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  • Resenha | Capitão América: Branco

    Resenha | Capitão América: Branco

    A coleção das cores, projeto de Jeph Loeb e Tim Sale, retomando a origem de clássicos personagem da Marvel sob uma ótica sensível – a qual promoveu Demolidor: Amarelo, Homem-Aranha: Azul e Hulk: Cinza –, sofreu um longo hiato até o lançamento do quarto título, Captain America: White. As primeiras informações desta edição datavam de 2008 quando um número zero foi lançado e elogiado pela crítica. O longo período de espera gerou especulações de que a história nunca seria lançada. Finalmente, no final do ano passado, a série foi lançada nos Estados Unidos e, posteriormente, em março deste ano, ganhou um encadernado em capa dura.

    Captain America: White, ainda sem lançamento previsto no país, mantém o estilo narrativo da trilogia anterior, retratando o início de personagens consagradas, dessa vez, deslocando o epicentro dramático para uma relação distinta. Se as anteriores focavam em grandes amores do heróis, nesta trama é a amizade entre Steve Rogers e Bucky Barnes o destaque. No prefácio assinado por Christopher Markus e Stephen McFeely, roteiristas de Capitão América: O Primeiro Vingador, Soldado Invernal e Guerra Civil, os autores pontuam que a trama mantém a vertente de uma história de amor voltada para uma composição platônica, um laço de amizade perfeita criada em uma difícil época mundial.

    A trama se passa em grande parte na Segunda Guerra Mundial, época em que Capitão América se tornava um representante do ideário americano na guerra como símbolo de força. Após o orfão Bucky descobrir a identidade secreta de Steve Rogers, este o treina para torná-lo um ajudante e incentivo para que os jovens da época se alistassem na causa.

    A tônica narrativa enfoca uma época diferente e anterior daquela apresentada nas tramas de Demolidor, Homem-Aranha e Hulk, fundamentando a origem do primeiro vingador antes do período em que permaneceu congelado acidentalmente. O Branco do título pondera a tradicional batalha entre bem e mal, fator aparentemente explícito em uma guerra, e a dualidade de pensamentos opostos primários, sem uma matiz entre um e outro.

    Captain America - White - 01

    Steve Rogers se apresenta coerente como personagem, puro e motivado em fazer o bem. Um herói que retoma sua jornada a partir da amizade com Bucky e da dor de perdê-lo no mesmo acidente que congelou Rogers, um evento traumático ainda carregado pelo vigilante e, evidentemente, anterior às modificações realizadas por Ed Brubaker em sua revista. A relação entre Rogers e Bucky se estabelece com símbolo familiar, representando um irmão mais velho cuidando do mais novo. Figuras que transitam entre força, coragem e fragilidade. A pureza da narrativa não aborda nenhum contorno além dessa relação fraterna, nem mesmo configura como absurdo o fato de um adolescente ir ao fronte de guerra de maneira oficial, sancionada pelo governo.

    As cores de Tim Sale são trabalhadas de maneira diferenciada das obras anteriores. Se elas tinham possíveis cores em destaque, resultando em quadros monocromáticos ou com poucas cores, o branco não se desenvolve da mesma maneira. Optou-se pelo uso de tons claros, mantendo uma escuridão aparente de um universo oprimido pela guerra mundial. Destaca-se o vilão Caveira Vermelha, feito com precisão entre uma caricatura em traços levemente exagerados, mas que se encaixa na visão realista da trama e demonstra como o lado “negro” da guerra seria, naturalmente, exagerado e vilanesco. No roteiro, há mudanças significativas devido ao fato de que Loeb modificou seu estilo narrativo, principalmente após o falecimento precoce do filho. De fato, o autor afirma que parte do desenvolvimento entre Rogers/ Bucky foi baseada na amizade com o filho. O sentimento de perda ainda se destaca pela presença da morte e da culpa como carga dramática.

    Modificando o enfoque narrativo, Captain America: White se revela um exercício interpretativo coerente com a origem e desenvolvimento de Capitão América. Mas não resulta em uma história grandiosa, em parte porque a origem da personagem foi recontada diversas vezes em boas versões anteriores, além da dinâmica do projeto que, ao ser coerente e manter a mesma vertente, perde uma abordagem inédita.

    Captain-America-White 01

  • Resenha | Hulk: Cinza

    Resenha | Hulk: Cinza

    Após um retorno ao passado sob vertente sentimental de dois heróis populares da Marvel Comics, Demolidor e Homem-Aranha, personagens centrais de Demolidor: Amarelo e Homem-Aranha: Azul, os parceiros Tim Sale e Jeph Loeb dão continuidade à série das cores em uma história que, até ano passado, figurava como o último volume de uma trilogia, agora ampliada com Capitão América: Branco.

    Lançado em 2003 em seis edições, Hulk: Cinza demonstra um equilíbrio narrativo entre as duas histórias anteriores. É perceptível que erros e acertos foram ponderados para compor essa trama, que repete o mesmo estilo memorialista narrando a origem fundamental do Golias Esmeralda. Diferentemente das anteriores, em que havia um interlocutor oculto representando parte da memória das personagens, Bruce Banner dialoga com seu psiquiatra, ponderando os acontecimentos do passado e analisando breves intervenções do analista.

    A inserção de um personagem que dialoga com o narrador é uma boa escolha para se diferenciar das tramas anteriores. A composição de Hulk se apoia no paradoxo entre inteligência versus brutalidade, um fardo que faz com que seu alter ego carregue alta carga de culpa. A trama acompanha linearmente os primeiros momentos de Banner ao se transformar nesta forte criatura, apresentada aqui de maneira primitiva e com uma psiquê infantil, adquirindo um tom sensível sobre um monstro que desconhece a si mesmo e os motivos de sua existência. O analista serve de contraponto para Banner, dando-lhe uma nova dimensão de suas dores passadas.

    Não compreendendo o motivo do mundo tratá-lo com agressividade, Hulk se preocupa somente com Betty Ross, alguém que, em sua psicologia, merece ser protegida a todo custo. Como a história aborda os primeiros dias após o acidente que propiciou sua origem, a ação é bem concentrada neste período temporal específico, sendo a obra mais metafórica das três incursões da dupla até então. Não há um grande aprofundamento psicológico como nas anteriores, em que o lado sensível e sentimental se destacavam, principalmente porque Loeb demonstra conhecer a personagem, identificando que, neste primeiro momento, não haveria base para um aprofundamento dramático. O paralelo traçado pelo Banner narrador ao retomar sua história inicial é suficiente ao colocar a culpa como arrependimento e dialogar com sensações básicas e primitivas dos seres, como amor e raiva. Estruturalmente, a trama é simples, sem um desfecho bem delineado, soando como uma saída fácil para finalizar a história.

    A falta de aprofundamento, ainda que coerente com o conceito proposto, distancia-se brevemente de Amarelo e Azul anteriores. Motivo que faz Hulk: Cinza ser a obra menos destacada entre as três. Apesar da boa tônica narrativa com alta carga simbólica e a composição visual perfeita graças ao talento de Tim Sale, há um senso de incompletude no desfecho, como se fosse encerrado às pressas, sem planejamento adequado.

    Hulk - Cinza - Tim Sale - 01

  • Resenha | Homem-Aranha: Azul

    Resenha | Homem-Aranha: Azul

    Homem Aranha - Azul

    Um ano após a bela história de Demolidor: Amarelo, a dupla Tim Sale e Jeph Loeb davam sequência a sua trilogia de cores na Marvel Comics, enfocando novamente o passado de um grande personagem da casa. Diferentemente da primeira história que partia de um acontecimento traumático recente, em Homem-Aranha: Azul – lançado na época pela Panini Comics e relançado em capa dura na Coleção Graphic Novels Marvel da Salvat – é o aniversário da morte de Gwen Stacy que motiva Peter Parker a relembrar os fatos.

    Em estilo semelhante ao anterior, o aracnídeo também dialoga diretamente com uma personagem que saiu de cena. Porém, a carta da primeira história escrita para Karen Page é substituída por um registro oral feito através de um antigo toca-fitas encontrado no sótão no Dia dos Namorados. É neste cenário que Peter narra sua relação com Stacy, o interesse amoroso por Mary Jane e diversos vilões que se apresentam nestes acontecimentos.

    A trama é desenvolvida de maneira mais linear sem enfocar aspectos diversos da personagem. O roteiro se baseou nas tramas de The Amazing Spider Man #40 a #48 e #63, inserindo diversos ataques de vilões que seriam orquestrados por Kraven, o Caçador. A reformulação destas histórias causou excesso de personagens e, mesmo que simbolize a difícil vida de Peter Parker como herói e alter-ego, o conflito amoroso entre as duas mulheres de sua vida seria forte o suficiente. Diante de muitas cenas de ação, a vertente sensível se perde e chega a quebrar o ritmo deste recordatório. A arte também se apoia em traços anteriores da personagem, em uma clara homenagem a John Romita Sr., pontuando a composição imagética de sua época em uma lembrança que serve para a recordação do leitor desta fase.

    Conforme a ação cede para um maior aprofundamento no embate amoroso vivido entre o triângulo de personagens centrais, a história cresce em sua metade. O enfoque sentimental ganha mais força no luto de Parker e demonstra a intenção dessa releitura e a importância que Gwen Stacy teve para o jovem, tanto como primeiro laço amoroso de sua trajetória como em relação ao peso de se sentir responsável pela sua morte, provocada pelo Duende Verde.

    Mesmo dando sequência a um interessante projeto, baseado nos primórdios de seus heróis, a inevitável comparação de Homem-Aranha: Azul com o primeiro e intocável trabalho se sobrepõe naturalmente. A história se mantém equilibrada, ainda que a homenagem e o enfoque simultâneo no enlace amoroso e nos vilões tenham diminuído o impacto sensível da trama, resultando em uma edição não tão definitiva quanto a anterior.

    Compre: Homem-Aranha: Azul (Salvat)

    Homem Aranha - Azul - 01

  • Especial | Demolidor

    Especial | Demolidor

    Demolidor Especial

    Criado por Stan Lee e Bill Everett, Demolidor, O Homem Sem Medo, fez sua estreia em abril de 1964, em Daredevil #1, e desde então, permanece como um dos principais personagens urbanos da editora. Na época de seu lançamento, o personagem se destacou entre as diversas criações da Marvel ao escolher como alter-ego um homem cego, conquistando leitores e ganhando status de representante dos leitores cegos que o admiravam pela força de superar problemas.

    Representante da faceta urbana do estúdio, Demolidor é um herói solitário. Trabalha sempre a favor da Cozinha do Inferno e raramente participa de grandes grupos. Um isolamento que proporciona um senso de urgência em suas histórias. Alguns períodos se destacam em sua trajetória, entre eles as fases de Frank Miller e Ann Nocenti, responsáveis por desenvolver bases importantes para a personagem, como também outros roteiristas como Brian Michael Bendis, Ed Brubaker, Karl Kesel, DG Chichester e Kevin Smith desenvolveram uma visão realista da personagem em tramas que situavam tanto o herói quando o alter ego Matt Murdock. Em seguida, coube a Mark Waid dar um novo tom ao personagem, em uma elogiada fase que voltava a uma faceta aventureira e mais bem-humorada que remetia as fases  clássicas de Marv Wolfman e Gerry Conway. O Homem Sem Medo se mantém coeso, com grandes momentos nos quadrinhos.

    Quadrinhos

    (1964 – 1965) Biblioteca Histórica Marvel: Demolidor – Volume 1
    (1979 – 1971) Demolidor – Por Klaus Janson e Frank Miller – Volume 1
    (1981 – 1982) Demolidor – Por Klaus Janson e Frank Miller – Volume 2
    (1993) Demolidor: O Homem Sem Medo
    (2001) Demolidor: Amarelo (Jeph Loeb e Tim Sale)
    (2001) Demolidor: Revelado (Brian Michael Bendis e Alex Maleev)
    (2004) Mercenário: Anatomia de Um Assassino
    (2009) Demolidor Noir
    (2011) Demolidor #1 (Mark Waid)
    (2011) Demolidor #2 (Mark Waid)
    (2011) Demolidor #3 (Mark Waid)
    (2012) Demolidor – Fim Dos Dias

    Filmes e Seriados

    (2003) Demolidor – Versão do Diretor
    (2015) Demolidor 1ª Temporada
    (2017) Os Defensores 1ª Temporada
    (2018) Demolidor – 3ª Temporada

    Podcasts

    VortCast 05 | Filmes da Marvel
    VortCast 22 | Ben Affleck
    Agenda Cultural 53 | Angeli, Demolidor e Guerra Mundial Z

  • Resenha | Demolidor: Amarelo

    Resenha | Demolidor: Amarelo

    Demolidor - Amarelo - Tim Sale Jeph Loeb

    Diante de grandes publicações, a dupla Tim Sale e Jeph Loeb se tornou uma representação contemporânea de parceria de sucesso nos quadrinhos. Iniciada na DC Comics, em histórias solos que compuseram a coletânea Dia das Bruxas, a equipe produziu grandes narrativas fechadas focadas em aspectos distintos de personagens do estúdio, como O Longo Dia das Bruxas e Vitória Sombria para Batman e As Quatro Estações para Superman. Na Marvel, desenvolveram uma trilogia de cores – agora acrescida de uma nova aventura com Capitão América – retomando a origem fundamental de três personagens e compondo uma trama sentimental e dramática sobre suas trajetórias.

    Em geral, as narrativas de cores formadas por Demolidor: Amarelo, Homem-Aranha: Azul, Hulk: Cinza e o recém-lançado Capitão América: Branco, retornam ao início das personagens, a partir de definições feitas por Stan Lee, para uma história de cunho mais pessoal, centrada em acontecimentos chave, narrados pela própria personagem. Trabalhando com um histórico de acontecimentos, a trama vai além de uma releitura de fatos, reordenando, com qualidade, as tensões da biografia do herói em uma nova visão.

    Demolidor: Amarelo foi o primeiro destes lançamentos em uma minissérie em seis edições publicada originalmente entre 2001 e 2002. No país, três edições foram publicadas com toda a série, no formato Panini, maior do que o americano. Loeb reordena o passado de Matt Murdock a partir de acontecimentos recentes da personagem. Assim, dialoga tanto com um drama atual das histórias como retoma seus primeiros dias. O ponto de partida se situa na morte de Karen Page, um acontecimento narrado por Kevin Smith em Demônio da Guarda, primeira história do Volume 2 de Daredevil. A narração é composta por uma carta escrita para a falecida Karen, repassando os primeiros momentos em que tiveram contato em uma época a qual o Homem Sem Medo ainda utilizava o manto amarelo em homenagem ao pai – um figurino modificado a partir de Daredevil #8, em agosto de 1965, o que prova a abordagem em momento precoce na carreira.

    A releitura adquire maior cunho dramático, perpassando acontecimentos do início da carreira, revivendo o trauma de outra namorada perdida. Ao dialogar com um personagem morto, a carga dramática se eleva e produz uma composição sensível que corrompe a estrutura de um herói perfeito. A morte nas tramas de Murdock sempre desenvolveram um conceito trágico na personagem, e o efeito causado por ela, sempre realista, é apoiado em dor e luto. O que o mantém como um representante heroico é a forte personalidade e o senso de obrigação moral de fazer o bem. Feitos que se sobrepõe e sempre abrandam as perdas violentas de Murdock desde a infância com a morte do pai, um traço psicológico que, desde sua fundamentação, foi inserido com precisão.

    Loeb  e Sale trabalham em sincronia, entrelaçando roteiro e imagens, desenvolvendo uma obra que ambos os aspectos se completam. Loeb inicialmente desenvolvia os roteiros com sugestões para o desenhista que expandia as informações, melhorando a visão artística em belos quadros. A edição também apresenta um novo estilo de colorização por computador, a partir das imagens preto e branco de Sale.

    Cada capítulo retoma um aspecto diferente da vida de Murdock explorando a trajetória anterior, os momentos iniciais, a luta com os primeiros vilões, o amigo Foggy Nelson e a tensão amorosa existente entre ambos na relação com Karen Page. Uma retomada memorial que adquire tom pessoal em uma estética impecável, homenageando artistas que passaram pela primeira longeva série da personagem encerrada em Outubro de 1998 para um novo grandioso inicio com Smith que se manteve em qualidade com David Maack, Brian Michael BendisEd Brubaker, Andy Diggle e Mark Waid nos roteiros.

    Demolidor: Amarelo nunca foi relançado no país e se trata de uma história cuja reedição é necessária, pelo bom conteúdo além do natural pedido dos leitores, ainda mais considerando o novo formato estabelecido pela editora em edições capa dura. Nos Estados Unidos, há tanto uma reedição solo quanto uma contendo as três histórias, uma edição defasada devido ao lançamento de Capitão América.

    Daredevil - Yellow - Tim Sale

  • Resenha | Batman: Vitória Sombria

    Resenha | Batman: Vitória Sombria

    Vitoria Sombria - capa

    De tempos em tempos, alguns artistas se sobressaem dentre os demais, entregando grandes histórias que certamente serão lembradas por muitos leitores. Vitória Sombria é um desses casos, recebendo um merecido Eisner Award de melhor álbum republicado em 2002.

    Com texto de Jeph Loeb e arte de Tim Sale, Vitória Sombria foi lançada originalmente em treze edições como uma sequência direta de O Longo Dia das Bruxas, da mesma dupla de artistas. O lançamento nacional demorou a ocorrer, sendo anunciado pela Abril Comics por duas vezes, mas chegando ao Brasil apenas em 2003 nas mãos da Panini Comics. Quase dez anos depois, chega às livrarias uma edição reunindo a minissérie em um merecido encadernado de luxo.

    A história se passa logo depois do fim de sua antecessora, e mostra um pouco do que a cidade de Gotham se tornou com a morte do chefão Carmine Falcone e a prisão de seu filho, Alberto, descoberto como o assassino Feriado em O Longo Dia das Bruxas. O crime organizado está desmantelado e todos os “vilões-aberração” do Morcego estão no Arkham.

    O cenário parece promissor; no entanto, uma nova promotora chega à cidade e consegue a libertação de Feriado, alegando que a prisão teria sido ilegal, já que violou seus direitos civis com o uso excessivo de força por parte de Batman. Além disso, uma rebelião eclode dentro do Asilo Arkham, libertando seus principais internos. No meio disso tudo, o chefe de polícia aparece enforcado, trazendo um bizarro jogo da forca que será repetido em outras vítimas, todas policiais, ao longo da narrativa. Se isso já não fosse o bastante, Batman não aceita bem o fato de Harvey Dent ter se tornado o Duas-Caras e se isola cada vez mais na escuridão.

    BatmanDarkVictoryBk11-23

    Estas tramas paralelas vão se encaixando umas nas outras a cada capítulo e dando forma ao quebra-cabeça proposto pelo autor. Loeb conduz um thriller policial com extrema competência, suscitando diversas dúvidas no leitor sobre quem está por trás dessas mortes. Os inúmeros personagens colocados na trama são bem desenvolvidos, tendo importância direta nela. As nuances contidas em cada personagem são extremamente bem desenvolvidas, deixando exposto o quão falíveis são cada um deles, como é o caso de Gordon, Dent e o próprio Batman. Algo que serviu de influência para o que veríamos em O Cavaleiro das Trevas, de Christopher Nolan, em 2008.

    Assim como grandes obras do cinema que mostram o seio de uma organização mafiosa, como é o caso de O Poderoso Chefão, Vitória Sombria não deixa nada a desejar, trazendo várias semelhanças entre elas, nada propositais, de acordo com os autores. Loeb leva a decadência da cidade de Gotham às últimas consequências, assim como Coppola faz o mesmo em O Poderoso Chefão 2. A arte de Tim Sale expressa esse submundo como ninguém, com um apreço ao trabalho de sombras, e, claro, as cores de Gregory Wright.

    Vitória Sombria está no rol de grandes histórias do Morcego. A construção narrativa e o desenvolvimento de personagens de Loeb, aliados ao traço de Tim Sale, tornam esta HQ imprescindível para os amantes de quadrinhos e de romances policiais.