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  • O Abismo dos Quadrinhos em 2020

    O Abismo dos Quadrinhos em 2020

    Quando se olha muito tempo para um abismo, o abismo olha para você.

    2020 ficará marcado na história do mundo como um ano trágico, para dizer o mínimo. Ao longo de doze meses, estivemos próximos de ameaças de guerra, desastres naturais, ascensão da extrema direitae ,claro, uma pandemia em escala nunca antes vista na história.

    No meio disso tudo, em Terra Brasilis, a cultura segue relegada ainda que, mais do que nunca, tenha se mostrado essencial para que o ano se tornasse mais palatável em tempos de quarentena e distanciamento social. Não obstante, o mercado editorial sofreu bastante com o aumento do dólar, falta de insumos, ameaça de taxação de livros por parte do governo federal, recuperação judicial das gigantes Saraiva e Livraria Cultura, além do fechamento de diversas livrarias menores. E o que se avizinha para 2021 não é nada promissor.

    Desse modo, o mercado, aliado também a fatores externos, não colaboraram para que a vida do consumidor se tornasse mais fácil. Pelo contrário, o que observamos foram diversas decisões equivocadas. Ainda que os quadrinhos não girem em torno apenas de problemas, faremos um resgate de publicações decepcionantes e escolhas editoriais desacertadas ao longo do ano passado que pode (ou não) ter relação com o que falamos acima.

    Coleções Eaglemoss e Planeta Deagostini

    Os lombadeiros de plantão sofreram forte revés em 2020 com as coleções capitaneadas pela Planeta Deagostini e Eaglemoss. Se a concorrente Salvat iniciou o mês de janeiro com apenas a coleção Tex Gold (Coleção Definitiva Homem-Aranha planejada com 60 volumes foi prematuramente cancelada no volume 40, em março de 2019) na 43ª pelo preço de R$ 59,90 e encerrou na 60ª no valor de R$ 64,90 – um reajuste razoável –, o mesmo não pode ser dito das outras duas. A Eaglemoss iniciou o ano com três coleções: DC Comics – Coleção de Graphic Novels (iniciado em 2014 e até dezembro de 2020 conta com 128 volumes), DC Comics – Coleção de Graphic Novels: Sagas Definitivas (iniciada em junho de 2018 e com mais de 32 volumes) e DC Comics – A Lenda do Batman (iniciada em outubro de 2018 e 41 volumes). Já a Planeta Deagostini segue distribuindo a coleção A Lenda do Batman da Eaglemoss, além de duas coleções próprias: Príncipe Valente (iniciada em outubro de 2018 e até dezembro de 2020 com 66 volumes até o momento) e Snoopy, Charlie Brown & Friends – A Peanuts Collection (iniciada em setembro de 2020 e com 9 volumes até o momento).

    Já não é novidade que os valores praticados pela Eaglemoss não são nenhum pouco atrativos. Com aumentos frequentes e sem qualquer justificativa, a editora permaneceu com a mesma política de não dar a mínima para o seu consumidor. A Coleção A Lenda do Batman abriu o ano de 2020 com o volume 17º, Batman: Nascido Para Matar (156 páginas), com o preço de capa de R$ 49,99, e chegou em dezembro com o volume 41º, Mulher-Gato: Cidade Eterna (180 páginas), pelo preço módicos R$ 73,99. Em compensação, as coleções Graphic Novels e Sagas Definitivas mantiveram os preços congelados de R$ 79,99 e R$ 139,99. Verdadeiros heróis.

    A Planeta Deagostini seguiu com sua coleção de todas as tiras dominicais de Príncipe Valente, que contará com 82 volumes, e iniciou o mês de janeiro de 2020 com o 20º volume (76 páginas) que reúne as tiras de 1956, no preço de capa de R$ 49,99, e encerrou o ano com o 66º volume (64 páginas) reunindo as tiras do ano de 2002, pelo preço de capa de R$ 78,99. A coleção Snoopy, Charlie Brown & Friends – A Peanuts Collection que reúne as tiras dominicais desde 1950 até o ano 2000 em volumes de 64 páginas manteve o preço de R$ 49,99. Veremos o que 2021 nos reserva.

    A ausência da SESI-SP

    A SESI-SP surgiu como uma editora interessante dentro do mercado, publicando material estrangeiro (em especial, europeu) e nacional em formatos e preços convidativos, e claro, ótima qualidade. Por meio dela fomos apresentados (e em alguns casos reapresentados) às séries Valerian, Verões Felizes, Spirou, Gus, Blacksad, autores como Mathieu Bablet (A Bela Morte e Shangri-Lá), Juan Cavia e Filipe Melo (Os Vampiros), Gabriel Mourão e Olavo Costa (Paraíba), Marcelo Lelis (Anuí), Gidalti Jr. (Castanha do Pará), Orlandeli (SIC, O Mundo de Yang, Daruma, etc), Gustavo Tertoleone e João Gabriel (Nobre Lobo), Jennifer L. Holm e Matthew Holm (Sunny) e tantos outros.

    A publicações minguaram em 2019, se reservando apenas aos materiais já programados e anunciados ainda em 2018 e publicados em sua esmagadora maioria no primeiro semestre do referido ano. Se o ano anterior já foi péssimo, 2020 reservou o total de ZERO publicações.

    A explicação é simples: antes mesmo da posse do atual presidente da República, já havia sido declarado guerra ao Sistema S, conjunto de nove instituições de interesse de categorias profissionais – Sebrae, Senac, Senai, Senar, Senat, Sesc, Sescoop, Sesi e Sest – que promovem atividades sociais e de aprendizagem, e emprega mais de 150 mil funcionários, mantidas pelas contribuições, pagas compulsoriamente pelos empregadores. Em 2019, o governo federal fixou um corte compulsório de 30% no orçamento dessas instituições, e com a pandemia isso se agravou ainda mais com o corte de contribuições. Que dias melhores se anunciem para a editora.

    O descaso da L&PM com as tiras de Peanuts

    Em novembro de 2009, a L&PM publicou o primeiro volume de Peanuts Completo, que reuniu as tiras diárias e dominicais, de uma coletânea de 25 volumes lançada nos EUA pela Fantagraphics. A editora americana tem um planejamento de dois livros por ano durante 12 anos e meio do material completo do clássico de Charles M. Schulz, Peanuts. Um projeto ambicioso sem dúvida. E até maio de 2019 a L&PM seguiu com um álbum por ano, totalizando 10 volumes até então.

    Para surpresa de todos, em 2020 a editora decidiu reiniciar do primeiro volume por meio de outra coleção mais simples da Fantagraphics, o que não seria um problema se houvesse algum indicativo de continuidade da coleção antiga ou sequer qualquer comunicado oficial por parte dos editores do que motivaram tal decisão. Se isso não fosse o bastante, os últimos volumes da coleção antiga esgotaram rapidamente e não há previsão de novas tiragens, de modo que não me parece ser o caso de vendas baixas, como também não se sabe se a série continuará nesse novo formato. Só nos resta aguardar e torcer para que a série não seja descontinuada como já aconteceu com outras tiras (Hagar, Garfield etc).

    A gourmetização dos quadrinhos

    O processo de elitização dos quadrinhos não é algo novo, já se fala sobre esse desenvolvimento há muitos anos. Mas tem acelerado bastante nos últimos três anos. Com a crise do mercado editorial, as editoras perceberam que a idade média do seu leitor aumentou muito. Não se tem mais crianças consumindo como acontecia no passado. Se por um lado esse fator geracional proporciona maior liberdade criativa e variedade de estilos, por outro tem avançado por parte das editoras a publicação de materiais cada vez mais luxuosos, culminando nos fatídicos omnibus em 2020. O que, pra ser sincero, não vejo como um problema, desde que esses materiais publicados nesse formato tivessem opções mais acessíveis em um passado recente. Veja, Quarteto Fantástico do John Byrne é um material pedido por leitores há anos, mas quando colocado no mercado a Panini opta por uma tiragem pequena, com o preço de capa de R$ 349,00, atingindo apenas uma pequena parcela do seu mercado consumidor. Em contrapartida, não vejo problema da editora apostar em materiais de luxo como anunciou com Monstro do Pântano, Miracleman e Noites de Trevas Metal (arghh). Afinal, há pouco tempo atrás tivemos acesso a esses materiais em um formato econômico. Logicamente, o preço praticado é uma outra discussão, que evidentemente, não pode ser separada de temas como aumento do dólar, falta de matéria-prima e problemas de distribuição.

    No entanto, o que se vê entre o mercado consumidor e influencers digitais é um (quase) completo silêncio em relação aos preços, e muitas comemorações com formatos cada vez mais luxuosos. Enquanto isso, nós nos enganamos que existe um processo de democratização da leitura e a Panini, principal player do mercado editorial de quadrinhos, se engana que está renovando seu público com encadernados Kids e Teens por mais de R$ 30,00. A nossa única certeza é que muita gente que lê Turma da Mônica não vai migrar para outros produtos.

    A Maurício de Sousa, o Boldinho e a censura

    E por falar em Turma da Mônica…

    No final de 2020, fomos surpreendidos, negativamente, com a notícia de que a Maurício de Sousa Produções havia notificado extrajudicialmente o cartunista underground Daniel Paiva em razão de sua paródia da Turma da Mônica, por conta de seu personagem Boldinho. Sim, Maurício de Sousa, o homem que tanto parodiou outros personagens, obras e histórias decidiu ameaçar de processo quem o parodiava com base na Lei de Direitos Autorais.

    Segundo a empresa, o personagem Boldinho e os demais coadjuvantes associavam a MSP ao consumo de entorpecentes, entre outras coisas. Sim, o personagem lida com temas voltados às drogas e transversais, em especial, maconha. No entanto, esse material não é comercializado para o público infantil, e sequer circula nesse meio.

    Causa estranheza tais argumentos para quem acompanha a empresa, já que em 2013 o Cebolinha em uma propaganda da AMBEV ensinou as crianças que tomar cerveja era um hábito transgeracional, apenas ensinando as crianças que existia uma idade correta para consumir bebidas com álcool. Em 2018, a parceria se deu com a indústria armamentista brasileira. Pelo visto a preocupação com a defesa da infância se dá em maior ou menor grau conforme os dígitos que entram na conta bancária da empresa.

    As baixas tiragens de mangás da Panini

    Se o aumento de preço frequente já é fator fundamental no dia-a-dia de qualquer consumidor de quadrinhos, os leitores de mangás da Panini ainda precisam se preocupar com as tiragens limitadíssimas da editora. Em 2020, isso parece ter se agravado ainda mais com diversos mangás recém-lançados esgotados em semanas. Isso se deu com títulos dos mais diversos, desde os mais simples até os mais luxuosos. E nós, reles mortais que ficamos equilibrando nossas finanças para poder adquirir os quadrinhos do mês entre uma promoção e outra, ainda nos deparamos com buracos em nossas coleções pela completa falta de planejamento de uma editora que sequer faz ideia do público que possui.

    O cancelamento e adiamento das feiras e convenções de quadrinhos

    Não é novidade que cultura e arte são pouco valorizados por aqui. Com a chegada do governo Bolsonaro e da pandemia, o que vemos é um cenário caótico para muitos artistas. O Fundo Nacional da Cultura seria uma ferramenta para suprir esta demanda em um momento atípico como este parece inexistente, e muitos deles dependem da ajuda de amigos para subsistência. Na área de quadrinhos não poderia ser diferente.

    Após os cancelamentos de boa parte das feiras e convenções o cenário se tornou ainda mais difícil para artistas e pequenas editoras que dependem desses eventos segmentados como importante fonte de renda. Enquanto não existe uma política pública adequada, eles se viram como podem, seja por comissions, promoções, plataformas de financiamento coletivo, e em alguns casos, ajuda de amigos.

    A crise da distribuição

    Já não é novidade para ninguém da crise de distribuição existente em um país de escala continental como o Brasil. Contudo, a pandemia parece ter surgido para acelerar processos, para o bem e para o mal. Em 6 de novembro, a Dinap e a Treelog, empresas integrantes do Grupo Abril, informaram o rompimento de contratos, unilateralmente, com suas editoras-contratantes. O problema de distribuição e consignação tem se agravado nos últimos anos, principalmente com o processo de recuperação judicial do Grupo Abril, mas agora parece que a pandemia colocou a última pá de cal neste sistema.

    2021 será um desafio para as editoras que dependem da do Grupo Abril, como ocorre com a Mythos. Além disso, esperamos que os problemas de consignação não tragam mais problemas ainda para as editoras, como ocorreu com a inadimplência da Saraiva e Cultura, que além de não devolver os produtos consignados, ainda não pagou por eles. Hoje as editoras aguardam na fila de credores para receber uma parte do que é seu por direito.

    O retorno dos mixes

    Após alguns anos sem publicação de quadrinhos no formato mix nas publicações mensais, 2020 também ficou marcado pelo anúncio da Panini em uma live no YouTube na CCXP Worlds sobre o retorno desse tipo de compilação editorial.

    Obviamente, muitos fãs se decepcionaram com a editora (mais uma vez), já que há algum tempo podiam acompanhar seus personagens em revista solo mensais ou em encadernados que reuniam arcos de histórias sequenciadas, e esperavam acompanhar o Thor do Donny Cates, Capitão América do Ta-Nehisi Coates e etc. de forma individualizada. Pelo visto as vendas não estavam agradando e a Panini decidiu retomar a prática do mercado editorial brasileiro durante décadas.

    Aos que seguirão acompanhando, torço para que a editora ao menos faça um bom mix, o que sequer ocorreu na revista Batman & Superman (já cancelada pela Panini) que tinha tudo, menos Batman & Superman.

    A não-tradução do omnibus do Conan

    Neste mesmo ano a Panini decidiu colocar no mercado seu primeiro omnibus – diversas edições que foram publicados separadamente compiladas em um volume único – e o personagem escolhido foi o Conan. A edição de mais de 700 páginas reúne o material publicado pela Marvel Comics nos anos 1970 nas revistas Conan: The Barbarian e Savage Tales.

    Ainda que se trate de um material de luxo, com preço de capa de R$ 249,00 (duzentos e quarenta e nove reais), a editora achou que seria de bom tom não traduzir quase 70 páginas de material extra existente na edição, ou seja, aproximadamente 10% do material não é possível ler em português. Um completo desrespeito ao público brasileiro, mas que diz muito sobre nosso consumidor, já que em poucos dias o material já era impossível de ser encontrado para compra. A resposta da editora foi a pior possível, informando que outros países de língua não-inglesa, como Itália e Espanha, saiu da mesma forma. O que só deixa claro que o editorial da Panini nesses países é tão patético quanto no Brasil.

    É óbvio que os extras de uma edição como essa não seria lido por todos, no entanto, num país de língua portuguesa, o mínimo que se espera é que o material seja publicado em… língua portuguesa. Do contrário, você está segregando leitores. Para piorar, a editora anunciou o volume 2 e disparou que não traduziria todos os extras, mas apenas uma parte deles. O brasileiro merece a Panini.

    Destro

    Sem romantismos do tipo “quadrinhos são uma mídia progressista, criados e consumidos pela classe trabalhadora”. Qualquer discussão nesse sentido ignora o processo de elitização da mídia, não só no Brasil, mas no mundo, e ainda ignora que uma parcela da classe trabalhadora é conservadora. Ora, em um cenário onde o sistema hegemônico é o capitalismo e a filosofia social que rege boa parte do mundo é o conservadorismo ou o liberalismo, não me causa qualquer estranheza que quadrinhos de direita tenham crescido nos últimos anos. E Destro e seu autor é apenas um expoente desse movimento no Brasil. Importante lembrarmos que Stan Lee criou o Pantera Negra antes do Partido dos Panteras Negras e tentou de todas as formas que seu personagem fosse vinculado ao movimento, Steve Ditko era grande apaixonado pela obra e filosofia de Ayn Rand e isso se refletiu até mesmo no sobrenome do personagem Punho de Ferro, Frank Miller despejou xenofobia em um passado recente e criticou o movimento Occupy Wall Street, entre tantos outros autores controversos e de direita que fizeram falas problemáticas, como Chuck Dixon, John Byrne, Bill Willingham etc. Nem todos são Alan Moore.

    No Brasil, Luciano Cunha publicou os quadrinhos do Doutrinador em 2013, início do processo de efervescência política nas ruas e redes sociais. O personagem ganhou filme anos depois e com a crescente polarização o autor foi se movendo cada vez mais à direita no espectro político, deixando de lado o discurso de “Fora Todos” e contra corrupção e se posicionando favorável a movimentos de extrema-direita e ao próprio presidente Jair Bolsonaro. Toda essa mudança culminou no lançamento de Destro, em 2020, ao lado do ilustrador Michel Gomes. Por alguma razão, Cunha optou por lançar meio do pseudônimo Ed Campos.

    Na trama, conhecemos uma São Paulo distópica do ano de 2045 governada pelos comunistas globalistas, onde o “real” foi substituído pela moeda “real rubro”, com a figura de Che Guevara estampadas em suas células e a população precisa caçar ratos para se alimentar. Destro é nosso herói, um vigilante destinado a lutar por nossa liberdade e derrubar esse governo que impõe sua agenda progressista, anti-conservadora, anti-cristã e outras idiotices do gênero (risos).

    O projeto foi financiado pelo Catarse e alcançou uma marca impressionante de quase R$ 50.000,00 (cinquenta mil reais), algo bastante considerável neste meio, mas que não causa espanto para quem o acompanha. Com frequência acompanhamos o público conservador, no Brasil e no mundo, se mobilizando de forma contrária à qualquer menção progressista dentro dos quadrinhos de super-heróis, sendo taxada de “lacração”, “mimimi” e “politicamente correto”. Desse modo é natural que Destro atinja tal público e já tenha sido licenciada em vários países antes mesmo de seu lançamento, enquanto outros artistas ainda lutam por seu lugar ao sol. Talvez isso seja um reflexo de como esses leitores tem uma certa dificuldade em crescerem, como Moore gosta de lembrar.

    Se você acha pouco, o autor está trabalhando em uma sequência de Doutrinador, dessa vez contra o globalismo (e lá vamos nós) e o vírus chinês (Família Bolsonaro e Ernesto Araújo aprovam). Para finalizar, encerro este assunto com duas belas páginas de Destro matando ratos com sua pistola (?!) para se alimentar. Genial!

  • Resenha | Crônicas da Terra da Garoa

    Resenha | Crônicas da Terra da Garoa

    “O passado é uma invenção sempre modificada.” – Carpinejar.

    O álbum (tido por “excelente” pelo quadrinista Ronaldo Barata, que já o começa afirmando logo na empolgante introdução de duas páginas do livro) Crônicas da Terra da Garoa é uma leitura das mais visualmente interessantes em uma temática que as histórias em quadrinhos, por algum motivo bem especial, tanto gostam de se debruçar: a saudade. Essa palavra tão exclusiva da língua portuguesa faz-se a Julieta dos autores que amam juntar texto e imagem em pequenos quadros, bastante expressivos, sobre tudo aquilo que ainda temos contas a prestar. Não tanto com os outros, a princípio, mas com nossa própria relação com o presente – a dádiva muitas vezes preterida pelo conforto ou o trauma irreprimível do ontem. Nem sempre o inferno são os outros.

    A bem da verdade, a infernal São Paulo não teria o apelido que tem a toa. Megalópole de infinitas veredas, ratos e habitantes tão anônimos quanto quem os reproduz, é palco para as lágrimas e sorrisos incontáveis que formam as pegadas de seus cidadãos. O stress do cotidiano, o silêncio e o vazio em meio as multidões nas avenidas, nas estações de metrô ultra lotadas, e assim São Paulo segue engolindo para esporrar seus arquétipos ambulantes, suas legiões de urbanos e suburbanos submetidos a saúde mental típica da selva semi asfaltada. Lá, tem quem morre de ódio, de sono e de inveja nesse cenário, e é numa clínica que trata pacientes que literalmente estão sofrendo de tudo isso, por mais surreal que possa ser, que o solitário protagonista (sem nome) de Terra da Garoa se consulta para descobrir que está morrendo, que nem a gente, mas de saudades.

    Fato é que a causa de sua mortal nostalgia já não é digna no decorrer da história de nosso “merecido” conhecimento, em nenhuma de suas cinquenta páginas lindamente coloridas, por sinal. Por meio de vívidas e deslumbrantes ilustrações abstratas, e as vezes confusas e que servem para acelerar o ritmo da narrativa de uma trama que já é curta e com um único diálogo verbal, acompanhamos os passos de um fantasma ainda vivo que (talvez) sinta falta da mulher de sua vida. Ou (talvez) daquilo que nunca viveu, como também dá a entender certas situações que o artista Tainan Rocha tão bem ilustra, visando sugerir muito do que está por trás da abismal melancolia azul e noturna e boêmia de uma tartaruga que não consegue mais carregar seu casco de memórias – milhões de recordações, uma mais pesada que a outra.

    Um fardo que acomete até o mais estranho dos homens, aliviado pelos vícios que tanto encontramos no mundano, mundo afora, mas que, em Crônicas da Terra da Garoa, não serve para acalentar um coração sincero. Coração este que não aguenta mais, e certo dia pula de uma ponte no imenso centro paulistano, e que por milagre de um destino feito para fazer Deus rir de nossa pequenez, ganha uma nova chance de ser “feliz” quando o suicídio mostra-se frustrado (agora ele poderá morrer de felicidade. Melhor.). Enfim, este modesto conto de Rafael Calça falha em nos fornecer informações marcantes o suficiente para nos manter absolutamente engajados e imersos na história, vibrando somente pela dinâmica um tanto exagerada dos traços de Rocha – esses sim, essenciais para a experiência leve, e longe de ser inesquecível, de se ler esta publicação da Editora SESI-SP. Abstrata demais para se tornar concreta nos nossos corações.

    Compre: Crônicas da Terra da Garoa.

  • Resenha | Paraíba

    Resenha | Paraíba

    São Paulo é a grande metrópole do Brasil, a maior cidade do país e o grande centro econômico da América Latina. Tida como apaixonante por muitos e apavorante por outros, é ela o palco da história em quadrinhos Paraíba, de autoria de Gabriel Mourão e Olavo Costa.

    A narrativa gráfica conta a história de Fernando e Laura, pessoas completamente diferentes, mas que acabam se relacionando a partir dessas grandes divergências. O jovem introspectivo, se sente em constante inadequação e sufocamento em São Paulo, e acalenta o sonho de se mudar para a cidade de João Pessoa, na qual acredita poder recomeçar a vida, fugindo de todos os aspectos que o desagradam na capital paulista.

    A Paraíba, para Fernando, é como uma Shangri-La, um paraíso no qual seus anseios serão satisfeitos e ele poderá enfim ser feliz e realizado consigo mesmo. Inseguro, o jovem encontra em Laura uma vivacidade a qual ele gostaria de comungar. A jovem atriz é livre, bem resolvida e desprendida de quaisquer impedimentos sociais e mentais, e encontra em Fernando alguém para “salvar”, alguém a quem ela pode tocar e transformar, de alguma forma.

    O anseio pela fuga de um cotidiano entediante os aproxima, e a sensualidade presente nas sequências em que os dois dividem a cena é resultante de um competente trabalho de montagem entre roteiro e arte.

    A narrativa quebra com a linearidade temporal, alternando tempo e espaço sem aviso prévio, deixando o encadeamento das cenas por parte do entendimento do leitor, fazendo uso das cores para fins de referenciação e orientação diegética. Gabriel Mourão logra êxito ao encaixar sua fragmentária e dispersiva história com maestria, alternando também o papel de narrador entre Fernando e Laura, tática que torna a compreensão da história como uma via de duas mãos bem mais palatável para o leitor.

    O traço de Olavo Costa apresenta uma limpeza marcante, que contrasta com a firmeza demonstrada em cada quadro. A expressividade da arte remete ao cartum em certos momentos, ao mesmo tempo em que dialoga com o traço de grandes mestres da nona arte como Darwyn Cooke e Will Eisner, bem como talentos contemporâneos como Chris Samnee e Greg Smallwood. A diagramação, ainda que pouco inventiva, apresenta perfeição técnica dentro dos padrões narrativos consagrados para o meio.

    Como supracitado, o trabalho de colorização em Paraíba é marcante, visto que as cores exercem um papel fundamental na decodificação da história. Partindo de um começo recheado de cores vivas, na conversa entre Fernando, Bruno e Laura, passando pelas pinceladas em tons de azul nas memórias da jovem, até a gradação dos tons pastéis para cores avermelhadas no aprofundamento da relação e da crescente tensão sexual do casal, as cores configuram-se como verdadeiros eixos sintagmáticos na construção da narrativa de Mourão e Costa.

    Com um final excessivamente aberto, o quadrinho conta com excelentes momentos e diálogos inspirados, ainda que o desenvolvimento dos personagens soe demasiadamente clichês em determinados pontos da história. A história em quadrinhos, de 64 páginas, saiu no país publicada pela SESI-SP Editora, em 2016, e conta com excelente acabamento, semelhante a títulos de destaque como Blacksad e Verões Felizes.

    Compre: Paraíba.

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  • Resenha | Verões Felizes – 3. Senhorita Estérel

    Resenha | Verões Felizes – 3. Senhorita Estérel

    Durante três exemplares das aventuras e das pequenas grandes alegrias da família Faldérault, os artistas belgas Zidrou e Jordi Lafebre não conseguem deixar de ser encantadores nem por uma página, sequer. Eis aqui o atestado disso, nesse terceiro volume de Verões Felizes, celebrando aqui as férias do ano de 1962, na época em que a família ainda era prematura, quando o pai Pierre e a mãe Madô ainda descobriam o que é ser pai e mãe, e os avós, é claro, davam uma forcinha nessa difícil missão conjugal de conservar tudo sob controle – como se isso fosse possível.

    Só que, pelas lentes da publicação, novamente distribuída no Brasil pela editora SESI-SP, num exímio tratamento editorial ao trabalho original, algo já atestado anteriormente, a vida é feita de otimismo e de superação. Tudo na estrada dos Faldérault exclama tons quentes que invocam sensações de felicidade, e satisfação, mesmo nos momentos mais tensos, como em um engarrafamento ou numa rixa familiar em que os gritos imperam, todos duelando com suas opiniões de ouro. Talvez porque a vida mereça ser vista por esse ponto de vista, mesmo, já que tudo é uma fase, e o passado, latente.

    Uma vez que Pierre se vê livre do seu trabalho como desenhista, o ritual é sempre o mesmo. Tira os sapatos, e grita: “Vamos para a praia!”, acordando a todos, mas desta vez, não contava que os seus sogros, o vovô Henry e a vovó Yvete, os pais de Madô, fossem juntos no comboio. Com suas duas filhas ainda em idade de amamentação, Pierre aceita o desafio e bota o pé na estrada em direção do Mediterrâneo… só que não. Ainda não, pois sua sogra antes de tudo já oficializa o destino de todo mundo, sete anos antes que ele consiga finalmente chegar onde tanto queria. “Vamos para Saint-Étienne”, imperializa Yvete, se referindo a uma bela e pacata cidade do centro-leste da França.

    E o que Yvete quer, segundo sua própria filha Madô, Deus também quer. O que poderia se tornar um pesadelo para qualquer genro, num caso desses, é pretexto para o vasculhar de valores familiares que, ainda contando com a presença dos avós, algo que o primeiro e o segundo volume de Verões Felizes já nos mostram ser coisa do passado, faziam a família se sentir amparada, tal o aprendiz com a ajuda do sábio mentor, e provocada também, já que precisam ficar no mesmo nível dos que já fizeram sua parte. O passado é simbólico, redentor, uma lareira em noites geladas, e os desenhos e as palavras aqui expandem o potencial significativo desse primeiro verão em família.

    O primeiro, e o mais completo e sagaz de todos. Isso porque a figura dos avós, em geral, não costuma ser muito importante dentro de uma dinâmica familiar, cujos filhos e netos sempre estão sob os holofotes principais. Aqui, Henry e Yvete se mostram, neste final de trilogia literária, como os pilares desses jovens pais que ainda tentam administrar suas novas funções, e sem a ajuda das crianças, ainda birrentas e inquietas por natureza. Se no futuro, nós os vimos tocando a vida pra frente, valeu a pena participar de uma aventura com suas referências principais, pois, se não somos exatamente como nossos pais, não ficamos longe de ser uma versão melhorada ou piorada deles.

    Compre: Verões Felizes: 3. Senhorita Estérel.

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  • Resenha | Verões Felizes – 2. A Calanque

    Resenha | Verões Felizes – 2. A Calanque

    Ilustrar suas próprias inspirações, as suas próprias raízes é de um encanto sem-igual – justamente muito daquilo que move as pessoas que mantém os seus diários, expondo em páginas particulares e pesadas de sentimentos um milhão de fragmentos exclusivos de si, para si próprio. Um espelho narrado. Contudo, é preciso ter o talento do escritor belga Zidrou e do desenhista espanhol Jordi Lafebre para transmitir esse encanto aos quatro ventos, e por meio de imagens muito mais célebres do que já tínhamos visto antes, naquele primeiro exemplar de Verões Felizes, também publicado no Brasil pela editora Sesi-SP, em 2017.

    A colaboração dos artistas vale-se de uma verdade muito bem ratificada aqui, nesta segunda HQ, de autoria dupla: é impossível ser feliz sozinho, e sem o movimento que nos faz humanos. Encarando a família Faldérault como uma célula orgânica cujo cada pedacinho é insubstituível, tornando-a adorável ao ponto de ser impossível não querer ser parte dela, e participar de suas aventuras nas férias da família, nota-se que os filhos estão crescendo, sua percepção desse mundão cheio de descobertas também, e nesse movimento natural das coisas, nada precisa ser encarado com estranheza pelo pai, e pela mãe. Somos todos Um, e dependemos dessa noção para alcançarmos essa tal felicidade.

    Só que os Faldérault já descobriram isso, na prática, e a história começa em outras férias de verão, quando o pai consegue parar de trabalhar, e novamente o espírito de ação ganha asas, e eles pegam a estrada em direção a um lazer sazonal que tanto merecem – levando-nos como o sexto elemento dentro do carro bagunçado. Juntos, numa jornada que combina saudosismo e descobrimentos que quase beiram a desconstrução tanto das relações entre os cinco parentes, quanto com a nossa relação com os personagens, eles percebem desde a primeira noite fora de casa que essa viagem guarda surpresas e lições de mundo que nenhum livro poderia lhes ensinar.

    Essa segunda parte de Verões Felizes deixa claro que, quando o destino toma conta do planejamento, tudo fica muito mais gostoso, seguindo uma trilha pavimentada pelo otimismo delicioso de Zidrou, e Lafebre, mas certamente vai além. Ademais ao prazer da aventura vivida em família, do tempo bem aproveitado, e dos bons e maus momentos disso, o livro flerta com grande sagacidade com as influências que nossos parentes exercem sobre nós, desde pequenos, e como vamos levando essas marcas ao longo da vida, até o ponto de sermos uma versão melhorada ou piorada deles. Mesmo indo para a lua, ou para uma praia do sul, o bom explorador nunca ignora as suas pegadas.

    Com uma narrativa mais ágil, e desenhos ainda mais vibrantes, simbolizando uma simplicidade irresistível, como quando os cinco falantes belgas chegam numa praia do mediterrâneo indicada por um casal de idosos que encontram, por acaso, pelo meio dessa road-tour sem alvo pré-definido, a publicação desponta como um bálsamo aos leitores que procuram uma leitura lenitiva aos problemas do mundo que, como consta, o espera com inúmeros lugares e pessoas extraordinárias para conhecer. Aprender. Se deleitar com as novidades que nos aguarda, e voltar pra casa com muitas histórias de veraneio num coração que carrega muito mais do que o mundano. Menos é mais, e talvez seja melhor quando se acredita nisso.

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  • Resenha | Verões Felizes – 1. Rumo ao Sul

    Resenha | Verões Felizes – 1. Rumo ao Sul

    É difícil não cair de amores pelo saudosismo que verte dos quadrinhos dessa primeira parte de Verões Felizes, publicada no Brasil pela editora SESI-SP, afim de retratar um sentimento universal de se pertencer a uma jovem família, suas dores e alegrias tão humildes e majestosas, durante um simples passeio a praia e os pequenos dramas corriqueiros que se desdobram disso, no longínquo ano de 1973, tido aqui como inesquecível a quem participou daquele verão.

    Estamos atrelados a um espaço-tempo que se torna mágico, ensolarado e colorido justamente por acompanharmos a aventura em forma de flashback dos Faldérault, uma jovem família belga, seu pai, mãe e três filhos, dois deles bastante peraltas e que parecem estar sempre com fome de batata frita. Tudo o que eles queriam afinal era esquecer a monotonia, pegar o carrinho e ir cantando até a praia mais próxima – mesmo que precisem brigar com outros turistas para conseguir um bom lugar para o piquenique.

    A partir da lembrança de um casal de idosos, se deparando com os melhores anos de suas vidas após terem vencido a mocidade, o desafio de ver os filhos crescer e de aceitar a idade avançando cada vez mais, somos apresentados a um recorte temporal de um verão que não volta mais, e que parece saltar com seus personagens e suas surpresas de um álbum de fotografias com todo um sabor especial, suave e lenitivo a um presente convidativo ao lado mais encantador da nostalgia.

    Através do roteiro do artista Zidrou e dos traços bastante expressivos de Jordi Lafebre, Verões Felizes propõe uma visão revigorante de uma simples ida ao litoral com as pessoas que nos fazem ser quem somos, que nos moldam sem perceber em pequenas ações do dia a dia e que mesmo em momentos especiais, tornam tudo marcante e inesquecível. Zidrou e Lafebre sabem disso, e apostando na saudade sincera que existe numa história dessas, extraem o majestoso do humilde, num conto de veraneio para todas as idades.

    A editora SESI lança o primeiro volume da dupla de artistas belga em português, em 2017, com um apreço gigantesco, a começar pelo formato escolhido da publicação, em generosas páginas de tamanho duplo para a história em quadrinhos estrangeira, evidenciando com exatidão o poder da arte gráfica, suas cores magníficas e o carinho empregado no tratamento de cada uma das sessenta páginas de pura diversão e emoções familiares. Dá gosto de fazer parte dessa família, e com certeza, de acompanhá-la nas novas aventuras que ainda estavam por vir.

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  • Resenha | Blacksad: Arctic-Nation

    Resenha | Blacksad: Arctic-Nation

    Uma coisa que eu descobri com o passar do tempo é como não descartar alguma coisa devido ao tema ou gênero, digo isso porque existem pessoas que não curtem muito os temas detetivescos ou mesmo o chamado Noir. Confesso que curto muito essa estilo história sobre investigação, conspirações e suspense, e nesse sentido, Blacksad: Arctic-Nation é sensacional.

    Arctic-Nation é o segundo volume da série Blacksad, dos autores Juan Díaz Canales e Juanjo Guarnido, em que o protagonista é um gato preto e detetive. Na verdade, isso já se trata de uma das principais características da série, os personagens são representações antropomórficas de animais, então você vai ter o delegado como um pastor alemão, o detetive como um gato, o bandido como um crocodilo e vários outros animais representados dessa maneira. Isso já confere um ar bastante interessante a história, uma vez que os tipos de animais usados muitas das vezes estão ligados a uma região ou clima específico. Neste volume, por exemplo, são utilizados muitos animais brancos pertencentes a climas frios, e essa opção tem relação direta com a trama.

    A trama, aparentemente simples, é sobre o desaparecimento de uma criança que, curiosamente, apenas uma professora pareceu se importar. Sendo assim, o detetive John Blacksad se apresenta para tentar solucionar o caso comovido até com a dedicação dessa educadora. Porém, o que se apresenta como simples termina rapidamente, o que se vê é uma trama que envolve traição, sociedades secretas, relações escusas e segredos que toda pequena cidade e seus moradores possui.

    Uma das coisas que acho mais interessante na série é a relação entre os títulos e as cores principais apresentadas. Arctic Nation, que destaca o branco, traz todo em enredo envolvendo a questão de um grupo de animais brancos e sua visão racista e preconceituosa da sociedade. Aliás, neste sentido, vale destacar a arte estupenda de Guarnido. O traço, cores, fluidez e até mesmo o cuidado editorial fazem com que até mesmo detalhes da arte não passem desapercebidos pelo leitor.

    Outro ponto interessante é como os autores conseguem criar uma obra de ficção, mas que está claramente ligado a questões histórico-sociais. Claramente se consegue estabelecer um elo entre as relações políticas e sociais apresentadas com momentos da história norte americana, fazendo com que tudo fique mais crível, ainda que estejamos lendo uma história protagonizada por animais. Aliás, isso é digno de destaque, o clima, as revelações e os fatos ficam cada vez mais pesados, e em nenhum momento os personagens caracterizados como animais fazem com que a experiência fique prejudicada.

    Um grande trabalho dos autores e uma decisão editorial mais do que acertada da editora Sesi-SP de, finalmente, publicar Blacksad integralmente no Brasil.

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    Texto de autoria de Douglas Biagio Puglia.

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  • Agenda Cultural 63 | Mindhunter, Quadrinhos Europeus e Cinema

    Agenda Cultural 63 | Mindhunter, Quadrinhos Europeus e Cinema

    Bem-vindos a bordo. Flávio Vieira (@flaviopvieira) e Filipe Pereira (@filipepereiral) retornam para um novo episódio da Agenda Cultural – depois de um longo inverno – para comentar sobre o que rolou de mais interessante nos cinemas em janeiro, além de comentar sobre a série Mindhunter e dois quadrinhos europeus lançados pela editora SESI-SP.

    Duração: 102 min.
    Edição: Caio Amorim
    Trilha Sonora: Caio Amorim
    Arte do Banner: 
    Bruno Gaspar

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    Crítica Viva: A Vida é Uma Festa
    Crítica 120 Batimentos Por Minuto
    Crítica Me Chame Pelo Seu Nome
    Crítica The Square: A Arte da Discórdia
    Crítica Jumanji: Bem-Vindo à Selva
    Crítica Artista do Desastre
    Crítica The Post: A Guerra Secreta

    Quadrinhos

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