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  • O Abismo dos Quadrinhos em 2020

    O Abismo dos Quadrinhos em 2020

    Quando se olha muito tempo para um abismo, o abismo olha para você.

    2020 ficará marcado na história do mundo como um ano trágico, para dizer o mínimo. Ao longo de doze meses, estivemos próximos de ameaças de guerra, desastres naturais, ascensão da extrema direitae ,claro, uma pandemia em escala nunca antes vista na história.

    No meio disso tudo, em Terra Brasilis, a cultura segue relegada ainda que, mais do que nunca, tenha se mostrado essencial para que o ano se tornasse mais palatável em tempos de quarentena e distanciamento social. Não obstante, o mercado editorial sofreu bastante com o aumento do dólar, falta de insumos, ameaça de taxação de livros por parte do governo federal, recuperação judicial das gigantes Saraiva e Livraria Cultura, além do fechamento de diversas livrarias menores. E o que se avizinha para 2021 não é nada promissor.

    Desse modo, o mercado, aliado também a fatores externos, não colaboraram para que a vida do consumidor se tornasse mais fácil. Pelo contrário, o que observamos foram diversas decisões equivocadas. Ainda que os quadrinhos não girem em torno apenas de problemas, faremos um resgate de publicações decepcionantes e escolhas editoriais desacertadas ao longo do ano passado que pode (ou não) ter relação com o que falamos acima.

    Coleções Eaglemoss e Planeta Deagostini

    Os lombadeiros de plantão sofreram forte revés em 2020 com as coleções capitaneadas pela Planeta Deagostini e Eaglemoss. Se a concorrente Salvat iniciou o mês de janeiro com apenas a coleção Tex Gold (Coleção Definitiva Homem-Aranha planejada com 60 volumes foi prematuramente cancelada no volume 40, em março de 2019) na 43ª pelo preço de R$ 59,90 e encerrou na 60ª no valor de R$ 64,90 – um reajuste razoável –, o mesmo não pode ser dito das outras duas. A Eaglemoss iniciou o ano com três coleções: DC Comics – Coleção de Graphic Novels (iniciado em 2014 e até dezembro de 2020 conta com 128 volumes), DC Comics – Coleção de Graphic Novels: Sagas Definitivas (iniciada em junho de 2018 e com mais de 32 volumes) e DC Comics – A Lenda do Batman (iniciada em outubro de 2018 e 41 volumes). Já a Planeta Deagostini segue distribuindo a coleção A Lenda do Batman da Eaglemoss, além de duas coleções próprias: Príncipe Valente (iniciada em outubro de 2018 e até dezembro de 2020 com 66 volumes até o momento) e Snoopy, Charlie Brown & Friends – A Peanuts Collection (iniciada em setembro de 2020 e com 9 volumes até o momento).

    Já não é novidade que os valores praticados pela Eaglemoss não são nenhum pouco atrativos. Com aumentos frequentes e sem qualquer justificativa, a editora permaneceu com a mesma política de não dar a mínima para o seu consumidor. A Coleção A Lenda do Batman abriu o ano de 2020 com o volume 17º, Batman: Nascido Para Matar (156 páginas), com o preço de capa de R$ 49,99, e chegou em dezembro com o volume 41º, Mulher-Gato: Cidade Eterna (180 páginas), pelo preço módicos R$ 73,99. Em compensação, as coleções Graphic Novels e Sagas Definitivas mantiveram os preços congelados de R$ 79,99 e R$ 139,99. Verdadeiros heróis.

    A Planeta Deagostini seguiu com sua coleção de todas as tiras dominicais de Príncipe Valente, que contará com 82 volumes, e iniciou o mês de janeiro de 2020 com o 20º volume (76 páginas) que reúne as tiras de 1956, no preço de capa de R$ 49,99, e encerrou o ano com o 66º volume (64 páginas) reunindo as tiras do ano de 2002, pelo preço de capa de R$ 78,99. A coleção Snoopy, Charlie Brown & Friends – A Peanuts Collection que reúne as tiras dominicais desde 1950 até o ano 2000 em volumes de 64 páginas manteve o preço de R$ 49,99. Veremos o que 2021 nos reserva.

    A ausência da SESI-SP

    A SESI-SP surgiu como uma editora interessante dentro do mercado, publicando material estrangeiro (em especial, europeu) e nacional em formatos e preços convidativos, e claro, ótima qualidade. Por meio dela fomos apresentados (e em alguns casos reapresentados) às séries Valerian, Verões Felizes, Spirou, Gus, Blacksad, autores como Mathieu Bablet (A Bela Morte e Shangri-Lá), Juan Cavia e Filipe Melo (Os Vampiros), Gabriel Mourão e Olavo Costa (Paraíba), Marcelo Lelis (Anuí), Gidalti Jr. (Castanha do Pará), Orlandeli (SIC, O Mundo de Yang, Daruma, etc), Gustavo Tertoleone e João Gabriel (Nobre Lobo), Jennifer L. Holm e Matthew Holm (Sunny) e tantos outros.

    A publicações minguaram em 2019, se reservando apenas aos materiais já programados e anunciados ainda em 2018 e publicados em sua esmagadora maioria no primeiro semestre do referido ano. Se o ano anterior já foi péssimo, 2020 reservou o total de ZERO publicações.

    A explicação é simples: antes mesmo da posse do atual presidente da República, já havia sido declarado guerra ao Sistema S, conjunto de nove instituições de interesse de categorias profissionais – Sebrae, Senac, Senai, Senar, Senat, Sesc, Sescoop, Sesi e Sest – que promovem atividades sociais e de aprendizagem, e emprega mais de 150 mil funcionários, mantidas pelas contribuições, pagas compulsoriamente pelos empregadores. Em 2019, o governo federal fixou um corte compulsório de 30% no orçamento dessas instituições, e com a pandemia isso se agravou ainda mais com o corte de contribuições. Que dias melhores se anunciem para a editora.

    O descaso da L&PM com as tiras de Peanuts

    Em novembro de 2009, a L&PM publicou o primeiro volume de Peanuts Completo, que reuniu as tiras diárias e dominicais, de uma coletânea de 25 volumes lançada nos EUA pela Fantagraphics. A editora americana tem um planejamento de dois livros por ano durante 12 anos e meio do material completo do clássico de Charles M. Schulz, Peanuts. Um projeto ambicioso sem dúvida. E até maio de 2019 a L&PM seguiu com um álbum por ano, totalizando 10 volumes até então.

    Para surpresa de todos, em 2020 a editora decidiu reiniciar do primeiro volume por meio de outra coleção mais simples da Fantagraphics, o que não seria um problema se houvesse algum indicativo de continuidade da coleção antiga ou sequer qualquer comunicado oficial por parte dos editores do que motivaram tal decisão. Se isso não fosse o bastante, os últimos volumes da coleção antiga esgotaram rapidamente e não há previsão de novas tiragens, de modo que não me parece ser o caso de vendas baixas, como também não se sabe se a série continuará nesse novo formato. Só nos resta aguardar e torcer para que a série não seja descontinuada como já aconteceu com outras tiras (Hagar, Garfield etc).

    A gourmetização dos quadrinhos

    O processo de elitização dos quadrinhos não é algo novo, já se fala sobre esse desenvolvimento há muitos anos. Mas tem acelerado bastante nos últimos três anos. Com a crise do mercado editorial, as editoras perceberam que a idade média do seu leitor aumentou muito. Não se tem mais crianças consumindo como acontecia no passado. Se por um lado esse fator geracional proporciona maior liberdade criativa e variedade de estilos, por outro tem avançado por parte das editoras a publicação de materiais cada vez mais luxuosos, culminando nos fatídicos omnibus em 2020. O que, pra ser sincero, não vejo como um problema, desde que esses materiais publicados nesse formato tivessem opções mais acessíveis em um passado recente. Veja, Quarteto Fantástico do John Byrne é um material pedido por leitores há anos, mas quando colocado no mercado a Panini opta por uma tiragem pequena, com o preço de capa de R$ 349,00, atingindo apenas uma pequena parcela do seu mercado consumidor. Em contrapartida, não vejo problema da editora apostar em materiais de luxo como anunciou com Monstro do Pântano, Miracleman e Noites de Trevas Metal (arghh). Afinal, há pouco tempo atrás tivemos acesso a esses materiais em um formato econômico. Logicamente, o preço praticado é uma outra discussão, que evidentemente, não pode ser separada de temas como aumento do dólar, falta de matéria-prima e problemas de distribuição.

    No entanto, o que se vê entre o mercado consumidor e influencers digitais é um (quase) completo silêncio em relação aos preços, e muitas comemorações com formatos cada vez mais luxuosos. Enquanto isso, nós nos enganamos que existe um processo de democratização da leitura e a Panini, principal player do mercado editorial de quadrinhos, se engana que está renovando seu público com encadernados Kids e Teens por mais de R$ 30,00. A nossa única certeza é que muita gente que lê Turma da Mônica não vai migrar para outros produtos.

    A Maurício de Sousa, o Boldinho e a censura

    E por falar em Turma da Mônica…

    No final de 2020, fomos surpreendidos, negativamente, com a notícia de que a Maurício de Sousa Produções havia notificado extrajudicialmente o cartunista underground Daniel Paiva em razão de sua paródia da Turma da Mônica, por conta de seu personagem Boldinho. Sim, Maurício de Sousa, o homem que tanto parodiou outros personagens, obras e histórias decidiu ameaçar de processo quem o parodiava com base na Lei de Direitos Autorais.

    Segundo a empresa, o personagem Boldinho e os demais coadjuvantes associavam a MSP ao consumo de entorpecentes, entre outras coisas. Sim, o personagem lida com temas voltados às drogas e transversais, em especial, maconha. No entanto, esse material não é comercializado para o público infantil, e sequer circula nesse meio.

    Causa estranheza tais argumentos para quem acompanha a empresa, já que em 2013 o Cebolinha em uma propaganda da AMBEV ensinou as crianças que tomar cerveja era um hábito transgeracional, apenas ensinando as crianças que existia uma idade correta para consumir bebidas com álcool. Em 2018, a parceria se deu com a indústria armamentista brasileira. Pelo visto a preocupação com a defesa da infância se dá em maior ou menor grau conforme os dígitos que entram na conta bancária da empresa.

    As baixas tiragens de mangás da Panini

    Se o aumento de preço frequente já é fator fundamental no dia-a-dia de qualquer consumidor de quadrinhos, os leitores de mangás da Panini ainda precisam se preocupar com as tiragens limitadíssimas da editora. Em 2020, isso parece ter se agravado ainda mais com diversos mangás recém-lançados esgotados em semanas. Isso se deu com títulos dos mais diversos, desde os mais simples até os mais luxuosos. E nós, reles mortais que ficamos equilibrando nossas finanças para poder adquirir os quadrinhos do mês entre uma promoção e outra, ainda nos deparamos com buracos em nossas coleções pela completa falta de planejamento de uma editora que sequer faz ideia do público que possui.

    O cancelamento e adiamento das feiras e convenções de quadrinhos

    Não é novidade que cultura e arte são pouco valorizados por aqui. Com a chegada do governo Bolsonaro e da pandemia, o que vemos é um cenário caótico para muitos artistas. O Fundo Nacional da Cultura seria uma ferramenta para suprir esta demanda em um momento atípico como este parece inexistente, e muitos deles dependem da ajuda de amigos para subsistência. Na área de quadrinhos não poderia ser diferente.

    Após os cancelamentos de boa parte das feiras e convenções o cenário se tornou ainda mais difícil para artistas e pequenas editoras que dependem desses eventos segmentados como importante fonte de renda. Enquanto não existe uma política pública adequada, eles se viram como podem, seja por comissions, promoções, plataformas de financiamento coletivo, e em alguns casos, ajuda de amigos.

    A crise da distribuição

    Já não é novidade para ninguém da crise de distribuição existente em um país de escala continental como o Brasil. Contudo, a pandemia parece ter surgido para acelerar processos, para o bem e para o mal. Em 6 de novembro, a Dinap e a Treelog, empresas integrantes do Grupo Abril, informaram o rompimento de contratos, unilateralmente, com suas editoras-contratantes. O problema de distribuição e consignação tem se agravado nos últimos anos, principalmente com o processo de recuperação judicial do Grupo Abril, mas agora parece que a pandemia colocou a última pá de cal neste sistema.

    2021 será um desafio para as editoras que dependem da do Grupo Abril, como ocorre com a Mythos. Além disso, esperamos que os problemas de consignação não tragam mais problemas ainda para as editoras, como ocorreu com a inadimplência da Saraiva e Cultura, que além de não devolver os produtos consignados, ainda não pagou por eles. Hoje as editoras aguardam na fila de credores para receber uma parte do que é seu por direito.

    O retorno dos mixes

    Após alguns anos sem publicação de quadrinhos no formato mix nas publicações mensais, 2020 também ficou marcado pelo anúncio da Panini em uma live no YouTube na CCXP Worlds sobre o retorno desse tipo de compilação editorial.

    Obviamente, muitos fãs se decepcionaram com a editora (mais uma vez), já que há algum tempo podiam acompanhar seus personagens em revista solo mensais ou em encadernados que reuniam arcos de histórias sequenciadas, e esperavam acompanhar o Thor do Donny Cates, Capitão América do Ta-Nehisi Coates e etc. de forma individualizada. Pelo visto as vendas não estavam agradando e a Panini decidiu retomar a prática do mercado editorial brasileiro durante décadas.

    Aos que seguirão acompanhando, torço para que a editora ao menos faça um bom mix, o que sequer ocorreu na revista Batman & Superman (já cancelada pela Panini) que tinha tudo, menos Batman & Superman.

    A não-tradução do omnibus do Conan

    Neste mesmo ano a Panini decidiu colocar no mercado seu primeiro omnibus – diversas edições que foram publicados separadamente compiladas em um volume único – e o personagem escolhido foi o Conan. A edição de mais de 700 páginas reúne o material publicado pela Marvel Comics nos anos 1970 nas revistas Conan: The Barbarian e Savage Tales.

    Ainda que se trate de um material de luxo, com preço de capa de R$ 249,00 (duzentos e quarenta e nove reais), a editora achou que seria de bom tom não traduzir quase 70 páginas de material extra existente na edição, ou seja, aproximadamente 10% do material não é possível ler em português. Um completo desrespeito ao público brasileiro, mas que diz muito sobre nosso consumidor, já que em poucos dias o material já era impossível de ser encontrado para compra. A resposta da editora foi a pior possível, informando que outros países de língua não-inglesa, como Itália e Espanha, saiu da mesma forma. O que só deixa claro que o editorial da Panini nesses países é tão patético quanto no Brasil.

    É óbvio que os extras de uma edição como essa não seria lido por todos, no entanto, num país de língua portuguesa, o mínimo que se espera é que o material seja publicado em… língua portuguesa. Do contrário, você está segregando leitores. Para piorar, a editora anunciou o volume 2 e disparou que não traduziria todos os extras, mas apenas uma parte deles. O brasileiro merece a Panini.

    Destro

    Sem romantismos do tipo “quadrinhos são uma mídia progressista, criados e consumidos pela classe trabalhadora”. Qualquer discussão nesse sentido ignora o processo de elitização da mídia, não só no Brasil, mas no mundo, e ainda ignora que uma parcela da classe trabalhadora é conservadora. Ora, em um cenário onde o sistema hegemônico é o capitalismo e a filosofia social que rege boa parte do mundo é o conservadorismo ou o liberalismo, não me causa qualquer estranheza que quadrinhos de direita tenham crescido nos últimos anos. E Destro e seu autor é apenas um expoente desse movimento no Brasil. Importante lembrarmos que Stan Lee criou o Pantera Negra antes do Partido dos Panteras Negras e tentou de todas as formas que seu personagem fosse vinculado ao movimento, Steve Ditko era grande apaixonado pela obra e filosofia de Ayn Rand e isso se refletiu até mesmo no sobrenome do personagem Punho de Ferro, Frank Miller despejou xenofobia em um passado recente e criticou o movimento Occupy Wall Street, entre tantos outros autores controversos e de direita que fizeram falas problemáticas, como Chuck Dixon, John Byrne, Bill Willingham etc. Nem todos são Alan Moore.

    No Brasil, Luciano Cunha publicou os quadrinhos do Doutrinador em 2013, início do processo de efervescência política nas ruas e redes sociais. O personagem ganhou filme anos depois e com a crescente polarização o autor foi se movendo cada vez mais à direita no espectro político, deixando de lado o discurso de “Fora Todos” e contra corrupção e se posicionando favorável a movimentos de extrema-direita e ao próprio presidente Jair Bolsonaro. Toda essa mudança culminou no lançamento de Destro, em 2020, ao lado do ilustrador Michel Gomes. Por alguma razão, Cunha optou por lançar meio do pseudônimo Ed Campos.

    Na trama, conhecemos uma São Paulo distópica do ano de 2045 governada pelos comunistas globalistas, onde o “real” foi substituído pela moeda “real rubro”, com a figura de Che Guevara estampadas em suas células e a população precisa caçar ratos para se alimentar. Destro é nosso herói, um vigilante destinado a lutar por nossa liberdade e derrubar esse governo que impõe sua agenda progressista, anti-conservadora, anti-cristã e outras idiotices do gênero (risos).

    O projeto foi financiado pelo Catarse e alcançou uma marca impressionante de quase R$ 50.000,00 (cinquenta mil reais), algo bastante considerável neste meio, mas que não causa espanto para quem o acompanha. Com frequência acompanhamos o público conservador, no Brasil e no mundo, se mobilizando de forma contrária à qualquer menção progressista dentro dos quadrinhos de super-heróis, sendo taxada de “lacração”, “mimimi” e “politicamente correto”. Desse modo é natural que Destro atinja tal público e já tenha sido licenciada em vários países antes mesmo de seu lançamento, enquanto outros artistas ainda lutam por seu lugar ao sol. Talvez isso seja um reflexo de como esses leitores tem uma certa dificuldade em crescerem, como Moore gosta de lembrar.

    Se você acha pouco, o autor está trabalhando em uma sequência de Doutrinador, dessa vez contra o globalismo (e lá vamos nós) e o vírus chinês (Família Bolsonaro e Ernesto Araújo aprovam). Para finalizar, encerro este assunto com duas belas páginas de Destro matando ratos com sua pistola (?!) para se alimentar. Genial!

  • Review | Quarteto Fantástico

    Review | Quarteto Fantástico

    Nos anos noventa, alguns personagens da Marvel ganharam séries animadas. Entre as mais lembradas estão Homem Aranha e X-Men. Em 1994, mesmo ano em que teria sido lançado o Quarteto Fantástico produzido por Roger Corman, também chegava nas telinhas uma animação conhecida apenas como Quarteto Fantástico, de duas temporadas e 26 episódios.

    No piloto é mostrado os heróis lutando contra o Príncipe Submarino Namor e, logo, estão em um talk show que serve de pretexto para falarem sobre a origem de seus poderes. O quarteto é um grupo preocupado com o bem estar social e a filantropia, dedicam sua vida a angariar fundos para caridade e nisso texto é bastante pueril, remetendo a outros quadrinhos da Era de Ouro em que o maniqueísmo era a tônica, sem nenhuma nuance além do heroísmo puro e simples. A produção de Ron Friedman e Glenn Leopold tentava compensar a veiculação em regime de Syndication, ou seja, veiculada em redes de TV locais negociadas uma a uma, com uma universalidade textual. A produção executiva era assinada por Avi Arad, o mesmo que produz até hoje os filmes do Homem-Aranha e fez parte da maioria das animações da Marvel, além de Stan Lee e Rick Ungar.

    O grupo de coadjuvantes mostrados aqui é grande, com participação de vilões como Mestre dos Bonecos, Toupeira, Doutor Destino, Aniquilador e outros tantos, e aliados como Pantera Negra, Hulk, Inumanos etc. Há também uma forte participação de Galactus e do seu arauto, o Surfista Prateado. Alguns personagens tem boas introduções, outros simplesmente participam sem introdução, como o Motoqueiro Fantasma e os Vingadores.

    Os capítulos que exploram questões de space opera são de longe os mais interessantes, as origens dos personagens são bem exploradas, sobretudo a de Destino. Ao menos nisso o didatismo do roteiro é bem encaixado. Há uma mudança visual positiva na segunda temporada, com abertura nova e uniformes diferentes para os quatro. Ainda assim, há problemas nas transições animadas, com poucos frames ou trechos suprimidos.

    O Quarteto Fantástico apesar de simples, capta a atmosfera e aura dos personagens clássicos de maneira mais que certeira os filmes. Os roteiros são fracos e a animação consegue ser ainda mais paupérrima que a dos X-Men e Homem-Aranha, mas há bons momentos, uma pena que a trama dos Inumanos se resuma basicamente a idas e vindas da relação entre Johnny e Crystal e que o Surfista Prateado seja tão reduzido, ainda assim os clichês desse e de todos os personagens são bem desenvolvidos.

  • Dia dos Investidores da Disney: Os Principais Anúncios do Universo Marvel

    Dia dos Investidores da Disney: Os Principais Anúncios do Universo Marvel

    Meus amigos, a Disney não está para brincadeira! A data de dez de dezembro de 2020 poderá entrar para uma das principais da história desta gigante do entretenimento, já que foi o Dia dos Investidores da Disney, onde a “empresa do Mickey Mouse” apresenta para seus investidores seus projetos futuros. Foi uma maneira agradável de dizer que o seu dinheiro será empregado pesadamente em produções audaciosas para o público em geral, que envolve a Disney propriamente dita, a Pixar, Marvel e Lucasfilm com o universo de Star Wars.

    De fato, o que se viu foi que a Disney investirá pesado no seu canal de streaming, o Disney+, demonstrando querer viver não só do passado, mas de um futuro bastante promissor. Inclusive, o evento aproveitou para mencionar o sucesso estrondoso do canal que já está próximo de bater a meta que estava prevista para daqui 4 anos.

    Mas nem tudo são flores, uma vez que diversos projetos poderão sofrer cancelamentos ou mudanças em suas trajetórias. Falaremos isso em um texto mais específico.

    Aqui nós acompanharemos o que vem por aí no mundo dos heróis da Marvel.

    Enquanto a Lucasfilm aposta em lançamentos inéditos, trazendo pouquíssimos rostos conhecidos, a Marvel opta por um caminho totalmente oposto, usando e abusando dos rostos que conhecemos nos últimos 12 anos de seu universo cinematográfico, porém, ousando um pouco mais.

    WANDA VISION

    Embora a produção de Wanda Vision não fosse novidade pra ninguém, já que a bizarra série estrelada por Elizabeth Olsen e Paul Bettany já teve diversos trailers lançados, o anúncio serviu apenas para informar a data de sua estreia no Disney+, que será logo no começo de 2021, em 15 de janeiro.

    THE FALCON AND THE WINTER SOLDIER

    A série do Falcão e do Soldado Invernal, embora já estivesse em estágio avançado de produção, buscou esconder ao máximo imagens oficiais e detalhes da trama. Estrelada por Anthony Mackie e Sebastian Stan, ambos retornando aos seus papeis, The Falcon And The Winter Soldier teve divulgado seu primeiro e lindo trailer recheado de ação e com uma bela fotografia. A produção também ganhou uma data de estreia para 19 de março de 2021.

    LOKI

    Épico e louco. Essa é a definição para a série de Loki que teve seu primeiro trailer divulgado. Loki mostrará o que aconteceu com o personagem após os acontecimentos de Vingadores: Ultimato, e trará novamente o querido Tom Hiddleston na pele do Deus da Trapaça.

    WHAT IF…?

    What if…? já tinha sido anunciada anteriormente, mas assim como The Falcon And The Winter Soldier, a animação que ficou em segredo finalmente ganhou seu primeiro trailer e nele podemos ver que Peggy Carter foi quem recebeu o soro de super soldado do Capitão América, além de vermos T’Challa como Senhor das Estrelas.

    QUARTETO FANTÁSTICO

    Talvez a maior novidade nos anúncios da Marvel. Com a compra da Fox pela Disney tivemos o retorno dos direitos sobre o Quarteto Fantástico e dos direitos sobre os X-Men. Porém, é com a equipe de cientistas que a Marvel resolveu arriscar primeiro. O filme será dirigido por John Watts que é o responsável pelos filmes do Homem-Aranha da fase Tom Holland. Vale lembrar que será a terceira tentativa de fazer o quarteto vingar nas telas.

    INVASÃO SECRETA

    Talvez a maior surpresa da noite. Teremos a adaptação do arco Invasão Secreta e ela será estrelada nada mais nada menos por Samuel L. Jackson, como Nick Fury e Ben Mendelsohn, como o Skrull Talos que apareceu em Capitã Marvel e Homem-Aranha: Longe de Casa.

    SHE-HULK

    A série da Mulher Hulk contará com o retorno de Mark Ruffalo na pele do Gigante Esmeralda e ainda terá o retorno de Tim Roth como o vilão Abominável, que apareceu no filme O Incrível Hulk estrelado por Edward Norton. Não é a primeira vez que personagens deste filme retornam em filmes do MCU, já que William Hurt, que viveu o General Ross, apareceu em filmes como Capitão América: Guerra Civil, além de ter presença garantida em Viúva Negra.

    A protagonista será vivida pela atriz Tatiana Maslany.

    ARMOR WARS

    Armor Wars será estrelada por Don Cheadle, o Máquina de Combate. Após a morte de Tony Stark, James Rhodes luta para que as invenções de seu melhor amigo não caiam nas mãos erradas.

    IRONHEART

    Mais uma série que buscará manter o legado do Homem de Ferro. De acordo com a própria Disney, veremos Riri Williams (vivida por Dominique Thorne) criando a armadura mais tecnológica desde as armaduras criadas por Tony Stark. É muito provável que na série, Riri se torne a heroína Coração de Ferro.

    THE GUARDIANS OF THE GALAXY HOLIDAY SPECIAL

    Um anúncio que faz o fã cair na gargalhada, depois colocar a mão na consciência e chegar na seguinte conclusão: James Gunn é um gênio. Todos sabem do famigerado Star Wars Holiday Special e aquela discussão de ser cânone ou não, depois de total constrangimento ao término da fita. Pouco importa. Mas será lindo ver uma sátira promovida pelos Guardiões da Galáxia. Ah, roteiro e direção de Gunn, e sim, será em live action.

    I AM GROOT

    O querido Groot também ganhou uma série para chamar de sua. Aqui a estrela será sua versão bebê apresentada em Guardiões da Galáxia Vol. 2, numa série de curtas animados.

    ANT-MAN AND THE WASP: QUANTUMANIA

    Também foi anunciado o terceiro filme do Homem-Formiga. E pelo título, além de dar a entender que o filme será focado no mundo quântico, está mais que claro que a Vespa ganhou o público e os executivos dividindo o protagonismo. Embora tenhamos o retorno de Peyton Reed na cadeira da direção e o retorno de Paul Rudd e Evangeline Lilly, Cassie Lang será vivida por Kathryn Newton.

    E ainda tivemos alguns anúncios interessantes, como o anúncio do novo filme da Capitã Marvel, que trará a Ms. Marvel (que também ganhou um seriado protagonizado), além de uma adulta Monica Rambeau. Teremos também a continuação de Pantera Negra com o devido respeito ao legado deixado por Chadwick Boseman que faleceu há pouco tempo, não escalando um novo T’Challa e o bombástico anúncio de que Christian Bale estará em Thor: Love And Thunder, como o vilão Gorr, o Carniceiro dos Deuses.

    Texto de autoria de David Matheus Nunes.

  • VortCast 80 | Diários de Quarentena X

    VortCast 80 | Diários de Quarentena X

    Bem-vindos a bordo. Flávio Vieira (@flaviopvieira), Bruno Gaspar, Dan Cruz (@DanCruzDM), Filipe Pereira (@filipepereiral), Jackson Good (@jacksgood) e Rafael Moreira (@_rmc) retornam em mais uma edição para bater um papo sobre redes sociais, quadrinhos, séries e muito mais.

    Duração: 97 min.
    Edição: Rafael Moreira e Flávio Vieira
    Trilha Sonora: Rafael Moreira e Flávio Vieira
    Arte do Banner:
     Bruno Gaspar

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  • Resenha | Mitos Marvel

    Resenha | Mitos Marvel

    mitos-marvel-capa

    Finalizando a coleção em capa dura lançada pela Panini com histórias fechadas do universo Marvel, Mitos Marvel de Paul Jenkings e Paolo Riveira compila cinco edições lançadas lá fora revisitando os primeiros gibis de grandes heróis do estúdio: Quarteto Fantástico, Homem-Aranha, Hulk, Motoqueiro Fantasma, Capitão América e X-Men.

    Em apenas 25 páginas, Jenkings rele as histórias de origem de cada um sintetizando, em 25 páginas, uma narrativa concisa, com uma roupagem diferente cuja intenção não é ser substitutiva, mas sim promover um exercício de linguagem interpretativo a partir das origens clássicas. Uma maneira de atualizar leitores que ainda não tiveram acesso às primeiras histórias do estúdio e apresentar origens menos conhecidas, como a de Motoqueiro Fantasma, um personagem sem tanta popularidade atualmente.

    A narrativa mais tradicional desta cinco histórias é a de Homem-Aranha, devido ao fato de que sua origem sempre foi recontada em diversos gibis de linha, até mesmo pelo próprio personagem. Uma sensação de repetição que também é explorada pelo texto explicitando que o público reconhece de cor a origem do Cabeça de Teia. De fato, as releituras em torno da origem de Peter Parker são tantas que nesta mesma coleção David Lapham e Tony Harris fizeram sua versão.

    A linguagem diferenciada é o principal atrativo para a leitura além dos belos traços de Paolo Riveira, ilustrando ao estilo de pinturas que saltam aos olhos pelo detalhe e o traço diferente. Como cada história é apresentada como se construísse uma mitologia, os quadros pintados são convenientes para produzir uma maior sensação história, configurando esses personagens como mitos de um olimpo quadrinesco.

    Escolher cinco personagens ou equipes para cada título é interessante, evitando o desperdício de longas histórias de origem. A capacidade narrativa de Jenkins se destaca pela brevidade. Sem a necessidade de explorar muitos personagens, estes mitos criaram um bom panorama com base em histórias consagradas, sabendo explorar o mesmo caminho e apresentar um estilo diferenciado das obras originais.

    marvel mitos - motoqueiro fantasma

  • Crítica | Quarteto Fantástico

    Crítica | Quarteto Fantástico

    quarteto fantastico - poster brasileiro

    Há um boom de filmes baseados em histórias em quadrinhos desde o renascimento da espécie como gênero, que se iniciou lá com X-Men. A ideia era excelente: tratar o filme de super-heróis como um gênero dentro do outro, e assim haveria abertura para que Bryan Singer fizesse uma bela Sci Fi com elementos de ação, necessária ao desenvolvimento da linguagem cinematográfica deste tipo de filme. Na mesma época, Homem-Aranha de Sam Raimi trouxe uma certa pureza aos super-heróis ao trabalhar temas típicos dos personagens de quadrinhos como responsabilidade, caráter, bondade e sacrifício — abordagem que se repetiu poucas vezes, como em Homem de Ferro, Vingadores e nas continuações de Homem-Aranha. Porém não era possível fazer isso com todo e qualquer material, e estabelecer gêneros maiores e então encaixar a mitologia do super-herói parecia uma decisão mais bem acertada. Christopher Nolan fez seu suspense policial numa Gotham City sem a aura mágica a qual normalmente se observa na cidade, e deu certo elevando o nível dos filmes de super-heróis para patamares mais ousados. Com os direitos de diversos personagens da editora Marvel nas mãos, a Fox buscou completar sua fatia do bolo com Demolidor – O Homem sem Medo e Quarteto Fantástico, ambos nada bem-sucedidos.

    Eis que aparentando novos rumos e visões depois do excelente X-Men: Primeira Classe, o estúdio enfim encontrou sentido para seus personagens. Precisando fazer algo para não perder os direitos sobre eles, resolveu que era hora de reiniciar o Quarteto Fantástico nos cinemas. Para a missão contratou o promissor Josh Trank (Poder Sem Limites) que, após este filme, estaria à frente de um dos filmes do universo Star Wars da Disney, e faria segundo suas palavras, um Sci Fi com referências de David Cronenberg, pitadas de horror e algo totalmente diferente do usual. Como parte de suas decisões artísticas o elenco seria formado por talentos inquestionáveis de uma nova geração que conta com Miles Teller (Whiplash – Em Busca da Perfeição), Michael B. Jordan (Fruitvale Station) nos papéis de Senhor Fantástico e Tocha Humana, e trataria de uma nova geração de também cientistas que estão agora no mundo com a missão de consertar as gerações passadas que destruíram ou renegaram. A genialidade de Reed Richards/Senhor Fantástico contrasta com sua inexperiência e cria um interessante personagem que nunca conseguiu se impor corretamente, mas que tem em si a sede por compreender o mundo à sua volta e que assim segue com a resiliência devida. Após ser descoberto pelo cientista Storm em uma feira de ciências, Richards tem a chance de fazer a diferença no mundo.

    Quando quase nada poderia dar errado, boatos sobre brigas no estúdio e a sorrateira substituição de Trank por Mathew Vaugh (X-Men: Primeira Classe) para “consertar” o filme surgiram por toda a internet, denunciando que ou o resultado teria ficado ruim, ou o estúdio queria na verdade uma outra coisa. O resultado das possíveis confusões se vê na tela em um filme sem foco, estrutura ou originalidade, e que de tão genérico é possível ter vislumbre de praticamente qualquer filme de super-herói recente, desde o recente Homem-Formiga, até O Homem de Aço. Não haveria muitos problemas caso esses vislumbres tivessem relação com os pontos fortes dos filmes citados, porém se percebe apenas a soma dos mais variados clichês recentes do cinema, como a ação artificial baseada em efeitos visuais fosforescentes. Está tudo lá como uma espécie de mapa mental das convenções de gênero que poderiam ser inseridas no filme, mas sem o filtro de qual combinação fazer.

    Embora o terceiro ato seja terrivelmente problemático, os dois primeiros têm dificuldades de conectar e trazer seus protagonistas para o centro da história e da ação, pois não consegue localizar a importância dos personagens à trama. Quem sofre particularmente com isso são os personagens Ben Grimm/Coisa (Jamie Bell) e Sue Storm (Kate Mara), que não podem contar nem mesmo com a grande qualidade de seus intérpretes, já que eles não têm espaço para atuar e são sufocados por exigências meramente performáticas e banais, além de inseridos na obra como pura convenção.  Para resolver este deslocamento, boa parte das soluções são apressadas e amadoras. A solução para dar alguma substância aos personagens é fazendo deles contrapontos das intenções do governo para o uso de suas habilidades, o que seria ótimo caso isso representasse alguma consequência para a trama, o que não foi possível, em muito pela metragem do filme – apenas 100 minutos. Aos demais personagens, resta como motivação para a maior parte de suas ações a necessidade de reconhecimento parental, porém este recurso perde-se em sua frivolidade por ser aplicada a praticamente todos os personagens, mesmo àqueles cujo desenvolvimento não ressoa.

    A falta de perigo, urgência ou gravidade é outro ponto fraco deste filme. Nem mesmo mortes recebem o impacto que merecem, como se o filme se apressasse para uma resolução numa tentativa de subir o ritmo rapidamente e assim criar o clímax. Ao perder-se sobre o que gostaria de mostrar, cria um segundo filme ao iniciar o terceiro ato e isso deixa óbvio que decisões foram tomadas no decorrer da produção e que essas decisões alteraram o material e ideia inicial, levando do Sci Fi com toques de terror prometido (e parcialmente entregue até então) a uma aventura boba de resolução fácil como nos filmes anteriores e alguns pares recentes do cinema de super-herói. Tal desconexão se vê inclusive na edição, que insere e retira personagens de lugares quase que teletransportando o elenco em cortes tão secos que chegam a perder o espectador por um segundo até que este se localize novamente, além de utilizar os recursos mais primários de passagem de tempo que poderiam existir.

    As boas interações do início do filme são desconsideradas com seu decorrer, dissolvendo os laços criados sem reconectá-los ao final, demonstrando uma certa falta de empatia com aqueles personagens. Neste ponto, é difícil de entender o porquê do espaço em tela para Victor Von Doom (Toby Kebbell), se sua participação efetiva como vilão seria apenas burocrática, desperdiçando um visual interessante e cenas de demonstração de poder corajosas. Ao fim, pela falta de sua presença, Doom não exerce o papel de vilão, ou seja, aquele que incita a situação para que o herói haja. Aqui, nenhum papel é bem definido com relação a uma estrutura usual de vilão e herói, adquirindo-a apenas ao final, quando o resultado destoa do desenvolvimento.

    Se o clima e personalidade são muito bons e as pequenas ousadias do roteiro têm capacidade de aliviar a tensão quando surgem, as dificuldades de relacionar suas qualidades ou de lidar com o número de personagens ressaltam sobre seus pontos positivos gerando uma obra no mínimo desconjuntada (que não chega a ser sempre terrível). Quando somada ao complicado terceiro ato, que além de curto e apressado representa uma outra estética e dinâmica de todo o resto, torna-se complicado olhar com mais afeto as licenças tomadas por personagens e trama.

    Texto de autoria de Marcos Paulo Oliveira.

  • Resenha | Quarteto Fantástico: Ações Autoritárias

    Resenha | Quarteto Fantástico: Ações Autoritárias

    Quarteto Fantástico - Ações Autoritárias

    Sequência direta do arco anterior, Inconcebível, o encadernado de Ações Autoritárias – lançado também pela coleção Salvat – apresenta as consequências dos fatos em três arcos narrativos. Mark Waid mantém a escolha de inaugurar histórias de maneira concisa, evitando o erro de se estender além do necessário. As três histórias deste encadernado da coleção Salvat possuem o mesmo tema em comum retratando como cada membro do Quarteto lidou com a última investida de Doutor Destino.

    A primeira história enfoca o garoto Franklin Richards e seu trauma ao ser deixado no inferno. O aspecto familiar é ressaltado pela trama, além de ser um entreato calmo para a futura história, mais densa. O arco que intitula o compilado se passa na Latvéria, local em que o Quarteto Fantástico assumiu o poder – contrariando a ONU e Nick Fury – temendo que civis pudessem se apoderar do arsenal altamente tecnológico do vilão.

    Um devastado Reed Richards se afasta ainda mais de sua família, obcecado em desvendar o local e desenvolver um plano que respondesse à altura do inconcebível anterior. A imagem de Von Doom diante de seus súditos é o primeiro passo destrutivo que afasta a única imagem positiva de Destino. Conhecendo suas intenções malignas e um arsenal de destruição em massa, com direito a robôs torturadores, os latverianos encontram em Richards um possível recomeço para o local. A política entra em cena situando a equipe dentro do universo Marvel e sua projeção realista. Nick Fury participa como um intermediador entre Richards e a ONU, que considera a invasão do Quarteto um erro. Porém, a atitude é apenas parte do plano definitivo para controlar o vilão.

    A dicotomia entre herói e vilão nunca foi tão clara. Como a morte nunca é uma opção, a saída de Sr. Fantástico é heroica visando o bem maior de sua família. Um sacrifício que colocaria Destino e Reed em uma prisão localizada em uma realidade paralela. Como nada é fácil para a equipe, Destino foge deste universo, controla a equipe mentalmente e causa mais uma baixa no Quarteto: a morte de Ben Grimm.

    O público sabe que as mortes heroicas sempre terão um futuro retorno. Quando nada é definitivo, cabe à narrativa produzir um bom argumento para causar conflitos necessários e explicar, ao menos plausivelmente, o retorno da personagem. Iniciando seis meses após os eventos de Ações, Richards estuda o corpo de Grimm buscando um meio de trazê-lo de volta. Quando suas intenções falham, a personagem retoma um experimento de seu arqui-inimigo para desvendar um novo universo não explorado. Waid retorna à fundação do Quarteto, na origem de Destino, para fundamentar sua aventura. Tentando encontrar sua mãe no inferno, Vom Doom desenvolve um aparelho mágico-tecnológico e falha por não ouvir os conselhos de Richards. Dessa forma, a trama reflete sua própria trajetória e avança rumo ao céu, transformando a religiosidade em um universo como tantos outros explorados pela equipe. Sempre desenvolvendo ao máximo o argumento aventureiro, este recurso funciona pela coerência e o equilíbrio entre a ciência e a magia.

    O desfecho promove um mergulho metalinguístico promovendo um inusitado encontro entre Quarteto Fantástico e Deus. Mais especificamente, o deus das personagens em quadrinhos: seus autores. A escolha é ousada, porém, diante de uma progressão de acontecimentos cada vez mais impactantes, a escolha de Waid por um final grandioso que não caísse no clichê é bem-sucedida. E as aventuras da equipe até então dão a base necessária para que este encontro seja plausível. Pela linha da metalinguagem, a história se encerra analisando a própria criação desta arte, e corrige – em um ponto alto do famoso deus ex machina – a cicatriz que Richards ostentava desde o arco anterior. Finalizando com um interessante ápice, a primeira grande jornada da equipe pelas mãos de Waid é considerada ousada para uma narrativa de linha mensal.

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  • Crítica | Quarteto Fantástico (1994)

    Crítica | Quarteto Fantástico (1994)

    Quarteto 1994 1

    Ás vésperas de quase perder os direitos de transmissão cinematográfica, o estúdio New Horizons teria que fazer as pressas um filme o mais barato possível sobre o primeiro grupo de super-heróis dos quadrinhos estadunidenses. Recaiu sobre Roger Corman produzir a fita que seria conhecida por suas condições paupérrimas, cujo orçamento baixo garantiu algumas saídas interessante para o roteiro já bastante combalido.

    O responsável pela direção é Oley Sassone, cuja experiência anterior foi em filmes pouco conhecidos, como Vingança Extrema (com Don The Dragon Wilson) e A Grande Fuga (com Cynthia Rothrock), o que demonstra que o autor tinha intimidade e experiência ao trabalhar com sub-celebridades. Seu elenco não continha estrela alguma, e começava pondo frente a frente dois amigos, estudantes universitários que tinha livre acesso a uma laboratório equipado com material de alto custo, sem qualquer justificativa plausível para tal, além da audácia dos jovens. Os personagens atendiam pelos nomes de Reed Richards (Alex Hyde-White), um bravo e inteligente aspirante a doutor, que mesmo com toda sua perícia intelectual, não impediu seu amigo, Victor Von Doom (Joseph Culp) de ser queimado vivo, por raios vagabundos de chroma key.

    Reed aprendeu sua lição, ganhando cabelos grisalhos com a experiência que teve. Não satisfeito em queimar seu melhor amigo, o “cientista” decide viajar ao espaço, munido de seu fiel escudeiro, Ben Grimm (Michael Bailey Smith), um robusto rapaz que resolve incluir na perigosa missão os gêmeos nada idênticos Joe (Jay Underwood) e Sue Storm (Rebecca Staab). A interação da loira com Reed é automaticamente romântica, sem nenhuma preparação prévia para o romance. Está formado o grupo de elite, intitulada pela loura mulher como Quarteto Fantástico.

    Com o foguete prestes a ser lançado, algo parece capaz de fazer tudo dar errado. Uma figura obscura observa tudo, e manda um tosco personagem rastejante atrás dos heróis. O nome do vilão é Doutor Destino, e seu plano é tornar a viagem espacial repleta de isopor, papelão e papel machê dar errado. Os tripulantes tem um encontro cósmico com uma anomalia, que consegue referenciar vergonhosamente o clássico kubrickiano 2001, com luz fluorescentes invadindo seus corpos, anunciando a explosão e consequente morte dos nada carismáticos personagens, acompanhado pelos olhos de um tirano que assistia tudo de seu palácio de tingido por cores gritantes e fogo artificial, feito de papel celofane.

    Miraculosamente os quatro viajantes sobrevivem, e chegam a Terra, sem maiores complicações de saúde, aparentemente. Johnny, ao brincar com seus amigos espirra, fazendo um arbusto entrar em combustão, Sue desaparece em pleno ar, enquanto Reed estica o próprio braço, em busca de salvar a amada de um tombo feio. Os jovens ficam aterrorizados, piorando muito quando descobrem a transformação física de Benjamin em uma criatura monstruosa de borracha, uma verdadeira Coisa.

    Ben é posto em testes laboratoriais, invertendo o paradigma antes imposto por Reed de ser o analista de espécimes estanhos, deixando-o magoado por ver seu amigo como uma reles cobaia. O revés vem logo em seguido, com os irmãos e o gênio invadindo as instalações militares atrás de seu amigo feito de massa de modelar.

    Logo, o real vilão aparece, unicamente para pôr os heróis em ação, com ações físicas do Coisa, rajadas de fogo em animação stop motion do futuro Tocha-Humana e com um conceito completamente errado do que seria a invisibilidade da Mulher Invisível, confundida com intangibilidade e teletransporte.

    O grupo percebe que pode usar seu defeito para fazer bem e trabalhar em prol da justiça, subvertendo o discurso anárquico visto no debochado vídeo Feira da Fruta, tornando o discurso heroico clássico em algo atual novamente, em plena era das trevas dos quadrinhos. Para piorar a situação, Reed descobre que quem anda arquitetando contra si e seus companheiros é seu antigo amigo dado como morto.

    Curioso é que, onze anos após o tosco filme de Corman, a Fox usaria a mesma motivação estúpida para o vilão tirânico, reprisando a vergonha de descaracterizar completamente o ditador da Latvéria, repetindo até a aliança profana entre Doom e o Coisa, desde a ameaça de ambas as forças unidas, até o retorno do monstro a forma humana, fazendo perguntar se o filme de Tim Story não seria uma refilmagem oficial do clássico noventista.

    Doom faz um discurso evocando a culpa no coração do Senhor Fantástico, por ter a dez anos causado o infortúnio de deformá-lo externamente, o que garantiu a sua moral uma íngreme descida, tão baixa que o tornou um lunático capaz de usar um cobertor verde desfiado como vestimenta, além de uma máscara de plástico que o faz ser incapaz de ser de ser entendido sem legendas. Claro que o estratagema dá errado, uma vez que o vilão ardiloso não calculou que o seu elástico adversário seria capaz de alcançar facilmente a máquina do mal, com seu pé que estava solto.

    Após uma longa conversa, a beira de um precipício, o vilão clama o amigo a se entregar junto a ele em uma aventura de luxúrias maléficas, claro recusado pelo herói, que o deixa cair para a morte, mesmo com seus poderes de elasticidade. O “melhor” fica para o final, com uma sequência de Tocha-Humana, toda realizada em animação, detendo o raio da morte de Doom e salvando a cidade.

    Os parcos noventa minutos de fita ainda permitiram uma cena epilogar, mostrando o casamento de Reed Richards e Sue Storm, firmando o compromisso da fita com a tosqueira, ao exibir através do teto solar da limousine, um braço esticado, fruto da junção de duas vassouras, coladas provavelmente com esparadrapos ou qualquer substância colante barata. Não à toa a Marvel tentou banir o filme, que mesmo com todo o caráter debochado, consegue apresentar uma divertida faceta do mundo dos super-heróis, infelizmente com trinta anos de defasagem e com efeitos especiais condizentes com os dos anos 1960.

  • Resenha | Quarteto Fantástico: Imaginautas

    Resenha | Quarteto Fantástico: Imaginautas

    Quarteto Fantastico - Imaginautas - Capa

    Em sincronia com o lançamento do novo filme do Quarteto Fantástico, cuja estreia está programada para agosto, a Panini Comics lança no mercado uma edição especial reunindo as primeiras histórias da fase de Mark Waid, uma elogiada passagem no maior gibi do mundo – de acordo com Stan Lee – e um bom momento para novos leitores.

    Recentemente, dois arcos de Waid foram relançados na coleção de Graphic Novels da Salvat / Marvel: Inconcebível e Ações Autoritárias. Imaginautas marca o início de sua passagem pelo título e demonstra um acerto por parte da editora em lançar um conteúdo diferente ao invés de replicar em outro formato as histórias da Salvat. Reunindo tais arcos, temos metade da passagem de Waid pela revista em compilados.

    Primeiros volumes de novos roteiristas sempre seguem um padrão que introduz a narrativa do autor a um novo universo, ao mesmo tempo que incorpora argumentos anteriores, coerentes com a nova visão a ser explorada. Diferentemente de outros roteiristas, Waid não promove uma longa história em sua estreia. Mas se apoia em duas narrativas breves, de uma única edição, para introduzir bases da equipe, e ainda realiza um interessante jogo metalinguístico. Em Virado do Avesso, o grupo constata que está em baixa no mercado de super-heróis e contrata uma nova equipe de marketing para retrabalhar a imagem do Quarteto Fantástico. De certa maneira, o roteiro reflete as passagens de escritores por um título, muitas vezes convidados para alavancar vendas e atrair o público. Neste primeiro momento, Waid deixa de lado o lado heroico e enfoca a família. As brincadeiras entre Johnny Storm e Ben Grimm, o trabalho constante do cientista Reed Richards e como sua obsessão afeta a esposa Sue e seus filhos. Buscando maior responsabilidade para o sempre adolescente Tocha Humana, Sue promove-o, em 24 Quadras e Uma Quina, à equipe financeira da Quarteto Fantástico LTDA. Modificações simples na estrutura narrativa que reforçam a mensagem familiar do grupo, uma vertente existente desde sua criação.

    Os Imaginautas configuram a alcunha de equipe pioneira, não apenas por esta ser a primeira lançada pela Marvel, mas também por ser desbravadora de novos mundos e universos. A ficção científica e a aventura sempre foram fios condutores destas histórias. Dividida em três partes, Consciência é um bom exemplo da inovação aventureira, com uma narrativa plausível sobre uma equação viva que deseja encontrar em Richards um igual. Pequenas coisas… também transita neste mesmo tom, sem refletir o ideal realista que foi a base de muitos títulos da Casa das Ideias na última década. Trata-se de uma trama leve de ação e aventura sem um apoio fiel da realidade.

    Ao contrário do que informa a contra-capa, a edição reúne os números 57, 60 a 66 – e não 65 – e apresenta uma história curta do roteirista anterior, Karl Kesel, o qual trabalha posteriormente com Waid nos roteiros. Nesta história, Ben Grimm é a personagem central em retorno à mítica Rua Nancy e sua gangue. Em recortes do passado, o histórico pregresso do jovem Grimm é apresentado em contraposição ao presente em que, adulto, retorna ao local para reencontrar um dono de uma loja de penhores, tradicional na região. Uma trama poética que intensifica a vertente familiar e sensível vista, nesse caso, por outro roteirista.

    Com 196 páginas e capa cartonada, Imaginautas é um bom ponto de início aos novos leitores e um começo bem acertado ao fugir das tradicionais narrativas longas e situar as personagens em pequenas histórias fechadas, antes de partir para uma grande história. Quarteto Fantástico - Imaginautas

  • Resenha | Os Livros do Destino

    Resenha | Os Livros do Destino

    Os Livros do Destino - capa

    Edições especiais com enfoque em grandes personagens sempre são um bom produto de mercado, ainda mais quando a história apresenta um abrangente resumo cronológico de sua carreira em uma releitura de suas origens. Para o leitor tradicional, há a possibilidade de ler uma histórica dedicada a um personagem que não tem uma revista mensal; aos novatos, funciona como um breve resumo de anos de cronologia. Ed Brubaker reconta a trajetória do vilão Doutor Destino nesta minissérie de seis edições lançadas pela Panini Comics em 2008 em Universo Marvel Anual nº 2, e relançada no ano passado no formato encadernado em capa dura.

    Diante de um personagem prepotente e totalitário, a narrativa se curva ao próprio Victor Von Doom, que narra sua história em um aparente programa gravado. O vilão invade quadros como se fosse capaz de intervir em seu próprio passado, apresentando sua infância ao lado do clã dos Voon Doom, ciganos da Latvéria, e a tragédia que lhe tirou a mãe e, posteriormente, o pai. Apresentando sua trajetória, a visão deturpada de sua história é transformada em uma ascensão amoral de vitórias e ganhos, sem poucos momentos sinceros sobre sua persona vil. Fica explícito ao leitor que se trata de uma espécie de documentário sobre sua vida, destacado pelos depoimentos de outros conhecidos que também fizeram parte de sua jornada inicial.

    A história de Victor Von Doom é complexa e carregada de dramas internos de um jovem incapaz de controlar seu próprio destino. Uma composição mais profunda do que outros personagens de seu universo Marvel, como o Quarteto Fantástico. O enfoque no drama do garoto conduz a história de Brubaker, carregando contornos trágicos da transformação de um perdido adolescente em um homem inteligente capaz de dominar os medos e conquistar seus objetivos de qualquer maneira. Sua composição psicológica permite que o roteiro transite entre pontos obscuros de um tirano para um homem frágil, ainda preso à figura de sua mãe, Cynthia, aprisionada no inferno após um pacto com o demônio Mephisto. As seis edições situam as travessias de Von Doom para Destino quando compõe com tecnologia e magia uma armadura que lhe dá maiores poderes e afastaria a ligação maternal com o diabo. A composição entre misticismo e tecnologia é um dos cernes do vilão e do título do Quarteto Fantástico, no qual estreou, na quinta edição publicada no longínquo ano de 1961.

    Como o enfoque é estritamente o vilão humanizado, a participação de qualquer membro do Quarteto é mostrada em poucas cenas, apenas situando Reed Richards apontando erros de cálculo em um projeto de Victor, que culminaria nas cicatrizes de seu rosto, e sendo a força propulsora para uma raiva agressiva que faz do Senhor Fantástico o responsável por parte dos dramas vividos por Destino.

    Sem modificações na cronologia da personagem ou releituras de acontecimentos prévios como Brubaker faz em O Palhaço que Ri, da DC Comics, o roteiro apenas segue os pontos-chave de transformação de Destino, pontuando acontecimentos que culminaram na personalidade conhecida pelos leitores. Nas últimas páginas, há uma tentativa de produzir uma ação final de grande impacto, mas feita de maneira tão comum que poderia ter sido evitada.

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  • VortCast 05 | Filmes Marvel – Parte 1

    VortCast 05 | Filmes Marvel – Parte 1

    Bem Vindos à bordo. Flávio Vieira (@flaviopvieira), André Kirano (@kiranomutsu), Jackson (@jacksgood), Jean D’angelo (@jeandangelo), Carlos Tourinho (@touroman), Levi Pedroso (@levipedroso) e Brunno Elias (@brunnoelias)  se reúnem para comentar sobre todos os filmes que a SEGUNDA maior editora de quadrinhos do mundo já colocou nos cinemas. Conheça todas as galhofas que chegaram ao grande público e as atuais grandes produções que viraram sucesso mundial.

    PS: Pedimos desculpas pela qualidade do áudio. Fizemos o possível para melhorá-lo, mas ainda assim ficou aquém do esperado.

    Duração: 126 mins.
    Edição: Flávio Vieira
    Trilha Sonora: Flávio Vieira

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