Tag: Pantera Negra

  • Review | Quarteto Fantástico

    Review | Quarteto Fantástico

    Nos anos noventa, alguns personagens da Marvel ganharam séries animadas. Entre as mais lembradas estão Homem Aranha e X-Men. Em 1994, mesmo ano em que teria sido lançado o Quarteto Fantástico produzido por Roger Corman, também chegava nas telinhas uma animação conhecida apenas como Quarteto Fantástico, de duas temporadas e 26 episódios.

    No piloto é mostrado os heróis lutando contra o Príncipe Submarino Namor e, logo, estão em um talk show que serve de pretexto para falarem sobre a origem de seus poderes. O quarteto é um grupo preocupado com o bem estar social e a filantropia, dedicam sua vida a angariar fundos para caridade e nisso texto é bastante pueril, remetendo a outros quadrinhos da Era de Ouro em que o maniqueísmo era a tônica, sem nenhuma nuance além do heroísmo puro e simples. A produção de Ron Friedman e Glenn Leopold tentava compensar a veiculação em regime de Syndication, ou seja, veiculada em redes de TV locais negociadas uma a uma, com uma universalidade textual. A produção executiva era assinada por Avi Arad, o mesmo que produz até hoje os filmes do Homem-Aranha e fez parte da maioria das animações da Marvel, além de Stan Lee e Rick Ungar.

    O grupo de coadjuvantes mostrados aqui é grande, com participação de vilões como Mestre dos Bonecos, Toupeira, Doutor Destino, Aniquilador e outros tantos, e aliados como Pantera Negra, Hulk, Inumanos etc. Há também uma forte participação de Galactus e do seu arauto, o Surfista Prateado. Alguns personagens tem boas introduções, outros simplesmente participam sem introdução, como o Motoqueiro Fantasma e os Vingadores.

    Os capítulos que exploram questões de space opera são de longe os mais interessantes, as origens dos personagens são bem exploradas, sobretudo a de Destino. Ao menos nisso o didatismo do roteiro é bem encaixado. Há uma mudança visual positiva na segunda temporada, com abertura nova e uniformes diferentes para os quatro. Ainda assim, há problemas nas transições animadas, com poucos frames ou trechos suprimidos.

    O Quarteto Fantástico apesar de simples, capta a atmosfera e aura dos personagens clássicos de maneira mais que certeira os filmes. Os roteiros são fracos e a animação consegue ser ainda mais paupérrima que a dos X-Men e Homem-Aranha, mas há bons momentos, uma pena que a trama dos Inumanos se resuma basicamente a idas e vindas da relação entre Johnny e Crystal e que o Surfista Prateado seja tão reduzido, ainda assim os clichês desse e de todos os personagens são bem desenvolvidos.

  • Resenha | Pantera Negra: Quem é o Pantera Negra?

    Resenha | Pantera Negra: Quem é o Pantera Negra?

    A popularização massificada que o personagem Pantera Negra encontrou nos anos 2010, atingindo seu ápice no filme-evento da Disney em 2018, deu-se principalmente ao fato de que, a partir dos anos 2000, a representação negra e feminina tornou-se muito importante para garantir que todos os membros de uma plateia se sintam notados, respeitados, e celebrados – exceto, até o momento, o público LGBT, ainda restrito a produtos de um nicho específico. Essa celebração alegórica da figura negra e feminina, juntamente da branca e masculina de sempre, vem recebendo uma ampla aceitação da massa (ocidental, e oriental) que consome produtos culturais que a divertem, a fazem pensar, e mostram novas possibilidades de entretenimento sem desvalorizar nenhuma raça (Pantera Negra), etnia (Mulan), gênero (Mulher-Maravilha) ou credo (O Código da Vinci) – desta forma, todos ficam felizes, as empresas lucram, e o sol brilha para todos.

    Essa vem sendo uma história de sucesso na cultura pop bastante recente, mas cujas raízes raciais existem há muito, muito tempo na editora Marvel. Em 1966, Stan Lee e Jack Kirby, dois deuses da nona-arte, inseriram num gibi do Quarteto Fantástico o icônico Pantera Negra, trazendo pela primeira vez nas HQ’s um herói negro e africano que não serviria apenas de coadjuvante, mas tão importante quanto outros ícones da editora, junto de Thor, Aranha e Capitão América. Deram-lhe Wakanda como seu país próprio, e fictício, e uma riqueza que supera a do Batman e Homem de Ferro. Muito antes de Eddie Murphy cair em Nova York com suas roupas de realeza, em 1988, a Marvel já fazia de um negro o rei mais poderoso da Terra, algo totalmente inédito, na época e ainda muito pouco difundido, nas histórias do século XXI. Quantos reis e rainhas europeus já vimos e lemos a respeito? Uma infinidade, com certeza. E quantos exemplos de figuras africanas com belas coroas na cabeça já ouvimos falar, em grandes editoras e filmes de Hollywood? Certamente, o número caberia apenas em uma mão.

    Em 2014, talvez como uma prévia do filme que já estava em desenvolvimento na Marvel, nos cinemas, surge esse encadernado Quem é o Pantera Negra?, apresentando então uma visão nostálgica e inventiva sobre o clássico personagem, em sua terra natal. Desta vez, T’Challa precisa impedir que forasteiros americanos e europeus saqueiem suas terras do reino, em busca dos incríveis recursos naturais que só Wakanda provém. Na história inspirada que Reginald Hudlin escreve, e John Romita Jr. desenha, nota-se que o conceito de “resistência” ronda os habitantes de Wakanda, com suas lutas e conflitos internos tal um espectro que tanto assombra as comunidades negras, mundo afora. A crítica aqui é subjetiva, mas latente e universal: mesmo dentro de casa, o negro muitos vezes não tem paz e harmonia, nem mesmo aliados, sendo que nada é capaz de tirar sua majestade e beleza tão típicas da raça que resiste diante de tudo, tal o inevitável sol do amanhecer que faz brilhar sua divina melanina.

    Ao combinar o contraste de uma tecnologia extremamente avançada, dando o tom e ditando o futuro e as batalhas de um país africano, vulgo de terceiro-mundo graças ao imaginário popular miserável que temos da África, Hudlin cria uma trama bem elaborada cuja superfície fantástica, cheia de explosões e correria, revela aos poucos a temática política e sócio-política que leitores mais adultos com certeza não deixam de notar. Com o filme de 2018, já foi possível notar a enorme relevância cultural da criação de Lee e Kirby, uma vez que o cinema impacta muito mais que as páginas de um livro. Agora, junto desta impecável publicação da editora Salvat, no Brasil, através de sua coleção de Graphic Novels da Marvel, não há dúvidas de que o Pantera Negra é um raríssimo caso no qual, cinquenta anos depois de sua criação, sua fascinação decorrente de sua importância além da arte continua cada vez mais potente, em um mundo de crescente globalização e diversidades sociais buscando respeito e igualdade, por razões muito mais nobres que um mero escapismo midiático.

  • Crítica | Pantera Negra

    Crítica | Pantera Negra

    Filmes de super-herói é uma classe de cinema que evoluiu de um subgênero para praticamente um gênero, em especial após o ingresso da Marvel nas adaptações mais recentes de suas obras. Depois do que aconteceu em Blade: O Caçador de VampirosX-Men: O Filme e as continuações das duas sagas, o que se viu eram filmes que cresciam em investimento e em foco no publico não-nerd, com histórias que remetiam aos quadrinhos mas que tinham uma abordagem descontraída e divertida. Pantera Negra não foge à essa regra, ousa pouco, mas onde se aventura, acaba se saindo muito bem.

    O filme de Ryan Coogler se mune de arcos de histórias mais recentes do personagem vivido por Chadwick Boseman, não tanto em estrutura narrativa, mas sim em espírito. Ao contrário das primeiras versões do Pantera Negra, há uma enorme valorização do país onde T’Challa é soberano, sendo Wakanda uma nação próspera, que se utiliza de tecnologias que o restante do mundo não possuí e amplo desenvolvimento social, ainda que essas questões não sejam conhecidas pelo mundo externo. O fato disso não ser compartilhado com outras civilizações, especialmente no que diz respeito as nações subdesenvolvidas, é muito bem discutida no filme, em especial na motivação do vilão.

    O roteiro de Coogler e Joe Robert Cole é esquemático, mas não tanto quanto os de Dr. Estranho, Homem Formiga e Homem-Aranha: De Volta ao Lar, esse definitivamente não é um Homem de Ferro do John Favreau com protagonista negro. Os temas discutidos além de atuais, remetem a questões já denunciadas há tempos e conversa principalmente com toda a verve dos discursos de grupos de rap, por exemplo, como a quantidade exorbitante de crianças negras que crescem sem seus pais por conta de tragédias e as dificuldades que um jovem negro e morador do gueto tem de conviver com o poder paralelo do tráfico, e isso tudo se funde com a trilha sonora, repleta de canções que envolvem a cultura hip hop.

    Apesar dele ser um produto enlatado, e que não consegue fugir muito dos seus clichês, ele serve muito bem na função de desconstruir mitos e paradigmas hollywoodianos sobre qual é a identidade das pessoas que habitam a África. Os rituais de passagem da realeza são mostrados em detalhes bonitos, com o elenco principal e de apoio dançando com roupas coloridas e típicas, fazendo lembrar até boa parte das vestimentas dos rituais de religiões afro-brasileiras, como Candomblé e a Umbanda.

    Da parte do elenco, Boseman não compromete e consegue ir bem. Já a Nakia de Lupita Nyong’o é a personagem mais complexa e bem trabalhada, conseguindo reunir em si dois arquétipos diferentes, que de certa forma, espelham um pouco de T’Challa e Killmonger, de forma equilibrada e inteligente, unindo bem os ideais distintos. Danai Gurira e Daniel Kaluuya quando são exigidos mostram uma boa desenvoltura, embora o segundo merecesse mais tempo de tela e Letitia Wright que faz a irmã do novo rei também tem suas piadas bastante afiadas. O elenco mais velho, com Forest Whitaker e Angela Bassett também acerta na maior dos momentos, o destaque negativo é Michael B. Jordan, que apesar de ter um plano de fundo com problemas reais e ser um personagem implacável, sua interpretação por vezes soa bidimensional, e incapaz de expressar toda a raiva que carrega por ter sido rejeitado por aqueles que deveriam tê-lo acolhido. Ao final, ele ainda tem uma possibilidade de melhorar isso, mas o texto não colabora, se tornando mais um vilão bobo e sem sentido no universo cinematográfico da Marvel.

    As cenas pós-créditos envolvem interações entre wakandiano e o mundo exterior, e em todas as sequências eles aparecem como personagens soberanos, jamais de cabeça baixa e essa representação é muito poderosa e simbólica, por que praticamente tudo o que Coogler fez nesse Pantera Negra, remete a isso: quão positivo para uma criança ou jovem negro ter na cultura pop uma representação positiva e protagonista a respeito de quem ele é. Obviamente que é ingênuo acreditar que a partir daí acontecerá uma revolução e que todo o mundo se livrará dos seus preconceitos raciais, mas ainda assim é um avanço interessante dentro da indústria de cinema americana.

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  • Vingadores: Guerra Infinita | Confira a descrição do fantástico trailer exibido na D23

    Vingadores: Guerra Infinita | Confira a descrição do fantástico trailer exibido na D23

    A  Disney é tão enorme que precisa de um evento nos mesmos moldes das Comic Cons para anunciar novidades e imagens exclusivas de seus mais aguardados projetos.

    Felizmente, o terceiro filme dos Vingadores, intitulado de Guerra Infinita, promete ser o maior filme da história do cinema, não só pela quantidade absurda de heróis (todos aqueles que já apareceram até então), mas também por ser um ambicioso projeto trazido pela Marvel.

    O painel do filme contou com o presidente Kevin Feige e o co-diretor, Joe Russo, que conseguiu reunir no palco ninguém mais, ninguém menos que os Vingadores, Robert Downey Jr., Chris Hemsworth, Mark Ruffalo, Paul Bettany, Elizabeth Olsen, Don Cheadle, Anthony Mackie, Tom Holland, Benedict Cumberbatch, Chadwick, Boseman, Sebastian Stan, os Guardiões da Galáxia, Karen Gillan, Dave Bautista, Pom Klementieff e o vilão, Josh Brolin.

    O trailer foi exibido somente para o público presente no salão e foi fantástico. Confira a descrição.

    De início, vemos um momento de tensão, onde os Guardiões da Galáxia, a bordo da Milano, esbarram no corpo inconsciente de Thor (com o uniforme de gladiador de Thor: Ragnarok). Ao ser trazido para dentro da nave, o asgardiano é acordado por Mantis. Assustado, Thor pergunta quem são aquelas pessoas.

    As imagens passam a mostrar a Terra com vários trechos de devastação. Vemos um Loki nada amistoso em posse do Tesseract e Peter Parker, num ônibus, tendo os pelos do braço sendo arrepiados, o que, aparentemente, é o seu sentido de aranha.

    Vemos Thanos pela primeira vez em um planeta alienígena usando a Manopla do Infinito e ele consegue soltar parte de uma lua provocando uma chuva de meteoros. Doutor Estranho, Guardiões da Galáxia e o Homem de Ferro estão na batalha.

    Também vemos em outras imagens o Homem-Aranha vestindo um novo uniforme, o Pantera Negra em Wakanda, alguns Vingadores, juntos do Hulk, apanhando dos asseclas de Thanos e também um Capitão América barbudo e uma Viúva Negra loira.

    O trailer tem um tom dramático, semelhante aos de Homem de Ferro 3 e Vingadores: Era de Ultron.

    Vale destacar que as filmagens do corte principal do filme se encerraram na última sexta-feira e a produção da continuação ainda sem título já teve início de imediato.

    Vingadores: Guerra Infinita estreia em 4 de maio de 2018.

    Texto de autoria de David Matheus Nunes.

  • Melhores Leituras de 2015

    Melhores Leituras de 2015

    melhores_leituras

    Devido ao maior tempo dedicado a uma leitura do que assistir a um filme ou a episódios seriados de uma temporada, é natural que uma lista de Melhores Leituras seja um tanto anacrônica aos lançamentos. A isso soma-se o fato de que, ao encerrar 2014, planejei a leitura de alguns autores que desejava conhecer ou me aprofundar em suas obras, e assim chegamos às edições selecionadas abaixo como as melhores leituras do ano passado.

    Como não havia número suficiente para formatar uma única lista de livros, decidi pela abordagem mista ao introduzir e pontuar os bons quadrinhos lidos no ano. Neste aspecto, é evidente que foquei as leituras no eixo tradicional da Marvel/DC Comics, um aspecto que pretendo evitar este ano, realizando a leitura de outras obras mais autorais (possivelmente veremos esse impacto em uma futura lista deste ano, a ser publicada em 2017).

    Explicitando a falta de sincronia com lançamentos e formatos, a lista nem mesmo se ajusta à tradicional recomendação de dez itens selecionados. Mas sim doze obras, seis livros e seis HQs, para que nenhuma das boas leituras ficasse de fora. Algumas dessas indicações também foram analisadas no site logo após a leitura, dessa forma peço desculpas aos leitores por eventuais repetições de abordagem.

    Manual de Pintura e Caligrafia – José Saramago (Companhia das Letras)

    Manual de Pintura e Caligrafia - Saramago

    Narrativa de estreia do lusitano José Saramago – posteriormente, uma obra anterior seria lançada após sua morte – Manual de Pintura e Caligrafia é um vigoroso romance de estreia. O autor inverte a lógica sobre a carreira e descreve sua proposta literária logo no primeiro lançamento, contrariando manuais tradicionais de autores que sempre, em um estágio avançado da carreira, versam sobre o ofício. Misturando duas narrativas, a personagem atravessa a arte da pintura rumo à escrita, uma transição feita pelo próprio autor, transformando esta obra em um misto de metalinguagem e tese literária, ainda que os elementos narrativos que o consagraram ainda não estivessem presentes.

    Demolidor – Fim Dos Dias (Panini Comics)

    Demolidor - Fim dos Dias

    Inserido na série O Fim da Marvel Comics, Fim dos Dias é uma clara homenagem à trajetória do Homem Sem Medo. Sob a batuta de Brian Michael Bendis, a história leva Ben Ulrich a uma última reportagem quando os heróis perderam sua força como defensores. A equipe de primeira linha desenvolve uma história sem igual, simultaneamente apresentando grandes momentos e figuras de Demolidor ao mesmo tempo em que se configura como mais uma grande história de um dos personagens mais coesos do estúdio.

    Romeu e Julieta – William Shakespeare (Saraiva de Bolso, tradução de Bárbara Heliodora)

    Romeu e Julieta - Shakespeare

    Casal mais conhecido da dramaturgia de William Shakespeare, Romeu e Julieta são símbolo de amor universal, representado, transcrito e transformado em um amor perfeito. A peça considerada uma das mais líricas do autor é fundamental para destruir o conceito das personagens através dos tempos, evidenciando que o amor de dois adolescentes termina de maneira trágica devido ao frenesi impulsivo e a imaturidade. Versando com qualidade sobre a agressividade desse amor, o casal permanece no imaginário coletivo em uma bonita história trágica.

    Pantera Negra – Quem é o Pantera Negra? (Salvat / Panini Comics)

    Pantera Negra - John Romita Jr - destaque

    Anterior a modificações estruturais de personagens representativos de uma causa, a Marvel fundamentou, dois anos após a nova lei de direitos civis nos Estados Unidos, um personagem negro com uma bela mitologia. Erigido como um deus no coração de um país futurista na África, local que nunca cedeu a colonizadores, a concepção do Pantera Negra atinge versão definitiva na narrativa de Reginald Hudlin. Retomando conceitos de tradições africanas, T’Challa adquire simultaneamente uma história coesa e uma tradição tribal forte, tornando-se um importante e imponente personagem político no cenário da editora.

    O Silêncio do Túmulo – Arnaldur Indridason (Companhia das Letras)

    O Silêncio do Tumulo - Arnaldur Indridason

    Impressiona que em uma literatura normalmente considerada formulaica como a narrativa policial se possam desenvolver tantos estilos diferentes e histórias genuinamente interessantes a partir de um crime. Arnaldur Indridason compõe sua narrativa a partir de dois focos: a investigação de um esqueleto encontrado nas imediações da Reykjavík, Islândia e uma trama familiar sobre um pai abusivo. O leitor reconhece de imediato que as narrativas iram se entrecruzar e, mesmo enfocando tais tramas de modo diferente, o autor é capaz de mantê-las em um mesmo tom que, quando chega em seu ápice, desvenda o crime e revela um aspecto crítico sobre a condição social e psicológica que fomentou o assassinato. É a partir desta obra que Indridason alcança sua melhor forma.

    Gotham DPGC: No Cumprimento do Dever (Panini Comics)

    Gotham GPGC

    Ed Brubaker e Greg Rucka partiram de uma premissa interessante ao indagar como seria o contingente policial de Gotham City vivendo à sombra do Homem-Morcego. O resultado é uma revista que destaca personagens comuns vivendo em um cotidiano padrão, no qual a figura de Batman é vista com mística, sem explorar a personagem interiormente como em suas revistas mensais. A partir de dramas pessoais em meio a atentados e crimes de grandes vilões e bandidos comuns, a equipe de crimes hediondos de Gotham sobrevive diariamente nesta pesada rotina criminal. Com uma vertente narrativa genuína de histórias policiais, a equipe apresenta uma visão diferente deste universo tão explorado e querido do público.

    Here, There And Everywhere: Minha Vida Gravando os Beatles – Geoff Emerick e Howard Massey (Novo Século)

    Here There Everywhere - Minha vida gravando os beatles

    Na vasta bibliografia sobre The Beatles, dividida entre obras de jornalistas experientes, críticos renomados e personagens que pontualmente passaram pela carreira da banda, a biografia de Geoff Emerick é fundamental como uma figura de autoridade intrinsecamente ligada à banda. Responsável pela formatação da fase mais prolífica da carreira do quarteto, Emerick narra brevemente sua trajetória até conhecer a banda e nos brindar com informações daquilo que fizeram dos Beatles a banda por excelência: sua qualidade musical. Detalhes técnicos, informações e curiosidades são costuradas em uma prosa suave que nos coloca ao lado da intimidade do Fab Four sob a visão daquele que esteve acompanhando a progressão a cada ensaio e moldando o som da banda. A obra é prazerosa e nos aguça a ouvir de maneira diferente a discografia do quarteto.

    Superman – A Queda de Camelot (Panini Comics)

    Superman - A Queda de Camelot

    Publicada simultaneamente a outra grande saga de Superman, O Último Filho, esta Queda de Camelot é um longo épico dividido em duas partes. Conduzida por Kurt Busiek, um dos responsáveis pelas revistas do herói ao lado de Geoff Johns na época pós Crise Infinita no projeto Um Ano Depois. Trabalhando em linhas temporais de passado, presente e futuro, o autor cria uma história provável sobre um futuro apocalíptico ao mesmo tempo em que desenvolve o passado do vilão Arion e as crescentes ameaças do presente conhecido. O tamanho da série cria uma narrativa aventureira cíclica, composta de diversos ganchos e conduzida pela aventura, dando sequência à explícita homenagem a Era de Prata desenvolvida desde o primeiro arco de Um Ano Depois. Se O Último Filho é uma reflexão pretensiosa e fabular sobre passado e descendência, A Queda de Camelot faz da aventura o fio condutor.

    Dragão Vermelho – Thomas Harris (Record)

    Dragão Vermelho - Thomas Harris

    Um dos grandes vilões do cinema, Hannibal Lecter inicia sua trajetória nesta narrativa escrita em 1988. Thomas Harris explora com eficiência a psicologia de seu assassino e compõe um interessante laço entre o investigador Will Graham e o psicanalista canibal, o qual colabora no caso. Em um thriller psicológico aclamado por James Ellroy como um dos grandes livros do gênero, a história é pautada no desenvolvimento do caso e no suspense, demonstrando talento na composição narrativa ao criar densos personagens bizarros, inovando ao introduzir com esmero a mente criminosa em cena. Mais impressionante que esta trama é o fato do autor, após a sequência O Silêncio dos Inocentes, ter produzido duas obras sobre a personagem sem nenhum apelo e vigor equivalentes a esta obra inicial. Mesmo com uma carreira desequilibrada, Dragão Vermelho é uma narrativa impecável.

    Os Vingadores – O Mundo Dos Vingadores (Panini Comics)

    Vingadores - n 1 - Avengers World

    Responsável por assumir duas revistas dos Vingadores após oito anos sob comando de Brian Michael Bendis, Jonathan Hickman iniciava um novo ponto de partida para os Heróis Mais Poderosos da Terra, reconfigurando a equipe em sintonia com o novo processo editorial intitulado Nova Marvel. O Mundo dos Vingadores alinha novos e antigos personagens em uma renovada formação da equipe, ao mesmo tempo em que introduz novos vilões que seriam fundamentais para futuras sagas da editora. Sem medo da sombra do sucesso da passagem de Bendis, o arco é simultaneamente uma boa história como também funciona como um início para novos leitores.

    A Ditadura Envergonhada – Elio Gaspari (Intrínseca)

    Ditadura Envergonhada - Elio Gaspari

    Com intensa pesquisa em fontes diversas e uma prosa ensaística de primeira qualidade, Elio Gaspari produz uma das obras definitivas sobre a ditadura militar brasileira. Indo além da formalidade dos fatos, o autor insere um estilo narrativo próprio que aviva a época e os dramas dos conflitos vividos e seus delicados detalhes. Traçando um panorama da sociedade, observando tanto o movimento militar como os levantes contra o golpe, este é o primeiro volume de uma vasta obra sobre o período que, ainda este ano, ganha o último e definitivo desfecho.

    Batman: Cidade Castigada (Panini Comics)

    Batman - Cidade Castigada

    A saga Silêncio, anterior a Cidade Castigada, talvez tenha eclipsado a atenção voltada a esta história escrita por dois grandes parceiros: Brian Azzarello e Eduardo Risso. Se a anterior pretendia ser um grande épico em doze partes, apresentando diversões heróis e a galeria de vilões do Morcego, Cidade Castigada enfoca o Batman investigador em uma história mais eficiente e coesa que a de Jim Lee e Jeph Loeb. Gotham adquire contornos noir entre poesia e corrupção enquanto o roteiro foge de uma tradicional narrativa feita pelo morcego, acrescentando tanto uma reflexão erudita sobre a cidade quanto ampliando a limitação física do herói, sem contar uma improvável cena em que Bruce Wayne faz seu próprio jantar, desmitificando, com certo humor sem perder o tom sério da narrativa, os fatos cotidianos que o personagem, como um reflexo de um ser humano normal, executa todos os dias.

    Cidades de Papel - John GreenMenção Honrosa: Cidades de Papel – John Green. Considerando o público-alvo de sua narrativa, Green surpreende com uma história pontual sobre a transição entre a adolescência e o mundo adulto e uma percepção madura de um grupo de amigos. Um romance de formação que tem potencial para se tornar significativo no crescimento do leitor jovem.