Tag: Verões Felizes

  • Resenha | Verões Felizes – 3. Senhorita Estérel

    Resenha | Verões Felizes – 3. Senhorita Estérel

    Durante três exemplares das aventuras e das pequenas grandes alegrias da família Faldérault, os artistas belgas Zidrou e Jordi Lafebre não conseguem deixar de ser encantadores nem por uma página, sequer. Eis aqui o atestado disso, nesse terceiro volume de Verões Felizes, celebrando aqui as férias do ano de 1962, na época em que a família ainda era prematura, quando o pai Pierre e a mãe Madô ainda descobriam o que é ser pai e mãe, e os avós, é claro, davam uma forcinha nessa difícil missão conjugal de conservar tudo sob controle – como se isso fosse possível.

    Só que, pelas lentes da publicação, novamente distribuída no Brasil pela editora SESI-SP, num exímio tratamento editorial ao trabalho original, algo já atestado anteriormente, a vida é feita de otimismo e de superação. Tudo na estrada dos Faldérault exclama tons quentes que invocam sensações de felicidade, e satisfação, mesmo nos momentos mais tensos, como em um engarrafamento ou numa rixa familiar em que os gritos imperam, todos duelando com suas opiniões de ouro. Talvez porque a vida mereça ser vista por esse ponto de vista, mesmo, já que tudo é uma fase, e o passado, latente.

    Uma vez que Pierre se vê livre do seu trabalho como desenhista, o ritual é sempre o mesmo. Tira os sapatos, e grita: “Vamos para a praia!”, acordando a todos, mas desta vez, não contava que os seus sogros, o vovô Henry e a vovó Yvete, os pais de Madô, fossem juntos no comboio. Com suas duas filhas ainda em idade de amamentação, Pierre aceita o desafio e bota o pé na estrada em direção do Mediterrâneo… só que não. Ainda não, pois sua sogra antes de tudo já oficializa o destino de todo mundo, sete anos antes que ele consiga finalmente chegar onde tanto queria. “Vamos para Saint-Étienne”, imperializa Yvete, se referindo a uma bela e pacata cidade do centro-leste da França.

    E o que Yvete quer, segundo sua própria filha Madô, Deus também quer. O que poderia se tornar um pesadelo para qualquer genro, num caso desses, é pretexto para o vasculhar de valores familiares que, ainda contando com a presença dos avós, algo que o primeiro e o segundo volume de Verões Felizes já nos mostram ser coisa do passado, faziam a família se sentir amparada, tal o aprendiz com a ajuda do sábio mentor, e provocada também, já que precisam ficar no mesmo nível dos que já fizeram sua parte. O passado é simbólico, redentor, uma lareira em noites geladas, e os desenhos e as palavras aqui expandem o potencial significativo desse primeiro verão em família.

    O primeiro, e o mais completo e sagaz de todos. Isso porque a figura dos avós, em geral, não costuma ser muito importante dentro de uma dinâmica familiar, cujos filhos e netos sempre estão sob os holofotes principais. Aqui, Henry e Yvete se mostram, neste final de trilogia literária, como os pilares desses jovens pais que ainda tentam administrar suas novas funções, e sem a ajuda das crianças, ainda birrentas e inquietas por natureza. Se no futuro, nós os vimos tocando a vida pra frente, valeu a pena participar de uma aventura com suas referências principais, pois, se não somos exatamente como nossos pais, não ficamos longe de ser uma versão melhorada ou piorada deles.

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  • Resenha | Verões Felizes – 1. Rumo ao Sul

    Resenha | Verões Felizes – 1. Rumo ao Sul

    É difícil não cair de amores pelo saudosismo que verte dos quadrinhos dessa primeira parte de Verões Felizes, publicada no Brasil pela editora SESI-SP, afim de retratar um sentimento universal de se pertencer a uma jovem família, suas dores e alegrias tão humildes e majestosas, durante um simples passeio a praia e os pequenos dramas corriqueiros que se desdobram disso, no longínquo ano de 1973, tido aqui como inesquecível a quem participou daquele verão.

    Estamos atrelados a um espaço-tempo que se torna mágico, ensolarado e colorido justamente por acompanharmos a aventura em forma de flashback dos Faldérault, uma jovem família belga, seu pai, mãe e três filhos, dois deles bastante peraltas e que parecem estar sempre com fome de batata frita. Tudo o que eles queriam afinal era esquecer a monotonia, pegar o carrinho e ir cantando até a praia mais próxima – mesmo que precisem brigar com outros turistas para conseguir um bom lugar para o piquenique.

    A partir da lembrança de um casal de idosos, se deparando com os melhores anos de suas vidas após terem vencido a mocidade, o desafio de ver os filhos crescer e de aceitar a idade avançando cada vez mais, somos apresentados a um recorte temporal de um verão que não volta mais, e que parece saltar com seus personagens e suas surpresas de um álbum de fotografias com todo um sabor especial, suave e lenitivo a um presente convidativo ao lado mais encantador da nostalgia.

    Através do roteiro do artista Zidrou e dos traços bastante expressivos de Jordi Lafebre, Verões Felizes propõe uma visão revigorante de uma simples ida ao litoral com as pessoas que nos fazem ser quem somos, que nos moldam sem perceber em pequenas ações do dia a dia e que mesmo em momentos especiais, tornam tudo marcante e inesquecível. Zidrou e Lafebre sabem disso, e apostando na saudade sincera que existe numa história dessas, extraem o majestoso do humilde, num conto de veraneio para todas as idades.

    A editora SESI lança o primeiro volume da dupla de artistas belga em português, em 2017, com um apreço gigantesco, a começar pelo formato escolhido da publicação, em generosas páginas de tamanho duplo para a história em quadrinhos estrangeira, evidenciando com exatidão o poder da arte gráfica, suas cores magníficas e o carinho empregado no tratamento de cada uma das sessenta páginas de pura diversão e emoções familiares. Dá gosto de fazer parte dessa família, e com certeza, de acompanhá-la nas novas aventuras que ainda estavam por vir.

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