Tag: Brendan Fraser

  • Crítica | A Rosa Venenosa

    Crítica | A Rosa Venenosa

    Filme de George Gallo, A Rosa Venenosa reúne elementos de um noir moderno ambientado no ano de 1978, apresentando seu protagonista Carson Phillips como um homem de muitos vícios e afeito a luxúrias. O personagem de John Travolta, um investigador particular de Los Angeles, se vê obrigado por um caso a mergulhar em um antigo problema pessoal que logo desemboca em uma trama de assassinatos e eventos estranhos.

    O filme reúne vários dos clichês do noir, protagonista mal encarado, anti-herói e sem perspectivas, que se vê abordado por uma mulher atraente pedindo um favor ao detetive, tudo isso situado em cenários sujos e uma missão envolvendo mágoas do passado repleta de ambiguidades.

    A tentativa de fortalecer a aura de suspense esbarra na falta de sutileza do filme. Gallo apresenta as curvas de suspense de maneira brusca. As atuações não ajudam, ainda que o maior problema claramente seja textual e não dramatúrgico. Os personagens são bidimensionais, fora Carson, o que se agrava pelo fato do elenco reunir nomes como Morgan Freeman, Robert Patrick, Famke Janssen, Brendan Fraser, Peter Stormare etc.

    As cenas de ação são genéricas e os vilões histriônicos, caricatos e nada convincentes. A persona do médico mau que Fraser faz parece uma paródia de vilão de filmes do 007, tom esse que não tem nada haver com o restante da atmosfera de A Rosa Venenosa. A ideia e intenção do filme é ótima, mas a execução é bastante problemática, falta estofo à realização tanto na direção quanto em roteiro, resultando em última análise em mais um filme com elementos do gênero policial que permeiam o horário sabatino do Super Cine na Rede Globo.

  • Crítica | Looney Tunes: De Volta em Ação

    Crítica | Looney Tunes: De Volta em Ação

    O inicio de Looney Tunes: De Volta a Ação, filme de Joe Dante, é uma refilmagem de um episódio clássico onde Patolino  e Pernalonga estão sendo caçados, em uma das muitas demonstrações de quando o pato é um mero coadjuvante. Não demora a mostrar uma quebra da quarta parede, com o personagem reclamando de sua condição de personagem subalterno na Warner, e para isso, acaba pedindo demissão.

    Em meio a esse “drama”, há também a história do aspirante a dublê DJ Drake, de Brendan Fraser, que anos antes vinha sendo popular nos filmes de aventura e ação dos anos 1990. Diferente de Space Jam, aqui não há qualquer pudor em misturar desenho animado com pessoas reais. O início do filme tem até alguns bons momentos, com um passeio pelos estúdios Warner, com aparição de vários elementos das marcas famosas da  Warner, incluindo o batmóvel do Batman de Tim Burton, além de gratuitas aparições de personagens como Scooby Doo, Salsicha e até Mathew Lillard, discutindo como será a próxima versão em carne e osso dos personagens. Tudo é pretexto para referências, basicamente, incluindo aí uma discussão entre o coelho símbolo da WB, e a vice presidente de comédia Kate Houghton (Jenna Elfman).

    Ao menos os personagem animados tem uma configuração visual bem feita, mas o texto não acompanha essa excelência, não há personagens carismáticos da parte dos humanos. A bifurcação da história faz o filme – que deveria ser mais esperto que a média – parecer uma mera obra infantil feita para a televisão. O objetivo de Kate em trazer Patolino de volta não funciona, assim como Fraser também não tem qualquer química com os personagens de desenho. O vilão Mr. Chairman de Steve Martin é outro desperdício, faz lembrar a mesma frivolidade dos antagonistas de Alceu e Dentinho ou de Pequenos Espiões, mas sem a atmosfera pastelão que ambas as obras tinham implícitas.

    Uma das maiores criticas  de Chuck Jones, animador clássico de seriados de Pernalonga e sua turma, era de que em Space Jam os personagens não pareciam com suas versões em seriado. Um dos objetivos de Dante era tentar mostrá-los mais fiéis. Para isso, os vilões têm realmente um alinhamento maniqueísta com o mal, e os heróis agem como mocinhos. Isso nem seria um problema, se todo o elenco de atores famosos não fosse completamente desperdiçado. Martin, Timothy Dalton, Joan Cusack são completamente desperdiçados. Roger Corman e Michael Jordan tem breves participações, mas completamente desprezíveis, fazendo algo totalmente vazio de significado. Havia potencial na premissa para expandir o mundo como Uma Cilada Para Roger Rabbit fez, mas o que se vê é um filme repleto de bobeiras que só fazem o público abaixo dos cinco anos rir.

    Nem mesmo a aparição do herói Duck Dodgers ao final salva o filme da mediocridade. O largo uso de 3D também não envelhece bem, e por mais que busque se diferenciar do outro filme, aqui há bem menos êxito, não há charme, e mesmo a dita fidelidade ao material original não se observa tanto. A brincadeira com a quebra da quarta parede ocorre basicamente para nada, o drama da fogueira de vaidades também não resultada em nada substancial, e nem mesmo a troca de Jordan – que não era ator e era inexpressivo – por uma quantidade exorbitante de atores renomados fez o filme ser dramaticamente melhor, já que o texto de Larry Doyle é esdrúxulo em um nível acintoso.

  • Review | Patrulha do Destino – 1ª Temporada

    Review | Patrulha do Destino – 1ª Temporada

    A primeira temporada de Patrulha do Destino prometia traduzir em tela todo o nonsense dos quadrinhos da equipe, sobretudo da fase de Grant Morrison à frente dos roteiros. A série capitaneada por Jeremy Carver e produzida Greg Berlanti, Geoff Johns e outros, tem 15 episódios nesse primeiro ano, e mostra um grupo de desajustados com poderes.

    O episódio piloto estabelece a mitologia, introduz o personagem de Timothy Dalton, chamado apenas de “O Chefe” e todos os seres estranhos que o cercam. Após essa gênese, o que se vê é uma batalha cósmica, que abusa de efeitos especiais, muito bem trabalhados. O turbilhão que se contrapõe aos quatros meta humanos – Crazy Jane (Diane Guerrero), Mulher Elástica (April Bowlby), Homem-Robô (dublado por Brendan Fraser e manipulado por Riley Shanahan) e  Homem-Negativo (Matthew Zuk) – é seguido de reações diversas, variando entre a histeria pela surpresa do possível fim da vida e tentativas vazias de controlar o ímpeto, afinal, o que se vê é algo grande demais para ser ignorado.

    Boa parte do acerto do seriado é que seus personagens mesmo sendo sobre-humanos, são imperfeitos, são repletos de complexos e se autossabotam o tempo inteiro. Cada um deles têm algum momento em que se torna o herói de sua própria jornada, com tempo e desenvolvimento que certamente fazem inveja a Chris Terrio, David S. Goyer e demais roteiristas da DC nos cinemas. Mesmo quando tem partes narradas, há um bom motivo para acontecer, normalmente movido pela metalinguagem de ser feita por Alan Tudyk, que interpreta o Sr. Ninguém.

    Uma das dúvidas em relação a composição do grupo era a presença do Cyborg (Joivan Wade) que jamais fez parte do grupo, e que não esteve no seriado dos Titans. Sua origem é a mais graficamente pesada da série, não há medo ou receio de parecer adulta e é muito mais bem resolvida que outras adaptações envolvendo o personagem.

    A primeira temporada tem como temática principal as obsessões. Victor tenta não ser manipulado, seja por vilões ou pelos laboratórios Star, Jane busca desesperadamente um equilíbrio, Cliff tem que lidar com a substituição parental que sua filha fez da figura paterna e Rita tenta se reinventar mesmo tendo perdido o aspecto físico que a tornava especial décadas atrás. Eles são na verdade um grupo de freaks, que precisam conviver, como forma de terapia.

    Não há um episódio que o espectador não se assuste com algum um aspecto dramático ou visual, sempre há surpresas tresloucadas, tão irreais que soam charmosas. O estranhamento que a série causa se assemelha ao visto em Legion, ainda que a abordagem se dê por um viés diferente, com camadas mais profundas.

    O elenco tem um desempenho primoroso, Tudyk e Dalton desempenham magistralmente as figuras arquétipo do vilão e mentor, enquanto Fraser, Guerrero e Bowlby estão afiadíssimos. O fato do trio não ter pudor em se apresentar como figuras jocosas só acrescenta à trama. A intérprete da Mulher Elástica surpreende, pois foge da simples figura de mulher linda que foi coadjuvante em Two And a Half Men para se tornar frustrada, complexa, e ainda assim, apaixonante. Sua Rita Farr é incrível, mesmo sendo digna de pena, seu drama é de fácil compreensão, bem como sua vocação para ser uma espécie de mentora do grupo de desajustados, na ausência de Dalton.

    Mesmo as coisas implausíveis fazem sentido. Todas as razões mesquinhas são lógicas, e mostram que os heróis podem ter ações canalhas e anti-éticas, para além da construção do anti-herói clássico, ou dos comentários ácidos de materiais que visam parodiar mais incisivamente o conceito dos quadrinhos da Marvel e DC, como Garth Ennis fez em The Boys. O resultado final de Patrulha do Destino em seu primeiro ano é algo seminal, não subestima os seus espectadores e mostra uma história onde praticamente todos os personagens odeiam a si mesmo e ainda assim tem de conviver com essa situação.

     

  • Crítica | Endiabrado

    Crítica | Endiabrado

    Harold Ramis ficou famoso como ator, mas também conduziu algumas boas comédias, entre elas, Endiabrado, um dos filmes protagonizados pelo carismático Brendan Fraser, no ano 2000 no auge de sua fama. Esse pode ser considerado um objeto subestimado de sua filmografia, a adaptação do clássico britânico O Diabo é Meu Sócio, acompanha o nerd de baixa auto estima Elliot Richards, um cara tímido, com dificuldade de socializar, mas que tem um coração bom. Um dia ele tem a oportunidade de tee seus desejos atendidos, mas de um modo diferente do visto em Aladdin.

    Nesse início é estabelecido o elenco que estaria em todas as realidade alternativas, formado pelos colegas de escritório de Elliot, que por sua vez, fazem bullying com o herói.  Cansado de tentar fugir da condição de rapaz patético perante os amigos, e após ser rejeitado mais uma vez. Sua obsessão por uma mulher linda, que também trabalha com ele – Alison Gardner, vivida por  Frances O’Connor – ele diz que daria qualquer coisa por uma única chance com ela. É aí que aparece a fogosa Elizabeth Hurley, no auge de sua beleza, como a figura sedutora do Inimigo da religião cristã. A grande questão é que Elliot tem uma alma diferenciada, tal qual o Jó que Deus e o Diabo tentaram, e ele é tão (auto) castrado não se permite ter prazeres, nem com a femme fatale de sotaque inglês, além de ser uma das mulheres mais bonitas dos anos 2000.

    Antes de ter acesso aos sete desejos, Elliot é capaz de fazer piadas qu na época fizeram sucesso e que hoje soam ainda mais atuais, recusando a fala da moça achando que ela é da cientologia. A ideia de mostrar um diabo sedutor e enganador mistura elementos anteriores do cinema, há um bocado de Coração Satânico e até Advogado do Diabo na composição do personagem, além de Mestre dos Desejos, no sentido da mulher sedutora perverter os pedidos do contemplado, além de fazer claras referências ao que fez sucesso nos anos 90, Elliot lembra muito Stanley Ipskis, de O Máskara, até a chegada dele a casa de show do demônio lembra o Kokobongo, e a motivação da garota ideal é a mesma.

    A musica de David Newman é sensacional e faz acreditar em toda aura dos capítulos inspirados em paródias, de Pablo Escobar. Fazer dos desejos uma fonte de novas realidades, com o mesmo elenco é uma ideia maravilhosa, e produz momentos incríveis, hilários e até originais. Em comum, todas as realidades tem um peso sexual grande, fazendo o diabo se perder a analogia do pecado inicial ter a ver com a luxuria, e nessa versão, esse parece ser seu pecado favorito, ao contrário da Vaidade, que é o da versão de Al Pacino.

    Mesmo sendo um cara idealista, Elliot continua egoísta, com o pensamento centrado em si, percebendo enfim que mesmo sendo bonzinho ele não é perfeito, ainda insistindo na pecha de que foi enganado. Ele não entende que não há dialogo com a antiga serpente, nem há modo de perverte-la, embora essa seja uma versão menos maniqueísta do clássico inimigo das almas cristãs. Mesmo Deus/Yhwe é mostrado de um modo estranho, como um presidiário, mas que prega que a alma do homem não pertence ao homem, e sim ao ser primordial de poder infinito, que anima todo o cosmo e universo.

    Apesar da mensagem cafona e piegas, de que “não há nada que você possa me dar que eu queira “, e da clara mensagem de superioridade de Deus sobre o Diabo, já que o segundo não consegue descobrir que Elliot conversou com o primeiro, pois além de não ser onipotente, também não é onisciente, não entende todas as coisas. Mesmo que sexualize Hurley – que aliás, parece gostar muito disso, ficando extremamente a vontade em trajes sumários- Endiabrado soa como uma comédia pró cristianismo, mas não castradora, não virginal, tanto que o herói que passa pela jornada cresce, e evolui para alguém mais ativo, e como prêmio, ele encontra uma vizinha linda, Nicky também feita por Frances O’Connor, em um final meio adocicado para toda a acidez antes apresentada, mas ainda cabível dentro da proposta viajandona e amalucada que Ramis propõe nessa versão.

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  • Review | Doom Patrol (Episódio Piloto)

    Review | Doom Patrol (Episódio Piloto)

    Após um dos melhores episodio “filler” de Titans, chega finalmente o piloto de Doom Patrol, que promete traduzir em tela toda a lisergia dos quadrinhos da Patrulha do Destino, um grupo espacial, formado por desajustados, criados por Arnold Drake, Bruno Premiani e Bob Haney e que serviu de inspiração não oficial aos X-Men da Marvel, além de reunir grandes escritores em torno de seus runs, em especial, Grant Morrison.

    O episódio vai introduzindo cada um dos  seus personagens, com destaque ao personagem Robot-Man o Homem Robô, vivido por Brendan Fraser, que começa como um bon vivant, piloto de corridas que ludibria sua mulher e família sendo um cafajeste traidor e falso, sofrendo uma tragédia na pista, causada de maneira proposital pelas pessoas que ele enganou. Entre 1988, ano da colisão e 1995, ele é cuidado por um doutor em uma cadeira de rodas, chamado Niles Caulder, de codinome Chefe, vivido pelo eterno James Bond Timothy Dalton. Por mais pesada que seja a  situação, o episódio de Glen  Winter não é demasiado expositivo, ao contrário, causa curiosidade para ver mais momentos dessas pessoas, além de causa um saudosismo nos fãs dos dois atores, que não tem tido tantos trabalhos quanto seus carismas e antiga fama fariam merecer.

    Dois outros personagens são introduzidos, o Homem Negativo, de Matt BonnerMatthew Zukk um ex-piloto acidentado, que tem seu  corpo queimado, e Rita Farr (April Bowlby), a Mulher Elástica, uma bela ex-atriz que após encontrar  um estranho objeto, que a fez ficar com a pele enrugada, para dizer o mínimo. Num quesito esta produção supera e muito Titans, pois aparentemente ela já tem uma identidade formada, culpa de seu principal produtor, Jeremy Carver, e seus apelos emocionais são mais fortes e mais maduros que a rejeição que Ravena sente por ser o que é. Aqui, todos os personagens tentam entender o que são, e tem que lidar com um passado imperfeito e cheio de percalços.

    Os personagens parecem de verdade, são imperfeitos, sobretudo Cliff, que descobre aos poucos o que aconteceu ao seu passado e como realmente morreu. Brendan Fraser jamais foi um ator conhecido por seu dotes dramáticos, sempre foi encarado como um sujeito carismático que um dia foi bonito e agora, após um bom tempo no ostracismo, ele tem chance de fazer um papel trágico, e com um desempenho invejável.

    Incrivelmente este piloto consegue funcionar como um filme de origem típico da Marvel, mas de maneira resumida, apesar de não soar apressado, nos primeiros 30 minutos. Até o artifício de um narrrador em off é bem utilizado, e dá um tom engraçado a série. Os poucos minutos que se vêem de Diane Guerrero (de Orange is The New Black) atuando como Crazy Jane são fascinantes, não só pela personagem ter múltiplas personalidades, mas também pela complexidade com que a câmera lida com ela, sem atalhos narrativos, como Fragmentado de M Nigth Shyamalan fez, por exemplo. Há um cuidado especial com o roteiro, para que todo o seu conjunto dramático seja levado a sério, mesmo que a estética tenha um pouco do já utilizado nas outras séries de Greg Berlanti  (um dos produtores executivos, responsável por Arrow, Flash e Cia). A ideia de expandir conceitos e falar de forma adulta do mundo fantástico dos super heróis é bem construída nesse episódio, e combina demais com os quadrinhos clássicos da Patrulha.

    Próximo do final, ainda há uma sequência em que os personagens tem de lidar com uma situação limite, de stress e descontrole, que os obriga a agir de modo heroico, coisa que até então então eles não são, e cada um, da sua forma, tenta colocar em prática suas super habilidades, para tentar proteger os civis. Por mais calamitoso que fique o cenário após a aparição em público de Crazy Girl, Rita, Homem Negativo e Homem Robô, os fatos se encaminham de volta a normalidade, mesmo contra os pedidos do mentor, mas não sem antes chamar a atenção da mídia, assustada com as aberrações que ali apareceram.

    A expectativa para  Doom Patrol é a de um drama adulto ser tratado em tela, isso com o pouco que é mostrado do Senhor Ninguém (Alan Tudyk) e o que ainda nem é mostrado do Cyborg. Os efeitos especiais parecem caros, mesmo se tratando de uma produção para a televisão, não deixam nada a desejar ao cinema guardadas as devidas proporções e todos os ingredientes parecem estar ali prontos para serem misturados e para produzir uma experiência audiovisual tão viajandona quanto os gibis clássicos do grupo, e o que se assiste nesse episódio inaugural é bastante promissor.

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