Tag: Peter Farrelly

  • Agenda Cultural 70 | Infiltrado na Klan, Green Book, Shazam!

    Agenda Cultural 70 | Infiltrado na Klan, Green Book, Shazam!

    Bem-vindos a bordo. Flávio Vieira (@flaviopvieira) e Filipe Pereira se reúnem para resgatar os filmes não comentados nos últimos tempos na Agenda Cultural. Plot-twist é uma assinatura de M. Night Shyamalan? Podemos ter otimismo com o progressismo da academia do Oscar? Shazam! é mesmo um filme bobo? Tudo isso e muito mais na agenda deste mês.

    Duração: 103 min.
    Edição: Julio Assano Júnior
    Trilha Sonora: Julio Assano Júnior e Flávio Vieira
    Arte do Banner:
     Bruno Gaspar

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    Comentados na Edição

    Crítica Vidro
    Crítica Infiltrado na Klan
    Crítica Green Book: O Guia
    Crítica Se a Rua Beale Falasse
    Crítica Vice
    Crítica Homem-Aranha no Aranhaverso
    Crítica Creed II
    Crítica Alita: Anjo de Combate
    Crítica Dumbo
    Crítica Shazam!

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  • Crítica | Green Book: O Guia

    Crítica | Green Book: O Guia

    A historia de Green Book – O Guia começa em Nova York, no ano de 1962, em um evento social numa boate chamada Copacabana, onde o espectador é apresentado a Tony Lip (Viggo Mortensen),um segurança ítalo-americano, que aparece no local para mais um dia comum, onde tem de conter conflitos na casa noturna.  Tony fica sem trabalho, e com o tempo, aceita uma estranha proposta, do famoso músico Don Shirley (Mahershala Ali), para que fosse seu motorista particular. O protagonista faz uma proposta alta e é coberto.

    O filme de Peter Farrelly marca aparentemente uma nova fase na carreira do diretor, que costumava dirigir filmes com seu irmão, Bobby Farrelly. A ultima vez que ele havia feito um filme solo foi em Debi e Loide, em 1994, e obviamente que, apesar de ter algumas pitadas de humor, especial na família de Lip, formada por italianos barulhentos e gesticuladores como manda a caricatura dos mesmos. A abordagem desse é tão ou mais estereotipada quanto os italianos vistos em Todo Mundo Odeia o Chris, em alguns pontos, até mais apegado ao pastiche que os negros da série, o que é péssimo, pois o programa de Chris Rock tinha um caráter bem diferente, mas nonsense que este Green Book.

    As viagens rumo aos locais onde Doc (é assim que Tony o chama) tocará são cortados por diálogos mordazes entre patrão e empregado, em conversas que invertem expectativas e mostram dois homens de formações bem diferentes, o homem negro é erudito e polido, enquantoo o descendente de europeus é mais popular, com gostos usuais, o verdadeiro homem comum. A troca de experiências dos dois é desenvolvida gradualmente e contem momentos bem engraçados e curiosos.

    Há discussões sobre Little Richards, Aretha Franklin e outros musicistas que Doc não conhece e não costuma apreciar. Além de momentos onde o empregado tem que salvar seu patrão de enrascadas, causadas basicamente por  conta dele querer tomar um drink em um bar, o que nos anos sessenta era demais para um homem negro. Esse é só um episodio de discriminação que ele sofre ao longo das pouco mais de duas horas de exibição. Doc, em sua zona de conforto é tratado como aristocrata, sem muitas diferenças entre ele e os brancos, mas basta estar em outro cenário que mesmo funcionários rasos de casas de show o tratam como alguém menor, como alguém que mal se enquadra nos padrões de humanidade.

    Shirley passa o filme inteiro prestes a estourar, por uma junção de fatores bem tangíveis. Em discussões que tem com seu subordinado, o trabalhador declara que sua realidade é bem mais precária que a dele, ao passo que Doc quando não está no castelo em que mora é tratado como qualquer outro negro segregado, e o comentário social que o roteiro de Nick Vallelonga faz serve para outras minorias também.

    O final do filme é bastante conciliador, mostra que cada personagem aprendeu sua lição moral, o que o faz soar como uma propaganda de margarina. O roteiro que foi vencedor de algumas premiações carece de uma resolução mais contundente, e obviamente que tem que se levar em conta claro que é baseado em uma história de verdade, no entanto isso não explica a falta de um dinamismo maior. O filme talvez passe por um esquecimento/boicote na maioria das premiações por conta de escândalos políticos envolvendo Vallelonga, mas independente disso ele toca em questões sociais pontuais e tem um desempenho excelente da parte de Ali e Mortensen, que além de terem uma química invejável, conseguem também ter performances individuais magistrais.

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  • Crítica | Debi & Lóide: Dois Idiotas em Apuros

    Crítica | Debi & Lóide: Dois Idiotas em Apuros

    Debi e Loide A

    O começo tímido, que se vale de piadas sexistas pouco ofensivas, introduziria uma dupla de protagonistas estúpidos, pensada pelos irmãos Peter e Bobby Farrelly. Lloyd (Lóide) Christmas (Jim Carrey) é um condutor de limousine de moral frágil e que tem na figura de sua patroa Mary Swanson (Lauren Hoolly) a sua musa. Seu pouco traquejo com as mulheres garante momentos de absoluta comicidade e falta de noção, com explosões tomando a estrada enquanto pratica direção perigosa. A despedida de sua amada – que acabara de conhecer – é emocionante, segurando o público de imediato, inserindo-o no drama. Logo ao acenar o “tchau” para a moça, após uma trapalhada, o espectador percebe uma trama policial escondida atrás de toda a pataquada da fita.

    Do outro lado da cidade, sua contraparte Harry Dunne (Debi, na versão brasileira, interpretado por Jeff Daniels) exibe todas as suas inabilidades como cuidador de cães. Ao final do dia, os dois amigos voltam ao apartamento que compartilham, desempregados, fruto, é claro, da incompetência de ambos. Cansados de fracassos sucessivos, eles resolvem se aventurar, viajando para Conneticut a bordo de seu cachorro-móvel.

    Na estrada, eles arrumam confusão com alguns caipiras, demonstrando covardia e instinto de sobrevivência, algo que os faz pregar peças nos bullyers e até nos policiais. A hilaridade idiota é a tônica dessas interações. No decorrer da viagem, Lóide tem sonhos de cunho erótico com Mary, imaginando os momentos em que o romance finalmente se concretizaria, incluindo rodas de amigos cujo centro das atenções era ele e suas piadas. Em determinados pontos, ele fantasia discussões intensas nas quais destila seus supostos dotes de briga, espancando um restaurante inteiro, como um Bruce Lee retardado, tomando o coração do chef, à força, para logo depois sonhar com as curvas de Mary, em que os seios expostos da garota como faróis de caminhão demonstram que a virgindade é o maior trunfo do personagem.

    A química entre Carrey e Daniels se dá especialmente pela troca de ofensas e pegadinhas entre um e outro, uma eterna competição para provar quem é mais infantil e imbecil, quase sempre sendo Lóide o vencedor. Qualquer um que atravessa o caminho da dupla sofre as agruras de estar ao lado de pessoas tão incrivelmente irritantes, mas absurdamente gentis e solícitas. Curioso como a ingenuidade dos dois consegue cooptar também um bom coração.

    À procura da bela mulher, os amigos sofrem muitas perdas, até terem noção de que carregam uma maleta repleta de dinheiro. O consumo indiscriminado de dinheiro nos eventos mais supérfluos possíveis. Suas atitudes fazem mal a praticamente tudo que os envolve, deixando um rastro de destruição ao matarem aves raras e esmigalhando propriedades públicas enquanto tentam se divertir.

    A rivalidade entre os dois se acirra ao perceberem estar os dois emotivamente envolvidos pela(s) mesma(s) mulher(es), algo natural, uma vez que há falta de tato de ambos com o sexo oposto. Logo, Lóide acaba por passar pelo destino da mesma moça que flertou antes com Harry, enquanto o amigo loiro se diverte na neve com Mary. A mágoa atinge a personagem de Jim Carrey, que não consegue esconder sua frustração e se vinga dele, pondo laxante na solução alimentícia do amigo.

    A disputa faz com que Lóide se jogue desesperadamente nos braços de sua amada, tentando se declarar a ela, se frustrando após descobrir que ela é na verdade uma pessoa casada. Após muita discussão e situações das mais toscas possíveis, os dois seguem seu caminho, retomando o valor da amizade, salvando um ao outro, mostrando uma inexoravelmente unida relação que suporta toda e qualquer barreira. A comédia dos Farrelly não tem qualquer mensagem edificante ou evolução aparente, mas dá voz a valores simples, como companheirismo e desapego material, sob uma ótica boba que fez muito sucesso entre o público infantil e ajudou a salientar um subgênero da comédia, que se vale de pastelões e de piadas físicas.

  • Crítica | Debi & Lóide 2

    Crítica | Debi & Lóide 2

    Debi e Loide 1

    Quase 20 anos depois da estreia do primeiro filme, após uma pouco inspirada prequência, Jeff Daniels retorna ao papel pelo qual ficara marcado ao lado de Jim Carrey, cuja carreira bastante deficitária exigia um sucesso comercial urgentemente. Sob a rédea da dupla de diretores que também comandou o filme de 94, a obra inicia-se mostrando a melancolia que está a vida de Harry/Debi (Daniels) cuidando de seu catatônico amigo, traumatizado após a rejeição de Mary Swanson – obviamente não aventada no episódio anterior. Lloyd/Lóide (Carrey) finalmente acorda, saindo do estado débil para mostrar que era apenas uma piada que durou duas décadas.

    Assim como com seus intérpretes, os tempos contemporâneos não são gloriosos. Harry está com um grave problema de saúde, com os rins danificados, e morrerá caso não consiga um órgão novo. Após uma visita aos pais adotivos de Debi, a dupla descobre que o loiro possui uma filha com Fraida Felcher, citada no filme original. Já idosa, a personagem vivida por Kathlen Turner diz que a menina foi levada para a adoção, e que não tem contato com ela desde então.

    O chamado à aventura realiza-se e eles finalmente põem o pé na estrada, repetindo e refilmando inúmeras situações cômicas, como a paixão de Lóide por uma mulher inalcançável – no caso, Penny Pinchlow (Rachel Melvin), a herdeira de Felcher –, e também os percalços na estrada e as fantasias em forma de sonho que acometem os dois protagonistas. É curioso notar que nestas imaginações há dois factoides distintos: o primeiro normalmente exclui um amigo do sonho do outro, como se as vidas deles só pudessem ser perfeitas caso a interdependência se findasse, a despeito da longa parceria; o outro mostra ambos agindo em prol da honra alheia – esse, da parte de Lóide.

    O esqueleto do roteiro contém semelhanças com Debi & Lóide – Dois Idiotas em Apuros, tanto nas lutas imaginárias fantásticas quanto as com um núcleo de bandidos, que buscam satisfazer sua ganância financeira a partir da exploração de alguém rico. Uma dupla de vigaristas acompanha o doutor Pinchelow (Steve Tom), tentando roubar seu patrimônio, constituído de recursos conquistados por sua carreira promissora de cientista. O casal formado por Adele (Laurie Holden) e Travis (Laurie Holden) decide então vigiar a dupla de estúpidos numa viagem até uma conferência a fim de entregar uma descoberta valiosa a Penny mas, atrapalhada, esqueceu a encomenda em casa.

    As rugas e sobrepeso dos astros argumentam contra o filme, especialmente por repetirem-se demasiadamente as fórmulas que deram certo antes. Ao ser resgatado e engasgar no primeiro solavanco, o velho carro/cachorro é o símbolo visual mais claro desse inconveniente, uma piada auto imposta de modo bastante humilde, não se levando a sério. Apesar da limitação física, Carrey ainda consegue fazer as piadas corporais ao estilo de Jerry Lewis, no entanto ainda existe espaço para o humor escatológico, mas com doses moderadas, já que se trata de um produto para toda a família e que visa atrair o americano médio.

    Obviamente, grande parte da graça de Debi & Lóide 2 vem da nostalgia dos fãs de Carrey e Daniels, crianças e adolescentes que cresceram com os protagonistas sentindo saudade do humor pueril, descompromissado e baseado no velho besteirol que faz muito sucesso com as plateias estadunidense e brasileira.

    Após uma briga, Debi e Lóide rompem sua unidade, indo cada um para o seu lado. Nas posições distintas que assumem, cada um à sua maneira tenta alcançar Penny. Apesar de não aparentarem, ambos sentem demais a falta um do outro, não conseguindo se sentirem plenos sem o amigo ao lado. E a iminente morte de Harry faz com que Lóide perceba que a vida é curta demais para ficar longe de quem se ama.