Tag: Joe Russo

  • Crítica | Resgate

    Crítica | Resgate

    Falar que a Netflix é uma empresa de sucesso é chover no molhado. Já tem alguns poucos anos que a gigante de streaming vem apresentando produções de extrema qualidade, seja no que diz respeito a filmes, seja no que diz respeito a seriados. Mas também, nem tudo são flores, já que, ainda assim, a quantidade de produções de qualidade duvidosa, supera facilmente as boas produções. Por exemplo, faltava à empresa uma produção de ação que fosse digna. E olha que não foi por falta de tentativa, mas foi difícil de acertar até Resgate ser lançado.

    Pra quem gosta das produções mais recentes da Marvel, Resgate guarda muitas relações com o UCM – Universo Cinemático Marvel, a começar pelo protagonista Chris Hemstorth, o Thor. O filme tem o roteiro de Joe Russo, um dos diretores do melhor filme da Marvel, Capitão América 2: O Soldado Invernal, além dos clássicos Vingadores: Guerra Infinita e Vingadores: Ultimato, sendo que temos a direção de Sam Hargrave, estreando em grande estilo nessa produção. Hargrave é o braço direito da Marvel Studios, sendo dublê, coordenador de dublês e diretor de segunda unidade de diversos filmes da casa. O filme ainda conta com uma participação de David Habour, que será o Guardião Vermelho no filme da Viúva Negra.

    O filme conta a história de Tyler Rake (Hemsworth), um mercenário que recebe uma importante tarefa: resgatar o jovem Ovi Mahajan (Rudhraksh Jaiswal), filho de Ovi Mahajan Senior (Pankaj Tripathi), nada mais nada menos que o maior traficante da Índia e que está preso. O mandante do sequestro é Amir Asif (Priyanshu Painyuli), o maior rival de Nahajan Senior e o maior traficante de Bangladesh. Vale destacar que antes de Ovi ser levado, ele estava sob os cuidados de Saju (Randeep Hooda), que decide ir atrás do menino em troca da segurança de sua família, agora ameaçada.

    Não demora muito para Resgate ter um jogo interessante de gato e rato, uma vez que temos a equipe de Tyler atrás do menino, enquanto o mercenário cuida da extração do jovem e paralelo a isso, podemos ver os capangas de Amir e Saju fazendo de tudo o que é possível para atrapalhar a vida do protagonista e é aí que podemos ver uma das cenas de ação mais sensacionais da história do cinema, em um plano sequência absurdo, que começa com uma perseguição a pé e combates violentos “mano a mano” pelas apertadas casas da região e que termina numa empolgante perseguição envolvendo carros, onde a câmera na mão, diversas vezes, entra e sai do carro com o máximo de destreza possível. Toda essa ousada sequência dura cerca de quinze minutos e mostra que o diretor não veio para brincar.

    Aliás, o filme tem ação do começo ao fim e pouco desacelera, mas o suficiente para estabelecer relações entre os personagens, principalmente na relação de Tyler com Ovi e de Amir com um outro jovem rapaz que decide entrar para o tráfico numa cena bem forte envolvendo crianças.

    Quanto ao roteiro de Joe Russo, cabe um detalhe: não tem nada de diferente de algo que o espectador já não tenha visto em filmes de sequestro e olha que Russo estava amparado pela história original, já que o filme é uma adaptação de uma graphic novel chamada Ciudad, de Ande Parks. Assim, o destaque fica mesmo totalmente voltado à ação que aqui, guarda semelhanças com duas ótimas franquias, como a de John Wick (coincidentemente uma franquia desenvolvida por coordenadores de cenas de ação) e Operação: Invasão.

    Com isso, a Netflix emplaca seu primeiro grande filme de ação e os números não mentem, já que a produção deve alcançar noventa milhões de views em seu primeiro mês, batendo outra promessa da empresa, mas que não emplacou, Esquadrão 6, o que faz com que Joe Russo, possivelmente, tenha ganhado sinal verde para a produção de uma continuação.

    Texto de autoria de David Matheus Nunes.

  • Crítica | Vingadores: Ultimato

    Crítica | Vingadores: Ultimato

    Não é de hoje que vinha sendo dito que Vingadores: Ultimato marcaria o encerramento da Saga do Infinito, que começou lá em 2008 com Homem de Ferro e que se estendeu por 11 vitoriosos anos e 22 filmes, ao todo. As Joias do Infinito foram aos poucos sendo introduzidas e cada filme mostrava um pouco daquilo que estava por vir. Tudo muito bem programado e arquitetado pela Marvel, que se mostrou uma estrategista sem igual no que diz respeito ao planejamento. Obviamente, ao longo de 22 filmes, vimos uma montanha russa no quesito qualidade. Alguns filmes são realmente bons, como o ótimo Capitão América: O Soldado Invernal, ou como o primeiro Guardiões da Galáxia, sendo que outros são bem fraquinhos e que não vale a pena nem comentar. Aliado a isso, tivemos o início desse encerramento em Vingadores: Guerra Infinita, que foi um dos grandes momentos da história do cinema, reunindo num só filme os principais heróis dessas histórias contadas por mais de 10 anos. E é com Vingadores: Ultimato que esse ciclo se encerra.

    Após reunir todas as Joias do Infinito, Thanos (Josh Brolin) dizimou metade da população de todo o universo e o filme se inicia bem nesse momento para, logo em seguida, situar seus principais personagens, como os Seis Originais, vividos por Capitão América (Chris Evans), Homem de Ferro (Robert Downey Jr.), Thor (Chris Hemsworth), Hulk (Mark Ruffalo), Viúva Negra (Scarlett Johansson) e Gavião Arqueiro (Jeremy Renner), juntamente com Máquina de Combate (Don Cheadle), Homem-Formiga (Paul Rudd) e os Guardiões da Galáxia, Rocket Racoon (voz de Bradley Cooper) e Nebulosa (Karen Gillan), sobreviventes no filme anterior. Se Guerra Infinita tinha uma pegada mais urgente e ainda assim sobrou tempo para trabalhar os personagens, em Ultimato, esse tempo não existe e se o espectador não for ligeiro, ficará sem entender nada em alguns momentos. Inclusive, vale destacar que algumas das teorias são verdadeiras e muitas coisas que fãs acreditavam que aconteceria, realmente acontecem! Só que ninguém falou que aconteceria logo na primeira meia hora de fita e o desenrolar, aos poucos, vai perdendo aquele tom de obviedade, tornando tudo uma grata surpresa.

    Importante dizer que Ultimato é bem diferente de seu antecessor, Guerra Infinita, tanto no que diz respeito ao tom, quanto no que diz respeito ao rumo que cada personagem tomou após o drástico evento. Embora parte dos Vingadores estivesse operando em vários locais do mundo e tentando seguir a vida da maneira como podem, outros foram terrivelmente afetados pela aniquilação. Alguns foram para caminhos muito sombrios e outros foram para caminhos extremamente bizarros e desnecessários. Estes em específico causaram uma notória divisão dentro da sala do cinema. Parte ria, parte se revoltava, principalmente com os rumos tomados por Thor, que foi a maior surpresa de Guerra Infinita.

    É interessante como os diretores Joe & Anthony Russo e os roteiristas Christopher Markus e Stephen McFeely se propuseram a criar uma história mais intrincada e épica que a anterior. Embora conte com um número mais reduzido de personagens, a missão dos Vingadores é maior e cheia de detalhes, sem contar que é a mais audaciosa de suas vidas. Audacioso também é o desafio proposto pela equipe criativa, porque paralelamente à história principal, após sua primeira hora, dá-se início a uma série de homenagens e surpresas que celebram os mais de 50 anos de histórias da Marvel Comics, além de celebrar os 11 anos do seu Universo Cinemático – UCM. São tantos detalhes, que talvez seja necessário um texto inteiro para apontar esses acontecimentos, que são desde cenas inteiras, passando por frases marcantes. E é aí que nas duas horas seguintes você para de analisar o filme com frieza e volta a ser criança, principalmente no último ato, quando a sala do cinema se entrega de vez à diversão, algo que acontece até o último segundo.

    Se Guerra Infinita era um filme sobre Thanos, Ultimato é um filme sobre os Vingadores. E é impressionante como Gavião Arqueiro, Viúva Negra, Homem de Ferro e Capitão América se destacam no meio de tanta coisa acontecendo ao mesmo tempo. Robert Downey Jr e Chris Evans tem uma atuação de gala e entregam neste filme suas melhores atuações no UCM. A carga emocional que os personagens enfrentam do primeiro ao último minuto de tela é transportado para os olhos do espectador com maestria pelos atores. Não é a toa que os (vários) melhores momentos do filme são protagonizados pelo Homem de Ferro e pelo Capitão América. E não é a toa que os momentos mais emotivos também são protagonizados pelos dois.

    Emoção é um sentimento que define bem Vingadores: Ultimato. Um filme que não só fecha a Saga do Infinito, mas que também coloca ponto final nos arcos de vários personagens, fecha algumas portas, abre outras e principalmente encerra um ciclo de pouco mais de uma década que foram relevantes para a história do cinema. Inclusive, após o seu final, o título original em inglês, Endgame passa a fazer mais sentido do que nunca. A Marvel Studios sai de cabeça erguida e com a promessa de se manter no topo, mas com um novo e mais complicado desafio. Avante, Vingadores!

    Texto de autoria de David Matheus Nunes.

    Facebook – Página e Grupo | Twitter Instagram | Spotify.

  • VortCast 57 | Vingadores: Guerra Infinita

    VortCast 57 | Vingadores: Guerra Infinita

    Bem-vindos a bordo. A pedido dos ouvintes, Flávio Vieira (@flaviopvieira), Filipe Pereira (@filipepereiral), David Matheus Nunes (@david_matheus) e Jackson Good (@jacksgood) se reúnem para comentar sobre o filme Vingadores: Guerra Infinita.

    Duração: 103 min.
    Edição: Julio Assano Junior
    Trilha Sonora: Flávio Vieira
    Arte do Banner: 
    Bruno Gaspar

    Feed do Podcast

    Podcast na iTunes
    Feed Completo

    Contato

    Elogios, Críticas ou Sugestões: [email protected].
    Facebook – Página e Grupo | Twitter Instagram.

    Acessem

    Brisa de Cultura
    PQP Cast
    As Radio Station

    Filmografia Marvel Studios

    Homem de Ferro
    O Incrível Hulk
    Homem de Ferro 2
    Thor
    Capitão América
    Os Vingadores
    Homem de Ferro 3
    Thor: O Mundo Sombrio
    Capitão América: Soldado Invernal
    Guardiões da Galáxia
    Vingadores: Era de Ultron
    Homem-Formiga
    Capitão América: Guerra Civil
    Doutor Estranho
    Guardiões da Galáxia Vol. 2
    Homem-Aranha: De Volta ao Lar
    Thor: Ragnarok
    Pantera Negra
    Vingadores: Guerra Infinita

    Materiais comentados e relacionados

    VortCast 05 | Filmes Marvel
    VortCast 47 | Homem-Aranha e o Cinema

    Avalie-nos na iTunes Store.

  • Crítica | Vingadores: Guerra Infinita

    Crítica | Vingadores: Guerra Infinita

    Como eu havia escrito no meu texto sobre as expectativas em torno de Vingadores: Guerra Infinita, a hora havia chegado. O filme que marca os 10 anos do conhecido Universo Cinematográfico Marvel – UCM chegou aos cinemas com muitas dúvidas, desde as mais óbvias no que diz respeito ao encaixe de dezenas de heróis e seus coadjuvantes em tela, passando pelas apostas sobre qual herói seria o candidato a morrer e a partir os corações dos fãs, até a pergunta mais óbvia e com extrema relevância para a trama: onde está a Joia da Alma?

    Vingadores: Guerra Infinita entrega aos fãs e ao espectador aquilo que satisfaz desde os mais aficionados até aqueles que não estão tão familiarizados assim com o UCM e melhor, além de encher os olhos daquele que assiste, causando as mais diversas sensações, amarra todo o universo iniciado em 2008 com Homem de Ferro, tendo Pantera Negra como último “representante”, solucionando todas as dúvidas e amarrando todas as pontas soltas no decorrer do caminho, além de jogar no ar muitas outras perguntas que, talvez comecem a ser respondidas nas produções Homem-Formiga e a Vespa, Capitã Marvel e, obviamente, na quarta aventura da equipe que estreará somente em 2019, embora já esteja em estágio final de filmagem.

    Tentando evitar spoilers ao máximo neste texto, Guerra Infinita, como todos já sabem, marca a busca do vilão Thanos (Josh Brolin) pelas Jóias do Infinito e tem como ponto de partida os minutos seguintes da cena pós-créditos de Thor: Ragnarok, quando a nave da nova Asgard é abordada por outra gigantesca nave. Logo em seus primeiros minutos o filme já mostra quem de fato é Thanos e ele é assustador. Assim, deu-se início ao maior filme da curta, porém, de sucesso história da Marvel.

    Logo no início desse texto foi falado que um dos maiores desafios da produção seria encaixar tantos heróis, protagonistas e coadjuvantes em tela, e após o término do filme, tem-se se a sensação que cada um dos milhares de nomes que aparecem nos créditos finais, desde a direção de Joe e Anthony Russo, passando pela história escrita por Christopher Markus e Stephen McFeely, até prestadores de serviço como o “cozinheiro de Robert Downey Jr”, ou o “cabeleireiro de Don Cheadle”, merecem ser aplaudidos de pé. O cuidado com a história é tão minucioso que coisas “bobas”, mas que poderiam ter ficado de fora estão lá. Um pequeno exemplo disso é que devemos lembrar que Bruce Banner (Mark Ruffalo), por exemplo, abandonou o planeta ao final de Vingadores: Era de Ultron e ficou anos fora do ar, enquanto, na Terra, acontecia os eventos de Guerra Civil, Homem-Formiga, Doutor Estranho, Homem-Aranha: De Volta ao Lar e Pantera Negra. Banner acaba sendo atualizado de algumas coisas de uma maneira muito divertida.

    Aliás, Banner, a julgar pelo que aconteceu nos últimos anos, está mais leve, sem aquela agonia constante que o personagem entregava nos demais filme e isso contribui para alguns momentos de humor serem protagonizados por Mark Ruffalo. Humor esse que está presente em todo o transcorrer da fita, cada um a sua maneira. As partes dos Guardiões da Galáxia são tão autênticas que parecem que foram escritas por James Gunn e isso foi bem acertado no filme, já que aqui, um não invade o território do outro no que diz respeito ao estilo de cada personagem e assim, meio que temos um núcleo de personagens habilidosos com o humor e outro núcleo bem mais sereno. Tudo isso aliado à diversas cenas de luta e ação desenfreada, todas muito bem feitas e bem resolvidas.

    Em Guerra Infinita todo herói tem seu momento de protagonismo. O roteiro e a direção, de maneira habilidosa, cedem espaço para todos, sem exceção, algo que foi muito bem construído por Joss Whedon no primeiro filme, mas totalmente esquecido pelo diretor em Era de Ultron e pelos Irmãos Russo em Guerra Civil, quando há momentos em que Visão (Paul Bettany) e Feiticeira Escarlate (Elizabeth Olsen), dois dos mais poderosos no campo de batalha, simplesmente desaparecem, buscando de maneira preguiçosa, deixar a batalha mais equilibrada. Aqui, ninguém é esquecido e pra adicionar ainda mais um desafio para produção, ainda temos gratas surpresas, como o retorno de alguns bons personagens, além da inclusão de outros novos. Contudo, com relação ao seu herói preferido, fica o alerta de que você poderá ficar um pouco decepcionado se considerarmos o tamanho de sua expectativa. Guerra Infinita não tem tempo para desenvolver os personagens e as relações entre eles e os motivos são tanto relacionados ao desenvolvimento da produção, como ao desenvolvimento da história, porque Thanos, simplesmente, não deixa. E isso nos leva a dois destaques: o já mencionado titã louco e o deus do trovão, Thor (Chris Hemsworth).

    O Thanos de Brolin é incrível. Ele não é um vilão clássico, megalomaníaco, que busca somente destruir tudo e todos em busca única e exclusiva de poder, desbancando Loki (Tom Hiddleston) do trono de melhor vilão do UCM. Thanos tem um propósito até justificável e percebe-se que ele sofre por carregar esse fardo, tanto que a cada conquista, em vez de comemoração, vemos certo desânimo em seu semblante e chega num determinado momento em que você fala consigo mesmo “vai, Thanos!” tamanha a serenidade do personagem. A clássica vilania fica por conta de seus filhos Fauce de Ébano (poderosíssimo), Proxima Meia-Noite, Corvus Glaive e o brutamontes Estrela Negra.

    Já Thor sofreu mudanças significativas em Ragnarok e o personagem, dentro dos principais, foi o que mais evoluiu se levarmos em conta seus dois primeiros filmes que foram ruins e suas duas participações nos dois primeiros filmes dos Vingadores. E também, o contato junto dos Guardiões, fez com que o semideus se sentisse em casa, se encaixando na equipe como uma luva. Thor sempre foi um herói dotado de extrema arrogância e em Guerra Infinita podemos perceber que ele é um grande guerreiro.

    Muito se especulou sobre a empreitada ser um enorme filme que foi dividido em duas partes, assim como as produções finais de Harry Potter, Crepúsculo e Jogos Vorazes e embora, ambas histórias tenham tido filmagens simultâneas, optou-se por ser duas produções distintas e com títulos próprios e o que se vê em Guerra Infinita é a síntese disso. Um filme próprio, com começo, meio e fim bem distribuídos. Além disso, ao término da produção, fica claro que o filme é sobre Thanos, algo que foi incrivelmente acertado, deixando a entender que o próximo será sobre a equipe.

    O sentimento que Guerra Infinita deixa é de alegria e dever cumprido, o que aumenta ainda mais a expectativa para o próximo filme que chega aos cinemas daqui aproximadamente um ano. Enquanto isso, ficamos no aguardo da San Diego Comic Con em julho, que pode trazer as primeiras imagens e informações da misteriosa conclusão da história.

    Texto de autoria de David Matheus Nunes.

  • O que esperar de Vingadores: Guerra Infinita

    O que esperar de Vingadores: Guerra Infinita

    Queridos amigos, finalmente a hora chegou. O filme mais aguardado de 2018 e, talvez, da década, aqueleque celebra os 10 anos do Universo Cinemático Marvel – UCM, chega aos cinemas nesta semana. Vingadores: Guerra Infinita marca o final da “primeira perna” iniciada lá em 2008 com Homem de Ferro e desde então, o UCM trilhou um caminho de extremo sucesso com mais altos do que baixos, consagrando-se com filmes como o já citado Homem de Ferro, a primeira aparição dos Vingadores em tela, a grata surpresa chamada Guardiões da Galáxia, o ótimo Capitão América: O Soldado Invernal e, por último, Pantera Negra, o maior sucesso do estúdio.

    O objetivo da Marvel, desde o início, foi criar um universo coeso, dando espaço aos seus principais heróis, mas colocando algo maior como pano de fundo. E agora, olhando para trás, fica mais que claro que o plano era esse desde o início. E é isso que pode fazer com que Guerra Infinita seja considerado em breve o maior filme da história do cinema, tanto em termos de bilheteria quanto em termos de importância para a cultura pop mundial. Poderá representar para nossos filhos e netos o que Star Wars representou para nossos pais e para nós.

    Quando o “chefe” Kevin Feige anunciou durante um painel da San Diego Comic Con, em 2006, que em breve haveria um filme do Homem de Ferro e que mais adiante os fãs iriam ver os Vingadores juntos na tela grande, o sentimento era de desconfiança embora o público ali presente tivesse ido à loucura. A desconfiança vinha pelo fato de que tínhamos pouquíssimos filmes de heróis com qualidade, vide Superman estrelado por Christopher Reeve, o Batman de Tim Burton, O Cavaleiro das Trevas, de Christopher Nolan e, por quê não, Homem-Aranha, de Sam Raimi. Nessa lista, podemos citar também o primeiro X-Men, que estreou no final dos anos 90 e que marcou o início desse novo boom de filmes de heróis. Com isso em conta, o plano da Marvel era ambicioso e deu certo. E a fórmula, a julgar pelos personagens e histórias de Stan Lee e Jack Kirby era basicamente, transpor aquilo que estava nos quadrinhos para o cinema: personagens carismáticos, tom leve e cor, muita cor, tudo que a Disney (dona da Marvel) gosta. Então, o sucesso do estúdio se resume numa única palavra: merecimento.

    Ainda assim, acreditamos que nem só de merecimento e trabalho vive um filme. Obviamente, as pessoas tratam seus projetos como filhos e ali se investem muito dinheiro, muito trabalho, estresse, noites sem dormir e etc, sem contar que estamos falando da indústria do cinema, que infelizmente acaba por privilegiar cifras em vez de um bom entretenimento. É raro quando as duas coisas acontecem juntas. E para que Guerra Infinita seja um sucesso aos olhos dos fãs, o filme precisa ser bom e juntar num só escopo todos os heróis dos últimos 10 anos, somados com alguns dos principais coadjuvantes do universo. Um desafio absurdo, mas ainda assim, o filme poderá ter um saldo muito positivo. A partir daqui, vamos tratar de teorias de como será o enredo do filme. Vale destacar que este que vos escreve não leu absolutamente nada sobre o filme e o que for escrito aqui é o que poderá ou não acontecer, a julgar TÃO SOMENTE pelos trailers lançados.

    Os heróis não devem se encontrar durante o filme, ou caso se encontrem, a reunião deverá acontecer somente nos estágios finais da fita. É certo que os Guardiões da Galáxia irão interceptar os destroços da nave que transportava a nova Asgard, após os eventos de Ragnarok e que Thor (Chris Hemsworth) será resgatado. Loki (Tom Hiddleston), provavelmente será resgatado por Thanos (Josh Brolin) e se aliará novamente ao Titã Louco. Tanto Thor, quanto os Guardiões estão familiarizados com as Jóias do Infinito e isso, provavelmente, os obrigarão a ir atrás do Colecionador (Benicio Del Toro) em busca de alguma informação. Podemos chamar esse núcleo de Cósmico para facilitar um pouco as coisas deste grupo formado por Thor, Senhor das Estrelas (Chris Pratt), Gamora (Zoe Saldana), Mantis (Pom Klementieff), Drax (Dave Bautista), Nebulosa (Karen Gillan), Rocky (voz de Bradley Cooper) e Groot (voz de Vin Diesel).

    Na Terra é muito provável que os heróis resgatados pelo Capitão América (Chris Evans) ao final de Guerra Civil estejam operando na clandestinidade, justamente por serem foragidos e tomam conhecimento de que algo está acontecendo após Visão (Paul Bettany) sofrer um ataque dos filhos de Thanos, Corvus Glaive, Proxima Meia-Noite e Fauce de Ébano, o que obriga a equipe se dirigir até Wakanda em busca de algum auxílio. Vamos chamar esse núcleo de Vingadores Secretos e o grupo pode ser formado por Capitão América, Viúva Negra (Scarlett Johanson), Falcão (Anthony Mackie), Feiticeira Escarlate (Elizabeth Olsen) e Visão.

    Aí teremos um terceiro front, o de Nova Iorque, que será formado por Homem de Ferro (Robert Downey Jr), que estará usando a famosa armadura Bleeding Edge, que nos quadrinhos é construída com tecnologia Extremis, Doutor Estranho (Benedict Cumberbatch), Wong (Benedict Wong) e Homem-Aranha (Tom Holland).

    E aí você pergunta: mas e o Hulk? O papel de Bruce Banner (Mark Ruffalo) pode ser mais importante do que se imagina, uma vez que parece que será ele que fará o elo entre os 3 fronts. De alguma maneira, Banner cairá da Nova Asgard para o Sanctum Sanctorum, sendo o responsável por alertar Tony Stark e Stephen Strange da ameaça que está por vir. Assim, de alguma maneira, o front de Nova Iorque se unirá ao núcleo cósmico para enfrentar Thanos em algum local fora da Terra. E é aí que as coisas devem ficar interessantes. Será sensacional ver Homem de Ferro, Homem Aranha e Doutor Estranho interagindo com os Guardiões da Galáxia.

    Enquanto isso, novamente Banner será um mensageiro, indo até Wakanda, alertar sobre o perigo iminente os Vingadores Secretos que ganharam a adição do Soldado Invernal (Sebastian Stan), Máquina de Combate (Don Cheadle), Pantera Negra (Chadwick Boseman), Shuri (Letitia Wright) e Okoye (Danai Gurira).

    Acreditamos que será basicamente esse o cenário de Guerra Infinita e é muito provável que heróis como Gavião Arqueiro (Jeremy Renner), Homem-Formiga (Paul Rudd) e Vespa (Evangeline Lilly) não apareçam, ou caso ocorra, a participação em tela deva ser bem reduzida. De qualquer forma, a participação desses heróis terá muita importância em Vingadores 4, o que leva a crer que eles, talvez, possam aparecer junto da Capitã Marvel (Brie Larson), ou em alguma situação que remeta à heroína, numa cena pós-créditos.

    De qualquer forma, reunir essa quantidade de personagens em cena, com diversos protagonistas, não deve ter sido uma tarefa fácil para os Irmãos Russo e para os roteiristas Cristopher Markus e Stephen McFeely e demais membros da absurda produção. Por conta disso, é possível que seu herói predileto, infelizmente, tenha uma participação que não lhe agrade, mas creio que todo mundo trabalhou para que ninguém ficasse sem o seu momento.

    Por enquanto o que nos resta é aguardar só mais um pouco para assistir parte da história do cinema sendo feita. Avante, Vingadores!

    Texto de autoria de David Matheus Nunes.

  • Crítica | Capitão América: Guerra Civil

    Crítica | Capitão América: Guerra Civil

    Capitao America - Guerra Civil

    O mundo tem se tornado um lugar cada vez mais complexo, embora menos violento, fazendo com que a tomada de decisões se torne uma função cada dia mais ingrata. Se antes era fácil decidir o que era certo e o que era errado, hoje a matiz se diversificou.

    Após o final da Segunda Guerra Mundial, o cientista Oppenheimer fala a público sobre sua participação no Projeto Manhattan (que formulou as bombas jogadas em Hiroshima e Nagasaki). Com amargura, cita Bhagavad Gitá e o texto Mahabarata da cultura Hindu, quando Vishnu tenta convencer o príncipe a cumprir seu dever, e para impressioná-lo assume sua forma com múltiplos braços: “Agora eu tornei-me a morte, a destruidora de mundos”. Já a visão de parte da tripulação do avião que carregava as bombas atômicas, endossada pelo presidente Truman, era “Eu estava obedecendo ordens. Eu fiz o meu dever”. Escolher o argumento do dever é escolher não conviver com a culpa e a responsabilidade, um mecanismo de defesa frequente no qual se convence que não teve escolha. Em uma visão quase romântica, que só poderia ter sido assim, tal como foi. Exatamente qualquer ato malévolo pode ser igualmente reduzido apenas ao cumprimento do dever, isso, porém, não dissolve as questões éticas e atemporais da maldade. Este tipo de reflexão é crucial para evitar que épocas fascistas de nossa história não sejam hoje vistas com romantismo imaturo ou postura blasé.

    Capitão América: Guerra Civil tem início com o grupo dos Vingadores já estabelecido como uma força civil de combate ao terrorismo em diversos países do mundo sem obedecer fronteiras. Com incidentes recorrentes, como os que se deram em Vingadores: Era de Ultron e a falta de participação de governos nas decisões do grupo, surge o medo de o que é se viver num mundo onde se tem heróis fantásticos. Após uma missão frustrada na Nigéria surge o apelo pela responsabilização dos Vingadores em seus atos, quando entra em ação o então secretário de defesa General Ross (vivido Willian Hurt aqui e em O Incrível Hulk) com a missão de colocar os Vingadores sob sua tutela, e assim obedecer as ordens do conselho de segurança da ONU. Ao trazer a questão para o mundo real, ações moralmente duvidosas como o uso de drones para julgar e executar criminosos no oriente médio recebem aceitação popular simplesmente por estarem atreladas a um governo, mas seriam seriamente repreendidas caso viessem da sociedade civil.

    Vivemos em uma época de prosperidade, mas em cuja inocência se extinguiu. Não é mais possível comprar um item sem sequer estar compactuando com trabalhos escravos, exploração da natureza, ou com o terror em países abandonados à própria sorte.

    Steve Rogers (Chris Evans) une todos esses paradoxos em si. Um homem profundamente solitário que busca lutar pelo coletivo. Descrente de instituições em uma visão foucaltiana, que considera as instituições como naturalmente perversas, compreende que o mundo é obscuro e não há inocência na mais simples ação, mas também acredita poder saber o que é o certo e o que é o errado, sem precisar democratizar suas decisões. Tony Stark (Robert Downey Jr, em uma interpretação muito mais sensível que em suas outras aparições) da mesma forma usa seu ego e genialidade para moldar o mundo à sua imagem e semelhança, como um construtor moderno, um futurista que, pela potência de suas ações, faz o mundo se curvar para elas. Repetidamente se observa Stark, assim como Vishnu, tornar-se o destruidor de mundos.

    A incapacidade de ter certezas e a impossibilidade de não agir destrói o interior desses dois personagens, que no fundo veem a tentativa de controle como uma forma de evitar a profundeza de suas consciências e, assim, lutam para garantir algum propósito a suas existências.

    Os irmãos Russo, diretores de Capitão América 2: O Soldado Invernal e dos próximos Vingadores, conseguem discutir estas questões sem dar respostas, a não ser a de que é necessário cuidado ao se entregar por completo a uma crença, ou a corrupção e destruição serão o próximo passo. Distante de criar uma dicotomia fácil, buscam tornar crível o embate entre ao dois lados liderados por Capitão América e Homem de Ferro, ao desenvolvê-lo tão humano quanto possível. A referência aqui é Hamlet, de William Shakespeare, primeiro homem moderno da literatura, que no confronto com a morte diante da caveira questiona sua própria existência e aquilo que se é. Capitão América se torna, assim, o príncipe confuso e amargurado, mas de bom coração e ideais tão robustos quanto falhos, que se tornaria rei mesmo que ainda vivesse em uma casca-de-noz.

    Com uma melhora clara na direção com relação ao filme anterior, em belas cenas de câmera à mão e na opção por usar planos ligeiramente mais longos sem cortes aparentes em diversas cenas, o ritmo de Capitão América: Guerra Civil é impecável, embora o tempo de projeção seja sentido devido ao volume de informação. O trunfo para lidar com tantos personagens é fazer do antagonista uma face alternativa da moeda que será jogada, tornando-o mais um conceito do que um personagem. Tal aposta traz algo recorrente nos filmes do Universo Marvel: a falta de vilões poderosos e capazes de seduzir o espectador, compensada pela boa atuação e os ideais cativantes do Barão Zemo (Daniel Brühl em boa atuação). A impressão é que tudo é gerado pelo caos e aleatoriedade, mas cinema é narrativa, e mesmo que não seja a grande peça de cultura pop que foram outros filmes, claramente inferiores a este, essas opções elevam Guerra Civil como obra.

    Os irmãos Russo lidam bem com o desafio de balancear os protagonismos melhor do que ninguém, conseguindo tornar críveis as opções de roteiro que são puramente funcionais e, com a melhora na direção, as atuações se mostram acima dos diálogos eventualmente verborrágicos de filmes anteriores do Universo Marvel, e com alívios cômicos capazes de contribuir para a dramaturgia vista na tela.

    É o dilema filosófico clássico: uma ideia contra uma ação. O quanto um ideal se sustenta frente às questões práticas de um mundo onde tudo que se pode fazer é uma contenção de danos? De certo modo, o dilema é o mesmo mostrado em Batman vs Superman: A Origem da Justiça, ao mostrar heróis afogados pelo niilismo e em busca de sua própria humanidade, podendo refletir um caminho revisionista do super-herói no cinema — tal qual Deadpool, embora numa direção diferente. Em Guerra Civil, porém, o respiro alcançado é dado de maneira mais carismática e redentora que na obra da DC Comics / Warner, alcançando a luz por meio do sacrifício daquele que é capaz de apanhar o dia inteiro por pura fibra moral, por aquele que prevê um mundo melhor aos seus filhos, pela nobreza herdada, ou pela simplicidade da ótica de um menino de 16 anos que passou a vida apanhando e hoje é capaz de fazer a diferença com seus dons. Com destaque para James Rhodes (finalmente bem utilizado), o Pantera Negra (Chadwick Boseman), Viúva Negra (Scarlett Johansson) e para o excelente Homem-Aranha/Peter Parker, os diversos personagens trazidos aqui são o fio de entusiasmo que faz com que se siga em frente sem perder seu caminho.

    Texto de autoria de Marcos Paulo Oliveira.