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  • Crítica | Demon Slayer – Mugen Train: O Filme

    Crítica | Demon Slayer – Mugen Train: O Filme

    O sucesso do anime Demon Slayer: Kimetsu no Yaiba foi um fenômeno em 2019, tendo êxito não somente no Japão, mas algo mundial, furando a bolha até de quem não costuma acompanhar as animações japonesas. Foi algo tão grande que anunciaram uma sequência em filme. Demon Slayer – Mugen Train: O Filme estreou em 2020 no Japão e só concretizou a marca do anime baseado no mangá de Koyoharu Gotoge, se tornando a maior bilheteria de todos os tempos dentro da terra do sol nascente, superando sucessos absolutos como A Viagem de Chihiro de Hayao Miyazaki e Your Name de Makoto Shinkai. Chegando ao ocidente e com a escassez de filmes e de salas de cinema abertas devido à pandemia, o longa animado do estúdio Ufotable vem tomando as cabeças das bilheterias por cá e estreia agora no Brasil.

    O filme adapta o anunciado arco do Mugen Train (algo traduzido como trem infinito) e segue exatamente do mesmo ponto que a primeira temporada do anime acaba, colocando os irmãos Tanjiro e Nezuko Kamado e seus amigos Zenitsu e Inosuke numa missão em que eles devem embarcar no Mugen Train e encontrar Kyojuro Rengoku, o Pilar das Chamas, elite dos exterminadores de demônios, para desvendar o mistério sobre os assassinatos que vem ocorrendo no transporte. Enquanto isso, Tanjiro quer saber mais sobre a Respiração do Fogo e seu Hinokami Kagura (Dança do Deus do Fogo), habilidade do seu pai que ele acaba usando na sua última batalha e vê Rengoku como alguém de habilidade semelhante que possa ensiná-lo algo.

    Antes de a história de fato começar, há um prólogo com o Mestre do esquadrão de exterminadores, em que ele caminha em um cemitério e fala serenamente um pouco sobre sacrifício, em como os jovens entram para a organização e têm suas vidas ceifadas há gerações na luta contra os demônios. O Mestre acaba tendo esperança que essa guerra acabe na sua geração, para que o ciclo se encerre. Sacrifício é um ponto em destaque nesse filme, mas é algo para tratar posteriormente.

    O carisma é algo que Demon Slayer sempre aborda em seus personagens, tentando fazer personagens amigáveis que conquiste o público, mesmo sendo algo superficial, é direto e orgânico, e em Mugen Train, Rengoku é mais uma abordagem atrativa, trazendo um personagem típico dos animes de luta, o comilão super forte e alegre. Tanjiro, Zenitsu e Inosuke se encantam pelo Pilar das Chamas, pedindo para serem seus seguidores, que os deixem mais fortes e tudo mais. O que coloca Rengoku ligado ao grupo principal e com um papel vital na trama.

    A história se divide basicamente em duas partes, o mistério do Mugen Train e a luta final, com a primeira sendo o plot mais trabalhado e com mais nuances. Toda a construção de personagem é dada a partir do poder de Enmu, demônio pertencente às Doze Luas de Muzan, o demônio original. Enmu usa uma habilidade com sonhos, que projeta os desejos dos alvos e os humanos por ele controlados entram nas projeções para poderem derrotá-los enquanto dormem. O grupo de protagonistas agora tem um empecilho, além de lidar com os demônios, devem lidar com humanos se opondo a ele, algo difícil para Tanjiro, que tem por aspecto, hesitar ao máximo o confronto, agora tem de saber como lidar com pessoas manipuladas.

    Os sonhos fazem com que os protagonistas revejam suas vidas e passem para o público suas origens, dando um background para quem desconhece o anime e não viu a primeira temporada do anime. A vida de Rengoku é mostrada a partir dessa situação e sua motivação vem a partir de sua força de nascença, ganhando a responsabilidade de como saber usá-la. Tanjiro se vê em sua antiga vida pacífica, com sua falecida família e uma Nezuko humana no seu sonho. Nezuko se torna a chave em despertar o seu irmão para o mundo real e figura participativa nessa parte do filme, elencando junto com todo o elenco na ação. Enmu acaba sendo algo mais um obstáculo usando como ferramenta para dar a dinâmica do filme do que um vilão bem trabalhado. Seu confronto com Tanjiro tem uma função de fazer com que o protagonista persevere na sua problemática.

    Em suma, o espetáculo se dá pela luta final, uma batalha que envolve a grande figura de Rengoku e outro membro das Doze Luas, Akaza. Mais uma vez a equipe de animação do Ufotable guiada pelo diretor Haruo Sotozaki, brilha. O estilo de combinação 2D e 3D no filme ganha uma escala maior do já ótimo trabalho visto no anime, fazendo que as habilidades do Pilar das Chamas e do demônio compunham algo magnífico tecnicamente. Uma batalha longa que não cansa pela beleza da ação, além da construção do personagem que faz o filme ser mais interessante, que acaba num fim melancólico para todo o grupo principal.

    A resposta no fim é sobre heroísmo, em como Rengoku salva as pessoas no trem enquanto seus colegas agem desvendando o mistério do trem, da maneira que motiva e encoraja os outros, se tornando símbolo a ser seguido e a forma que se entrega num ato maior, assim como Tanjiro que lida com os passageiros sem ter medo de ser escudo, e também em decidir sacrificar o seu desejo de ficar com seus entes queridos na ilusão sabendo que era confortável. Uma resposta simples, mas que cativa, algo que Demon Slayer consegue fazer de forma honesta e usa como fórmula de sucesso.

    O formato de filme talvez não seja o melhor para contar esse arco específico, sendo serializada a melhor opção, porém agrada a sua base e tem suas táticas em atrair um público maior, como vem conquistando. A franquia Demon Slayer: Kimetsu no Yaiba continua ainda esse ano de 2021, com a segunda temporada do anime, sem data específica para estrear.

    Texto de autoria de Wedson Correia.

  • Review | Demon Slayer: Kimetsu no Yaiba

    Review | Demon Slayer: Kimetsu no Yaiba

    Tanjiro Kamado, um jovem camponês que ajuda a família vendendo carvão, cresce no período Taisho do Japão, até que uma tragédia acontece. Sua família é atacada e morta por um demônio, exceto sua irmã Nezuko, que acaba sendo transformada em uma dessas criaturas. Além de ter que lidar com a horrenda surpresa, aparece Giyu Tomioka, um espadachim exterminador de demônios, que ao cumprir seu papel, tenta dar fim em Nezuko. O espadachim vê potencial em Tanjiro, que o ataca por impulso e impede sua irmã de morrer.  Giyu acaba deixando os irmãos em paz e envia o jovem carvoeiro para treinar com seu mestre, para que Tanjiro torne-se um exterminador de demônios, conseguindo poder para proteger sua irmã e tente achar uma maneira de fazê-la voltar a ser humana. Assim Demon Slayer: Kimetsu no Yaiba começa, com a mudança de realidade do protagonista, de sua vida pacata para o treinamento (literalmente) mortal, entrando no mundo sobrenatural e fantástico da animação.

    A jornada dos irmãos Kamado segue uma narrativa básica de animes de batalha, com o herói seguindo em busca do seu objetivo. Contudo, de modo bastante honesto, pelo carisma enorme que Tanjiro demonstra e como ele reage a cada pessoa que encontra em suas missões, a cada acontecimento em sua jornada, seja a violência constante que passa a presenciar pelas suas ações no novo posto de exterminador, nas lutas, no contato com o ambiente urbano que ele como camponês se espanta ao ver um Japão pós-modernização: cidades lotadas, vestimentas diferentes, transportes etc. tudo se torna recente para ele.

    O aspecto emocional de Tanjiro e suas relações entre os personagens é um dos pontos altos da obra, envolvendo bastante o espectador com o desenvolvimento das relações em volta do protagonista, seja pelo vínculo entre os dois irmãos e o sacrifício que ele faz pela Nezuko, ganhando o apreço de quem o encontra durante o caminhar do anime, motivando os personagens para que até se arrisquem pela sua causa. Mesmo os vilões se afeiçoam pelo herói, já que os demônios são humanos transformados e ressentem sobre os sentimentos das suas vidas passadas.

    Isso se sustenta quando Tanjiro encontra seus companheiros de jornada, Zenitsu Agatsuma e Inosuke Hashibira, dois outros exterminadores de demônios. O primeiro sendo um medroso e inseguro que não entende a capacidade que tem e o seu papel, e o segundo, um selvagem hiperativo que desconhece e luta contra as relações interpessoais, principalmente por ter detalhes faciais bem delicados, usando uma cabeça de javali como máscara. Eles veem Tanjiro como uma figura cativante e juntam-se à jornada instintivamente. Juntos os três compõem uma harmonia incrível e um alívio cômico bem dosado, complementando o elemento humano e emocional da obra.

    O outro ponto alto de Kimetsu no Yaiba, e talvez o maior, é a parte técnica. Tanto  na ambientação e estética propostas pelo mangá homônimo de Koyoharu Gotoge, com a reimaginação do contexto histórico, roupas, espaços e os elementos de terror do mundo sobrenatural criado, os designs dos demônios e suas habilidades bem inusitadas, encaixam perfeitamente para as cenas de ação, sendo uma experiência bastante imersiva. A animação é bem fluida e as técnicas de espada fazem das batalhas um espetáculo, certos momentos lembrando bastante um jogo de hack and slash, pela movimentação de tela usada. Somando a trilha sonora que é usada de forma bem sucinta, o estúdio Ufotable, responsável pela produção de Kimetsu no Yaiba, resume exatamente como fazer um anime de batalha ideal, divertido e muito empolgante, demonstrando o motivo do sucesso.

    Os 26 episódios lançados introduzem bem a história e os personagens, com Tanjiro e os Pilares, que são os excêntricos exterminadores de demônios da mais alta patente, tendo que lidar com os planos do grande vilão da obra, Muzan Kibutsuji, o demônio que assassinou sua família e transformou Nezuko. Encerrando com Tanjiro, Nezuko, Inosuke e Zenitsu partindo para uma nova missão. A continuação foi anunciada nos pós-créditos do episódio final, que adaptará o arco do Trem Infinito em formato de filme.

    Texto de autoria de Wedson Correia.

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