Tag: Adrian Molina

  • Crítica | Viva: A Vida é uma Festa

    Crítica | Viva: A Vida é uma Festa

    Há algo de forçosamente infantil em Viva: A Vida é uma Festa que me incomodou por demais. Se antes a Pixar conseguia unir todos os públicos e idades através de uma forma infantil e ideologias maduras, me parece agora que a preguiça superou o equilíbrio de intenções e tomou conta de toda a idiossincrasia da onde Wall-E, Up e Toy Story, obras-primas, são oriundos.

    Como já foi falado sobre o compositor austríaco Alban Berg (Assassinos Por Natureza), se o desespero da sua imaginação vai além da negatividade, das privações do seu tempo, parece-me agora que as infinitas possibilidades das tecnologias cinematográficas ilude mais os olhos dos técnicos que as asas da sua imaginação, fazendo-os acreditar que através de visuais de incontestável beleza chega-se a magia absoluta que eles acreditam reproduzir lindamente na tela, hoje em dia, mas na verdade a afogam devido o brilhantismo técnico que desnorteia a atenção para onde ela realmente deveria ir: Rumo aos anseios e as lágrimas de uma família em processo natural de desconstrução, e reconstrução estrutural.

    Filmes recentes especialmente da Disney como a versão live-action de A Bela e a Fera, o segundo Guardiões da Galáxia e Viva: A Vida é uma Festa são em partes prejudicados pelo peso da tecnologia que, ao mesmo tempo que catapulta literalmente a beleza de seus mundos ultra maquiados, ofusca e esmaga suas mensagens mais belas e sensíveis. Isso em parte é culpa de suas direções unilaterais, que entendem toda a significação no cinema como se fosse construída por elementos de videogame para apenas direcionar o olhar maravilhado dos jogadores, e não de seus corações ao longo de uma narrativa a ser contemplada e interpretada com a calma de quem assiste, não de quem joga. Cada mídia com seus maneirismos, é claro, mas quando o assunto é cinema, nada mais nocivo que um aspecto pegar o espectador pelos olhos e guiá-lo na direção mais fácil.

    Não me entendam mal, o longa é belíssimo principalmente por expor uma cultura de forma tão icônica, bem-humorada e celebrada como originalmente consegue fazer, mas tal dilema dos grandes espetáculos hoje em dia, o do desequilíbrio de intenções, jamais acomete as produções dos estúdios Ghibli, que nunca deixam a técnica superar a essência das histórias, preservada por sua vez pelo visual e também ajudada por ele a reunir objetivos em comum para se alcançar de forma cada vez mais rara em Hollywood o difícil patamar do brilhantismo absoluto onde moram animações como A Viagem de Chihiro ou Vidas ao Vento – e quando me refiro aqui a esse nível absolutista do brilhantismo, seria então um nível de excelência na direção de tangentes tanto técnicas, quanto substanciais por exemplo num uníssono, numa harmonia grandiosa de sentimento e pensamento que não se desassocia do todo no que importa à nossa percepção.

    Isso é um grande dilema mais e mais sentido do cinemão atual, e precisa ser discutido. Resta portanto que filmes de grande brilhantismo técnico saibam de fato balancear seus méritos ou assumir de vez a que vêm: Avatar não reinventou roda narrativa alguma, como Pulp Fiction conseguiu, nos anos 90; veio pra quebrar barreiras técnicas e reinventar por meio de gigantescos efeitos especiais nossa relação com esses espetáculos. A intenção sempre foi clara, e é por isso que em momentos emocionantes em Viva o que deveria ser uma catarse vira bálsamo para os olhos, indo pouco além disso.

    Mas é claro que, sendo simplista na linguagem, os momentos de lágrimas e euforia estão ali, afinal o pós-clímax é inteiramente bem costurado para isso, para emocionar quem quer que seja, sendo ao mesmo tempo absolutamente lindo, musicalmente vibrante e tocante como o devastador prólogo de Up (ou o final de Toy Story 3) faz marmanjo se debulhar, contudo, sendo uma traição na verdade a tudo aquilo que Viva, uma homenagem a cultura mexicana poderia ter realmente sido, e devido sua enorme ganância técnica fica deveras míope e não consegue (em partes, como tantas outras produções contemporâneas citadas aqui ou não) enxergar que menos pode quase sempre ser mais, em especial numa animação de ideias célebres e festivas, como prova a pequena e grande cena do neto com sua avó, e poucas outras tão inesquecíveis, quanto.

    Acompanhe-nos pelo Twitter e Instagram, curta a fanpage Vortex Cultural no Facebook, e participe das discussões no nosso grupo no Facebook.

  • Agenda Cultural 63 | Mindhunter, Quadrinhos Europeus e Cinema

    Agenda Cultural 63 | Mindhunter, Quadrinhos Europeus e Cinema

    Bem-vindos a bordo. Flávio Vieira (@flaviopvieira) e Filipe Pereira (@filipepereiral) retornam para um novo episódio da Agenda Cultural – depois de um longo inverno – para comentar sobre o que rolou de mais interessante nos cinemas em janeiro, além de comentar sobre a série Mindhunter e dois quadrinhos europeus lançados pela editora SESI-SP.

    Duração: 102 min.
    Edição: Caio Amorim
    Trilha Sonora: Caio Amorim
    Arte do Banner: 
    Bruno Gaspar

    Feed do Podcast

    Podcast na iTunes
    Feed Completo

    Contato

    Elogios, Críticas ou Sugestões: [email protected].
    Facebook – Página e GrupoTwitter Instagram

    Acessem

    Brisa de Cultura

    Comentados na Edição

    Séries

    Review Mindhunter – 1ª Temporada
    Livro sobre a série: Mindhunter: O Primeiro Caçador de Serial Killers Americano, de John Douglas e Mark‎ Olshaker – Compre aqui

    Cinema

    Crítica Viva: A Vida é Uma Festa
    Crítica 120 Batimentos Por Minuto
    Crítica Me Chame Pelo Seu Nome
    Crítica The Square: A Arte da Discórdia
    Crítica Jumanji: Bem-Vindo à Selva
    Crítica Artista do Desastre
    Crítica The Post: A Guerra Secreta

    Quadrinhos

    Blacksad: Algum Lugar em Meio às Sombras – Volume 1 – Compre aqui
    Blacksad: Arctic Nation – Volume 2 – Compre aqui
    Verões Felizes: 1. Rumo ao Sul – Compre aqui
    Verões Felizes:-2. A Calanque – Compre aqui

    Avalie-nos na iTunes Store.