O inicio de Looney Tunes: De Volta a Ação, filme de Joe Dante, é uma refilmagem de um episódio clássico onde Patolino e Pernalonga estão sendo caçados, em uma das muitas demonstrações de quando o pato é um mero coadjuvante. Não demora a mostrar uma quebra da quarta parede, com o personagem reclamando de sua condição de personagem subalterno na Warner, e para isso, acaba pedindo demissão.
Em meio a esse “drama”, há também a história do aspirante a dublê DJ Drake, de Brendan Fraser, que anos antes vinha sendo popular nos filmes de aventura e ação dos anos 1990. Diferente de Space Jam, aqui não há qualquer pudor em misturar desenho animado com pessoas reais. O início do filme tem até alguns bons momentos, com um passeio pelos estúdios Warner, com aparição de vários elementos das marcas famosas da Warner, incluindo o batmóvel do Batman de Tim Burton, além de gratuitas aparições de personagens como Scooby Doo, Salsicha e até Mathew Lillard, discutindo como será a próxima versão em carne e osso dos personagens. Tudo é pretexto para referências, basicamente, incluindo aí uma discussão entre o coelho símbolo da WB, e a vice presidente de comédia Kate Houghton (Jenna Elfman).
Ao menos os personagem animados tem uma configuração visual bem feita, mas o texto não acompanha essa excelência, não há personagens carismáticos da parte dos humanos. A bifurcação da história faz o filme – que deveria ser mais esperto que a média – parecer uma mera obra infantil feita para a televisão. O objetivo de Kate em trazer Patolino de volta não funciona, assim como Fraser também não tem qualquer química com os personagens de desenho. O vilão Mr. Chairman de Steve Martin é outro desperdício, faz lembrar a mesma frivolidade dos antagonistas de Alceu e Dentinho ou de Pequenos Espiões, mas sem a atmosfera pastelão que ambas as obras tinham implícitas.
Uma das maiores criticas de Chuck Jones, animador clássico de seriados de Pernalonga e sua turma, era de que em Space Jam os personagens não pareciam com suas versões em seriado. Um dos objetivos de Dante era tentar mostrá-los mais fiéis. Para isso, os vilões têm realmente um alinhamento maniqueísta com o mal, e os heróis agem como mocinhos. Isso nem seria um problema, se todo o elenco de atores famosos não fosse completamente desperdiçado. Martin, Timothy Dalton, Joan Cusack são completamente desperdiçados. Roger Corman e Michael Jordan tem breves participações, mas completamente desprezíveis, fazendo algo totalmente vazio de significado. Havia potencial na premissa para expandir o mundo como Uma Cilada Para Roger Rabbit fez, mas o que se vê é um filme repleto de bobeiras que só fazem o público abaixo dos cinco anos rir.
Nem mesmo a aparição do herói Duck Dodgers ao final salva o filme da mediocridade. O largo uso de 3D também não envelhece bem, e por mais que busque se diferenciar do outro filme, aqui há bem menos êxito, não há charme, e mesmo a dita fidelidade ao material original não se observa tanto. A brincadeira com a quebra da quarta parede ocorre basicamente para nada, o drama da fogueira de vaidades também não resultada em nada substancial, e nem mesmo a troca de Jordan – que não era ator e era inexpressivo – por uma quantidade exorbitante de atores renomados fez o filme ser dramaticamente melhor, já que o texto de Larry Doyle é esdrúxulo em um nível acintoso.
No início da década de sessenta, a Universal trouxe A Volta ao Mundo Pré-Histórico, baseado na ideia de Jack H. Harris, o filme mostra uma história de uma expedição marítima em que engenheiros encontram um Tiranossauro, um Brontossauro e um homem das cavernas congelados no fundo do mar. Os três são levados para a superfície e são descongelados com a ação do tempo. Um raio cai na praia e magicamente faz os três ressuscitarem, em uma época em que era muito comum raios despertarem vida – na verdade, até antes dos clássicos do Monstro de Frankenstein. O filme mostra uma união de forças entre os humanos habitantes da ilha, o brontossauro e o homem primitivo contra o tiranossauro, mas apesar da proposta ambiciosa, o filme pouco ousa, em especial no seu final, com todos os personagens gargalhando em frente a uma bela paisagem.
Ainda em 1960, houve outra versão de O Mundo Perdido, dessa vez em cores, comandado por Irwin Allen, que também dirigiu O Milagre da Vida (Animal World), um documentário sobre o mundo na época dos dinossauros, além de ser o criador do clássico Perdidos no Espaço, Terra de Gigantes e Viagem ao Fundo do Mar. Essa versão tem como foco a exploração no amor impossível do repórter Ed Malone, vivido por David Hedison. Allen era bastante acostumado a conduzir filmes onde o fantástico era a tônica. Aqui ele também faz uso das famigeradas iguanas como dinossauros, mas usa stop motion nas cenas em que não há close nas criaturas, o que soa claramente mais honesto. Há também criaturas insetoides gigantes, com efeitos em neon, em atenção as figuras que existem no livro de ArthurConan Doyle. Infelizmente essa versão começa bem, mas termina de maneira genérica, com todos felizes em meio a um ambiente desolado, sem perspectivas de saída mas ainda assim, alegres por estarem juntos.
Gorgo, de Eugéne Lourié é um filme de 1961, que se passa na costa da Irlanda, onde ocorreu uma erupção vulcânica, e propiciou a vinda de um réptil anfíbio de 20 metros de altura, que recebe o nome do filme. Lourié evolui o quadro que já tinha estabelecido em O Monstro do Mar, inclusive colocando cenas de ação em pleno oceano, muito bem produzidas, agravando o perigo ao trazer a criatura para o mundo civilizado, colocando-a como uma mera atração expositiva, deixando claro o quão mesquinha e monstruosa pode ser a atitude humana.
Gorgo, de Eugène Lourié (1961)
Reptilicus tem uma história curiosa por trás, pois foi filmado por dois diretores diferentes e lançado de forma semelhante em dois países. A versão da Dinamarca teve condução de Poul Bang, e chegou em fevereiro de 1961, já nos Estados Unidos foi feita por Sidney W. Pink, e praticamente o mesmo elenco estava em ambas as versões, foi lançada em 1962. A historia é bastante simples e consiste na descoberta de um pedaço de carne, por mineradores dinamarqueses, e ao ser analisado por especialistas, descobre-se se tratar de uma cauda de um animal pré-histórico.
Um descuido acontece na sala de refrigeração onde o rabo está e aos poucos a parte do corpo começa a se regenerar. A grande questão é que o retorno da criatura não possui qualquer maior atenção a esse aspecto do texto, Reptilicus simplesmente volta assim, sem mais nem menos. Os estragos feitos pelo monstro vão de fragatas a navios derrubados, mas que acabam não sendo mostrados, já que a câmera chega depois do acontecido. Quase nada funciona, nem as miniaturas, telas verdes – sofríveis ao extremo – ou os efeitos, como a gosma verde lançada pelo bicho.
Filme britânico lançado em 1966, Mil Séculos Antes de Cristo é uma produção da Hammer Films, a mesma que fazia os filmes de horror do Drácula com Christopher Lee e Peter Cushing, por sua vez, o diretor Don Chaffrey refilma o já citado O Despertar do Mundo, dessa vez em cores, misturando cenas com animais fingindo serem dinossauros com os efeitos especiais de Ray Harryhausen. Há uma narração no início, mas o restante do filme é quase sem falas, já que os homens ainda não tem capacidade de comunicação oral neste momento.
Mil Séculos Antes de Cristo, filme da Hammer dirigido por Don Chaffey (1966)
Tal qual outros filmes da Hammer, esse também não faz cerimônia em exibir suas belas atrizes diante da câmera, chega a ser engraçado o quanto a câmera faz questão de explorar a beleza de Raquel Welch. No entanto, o clímax fica por conta da luta entre feras, com uma animação em stop motion fenomenal de Harryhausen. Talvez o único senão seja o tamanho dos humanos em relação aos dinossauros, que parecem ser ligeiramente maiores que os homens, além do mesmo problema do original, em colocar ambas criaturas na mesma faixa temporal.
Houve um produto de qualidade duvidosa e pano de fundo curioso ainda nos anos sessenta, chama-se Viagem ao Planeta das Mulheres Pré-Históricas, lançado em 1968, por Derek Thomas, que na verdade era Peter Bogdanovich com um pseudônimo. A história lembra muito um episódio de Star Trek ou Twilight Zone, mas com qualidade de roteiro quase zerada. A trama basicamente consiste em um grupo de astronautas que descem em Vênus e encontram um planeta ocupado por mulheres e por pterodátilos. Mamie Van Doren é o principal nome no elenco feminino, ela tem poderes psíquicos e tenta matar os invasores, que conseguem escapar. O filme foi produzido por Roger Corman, e tem um orçamento diminuto, péssimos efeitos especiais e muito momentos engraçados. Ele é livremente baseado em uma ficção cientifica soviética chamada Planeta Bur, de Pavel Klushantsev.
O Vale Proibido (The Valley of Gwangi) foi um filme de Jim O’Connolly que reúne elementos de western, fantasia e ficção cientifica. A trama se passa na virada do século XIX para o XX, com um grupo de homens dos Estados Unidos encontrando um lugar próximo do México onde aparentemente vivem criaturas da pré-história. Gwangi (do título original) é uma palavra nativa americana que significa “lagarto”, e visa falar sobre obviamente as figuras pré-históricas. Mais uma vez o mote da exploração dos dinossauros é a ganância dos homens, que querem lucrar a absolutamente a qualquer custo, utilizando os animais para isso.
Houve em 1970 um filme sobre um elo perdido, chamado Trog, o Monstro da Caverna, de Freddie Francis, e que contava com a participação de Joan Crawford no elenco. Tecnicamente não aparecem dinossauros em sua trama, somente em uma lembrança do personagem resgatado, que ao ter seus sonhos revisados pelos cientistas, vê dinossauros se movendo e lutando, como em um rememorar da história, e lá são usadas as figuras tradicionais de stop motion. No mesmo ano, foi lançado pela Warner em parceria com a Hammer Films, Quando os Dinossauros Dominavam a Terra (When Dinosaurs Ruled the Earth), mais uma obra da produtora que visava colocar mulheres como protagonistas sexuais da pré-historia, como já haviam sido em outros filmes seus. A trama mostra uma tribo de primitivos que sacrificam três mulheres loiras, com uma delas caindo de um penhasco na água, milagrosamente sobrevivendo e tendo a partir dali uma nova existência, bem diferente da que teria onde sempre viveu.
Quando os Dinossauros Dominavam a Terra, outro filme produzido pela Hammer (1970)
Nesta versão o maior dos méritos certamente vai para os efeitos visuais, tanto que o trabalho de Jim Danforth e seus assistentes David W. Allen e Roger Dickens, premiados com uma indicação ao Oscar. A variedade de animais pré-históricos é bastante grande, sem falar que há uma cena em que uma das criaturas eclode do ovo de uma maneira tão bela que não surpreenderia ter saído daí a inspiração visual de Steven Spielberg quando nasce um raptor em Jurassic Park. É bem engraçado ver os selvagens correndo de seus inimigos, exibindo marcas de biquínis e sungas.
Em 1974, não foi no cinema, mas sim na televisão que foi explorada uma das histórias mais populares sobre dinossauros que se tornou bem popular, trazida pelos irmãos Sid e Marty Krofft, exibida até 76 na TV NBC, O Elo Perdido teve 43 episódios em sua primeira versão. A história conta o dia-a-dia da família Marshall, formada pelo pai Rick Marshall, e pelos irmãos Will e Holly. Durante uma exploração quando desciam o rio de barco foram apanhados por um terremoto e jogados num portal de tempo, parando em um mundo completamente diferente, numa terra estranha habitada por dinossauros, homens da caverna e criatura humanoides agressivas chamadas de Sleestak, com aparências de lagartos.
No Brasil, foi exibida na Rede Globo entre 1975 e 1977 e no SBT na década de 1980 e início da década de 1990. A série tinha efeitos especiais muito pobres, com stop motion nos dinossauros, muito fundo falso (completamente desproporcional) e maquiagens artificiais, especialmente com o pequeno Cha-ka e com os Sleestak. O programa teria outros spinoffs, e uma versão para o cinema, no final dos anos 2000, com Will Ferrell.
A Terra que o Tempo Esqueceu, de Kevin Connor (1974)
A Terra Que o Tempo Esqueceu (The Land That Time Forgot), de Kevin Connor, de 1975, adaptava o romance de Edgar Rices Burroughs, criador de Tarzan e John Carter. Na trama, um submarino alemão afunda um navio inglês de suprimentos inglês, no meio da primeira guerra mundial, levando os sobreviventes do mesmo à bordo. A embarcação se perde e para em um uma ilha misteriosa, habitada por animais pré-históricos. Os dinossauros são feitos em stop motion, mas não tem tanto destaque dentro da trama.
Baseado em outro romance de Burroughs, No Coração da Terra (At the Earth’s Core), também de Connor, foi lançado em 1976 e tem uma trama semelhante a de Viagem ao Centro da Terra, onde um grupo de ingleses usa uma máquina que perfura o subsolo, e encontram uma civilização da idade antiga. Connor traz um filme que é bem mais inspirado e divertido que a adaptação anterior. Muito colorido e trazendo Peter Cushing como protagonista, em uma versão muito canastrona do Dr. Abner Perry. Os dinossauros são feitos por atores usando roupas, parecida com aquelas utilizadas por monstros de seriados japoneses.
Em Planeta dos Dinossauros, de James K. Shea, se vê uma ficção cientifica de baixíssimo investimento e visual retrô, onde um grupo de astronautas pousa em um planeta que se assemelha a Terra. A tripulação faz isso forçada, e logo percebem que o lugar é habitado por dinossauros e outros animais gigantes. Tanto os figurinos quanto os efeitos especiais envolvendo as criaturas são terríveis, mesmo se tratando de uma produção de 1977, e no final da contas ela causa uma impressão de graça em quem assiste, já que boa parte dos seus momentos é de pura comédia involuntária.
Em O Último Dinossauro, também de 1977, dirigido por Alex Grasshoff e Tom Kotani, cientistas descobrem uma terra perdida dentro de uma caverna onde havia um vulcão adormecido sob uma calota de gelo polar (sim, é uma tremenda mistura de elementos). Um bilionário decide recrutar uma equipe para descobrir do que se trata esse novo mundo, que é habitado por dinossauros – em stop motion mal feito – e por humanos primitivos. A história é muito parecida com as imitações de O Mundo Perdido, e quase não acrescenta em nada ao que já foi visto nos filmes anteriores.
O Último Dinossauro, de Alex Grasshoff e Tom Kotani (1977)
Continuação do filme A Terra Que o Mundo Esqueceu, ainda adaptando uma história de Burroughs, que fala sobre uma ilha pré-histórica, Criaturas Que o Tempo Esqueceu é também conduzido por Kevin Connor, e foi lançado em 1977. O grande diferencial desse para o outro filme, é a personagem Ajor, vivida pela bela Dana Gillespie que está lá basicamente para ser um colírio para o público masculino. A história é boba, e de certa forma até zomba da literatura de Burroughs. Do ponto de vista estético pouco de positivo há que se acrescentar, pois nem as cenas em miniaturas condizem com o resto, quando aparecem inúmeras vezes diferenças de tonalidade e cor entre maquete e cenas em tamanho real, variando inclusive a cor de um helicóptero, em alguns pontos parecendo marrom e outros amarelo. Mistura mil elementos, como samurais, mulheres das cavernas que falam inglês, tribos indígenas e dinossauros em stop motion cujo efeitos são defasados em no mínimo 20 anos.
O Homem das Cavernas, dirigido por Carl Gottleb , traz Ringo Starr e Dennis Quaid em divertida comédia, onde homens e mulheres primitivos tentam estabelecer comunicação, em uma trama engraçada que mistura efeitos de stop motion nos dinossauros e atores fantasiados. É um filme divertido, que não tem ambição de ser mais do que uma comédia boba com algumas boas sacadas.
Em 1985, Bill Norton dirigiu Baby, o Segredo da Lenda Perdida (Baby, Secret of the Lost Legend), um filme infantil, cuja história se baseia em rumores de que criaturas parecidas com dinossauros viviam em algum lugar esmo no mundo. Os animais eram chamados de Mokele-mbembe e habitavam a África, e quando aparecem deixam a desejar. O filme possui uns animatrônicos que são mais convincentes quando parados, pois quando andam, parecem tratores disfarçados de dinossauros.
Por fim, em 1988 começava uma saga em desenho animado que acabou se tornando uma franquia, Em Busca do Vale Encantado mostra um grupo de dinossauros herbívoros, que migravam para uma terra que tivesse boas condições de vida. Os animais só param para chocar os ovos que continham suas crias, então nasce Littlefoot, um “pescoçudo”, da raça brontossauro. Basicamente os filhotes das manadas se juntam para viver uma aventura que busca uma epicidade mas que não foge nada do usual, repetindo clichês dramáticos. A saga teve algumas continuações em vídeo, sendo essas ainda menos carismáticas que essa animação sentimentaloide.
O passado sempre fascinou a raça humana, e boa parte da arte que o homem faz remete a esse tempo que jaz inalcançável, e parte dessa obsessão explica um dos temas mais comuns no cinema de aventura, ação, e até horror, que normalmente lota salas de cinema ao redor do mundo. Desde muito antes de Steven Spielberg trabalhar em Jurassic Park: O Parque dos Dinossauros e O Mundo Perdido: Jurassic Park, já haviam outras tantas obras que tratavam do tema, algumas com mais conhecimento, outras com menos.
Obviamente, deixarei de lado a franquia japonesa Gojira/Godzilla, pois ela merece uma análise própria, e trata mais de atomic horror do que o fascínio pelas criaturas que um dia tomaram o topo da cadeia alimentar pelo planeta. O primeiro filme digno de nota é em preto e branco, mudo e de curta duração, em torno de 12 minutos, chamado Gertie: O Dinossauro. Winsor McCay dá luz a obra, misturando um estilo que já lhe era comum, que é a animação em cenas com atores reais, onde um grupo de homens discutem em um museu, e em determinado ponto, aparece a animação que mostra Gertie, uma animal que faz lembrar o dinossauro hoje conhecido como Brontossauro vivendo seus dias, com participações de outros seres de períodos mais antigos, ainda que não haja preocupação com pesquisa histórica, até porque este é um filme lúdico e escapista somente, uma comédia leve que visava mostrar a capacidade de McCay em animar.
Gertie: O Dinossauro, de Winsor McCay (1914)
Há outras obras da época do cinema mudo, em especial onde Willis H. O’Brien está envolvido como The Dinosaur and the Missing Link: A Prehistoric Tragedy que foi lançado pelos estúdio de Thomas Edison em 1917. Ele mostra um homem das cavernas tentando agradar uma fêmea, e no meio dessa tentativa, se depara com um dinossauro, que o atrapalha. É bem curto, tem um tom de comédia ainda mais acentuado que Gertie, mas a passagem pelo animal antigo é bem rápida. Ainda em 1917, Prehistoric Poultry brinca com as semelhanças entra galinhas e dinossauros, é bem curtinho e mostra uma figura muito semelhante à ave que serve de alimento ao homem agindo na época antiga, conceito esse reutilizado mais seriamente em filmes nos anos noventa. Nesse mesmo ano, também foi exibido R.F.D., 10000 B.C. mostrando um carteiro que lida com um dinossauro como meio de transporte. Em 1919 o mesmo diretor faria The Ghost of Slumber Mountain, mostra um sujeito que através de um conto descrito aos seus sobrinhos, se volta ao tempo dos dinossauros. Esse é mais extenso, ao menos a cópia disponível para visualização, mas ainda não tão primorosa. Houve um projeto chamado Creation, que seria lançado em 1931, mas foi cancelado, sobrando apenas esboços do que deveria ter sido o longa-metragem definitivo de O’Brien, mas que jamais viu a luz do dia.
Em 1925 chegava aos cinemas um dos maiores filmes sobre o tema, O Mundo Perdido, baseado na obra de Arthur Conan Doyle, conhecido criador do detetive Sherlock Holmes. Esta obra deu origem a outras adaptações, até fora do cinema, e mais para frente nos debruçaremos sobre algumas delas. A obra original se perdeu com o tempo e depois de um intenso trabalho de resgate de oito gravações diferentes, se chegou a versão mais comumente encontrada no mercado, de 93 minutos. A visão que Doyle e o diretor Harry O. Hoyt tem da Amazônia é completamente estereotipada, e comum a sua época, visto que o mundo era um lugar pouco explorado e conhecido como se tornou nesse quase um século que separa a atualidade e o filme em questão. O livro foi lançado em 1912, e nessa versão o único lugar onde teriam essas criaturas fantásticas era um platô da bacia amazônica. Em meio ao desbravar da ilha, os pesquisadores vêem uma luta que seria (ou a menos tentaria, dadas as limitações da época) épica, entre dois animais pré históricos gigantes, sendo ao menos um deles um Alossauro, um dino que lembra bastante o Tiranossauro Rex, e que mata o seu adversário facilmente, quebrando seu pescoço e deixando ele caído, ou seja, sua predação é pura e simplesmente porque ele pode matar as outras criaturas, e não por fome. Logo depois ele ataca um triceratopes.
O grupo que viaja para a Amazônia consegue retornar, e ainda leva um brontossauro para Londres, desfecho esse bem semelhante ao visto em King Kong, de 1933, inclusive com a fuga da criatura monstruosa, embora nesta versão não seja mostrado isso, e sim contado através de texto. No entanto, a demonstração do dinossauro nas ruas inglesas é feita de maneira expositiva, com a criatura andando pelas ruas e atacando as pessoas hostis. O modo como ela escapa é curioso, e seria catastrófico, uma vez que a ponte de Londres cai e ele é empurrado pela correnteza em uma direção desconhecida. O longa não dá um destino definido para a criatura, ao contrário, prefere se dedicar a mostrar o destino romântico dos personagens humanos, em detrimento de mostrar a recepção de Londres ao seu novo “habitante”.
Além do já citado King Kong, Fantasia, clássico de animação que mistura música orquestrada com curtas animados de Walt Disney também traz referências aos monstros pré-históricos, ainda em 1940. Seu segmento The Rite of Spring, baseado em uma composição de Igor Stravinsky, mostra o planeta em meio a uma galáxia imensa, tendo a formação de seus rochedos, oceanos e primeiras formas de vida, desde as microscópicas até as marinhas. As cores lembram aquarelas pintadas e esse sem dúvida é um dos momentos mais bonitos de todo o longa-metragem, inclusive quando são mostrados os dinossauros.
Fantasia, cena do segmento “Rite of Spring”, de Bill Roberts e Paul Satterfield (1940)
Ainda em 1940, O Despertar do Mundo era lançado, contando a história de um grupo de aventureiros entrando em uma caverna, onde um paleontólogo começa a contar uma história que supostamente aconteceu entre homens primitivos que disputavam territórios. O longa erroneamente coloca na mesma linha temporal o homem pré-histórico junto dos dinossauros. Essa versão de Hal Roach e Hal Roach Jr. seria revisitada anos depois, pela produtora inglesa Hammer.
Demora a aparecer um dos répteis gigantes, e quando surge, é bastante anti-climático, já que ele se disfarça atrás de plantas que dificultam sua visualização. Mais à frente, usam-se animais para emular os bichos pré-históricos, com iguanas fazendo às vezes de animais carnívoros, bem como tatus com chifres artificiais, fingindo ser triceratopes, e ainda, jacarés fantasiados.
Em 1951, Sam Newfield conduziu o filme Continente Perdido, sobre um grupo de cientistas que realizam provas com foguetes na Nova Guiné, e um desses foguetes acabam sumindo durante um desses testes. Já que o item é caro, o governo envia um piloto experiente para liderar uma expedição em busca do veículo. O filme é em preto e branco e em determinado ponto passa a ter coloração verde. Os efeitos das feras antigas são feitos em stop motion e dentro de sua limitações, funcionam bem, mas ainda assim a participação dos dinossauros é pequena, se tornando meros coadjuvantes para as subtramas bobas dos humanos.
Em 1953, baseado em um texto do escritor Ray Bradbury, The Fog Horn, foi lançado O Monstro do Mar (The Beast from 20,000 Fathoms) tem efeitos técnicos assinados por Ray Harryhausen e conta em seu elenco com Lee Van Cleef, que ficaria famosos anos depois por trabalhar em filmes como Por Uns Dólares a Mais, Três Homens em Conflito e O Homem que Matou o Facínora. O visual gélido do longa lembrar outro clássico, O Monstro do Ártico, que originou o remake de John Carpenter, O Enigma do Outro Mundo. A história mostra os clichês dos filmes de atomic horror, onde um dinossauro carnívoro gigante desperta no Ártico após testes nucleares. Percebe-se uma tendência para os filmes envolvendo os predadores antigos e gigantescos, já que novamente o destino da criatura é semelhante ao do brontossauro em O Mundo Perdido, de 1925, quanto o de King Kong, em 1933, uma vez que a criatura é levada para Manhattan para atender a demanda dos gananciosos que a encontraram, que mais se importam em ganhar dinheiro do que preservar o milagre que é um animal como esse estar vivo. Aliás, esse clichê também foi utilizado na parte dois da franquia de Spielberg, Mundo Perdido: Jurassic Park.
O Monstro do Mar, de Eugène Lourié (1953)
O modo encontrado para deter a fera é bastante criativo, e a cena em questão se dá em um parque de diversões, próximo de uma montanha russa, um cenário completamente inesperado para esse tipo de sequência. O final é melancólico para a criatura, e faz perguntar afinal quem seriam os verdadeiros monstros da história, e nesse ponto o filme de Eugène Lourié acerta em cheio, pois propõe discussões e questionamentos importantes. O diretor ainda voltaria ao tema com outros dois filmes: O Monstro Submarino e Gorgo.
Pouco tempo depois, chegava as telas O Rei Dinossauro, um filme sobre exploração espacial, onde um grupo de aventureiros vão até o planeta Nova, um novo corpo celeste que chega na Via Láctea. Neste planeta, a vida é basicamente formada por animais gigantes como os dinossauros terrestres, além de algumas criaturas pré-históricas. O filme dirigido por Bert I. Gordon, que era especialista em produtos de atomic horror (A Maldição da Aranha, A Maldição do Monstro, O Incrível Homem Atômico), ainda há um suposto T-Rex que aparece, “interpretado” por uma iguana. Ainda assim, o tom é sério, mas a questão de não se definir se a iguana que está no filme é realmente uma iguana gigante ou é um T-Rex, torna tudo muito tosco, piorado quanto um monstro maior se aproxima – um crocodilo – em um embate mortal, mas que já se sabe qual será o destino ao final. O crocodilo e a iguana, quando se deparam tem o mesmo tamanho, e isso é demonstrado com dois bonecos se enrolando pelo chão arenoso, de uma maneira terrivelmente filmada.
A Besta da Montanha é o primeiro filme em cores dessa lista, lançado em 1956, começa como um drama de faroeste, com vaqueiros americanos e mexicanos convivendo com os perigos naturais do solo do país latino. Filmado em cinemascope, o longa de Edward Nassour e Ismael Rodriguez tem lindas imagens e cores muito vivas. Contudo, o filme se vale demais de estereótipos, em especial quando se desenvolve os personagens mexicanos. O texto do filme é baseado na ideia de Willis H. O’Brien, especialista em efeitos especiais que havia trabalhado no primeiro O Mundo Perdido. O Alossauro que ataca o vale e come alguns dos animais é uma referência clara ao filme de O’Brien e ao romance de Doyle. O modo como ele aparece varia, no começo é mostrada uma fantasia, com os pés do monstro e depois surge em stop motions, em cores cinzas e detalhes que até então não se viam em criaturas assim. Uma pena que o roteiro não colabore com as ótimas ideias visuais do filme.
Em No Mundo dos Monstros Pré-Históricos (Land Unknown) o diretor Virgil W. Vogel faz muito uso de gravuras e pinturas como cenário, fato que já não era regra nos idos de 1957. Suas cenas com fundo falso soam artificiais demais em comparação com produções da época. Há outro momento complicado, com um pterodáctilo voando – terrivelmente mal filmada – além de batalhas de iguanas, ainda que melhor desenvolvidas. O T-Rex aparece de repente, logo depois da batalha de lagartos e é uma pessoa em um roupa andando em meio a miniaturas, como nos tokusatsus e filmes de Godzilla. Chega a ser cômico o uso da hélice do helicóptero para afastar a criatura e se vê muitos problemas com perspectiva, com o T-Rex variando de tamanho de acordo com as cenas. O longa termina de modo emocionante, mostrando os humanos que estavam na terra isolada fugindo.
Viagem à Pré-História (Cesta do Praveku), de 1955, traz crianças viajando a uma terra perdida. O longa de Karel Zeman tem um tom bastante lúdico, mostrando criaturas pré-históricas sem um compromisso com a realidade, mas ainda assim bem retratadas no aspecto técnico. Zeman é conhecido por ter feito belas animações, não à toa ficou conhecido como o Georges Mélièstcheco De fato, a melhor coisa do seu filme são os efeitos especiais, pois a trama em si deixa muito a desejar.
Viagem à Pré-História, de Karel Zeman (1955)
Dirigido pela lenda do Cinema B, Roger Corman, Teenage Cave Man tenta resgatar elementos de O Despertar do Mundo, ainda que seja mais explícito em sua proposta. Os homens da tribo já tem uma linguagem sofisticada, a mistura de elementos que claramente não tem congruência histórica é exibido bastante cedo, com os dinossauros aparecendo com menos de cinco minutos de exibição, variando entre stop motion e animais reptilianos disfarçados. Para variar, essa é mais uma produção onde acontecem as famosas lutas entre crocodilos e iguanas rolando pela areia, que se tornou clássica e reaproveitada entre os filmes desse subgênero. De curioso, há o protagonismo de Robert Vaughn, astro de filmes trash, entre eles, O Despertar dos Mortos, do pai dos filmes de zumbi George A. Romero.
Um dos romances mais famosos de ficção cientifica moderna, é Viagem ao Centro da Terra, não à toa tiveram dezenas de adaptações do livro de Jules Verne. A primeira dela é um curta antigo, de 1910, bastante difícil de achar por conta das raras cópias que existem dele. A mais notória adaptação aconteceu em 1959, uma produção grande, filmada em cinemascope e em cores, dirigida por Henry Levin. Os efeitos e cenários são um pouco caricatos se vistos hoje, mas cumpriam bem o papel de tentar alinhar a obra de Verne à época em que passavam, sem falar que os jogos de luzes do diretor de fotografia disfarçam as limitações técnicas da época em boa parte do filme. Já os dinossauros, em sua primeira aparição são lagartos disfarçados, com efeitos ligeiramente superiores ao das produções anteriores, mas claramente as figuras deles eram coadjuvantes diante da trama que tentava traduzir o livro de Verne para as telas.
Em 1959, foi a vez também de exibir O Monstro Submarino, traz Behemoth, figura essa existente nos livros da Bíblia, mais especificamente em Jó. No livro, Behemoth é uma figura monstruosa, que para muitos estudiosos é mais aproximada de um bovino com três chifres, para outros um hipopótamo e há quem o compare com um dinossauro. No filme de Lourié, mais uma vez o antagonismo é por conta de uma criatura que sofreu interferência da ação humana, através da energia nuclear. Esse é o terceiro filme do diretor que traz “dinossauros”, e talvez seja o que temor apelo, ainda assim a forma como a criatura é desenvolvida é muito inventiva, apesar de não ser tão bem feita.
Do diretor trash Adam Simon e codirigido por Darren Moloney, Carnossauro foi lançado semanas antes de Jurassic Park, de Steven Spielberg, e é um dos mais conhecidos mockbusters da história. Baseado no livro de John Brosnan e produzido por Roger Corman, para se valer da rebarba da bilheteria do filme de Spielberg.
O longa relata ataques misteriosos que ocorrem em lugares distintos. Paralelo a isso, biólogos e engenheiros genéticos discutem essas estranhas aparições, mas sem deixar evidente qual é a ligação com esses eventos. Durante o filme fala-se de infectados, ainda que não seja desenvolvido qualquer argumento em torno dessa infecção, além do que os homens da ciência colocam iscas humanas para testar os dinossauros, que aliás, são sanguinolentos demais, arrancando membros das vítimas a todo momento, mesmo tendo corpo visivelmente de borracha, e que causam cada vez menos impacto visual.
Não se explica a razão do roteiro insistir nesse mistério sobre o que seria tal criatura, já que todas as suas aparições são explícitas. Aliás, o tal carnossauro guarda características bem únicas pois além de crescer muito quando se alimenta, também parece ter um código moralista bem forte, uma vez que sempre ataca quem está fazendo sexo, tal qual os vilões dos filmes slasher.
Assim como os estudos do especialista Alan Grant, um dos protagonistas de Jurassic Park vivido por Sam Neill, os estudiosos de Carnossauro usam elementos de DNA de aves para manipular a genética das criaturas, mais especificamente de galinhas, a diferença é que parece que quem produziu este longa não entendeu a ideia de Grant, já que a utilização das aves acontece pela simples coincidência de dinossauros serem também ovíparos.
O confuso argumento de Simon mostra mulheres grávidas parindo dinossauros, e isso não é explicado ou explanado de maneira minimamente plausível, ao invés disso, o que se vê são cenas com efeitos visuais que beiram o ridículo, além de problemas nas escalas de tamanho dos dinossauros (eles parecem mutantes, dado que sempre mudam de estatura), ou em cenas que se utiliza de recursos em stop motion de maneira ultrapassada. Ao final, Carnossauro tem um clímax fraco, que é acompanhado de créditos finais que vem em fluxo contrário, de cima para baixo, numa tentativa de mostrar que esse é um filme contracultura, rebelde e pretensamente revolucionário, apesar de quase tudo nele ser tão mal pensado que até fica charmoso e engraçado o produto final.
Usando a velocidade sobre o asfalto como representatividade moral para a urgência em relação a fuga, Velozes e Furiosos é mostrado ao público em 1955, já pelo que seria o rei dos filmes de baixo orçamento, Roger Corman. A direção, a cargo de Edward Sampson junto ao astro da película John Ireland, mostra o foragido da lei Frank Webster, um assassino que conseguiu escapar da prisão e que já habitava os assuntos dos cidadãos comuns que trabalham à beira das estradas.
A primeira personagem retratada em tela é a bela Dorothy Malone, que interpreta Connie Adair, uma moça de compleições harmoniosas, dona de um Jaguar igualmente elegante, rápido como o vento. Ao parar em um restaurante e conversar com um caminhoneiro – o típico habitante seguro das estradas – ela é atacada pelo fugitivo Webster (Ireland), que a toma como refém para tentar passar pela fronteira com o México e então cumprir seu destino.
A violência furiosa ganha contornos dramáticos, seja com a frieza sociopata de Webster, sem qualquer receio de fingir ter outra identidade, impingindo violência extrema em quem o contraria. O acréscimo da aceleração faz do sacripanta uma figura ainda mais perigosa, conferindo-lhe poderes semelhantes ao de um semi-deus que habita um mundo tomado por inaptos, incluindo aí até o braço da lei, a polícia.
A noite torna a fotografia de orçamento paupérrimo em um breu quase absoluto, atrapalhando qualquer visualização do forçado casal. A análise visual turva serve também de paralelo à incerteza de caráter do fora da lei, que, mesmo após todos os atos de brutalidade que demonstra, não agride a docilidade de Connie, nem a força a nada; mesmo ao manietá-la, o homem ainda guarda um pouco de singeleza. As cenas que remeteriam à tentativa de estupro velada na verdade apresentam uma forte carência do homem, que. diante da primeira recusa, recolhe seu ímpeto sexual, apenas permanecendo imóvel, para com o calor de seu corpo aplacar o frio que ela poderia sentir.
Sob a alcunha de Bill Meyers, usada desde sua primeira aparição, Webster resolve se inscrever em uma corrida, sendo este o álibi perfeito para ultrapassar a fronteira do país sem ser notado como um desertor. É na competição em que o casal começa finalmente a agir de modo amistoso entre si, unidos pelo amor a agilidade, desenhando uma unidade ainda no período de classificações e testes.
Em comum com a franquia tencionada pelo roteirista Gary Scott Thompson, há a irresistibilidade pelo perigo, associando a contravenção à honra, não denegrindo o anti-heroísmo para fortalecer o comportamento apolíneo puramente. O romance improvável de Connie e Frank se assemelha ao que é visto em muitos contos e novelas românticas, traduzindo o shakespeariano Romeu e Julieta para a segunda metade do século XX.
De certa forma, Bill Meyers não é só um nome falso, mas também uma oportunidade para Frank recomeçar, já confessado à sua amada e livre das acusações de malfeitoria. No entanto, Webster sabe que não há como fugir do braço forte da lei, tampouco pode provar sua inocência de modo convincente às autoridades. É a partir daí que ele deseja a solidão da fuga ao México, refutando o único aspecto positivo de sua existência desde sua prisão. O desfecho segue a tônica de seus semelhantes, abarcando uma redenção típica das fitas mais caras dos anos 1950. Uma obra que possivelmente passaria despercebida aos olhos dos cinéfilos, não fosse pelo remake de 2001.
Ás vésperas de quase perder os direitos de transmissão cinematográfica, o estúdio New Horizons teria que fazer as pressas um filme o mais barato possível sobre o primeiro grupo de super-heróis dos quadrinhos estadunidenses. Recaiu sobre Roger Corman produzir a fita que seria conhecida por suas condições paupérrimas, cujo orçamento baixo garantiu algumas saídas interessante para o roteiro já bastante combalido.
O responsável pela direção é Oley Sassone, cuja experiência anterior foi em filmes pouco conhecidos, como Vingança Extrema (com Don The Dragon Wilson) e A Grande Fuga (com Cynthia Rothrock), o que demonstra que o autor tinha intimidade e experiência ao trabalhar com sub-celebridades. Seu elenco não continha estrela alguma, e começava pondo frente a frente dois amigos, estudantes universitários que tinha livre acesso a uma laboratório equipado com material de alto custo, sem qualquer justificativa plausível para tal, além da audácia dos jovens. Os personagens atendiam pelos nomes de Reed Richards (Alex Hyde-White), um bravo e inteligente aspirante a doutor, que mesmo com toda sua perícia intelectual, não impediu seu amigo, Victor Von Doom (Joseph Culp) de ser queimado vivo, por raios vagabundos de chroma key.
Reed aprendeu sua lição, ganhando cabelos grisalhos com a experiência que teve. Não satisfeito em queimar seu melhor amigo, o “cientista” decide viajar ao espaço, munido de seu fiel escudeiro, Ben Grimm (Michael Bailey Smith), um robusto rapaz que resolve incluir na perigosa missão os gêmeos nada idênticos Joe (Jay Underwood) e Sue Storm (Rebecca Staab). A interação da loira com Reed é automaticamente romântica, sem nenhuma preparação prévia para o romance. Está formado o grupo de elite, intitulada pela loura mulher como Quarteto Fantástico.
Com o foguete prestes a ser lançado, algo parece capaz de fazer tudo dar errado. Uma figura obscura observa tudo, e manda um tosco personagem rastejante atrás dos heróis. O nome do vilão é Doutor Destino, e seu plano é tornar a viagem espacial repleta de isopor, papelão e papel machê dar errado. Os tripulantes tem um encontro cósmico com uma anomalia, que consegue referenciar vergonhosamente o clássico kubrickiano 2001, com luz fluorescentes invadindo seus corpos, anunciando a explosão e consequente morte dos nada carismáticos personagens, acompanhado pelos olhos de um tirano que assistia tudo de seu palácio de tingido por cores gritantes e fogo artificial, feito de papel celofane.
Miraculosamente os quatro viajantes sobrevivem, e chegam a Terra, sem maiores complicações de saúde, aparentemente. Johnny, ao brincar com seus amigos espirra, fazendo um arbusto entrar em combustão, Sue desaparece em pleno ar, enquanto Reed estica o próprio braço, em busca de salvar a amada de um tombo feio. Os jovens ficam aterrorizados, piorando muito quando descobrem a transformação física de Benjamin em uma criatura monstruosa de borracha, uma verdadeira Coisa.
Ben é posto em testes laboratoriais, invertendo o paradigma antes imposto por Reed de ser o analista de espécimes estanhos, deixando-o magoado por ver seu amigo como uma reles cobaia. O revés vem logo em seguido, com os irmãos e o gênio invadindo as instalações militares atrás de seu amigo feito de massa de modelar.
Logo, o real vilão aparece, unicamente para pôr os heróis em ação, com ações físicas do Coisa, rajadas de fogo em animação stop motion do futuro Tocha-Humana e com um conceito completamente errado do que seria a invisibilidade da Mulher Invisível, confundida com intangibilidade e teletransporte.
O grupo percebe que pode usar seu defeito para fazer bem e trabalhar em prol da justiça, subvertendo o discurso anárquico visto no debochado vídeo Feira da Fruta, tornando o discurso heroico clássico em algo atual novamente, em plena era das trevas dos quadrinhos. Para piorar a situação, Reed descobre que quem anda arquitetando contra si e seus companheiros é seu antigo amigo dado como morto.
Curioso é que, onze anos após o tosco filme de Corman, a Fox usaria a mesma motivação estúpida para o vilão tirânico, reprisando a vergonha de descaracterizar completamente o ditador da Latvéria, repetindo até a aliança profana entre Doom e o Coisa, desde a ameaça de ambas as forças unidas, até o retorno do monstro a forma humana, fazendo perguntar se o filme de Tim Story não seria uma refilmagem oficial do clássico noventista.
Doom faz um discurso evocando a culpa no coração do Senhor Fantástico, por ter a dez anos causado o infortúnio de deformá-lo externamente, o que garantiu a sua moral uma íngreme descida, tão baixa que o tornou um lunático capaz de usar um cobertor verde desfiado como vestimenta, além de uma máscara de plástico que o faz ser incapaz de ser de ser entendido sem legendas. Claro que o estratagema dá errado, uma vez que o vilão ardiloso não calculou que o seu elástico adversário seria capaz de alcançar facilmente a máquina do mal, com seu pé que estava solto.
Após uma longa conversa, a beira de um precipício, o vilão clama o amigo a se entregar junto a ele em uma aventura de luxúrias maléficas, claro recusado pelo herói, que o deixa cair para a morte, mesmo com seus poderes de elasticidade. O “melhor” fica para o final, com uma sequência de Tocha-Humana, toda realizada em animação, detendo o raio da morte de Doom e salvando a cidade.
Os parcos noventa minutos de fita ainda permitiram uma cena epilogar, mostrando o casamento de Reed Richards e Sue Storm, firmando o compromisso da fita com a tosqueira, ao exibir através do teto solar da limousine, um braço esticado, fruto da junção de duas vassouras, coladas provavelmente com esparadrapos ou qualquer substância colante barata. Não à toa a Marvel tentou banir o filme, que mesmo com todo o caráter debochado, consegue apresentar uma divertida faceta do mundo dos super-heróis, infelizmente com trinta anos de defasagem e com efeitos especiais condizentes com os dos anos 1960.
Sob a tutela do expoente máximo dos estúdios 21st Century Films, Capitão América trouxe à luz uma adaptação das aventuras do herói da bandeira norte-americana, de modo ruim e bastante diferente dos quadrinhos iniciais de Jack Kirby e Joe Simon. O filme de Albert Pyun, começa mostrando uma coalizão científica, unindo a Alemanha nazista e a Itália de Mussolini, que logo trata de raptar um jovenzinho italiano, exímio pianista, que é retirado de seu lar para sofrer um experimento agressivo, que lhe daria capacidades físicas superiores de um homem comum.
A maldade no entanto é assistida pela cientista Doutora Vaselli (Carla Cassola), que logo foge da ação malvada, lamentando e, claro, fugindo para outras paragens. Sua próxima aparição é nos Estados Unidos, onde produz uma fórmula menos agressiva que auxilia o jovem deficiente Steve Rogers (Matt Salinger). Logo depois de se prover do soro, o personagem torna-se tão forte que sobrevive aos disparos que mataram sua mentora, Dra. Vaselli. Steve então jura vingar sua “amiga” e defender sua pátria em meio a Segunda Guerra Mundial, e, sem qualquer preparo, munido de um uniforme que aparenta ser feito de massa de modelar, corre o território inimigo até encontrar seu arquirrival, o Caveira Vermelha (Scott Paulin), a criança carcamana que sofreu o experimento inicial.
O facínora amarra o símbolo dos Aliados a um foguete para envergonhar seus rivais, mesmo que o plano esdrúxulo o faça passar por muito mais humilhação, especialmente quando o herói azulado faz o personagem cortar a própria mão em um movimento praticamente impossível. Antes de chegar ao presente, é apresentada mais uma gama de personagens, começando com o jovem filho de um membro do governo em seu quintal, o céu de Washington. Seu nome era Tom Kimball, e por pouco ele não morreu, já que o Capitão conseguiu desviar o foguete que o assassinaria e destruiria a Casa Branca.
No futuro, Kimball seria interpretado por Ronny Cox como o presidente do país após uma longa jornada, lembrada de maneira tosca pelos informes de jornais, em uma exibição de trajetória exacerbadamente cômica, sempre motivada pela figura que o salvou. A trajetória do político incomoda estranhos membros de um escuso partido que planejam sua morte, até a sugestão louca de Tadzio de Santis, um cientista que planeja raptar o presidente e implantar nele um chip de controle mental.
Enquanto isso, no Alaska, convenientemente um grupo de escavadores encontra o herói congelado, resgatando as esperanças de Kimball na sua figura exemplar, não duvidando por momento nenhum da inverossímil possibilidade de renascimento. De Santis também percebe, e intui – automaticamente –, que o herói tentará detê-lo, porque atrás de sua desfigurada face se esconde a identidade do vilão dos anos quarenta.
Após uma perseguição louca de Valentina de Santis (Francesca Neri), a voluptuosa filha do vilão, que lembra todo o arquétipo visual de Talia Al Ghull (o motivo para tal é um mistério, já que o filme é da Marvel), o descongelado e inábil homem é salvo por um aliado do presidente, que o atualiza da situação mundial. O ponto de encontro para a consciência de Steve é na casa de Bernie, sua namorada de adolescência que envelheceu e teve uma filha idêntica a ela, Sharon, interpretada pela mesma Kim Gillingham, uma personagem que seria, a partir dali, sua companheira de aventuras.
Após raptos de personagens desimportantes, inicia-se uma perseguição frenética que seria detida por qualquer ação mais bem pensada do protagonista, o qual em nada lembra o heroísmo do capitão nos quadrinhos da Marvel. As tomadas contempladas por Pyun são de um humor que se torna ainda mais caricato pelo caráter involuntário: as maquiagens, frases de efeito imbecis e aparições do herói em momentos convenientes, inclusive quando segura a mão do presidente na queda que provoca a morte do governante.
As lutas entre o herói e os capangas são repletas de metralhadoras, que têm o mágico poder de atingir somente os personagens descartáveis, não trazendo perigo nem ao Capitão América, tampouco ao político, que até consegue ludibriar os emburrecidos bandidos. Ao final, Rogers agradece ao mandatário do país, que em suma age como Bucky, um auxiliar do potente justiceiro.
Curiosíssimo é como o Capitão tenta vencer o Caveira, relembrando, através de uma gravação antiga, o rapto que sofreu ainda criançae. O vilão contempla o vento, em seu castelo medieval, ao lado de um piano clássico, que se localiza – terrivelmente – em um telhado. É com o escudo – guiado telepaticamente, afinal só isso explica a trajetória física do armamento – que o prejudicado protagonista vence seu oponente, exibindo o belo modo de defesa estadunidense, pautado em uma arma de defesa tão fajuta e hipócrita quanto o script desta produção de Menahem-Globus.
O início pacato, em meio a um jardim que encerra infantes em seu interior, e é deixado de lado por um garotinho, de aproximadamente três anos, que corta a calçada com seu velocípede, para dar de cara com o Heavenly Blues (Peter Fonda), que em sua Harley Davidson, representa um mundo mais errático, dionisíaco, selvagem e bandido. Sua postura, apesar de não ter nada aos olhos atuais que se assemelhasse a algo reprovável, transborda autossuficiência e a não necessidade de humildade ou submissão, algo que para os idos de 1966 não era bem visto pela sociedade conservadora.
O couro sobre a camisa preta unido à cruz de cores escuras, remetendo ao nazismo, são os signos visuais que diferenciam os tais motoqueiros de tantos outros movimentos contraculturais, até por estar num viés completamente invertido do pensamento unificador dos hippies, dos panteras negras e de seus semelhantes. A rebeldia se imprime através do ideal emprestado dos arianos, que carrega alguns dos seus preconceitos, mas que obviamente são muito mais velados que o violento modus operandi do real moto-clube.
As paragens onde os motoqueiros se instalam são ambientes abertos, cujo solo é arenoso e a vegetação é de savana, o palco perfeito para o uso indiscriminado do sexo, tanto como fonte de prazer e saciamento dos impulsos mais básicos, bem como desta liberdade como grito de revolta, para uma sociedade que insiste em não olhar para a sua juventude, ou o faz com absoluto desprezo. Até a alcunha de “Angels” é um eufemismo, remetendo aos pecados morais desses como a resposta justa ao exacerbado pensamento reacionário.
A rebeldia dos mostrados em tela é praticamente só pautada no instinto e no impulso, sem refletir em momento algum nas possíveis consequências das suas atitudes. O grupo é formado majoritariamente por jovens, com seus cabelos ao vento, alguns até tentam sustentar uma barba para disfarçar um pouco da tenra idade. Seu comportamento seria um prato cheio para os defensores dos bons costumes, que tencionam causas como a diminuição da maioridade penal.
Talvez o momento que produza maior possibilidade de reflexão, nos primeiros terços da fita, é o drama do personagem de Bruce Dern, Joe ‘Loser’ Kearns, que morre em pleno exercício dos movimentos do clube, pecado este que cobra uma alta dívida. No encerramento de seu cadáver, em meio ao velório, Heveanly assume seu lugar de mentor do grupo, e trava uma pequena discussão com o pregador daquele rito. O entrave ideológico não é profundo, obviamente, pois contém apenas clichês de ambos os lados, com o religioso reafirmando a tradição de família e propriedade, enquanto Blues destaca o quanto ele foi impedido por pares idênticos àquele que estava no púlpito de viver factualmente, uma vez que todos os seus direitos eram cerceados. Após isso, a arruaça toma conta do recinto, e os motociclistas quebram cada banco da igreja, num simbólico sepultamento da moral pregada pela doutrina religiosa fervorosa.
A barbárie impingida por Blues, por vezes, passa dos limites, incluindo algumas (no plural mesmo) cenas onda a sugestão do estupro fica clara, em algumas até consumada, não havendo qualquer reprimenda por parte dos líderes do bando, ou sinal de arrependimento ou redenção. O protagonismo do filme de Roger Corman é exibido por personagens transgressores, mas que não o fazem por estarem preocupados com o social ou algo que o valha. Suas ações são exclusivas, egoístas, só podendo pensar o bem quando este inclui algum membro do moto-clube, algumas vezes, nem isto.
O avatar da vilania paira por cima do comportamento de Blues, que pratica atos mais fascistas que os próprios Hells Angels originais, chegando ao final até com uma postura mais resignada, no sentido de ter seus últimos momentos em tela semelhantes ao de seu irmão desfalecido – no único momento onde se pode ser capturado um ato altruístico, e talvez até remorso. O roteiro de Charles B. Griffith, apesar de possuir um viés muito contestatório, não toma partido para o escrúpulo do americano médio, a despeito até de algumas atuações caricatas, até de Peter Fonda em alguns pontos. Mas ainda assim, Anjos Selvagens se destaca muito do moto exploitation comum aos anos sessenta e setenta.
Roger Corman é um dos pilares do cinema americano, tendo uma importância monstra para a indústria, seja lançando cineastas que viriam a fazer muito sucesso – exemplos de Eli Roth e James Cameron – como ditador de moda também, mas acima de tudo, ele era um produtor que sabia fazer dinheiro. Foi essa motivação e claro, um orçamento paupérrimo, que o fez distribuir o filme do italiano Luigi Cozzi (ou Lewis Coates) na direção de Star Crash, uma “imitação” do sucesso de George Lucas, Star Wars – Episódio IV: Uma Nova Esperança, ainda que as influências visuais sejam muito mais pautadas emBucky RogerseFlash Gordon
O início apresenta a visão de baixo de uma nave de brinquedo, com nenhum disfarce para a fajutice de sua fabricação, aparentando ser esta uma filmagem de uma aventura Playmobil, capitaneada por crianças retardadas que brincam após sofrerem pancadas sucessivas na cabeça, que pioram muito as suas já conturbadas mentes. A história acompanha o produto original, mostrando uma batalha de marginalizados representados pela voluptuosa e decotada Stella Star (Caroline Munro) e por seu amigo Akton (Marjoe Gortner) que são incumbidos pelo Império (que na verdade é bonzinho) de deter o Conde Zarth Arn, um malfeitor que vem ganhando cada vez mais espaço pelo universo afora.
Claro que toda essa trama complicada é apenas uma desculpa para exibir corpos femininos com pouca roupa, maquetes de plástico das mais maltrapilhas, disparos de armas a laser fabricados com papel celofane e claro, as belas curvas de Caroline Munro, que tinha grande popularidade graças ao recente 007 – O Espião que me Amava.
Logo os dois bandidos, mais Elle – um robô que diz que não pode enlouquecer por não ter os circuitos certos, mas que é capaz de ser um grande covarde – exploram um planeta, atrás do malvado Conde, onde enfrentam Corelia (Nadia Cassini), a rainha das amazonas, que possui um exército de gostosas com trajes de banho e um gigante indiano de stop-motion com dificuldade de locomoção, que não consegue deter os bravos heróis. Curioso que tais acontecimentos não têm qualquer consequência no produto, a não ser estreitar os laços entre Stella e o robô.
Como toda boa ação tem sua recompensa má, o alienígena esverdeado e careca Thor (Robert Tessler) trai os outros tripulantes, dando cabo de Akton e deixando Stella e Elle para morrer na neve. Mas a justiça prevalece e o cacheado anti-herói ressurge para uma batalha tosquíssima com o seu vilão particular. Akton subitamente descobre-se um ser poderosíssimo, capaz de se defender com as mãos nuas e ressuscitar a bela protagonista, que estava congelada e lotada de esmegma pela superfície de sua pele, levantando linda e bela logo após a sessão impingida por seu parceiro.
Após quase perecerem a um ataque lisérgico feito de uma névoa cor de rosa das mais mal feitas, e sem qualquer justificativa para a sua origem, os ex-bandidos entendem que aquilo é um dos maiores ataques galáticos existentes, e descem até um planeta em busca do malfadado Conde. Na superfície dele, encontram Simon, o galã em começo de carreira, David Hasselhoff, mais de dez anos antes de Baywatch ir ao ar, e claro, acompanhado de sua cabeleira permanente.
No entanto, antes de se deparar com o vilão, eles têm de travar uma batalha com mais robôs stop-motion, bem melhores executados que o primeiro. Finalmente o embate final se aproxima, e o entrave é feito em duas frentes, como no final de Star Wars – Episódio VI: O Retorno de Jedi, o que levanta muitas dúvidas a respeito da honestidade de George Lucas. Apesar das cenas serem tão toscas quanto o resto do filme, a edição até que é bem feita para os padrões orçamentários e para a qualidade da obra. O roteiro contém uma virada, com o Imperador (Christopher Plummer) tendo de se sacrificar para que Stella e Simon escapem para a Cidade das Nuvens. O curioso é que não havia qualquer motivo para poupá-los, a não ser o fato deles serem os mais bonitos do elenco.
As maquetes vão ficando cada vez melhores, e uma linda mensagem de alinhamento da justiça é apresentada no final com uma carga de esperança ainda mais forte que a presente em Star Wars. Star Crash foi um dos muitos produtos de Luigi Cozzi, acostumado a realizar fitas como Cozzilla (uma versão dublada em italiano de Gojira e pintada quadro a quadro) e proporcionou a este, oportunidade de rodar clássicos como Alien, O Monstro Assassino (que se passa em um barco), Drácula em Veneza, e a duologia Hercules 87 e As Aventuras de Hércules, Lou Ferrigno. Starcrash é ainda muito inspirado no clássico Barbarella, estrelado pela bela (e nua) Jane Fonda, com um caráter muito mais trash e de conteúdo podre, sendo um chorume entusiástico de uma equipe que certamente era muito fã do gênero Space Opera, mas que não dispunha de muito dinheiro ou talento, que ainda assim, é um produto muito divertido e engraçado, claro, de modo inconsciente.