará. Enquanto não sair, busque as temporadas antigas, vale a pena conhecer, são tão ridículas e maravilhosas quanto.

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  • Review | Baki the Grappler

    Review | Baki the Grappler

    “Todo homem, pelo menos uma vez na vida, já sonhou em ser o mais forte”.

    Neste anime, praticamente todos  se valem desta máxima para conduzirem suas vidas, inclusive o jovem Baki, de 13 anos de idade. Baki é filho do homem mais forte do mundo, Yujiro, e tem como objetivo de vida superá-lo. A princípio, vemos que Baki é um prodígio na luta, possui habilidades e força muito acima da média. Entretanto, muita gente é mais habilidosa que ele, e o jovem de cabelos ruivos vai apanhar pra caramba em sua jornada de aprimoramento.

    Baki the Grappler é um anime shonen até dizer chega. O foco é quase total nas lutas e nos personagens querendo ser mais fortes. Muita gente conheceu Baki pelos episódios da Netflix, que correspondem à terceira temporada. Já digo de antemão que é plenamente possível assisti-la sem conhecer as duas temporadas anteriores, que serão o assunto deste review.

    A história de Baki é bastante rasa, o que não é um problema, muito pelo contrário. Queremos ver a pancadaria e os exageros extremos de cada luta. Na primeira temporada, temos Baki se aprimorando para, finalmente, enfrentar seu pai e testar sua força. E, por mais clichês que o anime tenha, uma coisa é muito interessante: Yujiro, pai de Baki, está muito acima de qualquer um. Ele não só é extremamente forte e resistente, mas também um exímio conhecedor de inúmeras artes marciais e técnicas poderosas de luta. Quando Baki fica a temporada inteira treinando arduamente, consegue aumentar sua força de maneira exponencial. Porém, ao confrontar seu pai, temos um lampejo de esperança de apenas alguns segundos. “Baki superou seus limites e vai, ao menos, causar algum dano a Yujiro”. Mesmo quando o garoto monta no pescoço do pai e começa a esmurrar sua cara, Yujiro nem sente os golpes. Ele é um verdadeiro monstro, e isso fica muito claro durante toda a série. Yujiro poderia ser o deus ex machina de qualquer série, porém ele é um vilão. Ou pelo menos um anti-herói. Paralelo a isso, a mãe de Baki mantém uma relação estranha com o filho, e uma idolatria doentia a Yujiro. O desfecho da história dela é bizarro, mas no mínimo impactante e inesperado, que será o divisor de águas na história do jovem Baki (e o fim da primeira temporada).

    A segunda temporada tem foco quase total em um torneio clandestino. Baki viaja o mundo buscando novos oponentes até descobrir a existência do famigerado torneio, que ocorre em Tóquio. Aqui começa a parte alta do anime. O torneio não tem premiação. Os participantes querem somente lutar com pessoas extremamente fortes e se provarem. É pura e totalmente paixão pela luta, sentimento presente em todos os personagens da série, a vontade de ficar mais forte, de enfrentar oponentes grandiosos, de esmurrar a cara de alguém. A atmosfera fede a testosterona, transborda o instinto selvagem do homem, e tudo gira em torno das lutas. Não existe ameaça no mundo, Freeza não vai explodir Namekusei daqui a 5 minutos, nada disso. É a luta pelo prazer e pela paixão de enfrentar oponentes poderosos.

    Este sentimento não é inédito em obras japonesas. Basta lembrarmos do próprio Goku, já que citamos Dragon Ball logo acima. Goku sempre luta para conter um grande mal, porém, como já deixou claro em um episódio, o objetivo principal dele é enfrentar alguém mais forte do que ele. Goku quer salvar a Terra? Sim. Mas antes disso, o sangue sayajin que corre em suas veias coloca em prioridade o prazer pela batalha. Em Baki, todos possuem esta vontade sayajin.

    É bom deixar claro que este anime é daquele tipo “japonês ao extremo”, ou seja, exageros babacas estarão presentes em 99% do tempo. Muitas situações são toscas, motivações ridículas, mas é tão ruim que dá a volta e fica bom. É um grande torneio de Street Fighter, cada um com seu estilo de luta, técnicas exageradas e muita violência. As técnicas são baseadas em estilos de luta reais em sua maioria, sem raios ou magias. O exagero fica a cargo da força, agilidade e execução dos golpes. A retratação dos estilos de luta são bem legais, e realmente seguem alguns aspectos da realidade, desde posturas de luta até golpes e princípios.

    Estas duas temporadas foram produzidas há bastante tempo, então não espere grande qualidade de animação. Praticamente todos os personagens são extremamente musculosos. Os diálogos e situações  são simplórios e focam na emoção da luta. Baki the Grappler se propõe a isso e faz de forma magistral. Assista como uma obra trash, entre no espírito, ignore as situações toscas e deixe a testosterona invadir seu coração.

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  • Review | Neo Yokio

    Review | Neo Yokio

    Em tempos passados, houve uma invasão de demônios em Neo Yokio. Felizmente, existiam exorcistas capazes de enfrentar essas possessões. Após salvar Neo Yokio, a cidade abre suas portas para os exorcistas conviver ali e, de tabela, continuar aplicando seus poderes no combate às futuras ameaças. Os exorcistas criaram uma espécie de alta classe em Neo Yokio.

    Kaz Kaan é um jovem exorcista e um dos solteirões mais cobiçados da cidade. Sim, existe essa lista em Neo Yokio, que é divulgada constantemente nos telões gigantescos dos prédios da cidade. Mas calma, não vá embora ainda, vou tentar mostrar algumas qualidades deste anime.

    Houve uma tentativa de mesclar as tramas sobrenaturais com eventos típicos da high society, afinal, Kaz é abastado e vive nesse meio, acompanha influenciadoras digitais, esse tipo de coisa jovem moderna. Aí vem um problema da série: ela tentou ser tudo, e sabemos que isso não costuma dar certo. Nos minutos iniciais, ao mostrar a história de Neo Yokio, o anime parecia caminhar para um tom sobrenatural e combate de possessões demoníacas, ou mesmo situações políticas envolvendo o povo de Neo Yokio e os exorcistas. De repente, vemos um protagonista playboy que tem um certo carisma apesar das futilidades.

    Daí aparecem elementos de sci-fi, como o robô mordomo Charles e a própria estrutura futurista da cidade. E então Kaz recebe a notícia que sua namorada terminou com ele. E que uma blogueira de moda foi possuída por um demônio. E essa mistureba toda, por algum motivo, é minimamente interessante.

    É difícil avaliar este anime. Se por um lado havia um bom pano de fundo para desenvolver tramas interessantes, por outro lado a coisa ficou em abordagens mais superficiais, claramente porque o público-alvo é mais jovem. Então, a história é mais leves, tendo breves momentos de questões mais delicadas. Aparentemente, há uma certa crítica/sátira com as futilidades da alta sociedade e da necessidade de tentar se mostrar no topo (a lista de solteirões da cidade talvez seja o exemplo mais explícito). Vendo por esta ótica, a série fica um pouco mais interessante.

    Vale destacar que Neo Yokio é uma espécie de New York alternativa, e o próprio comportamento dos personagens é ocidentalizado. Não por coincidência, afinal o criador do anime é o músico nova-iorquino Ezra Koenig, vocalista do Vampire Weekend, em parceria com Ben Jones. A trilha sonora é muito boa, recheada de músicas clássicas, ajudando na atmosfera aristocrática da série.

    Alguns nomes famosos emprestaram suas vozes aos personagens, como por exemplo Jaden Smith (o protagonista Kaz Kaan), Jude Law (o robô mordomo Charles, talvez o personagem mais agradável da série), além de participações de Stephen Fry, Steve Buscemi, dentre outros. Sinceramente, a dublagem brasileira foi mais caprichosa e fez uma ótima versão com inúmeras vozes veteranas. Neo Yokio é aquele anime para se ver de forma bem casual, um simples passatempo de seis episódios mais um especial de Natal. Se houver uma nova temporada, que tenham mais foco ao invés de tentarem abraçar o mundo.

    https://www.youtube.com/watch?v=ilyxRdZffO8

  • Review | Back Street Girls: Gokudolls

    Review | Back Street Girls: Gokudolls

    Você é membro da Yakuza e, junto com outros dois companheiros, falham novamente em uma missão. Vocês imploram misericórdia ao chefe, que lhes dá duas opções: morrer ou ir à Tailândia para fazer uma cirurgia de mudança de sexo e se tornarem um grupo de J-POP que gerará lucros para ele.

    Cinco segundos para decidir. VAI!

    Se você ainda está vivo, então optou pela segunda opção. Assim começa Back Street Girls: Gokudolls.

    A história parece esdrúxula – e é, MUITO -, mas justamente isso que dá a graça do anime. O tom da série é bem caricato e exagerado, inclusive a dublagem brasileira manteve esse espírito de forma sensacional, tanto nas atuações de voz quanto nas adaptações de tradução. Os três protagonistas possuem duas vozes: a feminina na realidade e a masculina nos pensamentos, o que dá uma dinâmica interessante à obra, afinal, o maior desafio é mudar sua natureza de membros da Yakuza para garotas fofinhas cantoras de J-POP. O engraçado é ver a mudança gradual dos personagens, aos poucos se acostumando com os novos corpos e vidas, apesar de a natureza Yakuza nunca lhes abandonar.

    A narrativa vai se desenvolvendo em pequenos capítulos dentro de cada episódio, não havendo uma trama principal robusta, e sim um andamento de “sitcom semanal”. O grande ponto central é o desenvolvimento dos protagonistas e suas desventuras no show business. Vale a pena assistir pelo humor bizarro e situações absurdas com toda aquela carga de exagero já conhecida das animações japonesas.

    https://www.youtube.com/watch?v=hNQLujzbquA

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  • Review | Cyborg 009: Call of Justice

    Review | Cyborg 009: Call of Justice

    Cyborg 009 foi um mangá iniciado nos anos 1960 que, de lá pra cá, deu origem a incontáveis produtos (séries animadas, longas metragens de animação, jogos etc). Um dos animes foi transmitido no Brasil há muito tempo, porém o ignorei totalmente por ser “coisa velha” (falou o moleque fissurado em Dragon Ball, Cavaleiros do Zodíaco e Yu Yu Hakusho). Recentemente, a Netflix disponibilizou uma nova série: Cyborg 009: Call of Justice. “Olha só, aqueles cyborgs malucos que ignorei há muito tempo. Vamos ver do que se trata”, e lá fui eu assistir essa série sem conhecimento prévio algum da obra original. E tive uma agradável surpresa.

    Se você também não sabe absolutamente nada da obra original, eis um breve resumo: nove pessoas foram capturadas ao redor do mundo pela organização Black Ghost, que as transformou em ciborgues com habilidades sobre-humanas. Obviamente a Black Ghost tinha objetivos malignos. Porém, o professor Isaac Gilmore, diretamente envolvido no projeto, decide ajudar os nove a fugirem. A partir daí, os ciborgues, juntamente com o professor, se unem para acabar com a Black Ghost.

    Sim, a ideia é simples, mas pode trazer desenvolvimentos interessantes. Após buscar a série que passou no Brasil e assistir alguns episódios, é possível notar um belo subtexto com temáticas bem delicadas e reflexões sobre diversos aspectos da vida. Inclusive momentos bastante melancólicos sobre a vida “pré-ciborgue” dos personagens, dando um bom adulto àquela estética um tanto infantil.

    Call of Justice acontece em momento bem posterior da história, quando os Cyborgs 00 tentam viver em paz como humanos normais. Porém, um grupo de sobre-humanos chamado Blessed aparece para acabar trazer destruição à humanidade. Esses Blessed, aparentemente, são entidades milenares que tiveram influência nos rumos da humanidade. Daí temos outro elemento interessante: por mais que os protagonistas sejam ciborgues, flertando com a ficção científica, existem elementos sobrenaturais e mitológicos na trama. Este é um aspecto das séries anteriores, que resultaram até em um crossover inusitado com Devilman.

    Desde já notamos algo diferente no estilo visual. Ao invés da tradicional animação, foi utilizada modelagens em 3D com cel shading, simulando desenhos em 2D, muito utilizado em  jogos (Street Fighter IVDragon Quest VIII, dentre outros). O visual é bonito, os personagens e cenários são bem feitos e todos. Todos os ciborgues tiveram seus designs modernizados, por exemplo o 002 não possui mais aquele nariz de tucano. O ponto fraco está na animação em si. Os movimentos não são naturais, sendo o ponto mais negativo da série. Muita gente se incomodou bastante com a qualidade da animação, mas não é algo que comprometa tanto. Algumas cenas funcionam bem, há diversas batalhas muito legais, e a liberdade da câmera para girar e focar ângulos variados é um ponto positivo.

    Ao longo da trama, os ciborgues vão descobrindo a verdadeira natureza dos Blessed e fazem o possível para evitar uma catástrofe. No geral, a narrativa é boa, com alguns momentos de quebra de ritmo que prejudicam um pouco. Não é necessário conhecer as séries antigas para aproveitar Call of Justice, este é um produto com autonomia suficiente, e que talvez lhe desperte o interesse em buscar a série antiga. Pelo menos veja a abertura logo abaixo, que tem uma música legal pra caramba!

  • Review | Hi Score Girl

    Review | Hi Score Girl

    No início dos anos 1990, os fliperamas estavam em tempos gloriosos, especialmente no Japão. Em meio a grandes jogos, tínhamos o aclamado Street Fighter II, que também fez muito sucesso por aqui. Haruo é um jovem estudante japonês, e  seus esforços nos estudos são inversamente proporcionais ao seu vício em Street Fighter II. E o moleque é muito bom no jogo. Seu recorde de vitórias seguidas é imbatível, suas pontuações idem. Ninguém consegue vencê-lo… até que a misteriosa e calada Akira Ono cruza seu caminho e destrói o imbatível Guile com o subestimado Zangief.

    O garoto fica com sua autoestima em frangalhos e, no auge de sua maturidade infanto-juvenil, decide treinar feito um louco para melhorar suas habilidades no jogo e retomar o posto de número 1. Aos poucos, o jovem Haruo cria laços com Akira e daí surge uma amizade um tanto diferente. O uso deste adjetivo é imperioso, visto que Akira não fala nada, absolutamente nada. Ela se comunica com poucos gestos ou leves grunhidos tímidos (e de vez em quando com porradas homéricas).

    O anime faz um trabalho belíssimo de retratar a história dos jogos em paralelo à trama leve de relacionamento entre jovens. Os jogos são mostrados a todo instante, e aqui o anime brilha. Todos os momentos empolgantes das lutas são trazidos à tela, e não com cenas aleatórias do jogo. O que é narrado acontece ali, visualmente, e isso é sensacional. Quem gosta dos videogames da década de 1990 vai se deleitar com os grandes clássicos sendo tratados com tanto carinho pelo protagonista, que fala deles de uma forma apaixonada e até fanática.

    Ao longo dos episódios, o tempo passa em alguns anos, e junto com ele os novos jogos vão aparecendo. Haruo acompanha todos eles e continua indo mal na escola. Por mais que ele seja um jovem chato e irritante, haverá uma garota muito bonita interessada nele, Koharu Hidaka, e que demonstra uma habilidade natural em jogos de luta, mesmo que, antes de conhecer o protagonista, nunca tenha demonstrado interesse por esse tipo de entretenimento.

    É preciso deixar claro que o elemento que mais chama a atenção em Hi Score Girl são os jogos. E provavelmente será o ponto de interesse no espectador mais velho. Mesmo assim, a trama simples é bem desenvolvida, e por diversos momentos há doses de sensibilidade, demonstrando uma boa maturidade narrativa. Não consigo imaginar esta obra no mangá original, pois ela é extremamente audiovisual por conta dos jogos retratados. No geral, o anime é satisfatório e muito bem executado dentro de sua proposta. Vale destacar a dublagem brasileira com ótimas atuações de voz e boas adaptações na tradução.

    https://www.youtube.com/watch?v=wew9zHCJYyI

  • Review | Devilman Crybaby

    Review | Devilman Crybaby

    Quando este anime apareceu na Netflix, muita gente não ligou o nome à pessoa. Devilman é um personagem clássico, criado por Nagai Go no mangá homônimo publicado nos anos 1970. Devilman Crybaby é uma espécie de releitura/remake da obra original, trazendo para os dias atuais e, claro, modernizando um pouco a estética e a narrativa. Ao mesmo tempo que respeita o original, traz coisas novas.

    A trama gira em torno de dois amigos, Akira e Ryo. Akira é chorão e extremamente bondoso, mora com a família Nakamura enquanto seus pais, médicos renomados, viajam o mundo ajudando pessoas. Ryo tem um ar mais frio e fez muita fama e fortuna na área acadêmica nos Estados Unidos. Quando os amigos finalmente se reencontram no Japão, Ryo leva Akira a uma festa estranha com gente esquisita e lá ocorre uma carnificina por conta de possessões demoníacas. No meio do caos, o poderoso demônio Amon possui Akira, entretanto o garoto chorão mantém sua consciência humana – mas herdou o apreço pelas lutas de seu possuidor. Akira oblitera os seres demoníacos do local e se descobre uma nova raça, um híbrido de humano e demônio com enormes poderes: Devilman.

    Ryo e Akira aproveitam o grande poder de Devilman para iniciarem uma cruzada para erradicar os demônios que, sorrateiramente (às vezes nem tanto), estão chegando no mundo dos homens. O desenrolar da história alterna entre vários núcleos de personagens, inclusive vilões, e existe um bom desenvolvimento dos personagens. Akira muda drasticamente de aparência após a possessão, adquirindo um corpo atlético e personalidade forte, semelhante ao mangá.

    Por outro lado, notamos algumas diferenças. No mangá, Ryo sempre morou no Japão e quem descobriu informações sobre os demônios foi seu pai arqueólogo. Alguns demônios emblemáticos aparecem no anime em situações diferentes, porém mantém aparência e poderes bem semelhantes à obra original. Sua “irmã adotiva” Miki é uma atleta popular na escola, bem diferente do mangá. E claro, o uso de tenologias atuais (computadores, celulares etc), que inexistiam nos anos 1970.

    Além da violência gráfica, o anime traz muitas cenas  sexuais quase explícitas, algumas beirando aos hentais bizarros. Em uma primeira análise, parece tudo muito gratuito, mas no contexto geral, faz muito sentido (ainda que não sejam determinantes para a narrativa). A obra original é extremamente violenta, mas não possui conteúdo sexual.

    Crybaby usou a trilha sonora de forma interessante, principalmente o hip hop com letras que complementam a narrativa. As músicas incidentais são muito boas, uma espécie de eletrônico, e o tema principal é excelente para os momentos de impacto e tensão. Akira e Ryo são bem desenvolvidos ao longo da série. As revelações vão moldando cada um deles, além dos coadjuvantes, também bem explorados.

    Um dos vários fanservices referenciando a série original

    O ponto mais memorável de Devilman é a reta final da história. Acontecimentos brutais seguidos de revelações bombásticas e um final arrebatador. O anime foi bastante fiel nesse ponto, mas o cerne da discussão mudou um pouco. Enquanto que na obra original existe uma dúvida se o grande vilão estava certo, aqui a questão principal gira em torno da própria crueldade dos humanos. Analisando com mais profundidade, podemos dizer que o anime aliviou um pouco em relação ao mangá, mesmo mantendo a brutalidade. Isso não tira o mérito do anime, pelo contrário, mantiveram a essência, criaram algo novo mas respeitaram (e muito) o que Nagai Go criou nos anos 1970.

    Devilman Crybaby não tem apelo ao grande público. Sua estética e temáticas podem ofender muitas pessoas. A própria qualidade da animação presume um orçamento menor (mesmo não sendo tão fluida, o desenho é bem animado). Várias cenas também são estranhas até para quem está acostumado com as bizarrices dos animes. Após assistir pela primeira vez, li o mangá e depois reassisti. Posso dizer que passei a apreciar ainda mais Crybaby. Os dez episódios fluíram muito melhor, pude notar os diversos easter eggs e referências à obra original que, mesmo sendo fan service, mostram o respeito que tiveram por Nagai Go. Por isso, sugiro fazer o mesmo: assista Crybaby e leia o mangá, não necessariamente nesta ordem. São obras viscerais que merecem ser conhecidas por todos os apreciadores de anime e mangá. Sugiro não assistirem com a dublagem brasileira, a qualidade deixou a desejar e pode prejudicar sua experiência.

    https://www.youtube.com/watch?v=Cah-BDyTtSg

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  • Review | Castlevania – 2ª Temporada

    Review | Castlevania – 2ª Temporada

    A Netflix praticou um ato cruel no ano passado: lançou míseros 4 episódios da série animada Castlevania, baseado na clássica e querida franquia de games. Podemos considerar a primeira temporada como um rápido aperitivo que não trouxe grandes detalhes da história ou mesmo demonstrou o verdadeiro potencial da série. Tivemos que esperar mais de um ano para saber o que realmente seria esta animação. Felizmente, a espera valeu a pena.

    Desta vez, temos 8 episódios, quantidade satisfatória para desenvolver uma boa fatia da trama. Drácula está com um rancor absoluto contra a raça humana, que queimou sua amada esposa Lisa sob a acusação de ser uma bruxa. O fato de Lisa ser uma estudiosa da medicina e outras ciências lhe deu o status de bruxa pela Igreja, que mais uma vez é mostrada como tirana e cruel. A Igreja foi a grande responsável por despertar a fúria de Drácula, devidamente mostrado na primeira temporada.

    Para destruir a humanidade, Drácula  convoca notáveis sujeitos especializados nas mais variadas artes de magia e combate. O desenvolvimento destes personagens é digno de nota, todos possuem ideais e personalidades bem definidas, tornando-os bem interessantes. O maior destaque vai para Isaac, que domina a arte de reviver e modificar corpos. Suas habilidades são comparadas aos de um ferreiro, criando um aspecto interessante e grotesco em sua magia. Dentre os aliados de Drácula, ele é o melhor desenvolvido e terá papel de destaque nesta temporada.

    Enquanto isso, Trevor, Sypha e Alucard rumam ao castelo de Drácula para matá-lo. Porém, o castelo muda de local graças às tecnologias/magias de Drácula, dificultando o trabalho dos heróis.

    É notório o salto de qualidade narrativa desta temporada. Agora temos uma história tomando rumos mais definidos, mérito dos bons roteiristas. Enquanto que na primeira temporada tivemos apenas a apresentação de alguns elementos, aqui podemos sentir um real objetivo da série. Aliás, violência e palavrões não foram poupados, a crueza da história é um ponto muito positivo, que já estava sinalizada na temporada anterior, e felizmente se manteve na segunda.

    Por mais que o ritmo não se mantenha frenético sempre, os momentos de diálogo são muito bons. Por exemplo, quando Carmilla, uma das notáveis, faz questionamentos provocativos sobre Lisa a Drácula, criando uma expectativa de tensão sobre a reação do vampiro. Destaque retumbante para o sétimo episódio, que além de ótimas cenas de combate, temos uma excelente música dos games, e um embate dramático entre Alucard e Drácula. O clima pesado e melancólico desse encontro de pai e filho é o ápice de toda a série até o momento, demonstrando inclusive maturidade do roteiro.

    Parabéns à Netflix por acreditar neste projeto e conseguir adaptar uma série de jogos riquíssima em conteúdo, fazendo algo pesado, violento e maduro. Apostar em algo mais adulto foi um acerto, e esperamos que a terceira temporada mantenha a qualidade.

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