Tag: Klaus Janson

  • Resenha | Justiceiro: O Homem da Máfia

    Resenha | Justiceiro: O Homem da Máfia

    Na década de 90, o Justiceiro, um dos paladinos da Marvel Comics, atingiu o ápice de sua popularidade. Desde a minissérie Círculo de Sangue, resgatando o personagem criado como um coadjuvante na revista do Homem-Aranha, o vigilante ganhava cada vez mais leitores e, por consequência, novas revistas: The Punisher foi lançado em 1987 e The Punisher: War Jornal no ano seguinte.

    Não bastando o lançamento consecutivo de suas edições mensais, uma terceira foi colocada no mercado apenas três anos depois. Lançada em 1992, The Punisher: War Zone continuava a explorar a recente credibilidade da personagem, ainda que em 1995, o Justiceiro entraria em declínio com todas revistas canceladas pela editora. Mesmo se tratando de um material inicial da personagem, a série foi lançada no país com poucas edições em formatinho. O primeiro arco intitulado O Homem da Máfia reúne as seis primeiras histórias e foi publicado no país em 1995, em Grandes Herois Márvel nº50, seguindo a tônica da editora em redesenhar alguns quadros e cortar algumas páginas do original.

    O time que assina a trama é de peso. Chuck Dixon nos roteiros, John Romita Jr. Nos desenhos com Klaus Janson que trabalha com a personagem anteriormente em The Punisher, na arte final. Na Trama, Frank Castle prossegue com sua cruzada contra o crime. Para destruir a família de mafiosos Carbone, infiltra-se como um capanga dentro da equipe. Em paralelo a essa trama, o hacker Micro (visto recentemente na série homônima da Netflix), insatisfeito com os métodos do vigilante, decide abandoná-lo como parceiro.

    Como desenvolvido desde a citada saga Círculo de Sangue, Justiceiro é um antiheroi impiodoso. A aplicação da violência nos quadrinhos sempre é imaginada como um fato contemporâneo, porém, mesmo se uma violência física explícita, é perceptível os métodos da personagem. A diferença é que na época o estilo visual era diferente. Neste caso, marcado por um excesso de cores se comparado com a paleta atual mais sombria, principalmente nas histórias do personagem. A violência se mantém presente de qualquer maneira com o vigilante não poupando ninguém de sua jornada.

    Justiceiro – O Homem da Máfia é uma trama eficiente, demonstrando a sempre boa qualidade das histórias da personagem, principalmente quando o enfoque não explora nenhum fator comum do universo da Marvel, focando-se em uma narrativa realista na medida do possível em comparação a outros heróis da casa.

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  • Resenha | Cavaleiro das Trevas III: A Raça Superior #9

    Resenha | Cavaleiro das Trevas III: A Raça Superior #9

    (Atenção: a crítica a seguir comenta acontecimentos dos números lançados de The Dark Knight III: The Master Race. Se não quiser saber nenhuma informação a respeito, interrompa a leitura – mas retorne a ela após ter lido as edições).

    O desfecho de Cavaleiro das Trevas III: A Raça Superior mantém a narrativa em coerência com excesso de anti-clímax. Uma característica preponderante na nova empreitada de Frank Miller, em parceria com Andy Kubert, no (outrora) brilhante universo criado em 1985.

    O último número, novamente, contraria o leitor, evitando qualquer cena épica para finalizar em grande estilo uma história arrastada. O grande embate com os kryptonianos é realizado sem urgência, como a ameaça de destruição mundial vinha sendo tratada nos últimos números. Mesmo retornando da morte, Batman é poupado por Superman, evitando outra morte. Miller ressalta a importância da existência de um homem-morcego mas, novamente, exagera ao extremo. Como a última parte da trama é narrada pelo próprio Cavaleiro das Trevas, há momentos de egocentrismo exagerado, ressaltando o herói como um personagem potente e necessário, até mesmo se vangloriando de sua capacidade física, comparando a violência como uma arte.

    Batman pode ter sido o herói que desencadeou a ação em diversos momentos como no início da história quando ameaçou os kryptonianos, bem como foi o responsável por resgatar o Azulão do exílio. Porém, é excessivo até mesmo para um personagem que, nos últimos anos, é um paradoxo de um humano comum dentro do universo DC, porém, quase invencível.

    Os outros heróis do panteão da Liga da Justiça que, aos poucos, reassumem seus mantos, não trouxeram nenhum acréscimo à trama. Mulher-Maravilha permanece em Themyscira; Lanterna Verde retorna somente para se vingar do grupo que lhe arrancou o braço com o anel e, por consequência, o poder. A cena é tão desproporcional que soa incoerente. Hal Jordan teve momentos de fraqueza, vide Crepúsculo Esmeralda, mas não é um personagem que age dessa maneira.

    Por fim, o desfecho derradeiro, o final da ação com os vilões, utiliza uma das saídas mais incômodas em qualquer estilo narrativo: o personagem que surge no momento certo para resolver o problema, um recurso conhecido como deus ex-machina. Após passar a história toda preso no mundo subatômico, Átomo retorna no momento e na hora certa para encolher os kryptonianos e encerrar a trama. Ou quase, o vilão Quar é poupado para que Lara tenha uma última cena, destruindo-o. O drama em potencial para a dúvida da personagem entre vilã e heroína foi construído a toa, com pouca evolução na história.

    Enquanto a série principal foi mediana do início ao fim, a história paralela configurou bons momentos. O último número apresenta Superman e a filha dialogando sobre o mundo heroico em uma espécie de síntese do que fundamenta o herói. A história e boa e poderia ser um bom ponto de partida da saga. Porém, ainda que exista uma lógica entre as ações da trama – Superman isolado, Lara voltando-se contra o seu povo – trabalhar com um cenário desolado de heróis para que Batman tivesse um destaque ainda maior se tornou inverossímil. Que tipo de heróis seriam esses que não reagiriam a um ataque de grande porte como o desenvolvido pela série?, o leitor pode se perguntar.

    A última página de ambas as histórias são emparelhadas, ambas mostrando mestre e pupilo como se dessem continuidade a cada herói em uma nova geração. A cena, por si só, é um clichê, ainda que uma daquelas cenas que sempre despertam certa emoção no leitor. Mas demonstra um esgarçamento tão grande na criatividade narrativa que: o de Batman bisa a famosa capa original do Cavaleiro das Trevas, a sombra do morcego diante de um raio, imagem reverenciada e homenageada em excesso em diversas e diversas recriações; e a de Superman finaliza com Lara colocando um óculos no rosto, simbolizando sua vontade de compreender as motivações do pai e assumindo o mesmo tipo de disfarce que Clark Kent usou em sua vida. Interessante, mas implausível. Bobo, na verdade. Prova apenas que a personagem não compreendeu nada do que observou durante a ação da trama.

    Anunciado com grande destaque, O Cavaleiro das Trevas – A Raça Superior foi divulgado como o retorno triunfal de Frank Miller em um universo consagrado. Aliado a outros grandes nomes da indústria dos quadrinhos, os leitores aguardavam uma trama que retomasse o melhor do Cavaleiro de 1985 e esquecesse os excessos da continuação. Mas não foi o que aconteceu. O resultado foi uma história alongada em demasia, exageradamente anti-climática e sem nenhum grande momento.

    Miller se saiu melhor nas histórias paralelas, bem como pareceu mais enfocado na crítica submersa da trama, analisando o extremismo religioso, do que na composição substancial d e uma boa história em quadrinhos. Sem dúvida, foi um grande título em vendas. O tempo reafirmará melhor a recepção desta série mas uma breve previsão: Cavaleiro das Trevas III será esquecido em pouco tempo.

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  • Resenha | Cavaleiro das Trevas III: A Raça Superior #8

    Resenha | Cavaleiro das Trevas III: A Raça Superior #8

    (Atenção: a crítica a seguir comenta acontecimentos dos números lançados de The Dark Knight III: The Master Race. Se não quiser saber nenhuma informação a respeito, interrompa a leitura – mas retorne a ela após ter lido as edições).

    Em Cavaleiro das Trevas III: A Raça Superior #07, tivemos o retorno de Bruce Wayne, após um brevíssimo período morto. Renascido no poço de Lázaro, o herói volta à ativa em perfeita forma, rejuvenescido. Um fator que poderia engatilhar, finalmente, o início do ato final da história mas, mais uma vez, o ritmo que domina a penúltima edição é o prolongamento desnecessário da narrativa.

    Engana-se quem pensou que haveria uma grande cena de ação neste número. Enquanto Themyscira é invadida pelos kryptonianos, Superman e Batman estão na caverna do morcego e chegam ao local somente no fim da batalha, quando parte do grupo foi derrotado e outra parte fugiu. Ou seja, todos o desenvolvimento da história até aqui, incluindo o lento reagrupamento dos heróis, não teve nenhum objetivo evidente. Tudo indica que haverá mais uma batalha na última edição e, com isso, finda-se a trama.

    Além de um argumento breve, estendido além do necessário, os erros na composição da narrativa são aparentes. Deixar todo o ápice para o último número é repetir um velho problema dos quadrinhos em que as histórias se encerram rapidamente por falta de um planejamento entre o que se pretende contar e o quanto de páginas estarão disponíveis para tal ato. Lembrando que somente durante o lançamento da série foi anunciado a ampliação da história para mais um número, inicialmente o enredo terminaria na oitava edição.

    A prova da escassez temática também se evidencia na história paralela. A trama é narrada pela comissária de Gotham, investigando uma cena de um crime realizado por uma nova geração de Coringas, comandado pela antiga capanga do palhaço, a nazista Bruno. Não há nenhum motivo para inserir qualquer elemento extra a esta altura da história, a não ser revelar a falta de tema do argumento central. O mais improvável, porém, é que Batman aparece em cena para ajudar a comissária como se não houvesse urgência no problema com os kryptonianos. Ainda que seja coerente a ajuda do morcego, as densidades dos problemas são desnivelados, diante de uma catástrofe mundial, porque não colocar outro herói em cena para esse momento? E, mesmo sendo uma história paralela, é evidente que ela segue a temporalidade da trama principal, ou seja, invalidando a possibilidade de ser uma ação realizada durante outro momento do universo de Cavaleiro das Trevas.

    Nesses prolongamentos desnecessários é que se observa o quanto A Raça Superior se tornou uma longa história com pouco argumento e, a essa altura, impossível de se salvar como uma boa revista. Mas, finalmente, depois de um hiato em número anteriores, chegou a hora do último e derradeiro capítulo final.

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  • Resenha | Cavaleiro das Trevas III: A Raça Superior #7

    Resenha | Cavaleiro das Trevas III: A Raça Superior #7

    (Atenção: a crítica a seguir comenta acontecimentos dos números lançados de The Dark Knight III: The Master Race. Se não quiser saber nenhuma informação a respeito, interrompa a leitura – mas retorne a ela após ter lido as edições).

    A morte de Bruce Wayne na edição anterior foi estabelecida como um gancho desesperado para trazer alguma ação a uma história com pouco desenvolvimento. Levado por Superman até um poço de Lázaro para ser revitalizado, tudo indica que agora o Cavaleiro das Trevas está apto para lutar contra a invasão kryptoniana de igual para igual, afinal, pelas cenas é possível imaginar que ele também foi rejuvenescido.

    O sétimo volume de The Dark Knight III: The Master Race mantém a narrativa lenta, focando no final da batalha com os kryptonianos como o único ato em cena, ao menos, apresentando outros personagens que foram brevemente citados. A principio, além de Superman e Batman, a história demonstra também a reação da nova Robin diante da vitória. Ao perceber a morte do mentor, abala-se mas logo parece admitir que o manto é maior do que um único indivíduo. Enquanto isso, Lanterna Verde continua sua peregrinação no deserto, observando o quanto se sentiu um deus ao possuir o anel e Átomo, ainda preso microscopicamente, procura uma maneira de retornar ao mundo visível. Enquanto Lara é julgada pelos kryptonianos devido a sua origem, metade marciana metade amazona. O mesmo argumento que proporcionou a discussão e batalha entre Diana e a filha na edição passada.

    A trama se encerra em uma emboscada, com os vilões atrás do outro filho de Clark, um bebê que vive aos cuidados das amazonas. Uma cena com certo impacto que pode apresentar um grande combate entre os dois guerreiros. Porém, considerando os números anteriores, qualquer desfecho bem realizado pode ser executado com pouca ação. De qualquer maneira, a Trindade parece finalmente reunida em cena, um fato sempre agradável de se ver nas histórias em quadrinhos. É nesta edição também que se lembram da ideia inicial de múltiplas vozes através da mídia e, mesmo que por poucas cenas, a imprensa e as comunicações virtuais reaparecem, dialogando com os fatos acontecidos. Uma ideia interessante, utilizada inicialmente nesta trama mas deixada de lado nos números posteriores.

    A segunda história vem mantendo bom destaque ao ser capaz de explorar os personagens secundários com maior adequação e aprofundando um pouco em sua trama pessoal, no momento em que acontece a ação da saga principal. Neste número, o enfoque retorna para Hal Jordan que reencontra seu anel e volta a se tornar um Lanterna Verde e ao Gavião-Negro e a Mulher-Gavião, observadores da ação envolvendo Hal.

    Após apresentar o retorno do Cavaleiro das Trevas, reassumindo seu posto como herói e um chamado informal aos diversos outros heróis do panteão da DC Comics, a história parece direcionada para o final, um impactante combate entre kryptonianos e amazonas. Mas, evidentemente, tudo em Raça Superior parece propositadamente anticlimático, sendo possível, ainda, um desfecho que não consagre, em nenhum momento, uma ação imediata. Porém, não há mais tempo para seus autores desenvolverem a trama de maneira pausada, faltam apenas dois números e, ao menos, espera-se uma boa realização final. A trama desse sétimo número conduz o leitor a um possível grande ápice, seria lamentável que não utilizassem a boa sustentação do suspense desta edição. Bruce Wayne está de volta e pronto para a batalha.

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  • Resenha | Cavaleiro das Trevas III: A Raça Superior #6

    Resenha | Cavaleiro das Trevas III: A Raça Superior #6

    (Atenção: a crítica a seguir comenta acontecimentos dos números lançados de The Dark Knight III: The Master Race. Se não quiser saber nenhuma informação a respeito, interrompa a leitura – mas retorne a ela após ter lido as edições).

    No sexto número de Cavaleiro das Trevas III: A Raça Superior, a narrativa continua com a mesma tônica dos números anteriores: lenta, desenvolvendo os acontecimentos de maneira ordenada, um a um, sem uma urgência necessária para a invasão kryptoniana apresentada. A ação adentra levemente a narrativa central após a execução do plano de Bruce Wayne em produzir uma chuva artificial de kryptonita em uma Gotham tomada pelos vilões. Enfraquecidos, os mocinhos ganham a primeira batalha, ainda que a situação, provavelmente, ganhe alguma reviravolta, afinal, ainda faltam quatro edições futuras já que a DC Comics anunciou no ano passado que estenderia a série até a nona edição.

    Novamente, Frank Miller coloca Superman como um coadjuvante. Seu retorno em potencial em The Dark Knight III: The Master Race #5que poderia realoca-lo como um salvador dentro do contexto, é rebaixado a uma única ação nesta edição. Se por um lado o autor tem um histórico de sempre destacar o Cavaleiro das Trevas em suas obras em detrimento a outros heróis do panteão do estúdio, a tensão da trama exige a participação de outros heróis. Até o momento, porém, a maioria tangenciam a trama.

    A esta altura, parece evidente que o roteiro é mais funcional como metáfora. Esqueça o desenvolvimento aparente da trama, ela é apenas sustentação para criticar o extremismo e apresentar a queda dos heróis, uma falência generalizada por personagens desencantados e a velhice de Bruce Wayne. Afinal, Batman parece o único que mantém a fibra em lutar, mas seu corpo está velho demais para combater o crime. O desfecho deste número ainda conduz o leitor para um dos ganchos mais comuns das histórias em quadrinhos: um ataque direto ao herói que, aparentemente, morre. Um apelo desesperado da trama para conquistar certo drama. Mas não funciona. Se a história foi desenvolvida até aqui segurando ao máximo a ação, a possível morte do Homem-Morcego demonstra apenas desespero dos roteiristas.

    Em contrapartida, a segunda história se desenvolve com maior qualidade ao explorar os personagens isoladamente. Dessa vez, Lara, a nova Robin e Mulher-Maravilha são os destaques. Alem do roteiro, Miller também assina os desenhos desta parte e ao apresenta duas batalhas, ao menos, injeta um pouco de ação em uma história lenta. A primeira delas entre Lara e a Robin e a segunda entre Diana e a filha. A Trindade parece, finalmente, estabelecida e ativa na trama, ainda que considerando o anticlímax do enredo, é possível que a Mulher-Maravilha ainda não apareça na história central.

    Com apenas três edições para o desfecho, a história poderia ser mais objetiva. Prolongada em excesso com diversos acontecimentos isolados, a obra parece se distanciar cada vez mais do consagrado universo de Cavaleiro das Trevas.

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  • Resenha | Cavaleiro das Trevas III: A Raça Superior #5

    Resenha | Cavaleiro das Trevas III: A Raça Superior #5

    Dark Knight III - The Master Race 5 - cover

    (Atenção: a crítica a seguir comenta acontecimentos dos números lançados de The Dark Knight III: The Master Race. Se não quiser saber nenhuma informação a respeito, interrompa a leitura – mas retorne a ela após ter lido as edições).

    Lançado em 29 de junho nos Estados Unidos, The Dark Knight: The Master Race #5 segue no anti-clímax estabelecido na edição anterior, The Master Race #4. Novamente, é necessário ponderar a intenção por trás dessa nova obra no universo de Cavaleiro das Trevas. Até esta edição, a simbologia da narrativa permanece superior ao próprio desenvolvimento e construção da história. É possível identificar que a batalha com a Raça Superior é metáfora sobre força e extremismo, a qual naturalmente a crítica associou a movimentos contemporâneos, principalmente no Oriente Médio. Porém, qual a superfície desta narrativa?

    Como Batman é personagem principal da trama, a edição apresenta uma distorção na história para que o herói se torne o centro da futura ação. Superman retornou de seu exílio na Fortaleza da Solidão, porém foi momentaneamente destruído – preso em matéria negra – pelos vilões; Flash aparece rapidamente na edição anterior e tem seus pés destruídos; Mulher-Maravilha continua em Themyscira; Lanterna Verde, ainda desaparecido após ter os braços decepados; e Átomo se mantém preso em nível atômico. Em resumo: tudo coaduna para que um velho e cansado Bruce Wayne assuma ativamente o plano para destruir a raça mestre dos kryptonianos. Porém, mesmo considerando as personagens desaparecidas, parece inverossímil que Superman aceite ser – momentaneamente – derrotado e que o Cavaleiro se torne a única força de resistência a ponto de ser ameaçado pelos vilões.

    Ainda que o plano executado tenha sido inteligente, provavelmente figurá em futuras listas elencando momentos em que Frank Miller reduziu a verossimilhança da trama para que a inteligência e perspicácia de seu herói se destaquem como supremas. O problema em utilizar tal recurso alimenta a dúvida de por qual motivo outros heróis continuam sem intervir diante de um grande problema como este? Os leitores reconhecem que em muitas sagas há a participação limitada de um grupo de heróis, porém a trama apresenta as personagens envolvidas nas histórias paralelas, mas ainda não as inseriu dentro da ação. Como metáfora sobre discussões atuais, é possível estabelecer bons parâmetros, no entanto a história em si continua caminhando devagar, alinhando personagens aos poucos sem nenhum ganho narrativo e, até agora, sem nenhuma ação de fato – a mudança mais significativa nesta parte é a promoção de Robin à Batgirl.

    É possível observar também como as mídias se entrelaçam nesta nova edição. Devido ao seu corpo velho e debilitado, Batman volta a utilizar a armadura vista no Cavaleiro das Trevas original, a mesma que foi homenageada em Batman vs. Superman: A Origem da Justiça. Uma sintonia proposital unificando os prováveis futuros leitores que adquirem esta obra em razão do filme.

    Neste número, há a terceira HQ desenhada inteiramente por Frank Miller, uma das aventuras que se passa de maneira paralela à trama central, lançada em um mini-gibi dentro das revistas. A personagem enfocada desta vez é Lara, filha de Clark Kent e Diana. Ainda que seja positivo observar que o autor se mantém na ativa com seus traços caracteristicamente desproporcionais, até mesmo esta trama – a qual normalmente é mais interessante que a principal – também pouco revela ao leitor, exceto o óbvio: o descontentamento da personagem ao acompanhar os kryptonianos e um futuro provável em que ela mudará de lado e lutará a favor de nossos heróis.

    Prologando em excesso o anti-clímax, Dark Knight – The Master Race #5 começa a incitar dúvidas sobre sua qualidade narrativa. Há uma base simbólica em demasia perante uma narrativa ainda diminuta, revelando a escassez da trama. O desfecho será realizado nas próximas três edições. Ainda há tempo para uma ação concreta que ao menos encerre com qualidade a trama.

    Dark Knight III - The Master Race 005 - 01

  • Resenha | Cavaleiro das Trevas III: A Raça Superior #4

    Resenha | Cavaleiro das Trevas III: A Raça Superior #4

    The Dark Knight III – The Master Race #4

    (Atenção: a crítica a seguir comenta acontecimentos dos números lançados de The Dark Knight III: The Master Race. Se não quiser saber nenhuma informação a respeito, interrompa a leitura – mas retorne após ter lido as edições).

    A nova empreitada de Frank Miller no universo de Cavaleiro das Trevas, agora com apoio narrativo de Brian Azzarello e traços de Adam Kubert e Klaus Janson, segue uma trama na qual grandes possíveis temas são apresentados enquanto há pouca ação desenvolvida. O anticlímax é o lema de The Dark Knight – The Master Race #4.

    Se considerarmos que estamos no meio da história, dividida em oito partes, é evidente que há um trabalho ativo na narrativa para conter a ação principal enquanto as personagens se alinham. Superman foi renascido na edição anterior; neste há mais um prelúdio de Mulher-Maravilha sugerindo que, finalmente, Diana entrará na ação.

    Até o momento, é perceptível que não se trata de uma nova história neste futuro provável de Batman, mas uma trama envolvendo todos os heróis de um panteão agora diminuto. Em outras palavras, um ataque tão violento por parte dos vilões que obriga os velhos vigilantes a reassumirem o manto e o antigo status quo. Aos poucos, a Liga se configura diante deste cenário caótico de uma Raça Mestre prestes a dominar o mundo, ainda que, neste momento, ela demonstre grande potencial destrutivo e uma paciência longa. Há duas edições, o grupo realiza ultimatos mundiais com horas de espera, justificativa para o retorno do grupo.

    É de se imaginar que o regresso heroico será poderoso e bem realizado, afinal, há apenas mais quatro edições, além das histórias paralelas, para que finalmente se desenhe o conflito. Pela seleção das personagens, parece que a batalha pretende ser épica. Parece improvável que os roteiristas desenvolvam um final anticlimático, principalmente porque Cavaleiro das Trevas 3 foi pensado como material mercadológico para os leitores e, naturalmente, eles desejam ver embates.

    Neste aspecto, entre progresso narrativo e anticlímax, a história paralela enfocando personagens específicos tem sido mais eficiente. Apesar de um provável gancho anterior com Hal Jordan, uma nova trama é apresentada, dessa vez focando na Batgirl. Uma boa alternativa para desenvolver novos papéis sem inflar a trama principal. Como, no entanto, a ação central ainda permanece lenta, o enfoque narrativo destes personagens tem sido mais atrativo.

    The Dark Knight III – The Master Race #4 demonstra a intenção de seus autores em alongar o suspense para uma futura ação derradeira. A expectativa permanece para que a série se consagre. Por enquanto, se mantém na média.

    Dark Knight III - The Master Race 4 - 1

  • Especial | Demolidor

    Especial | Demolidor

    Demolidor Especial

    Criado por Stan Lee e Bill Everett, Demolidor, O Homem Sem Medo, fez sua estreia em abril de 1964, em Daredevil #1, e desde então, permanece como um dos principais personagens urbanos da editora. Na época de seu lançamento, o personagem se destacou entre as diversas criações da Marvel ao escolher como alter-ego um homem cego, conquistando leitores e ganhando status de representante dos leitores cegos que o admiravam pela força de superar problemas.

    Representante da faceta urbana do estúdio, Demolidor é um herói solitário. Trabalha sempre a favor da Cozinha do Inferno e raramente participa de grandes grupos. Um isolamento que proporciona um senso de urgência em suas histórias. Alguns períodos se destacam em sua trajetória, entre eles as fases de Frank Miller e Ann Nocenti, responsáveis por desenvolver bases importantes para a personagem, como também outros roteiristas como Brian Michael Bendis, Ed Brubaker, Karl Kesel, DG Chichester e Kevin Smith desenvolveram uma visão realista da personagem em tramas que situavam tanto o herói quando o alter ego Matt Murdock. Em seguida, coube a Mark Waid dar um novo tom ao personagem, em uma elogiada fase que voltava a uma faceta aventureira e mais bem-humorada que remetia as fases  clássicas de Marv Wolfman e Gerry Conway. O Homem Sem Medo se mantém coeso, com grandes momentos nos quadrinhos.

    Quadrinhos

    (1964 – 1965) Biblioteca Histórica Marvel: Demolidor – Volume 1
    (1979 – 1971) Demolidor – Por Klaus Janson e Frank Miller – Volume 1
    (1981 – 1982) Demolidor – Por Klaus Janson e Frank Miller – Volume 2
    (1993) Demolidor: O Homem Sem Medo
    (2001) Demolidor: Amarelo (Jeph Loeb e Tim Sale)
    (2001) Demolidor: Revelado (Brian Michael Bendis e Alex Maleev)
    (2004) Mercenário: Anatomia de Um Assassino
    (2009) Demolidor Noir
    (2011) Demolidor #1 (Mark Waid)
    (2011) Demolidor #2 (Mark Waid)
    (2011) Demolidor #3 (Mark Waid)
    (2012) Demolidor – Fim Dos Dias

    Filmes e Seriados

    (2003) Demolidor – Versão do Diretor
    (2015) Demolidor 1ª Temporada
    (2017) Os Defensores 1ª Temporada
    (2018) Demolidor – 3ª Temporada

    Podcasts

    VortCast 05 | Filmes da Marvel
    VortCast 22 | Ben Affleck
    Agenda Cultural 53 | Angeli, Demolidor e Guerra Mundial Z

  • Resenha | Demolidor Por Frank Miller & Klaus Johnson – Volume 2

    Resenha | Demolidor Por Frank Miller & Klaus Johnson – Volume 2

    Demolidor - Frank Miller - Volume 2 - Panini Comics

    Após se responsabilizar pela identidade visual de Demolidor, Frank Miller assume também os roteiros e inicia sua revolução narrativa na história da personagem. Demolidor – Por Frank Miller & Klaus Janson – Volume 2 representa um dos ápices da composição do autor pelo título, destacando-se, sem dúvida, a morte de Elektra Natchios.

    O Volume 1 termina após uma história em três partes envolvendo um grande conflito entre O Rei do Crime e Demolidor. Nas cinco edições desenhadas e escritas por Miller, a personagem de Elektra surge, o Mercenário se envolve em um grande embate com o Homem sem Medo, e o Rei do Crime demonstra sua força como um vilão cerebral. Miller realiza desde o início um planejamento com o protagonista e, neste número, dá prosseguimento a histórias breves, desenvolvendo outros vilões, enquanto trabalha em paralelo com a presença de Elektra na cidade.

    Como o roteirista havia desenvolvido recentemente mudanças significativas no universo do herói, as tramas deste segundo volume se baseiam nestas circunstâncias anteriores, sem nenhum novo personagem como gancho. Há uma habilidade ímpar em conduzir o roteiro tanto em sua ação quanto no drama, uma agilidade que se equipara na composição dos quadros, nos desenhos e cores que evitam excesso de informação.

    Miller parece compreender Matt Murdock, tanto o herói quanto seus medos internos, oriundos da perda do pai e da visão na infância. Enquanto a cada edição desenvolve uma aventura específica, tangenciando o conflito com Elektra bem como a relação amigável entre dois personagens em lados opostos da lei, os medos inconscientes são explorados na trama, resultando em uma excelente história na qual Demolidor procura novamente Stick, após um acidente que o faz perder seu radar. O mestre conduz Murdock a um labirinto interno de culpas e dores, aspectos que seriam responsáveis por seu desequilíbrio. Uma narrativa que resume a trajetória do protagonista e demonstra como, por si só, a figura do advogado é trágica e carregada de bom material para uma trama.

    A amada Elektra permanece presente na maioria das histórias, mesmo quando não é personagem central. Inicialmente, age a favor do herói às escondidas, até ser contratada pelo Rei do Crime como sua nova assassina, já que Mercenário está encarcerado após um surto psicótico. Quando ela retorna à sociedade após uma fuga, o encontro de vilões resulta em uma das cenas mais clássicas da trajetória de Demolidor, uma morte causada por raiva pura, demonstrando que não há nenhuma psicologia por trás de Mercenário se não a loucura. Mesmo em batalha com uma ninja mortal, o roteiro desenvolve a luta de maneira crível, com subterfúgios que dão vantagem a cada um, equilibrando as cenas até a investida final.

    Explorando também o viés urbano e político, o Rei retorna em cena tentando eleger um prefeito corrupto, popular por conta de campanhas fraudulentas e um sistema de corrupção e lavagem de dinheiro. Tentando eliminar vestígios e provas do crime, cabe a Demolidor, com a ajuda do amigo jornalista Ben Urich, a investigação para derrubar o prefeito antes de sua eleição. A atenção equilibrada entre Murdock e Demolidor é evidente e demonstra a intenção do roteiro em nunca transformar a personagem central em um homem com uma única faceta. Ainda que em outros quadrinhos o herói se sobressaia, ambos os lados são fundamentais na história, tanto como base quanto em argumento para dramas diversos.

    Demolidor Por Frank Miller & Klaus Janson – Volume 2 mantém a qualidade narrativa em suas frontes e demonstra, mais uma vez, a importância de seus autores no cenário dos quadrinhos e diante desta grande personagem da Marvel. Um terceiro volume ainda será lançado, finalizando a primeira passagem de Miller na revista, um volume que se inicia colocando frente a frente o Homem sem Medo e Justiceiro, o embate central da segunda temporada da série da Netfix.

    Compre: Demolidor Por Frank Miller & Klaus Janson – Volume 2

    Demolidor - Miller Jansen - Vol 2

  • Resenha | Cavaleiro das Trevas III: A Raça Superior #3

    Resenha | Cavaleiro das Trevas III: A Raça Superior #3

    Dark Knight III - The Master Race 3 - cover

    (Atenção: a crítica a seguir comenta acontecimentos dos números lançados de The Dark Knight III: The Master Race. Se não quiser saber nenhuma informação a respeito, interrompa a leitura mas retorne após ter lido as edições).

    Após a interessante apresentação no primeiro número e um segundo volume desenvolvendo o argumento, finalmente, as personagens de The Dark Knight III: The Master Race se alinham dando inicio a derradeira narrativa. Mesmo em um futuro desolado, os heróis, considerados datados, ainda são uma representação ideal como último bastião da defesa mundial.

    A grande personagem do título entra em cena com maior propriedade. Mesmo combalido fisicamente, Bruce Wayne ainda retém a força do combate ao crime e decide, mais uma vez, assumir o manto de Cavaleiro das Trevas – seja ele literal ou apenas devido a potência de seu status – para combater a raça mestre, kriptonianos outrora diminutos vivendo em Kandor. Este volume é conduzido pela destruição mundial deste grupo que deseja subjulgar a Terra, sem nenhum plano além da dominação. Sob este aspecto, há um estranho paradoxo situando a composição desta história. Ela parece mais uma alegoria direta dos tempos contemporâneos – e escrita para causar este impacto –  do que uma trama que possui estrutura própria e, simultaneamente, dialoga com o tempo presente.

    Miller e Azzarello parecem partir dos noticiários para, então, compor os ganchos da história. A raça mestre de Kandor representa o extremismo do Oriente Médio, com direito a kriptonianos se transformando em homens bombas para destruir capitais importantes do país. A metáfora não parece sutil, mas Miller há tempos deixou as referências implícitas de lado, demonstrando claramente suas opiniões em suas hqs. A contraposição entre a tecnologia e a falta de integração social também se destaca em uma cena a qual o grupo de vilões destrói a cidade e toda as pessoas na cidade observam seus celulares. O momento escolhido para causar impacto dramático ocorre quando o grupo destrói um satélite local e o sinal da rede virtual cai. Causa estranhamento, principalmente, pela escolha ruim para promover um impacto e, possivelmente, um debate a respeito.

    De qualquer maneira, o número entrega cenas que o público espera, Wayne reassumindo o manto de Batman, em uma cena formatada para os fãs e o retorno de Superman, trazido pelo herói e o novo Robin de volta da Fortaleza da Solidão, local em que permaneceu desde os conflitos de Cavaleiro das Trevas 2. Há intensidade na jornada heroica de Wayne devido a força da personagem. Sua fragilidade é a novidade diante das diversas caracterizações anteriores.

    A segunda história tem Lanterna Verde como personagem central e, ao contrários das duas edições anteriores, não apresenta uma trama fechada. Narrado pelo próprio Hal Jordan, o herói também se identifica como anacrônico, porém, retorna a seu papel devido a um chamado da Terra pedindo ajuda. A trama é somente uma justificativa inicial para explicar porque, diante da presença dos vilões de Kandor, outros heróis não vieram ajudar Batman e Superman. Até o momento, Átomo foi desintegrado, Mulher Maravilha continua no Olimpo – provavelmente aparecerá no próximo número – e Jordan tem seu anel roubado por três mulheres no Oriente Médio em outro dialogo claro sobre a cultura local nos diálogos em que elas apontam a subserviência feminina.

    A vertente heroica é melhor composta do que a crítica social, ainda que nenhuma batalha tenha sido propriamente apresentada, levando ao ápice do que o público tradicionalmente reconhece como quadrinhos de heróis, a ação parece mais autêntica do que a crítica, ainda explícita em seu diálogo e, assim, vazia.

    Dark Knight III - The Master Race 3 - 01

  • Resenha | Cavaleiro das Trevas III: A Raça Superior #2

    Resenha | Cavaleiro das Trevas III: A Raça Superior #2

    Dark Knight III- The Master Race 2 - Cover

    (Atenção: a crítica a seguir comenta acontecimentos dos números lançados de The Dark Knight III: The Master Race. Se não quiser saber nenhuma informação a respeito, interrompa a leitura mas retorne após ter lido as edições).

    Após a expectativa de estreia de The Dark Knight III: Master Race, o segundo número da aventura escrita por Frank Miller e Brian Azzarello – em edição lançada em 23 de Dezembro nos Estados Unidos – prossegue desenvolvendo o argumento lançado no primeiro número, sem grandes revelações. Demonstrando que, além da concepção de um produto mercadológico, há a preocupação em compor uma história coesa dentro do universo de Cavaleiro das Trevas. A narrativa segue a estratégia de apresentar duas tramas em um único volume, uma concepção que centraliza a continuidade da ação na revista título e explora personagens em um argumento mais reflexivo, centrado em um personagem específico por edição, enfocando neste número Mulher Maravilha e o conflito com sua filha, Lara.

    O impacto final da parte anterior, revelando um novo Batman prossegue de maneira amena dois meses depois da prisão de Carrie. A comissárie Ellen Yindel tenta mais uma abordagem em um interrogatório e a personagem quebra o silêncio, revelando o paradeiro de Bruce Wayne, inicialmente preso a uma cama após uma batalha e morrendo ao lado da companhia da ex-Robin. Se a morte de Wayne se consolidar além de um despiste para o leitor, a obra se fundamentará com grandes personagens femininas assumindo o manto de dois grandes super-heróis, um dialogo coerente com a época presente em que ainda se discute a necessidade de equiparar a mulher e o homem dentro da sociedade e no trabalho. Porém, considerando os feitos do Batman de Miller, bem como sua coerente estratégia como personagem, não seria surpresa se o Homem Morcego driblasse o mito de sua própria morte e agisse somente como um mentor a partir de agora.

    Como especulado antes do lançamento da história, a Raça Mestre do título se refere a população engarrafada de Kandor. Grupo que retorna ao tamanho normal graças a um aprimoramento da tecnologia de Átomo / Eléktron e se revela parte de um plano de um líder para destruir a humanidade. O argumento que, provavelmente, reunirá os grandes heróis novamente.

    Na segunda narrativa deste número, Diana tem um confronto com sua filha, gerada em Cavaleiro das Trevas 2 com o parceiro Superman, que parece insatisfeita ao assumir o manto de heroína e de honrar sua tradição amazonas. Exibindo poderes e se equiparando a um deus, o embate entre sangue parece base fundamental desta história, bem como a contraposição entre heróis humanos e super seres.

    Se a primeira história apresentava os bons,  The Dark Knight: Maste Race #2 parece, em uma interpretação incompleta devido a leitura acompanhando o lançamento, desenvolver o lado dos vilões, estabelecendo não só um líder aparente, mas plantando a dúvida diante da filha de Kal-El e Diana. Sem arroubos, o segundo número mantem a tensão, estabelecendo as frontes para esta nova narrativa.

    Dark Knight III- The Master Race 2 - 2

  • Resenha | Cavaleiro das Trevas III: A Raça Superior #1

    Resenha | Cavaleiro das Trevas III: A Raça Superior #1

    The Dark Knight III - The Master Race - Cover 1

    Se situarmos somente as obras de Frank Miller sobre Batman, é notável o contato íntimo que o escritor tem com a personagem, sabendo estudar suas nuances com clareza e desenvolver histórias formidáveis. Desde seu primeiro roteiro do Homem-Morcego até os últimos lançamentos – considerando as obras de maior destaque lançadas, normalmente, como edições especiais ou minisséries – é possível traçar uma balança invisível que equilibra Cavaleiro das Trevas e Batman: Ano Um de um lado e Cavaleiro das Trevas 2 e Grandes Astros Batman do outro. Uma representação que demonstra que o autor teve altos e baixos utilizando a personagem, ainda que em maior ou menor grau seu Bruce Wayne sempre tenha sido o mesmo.

    Após uma sequência considerada péssima, em que a metáfora de Miller foi além da narrativa que desejava contar, a recepção do anúncio de um novo Cavaleiro das Trevas foi misto. Notícias diziam que a saúde do autor seria preponderante para esta nova narrativa; outros acreditavam que a história traria o autor a velha forma. Considerando que Cavaleiro das Trevas explorava criticamente a mídia, é interessante observar que Cavaleiro das Trevas III se apoiou na divulgação e em uma maciça publicidade com diversas capas variadas para promover seu sucesso antecipado.

    Lançado em 25 de Novembro nos Estados Unidos em edição física e plataformas Digitais, The Dark Knight III: The Master Race #1 é a primeira edição de oito apresentando uma nova aventura de uma visão futurista sobre um dos personagens fundamentais da DC Comics. Dessa vez, Miller assina o roteiro em parceira com Brian Azzarello, deixando os traços com Andy Kubert e as cores por Klaus Janson, um time de primeira linha – sem mencionar os diversos autores que desenharam artes alternativas para a capa – que demonstra o quanto a obra tenciona ser fundamental e comercial simultaneamente.

    Como lidamos com uma história seriada ainda em publicação, o primeiro número de The Master Race retoma a atmosfera das duas narrativas anteriores, estabelecendo sua trama. O roteirista mantém o diálogo com nosso presente e mantém sua proposta ao mostrar a mídia como  um importante instrumento de comunicação. Dessa vez, inicia sua narrativa por intermédio de uma conversa de mensagem instantânea, contextualizando a atual era de informação cujo diálogo e propagação de imagens acontece por intermédio da tecnologia. Nesta conversa entre dois amigos, há um registro fotográfico que flagra o retorno do Homem-Morcego. O início aponta a modificação contemporânea do poder midiático que perdeu a supremacia de monopólios para focar qualquer um que possa registrar um acontecimento e publicá-lo na rede. Diante deste cenário de retorno do lendário herói, três personagens se destacam nesta primeira edição: A Mulher-Maravilha,  a ex-Robin Carrie Kelley e a Comissária Ellen Yindel.

    Se Miller foi fundamental na modificação dos quadrinhos em anos passados devido a sua abordagem, a evolução narrativa dos quadrinhos e as influências de outros autores agora refletem-se em sua narrativa. Quando o Morcego retorna a Gotham e – em uma cena comum a muitos roteiristas do Morcego – foge da polícia, tanto os traços estilizados, bem emulados por Kubert, quanto o retorno mítico da personagem, trazem à tona outras versões da personagem, como a leitura de Paul Pope em Batman – Ano 100, obra que também observava um futuro para Batman. Uma confluência de referências naturais que serão lidas direta ou indiretamente por cada leitor.

    Esta primeira edição é composta de duas histórias. Além da primeira parte de Cavaleiro das Trevas III, uma trama escrita e desenhada por Miller com Elektro como personagem e narrador principal. Uma história que se entrecruza em seu final com a obra principal. Como enredo, a personagem analisa o fato de não ser um grande herói em comparação ao panteão da Trindade, em falas que parecem resvalar no próprio autor comentando sobre sua obra e erros e acertos de sua trajetória, ainda mais voltados à história de Cavaleiro das Trevas. A arte continua em boa forma, com os desvios de proporção e estética que popularizaram os traços do autor, causando estrahamento e, ao mesmo tempo, admiração.

    Mesmo que seja cedo para dar aval a sua nova obra, o início de The Dark Knight III – The Master Race desenvolve um bom argumento que anuncia uma história sólida com prováveis grandes conflitos. Se uma primeira parte de uma história é focada em captar o leitor e impressioná-lo, Miller, Azarello, Kubert e Janson cumpriram sua missão.

    A segunda parte da série será lançada em 23 de dezembro. Até o momento da composição desta crítica, os dados de vendas de novembro ainda não tinha sido divulgados, mas é evidente que o retorno de Miller a uma história clássica deve ter atingido o número um em vendas.

    Batman - The Dark Knight III - Frank Miller

  • Resenha | Demolidor: Fim Dos Dias

    Resenha | Demolidor: Fim Dos Dias

    Demolidor - Fim Dos Dias - Vol 1

    Lançado pela Panini Comics em dois volumes, cada um compilando quatro edições da minissérie, Demolidor – Fim dos Dias dá prosseguimento a “The End” da Marvel, apresentando um fim definitivo para grandes personagens em um futuro provável. Nessa edição, a obra sobre o fim do Homem Sem Medo reúne um grande time de roteiristas e quadrinistas, que passaram pelo título e se destacam entre as grandes fases da personagem. Brian Michael Bendis e David Mack assinam em conjunto o roteiro, enquanto Klaus Janson desenha e Bill Sienkiewicz se responsabiliza pelas cores. As capas principais são assinadas por Alex Maleev (que também é responsável por algumas páginas específicas da história), e há versões alternativas com Mack e Sienkiewicz. Um grupo excelente para a suposta última história de Matthew Murdock.

    O universo situado é um ambiente hostil em que a maioria dos heróis se aposentou ou retornou à vida normal. As grandes representações de outrora se tornaram subprodutos da indústria de marketing em lanchonetes e afins que utilizam os nomes da era heroica como razão para a credibilidade. A trama é narrada por Ben Ulrich, um dos personagens mais significativos na evolução da personagem, representando, simultaneamente, o homem comum e a força da imprensa, o quarto poder. O jornalista será responsável por uma reportagem final sobre o Homem Sem Medo, integrante da última edição impressa do Clarim Diário, jornal de J.J. Jameson que, mesmo resiliente, tirará seu jornal de circulação.

    Bendis e Mack sempre utilizaram em suas histórias a potência de Demolidor como um herói urbano, flertando com uma narrativa policial de crimes e contrabando. Novamente a estética policial é utilizada no enredo, dessa vez de maneira mais pura, com um mistério a ser desvendado por Ulrich. O repórter parte em uma jornada investigativa para descobrir por que, prestes a ser morto, Matt Murdock sussurrou a ele uma palavra desconhecida. A trama parte da mesma referência do clássico do cinema Cidadão Kane: uma figura notória da sociedade, prestes a morrer, diz uma palavra incompreensível e um repórter que, a partir de então, reconstrói a história desse personagem enquanto procura o significado desse último ato.

    A escolha de um viés policial como propósito narrativo é coerente e justifica a presença de grandes personagens do universo do protagonista: Elektra, Mary Tifóide, Justiceiro, Foggy Nelson, entre outros que recebem a visita do jornalista. Metódico e dedicado em sua reportagem, Ulrich busca informações de todos os associados conhecidos, conectando uma teia de personagens que, não fosse a estrutura de uma investigação, seriam presenças aleatórias dentro desta trama-homenagem.

    Em um início de alto impacto, com a luta derradeira entre Demolidor e Mercenário, Ulrich expõe a importância de Murdock como um justiceiro ao mesmo tempo em que estabelece a mudança em um mundo sem heróis aparentes. Será dele a função de transitar entre diversos amigos e vilões do Homem Sem Medo, colhendo dados e procurando informações que justifiquem a ausência de Murdock nos últimos anos e o porquê da palavra misteriosa.

    Antes de sua morte, Murdock havia estabelecido uma conduta diferente daquela conhecida pelos leitores, ultrapassando limites de sua jornada e, portanto, colocando em xeque sua função como vigilante. Um drama interno desenvolvido através do desgaste emocional extremo de anos em combate, além da redução das habilidades físicas após um longo período de intensa atividade física. A queda da personagem, desta vez eterna, simboliza a decadência do próprio conceito de herói e dialoga com a base argumentativa de Bendis dentro da Marvel, injetando um conceito realista com o qual assumiu o título de Demolidor e Os Vingadores.

    O ritmo narrativo se mantém na maioria dos oito volumes da série, mas o desfecho se revela levemente mais fraco do que o excelente início. Em parte devido às pistas que os roteiristas deixam no decorrer da trama, as quais um leitor mais atento percebe acompanhando a investigação ao lado de Ulrich (por consequência, tentando desvendar as pistas descobertas).

    O leve desequilíbrio entre começo e fim não reduz a qualidade da história. Fim do Dias é eficiente como narrativa final de um grande personagem, promovendo uma bela homenagem sobre sua trajetória, ao mesmo tempo em que transforma este possível fim em mais um momento para figurar nas listas de grandes histórias de Demolidor.

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    Demolidor - Fim Dos Dias - Capa Especial

  • Resenha | Demolidor Por Frank Miller & Klaus Janson – Volume 1

    Resenha | Demolidor Por Frank Miller & Klaus Janson – Volume 1

    Demolidor Por Frank Miller & Klaus Janson - Volume 1

    Antes da cidade do pecado, anterior à releitura sobre passado e um futuro possível para o Homem-Morcego, Frank Miller era um desenhista em início de carreira, trabalhando como freelancer para a Marvel e a DC Comics. Ao desenhar duas histórias para a revista de Homem-Aranha, recebeu certo destaque e aproveitou o prestígio dessas edições para pedir ao editor-chefe da Marvel na época, Jim Shooter, uma participação na revista de Demolidor, como desenhista. Em maio de 1979, chegava às bancas Daredevil #158, a primeira edição do Homem Sem Medo composta com os traços de Miller. Talvez nem mesmo o desenhista soubesse que essa edição seria o primeiro movimento de uma de suas grandes obras da carreira.

    A passagem de Frank Miller e Klaus Janson pelo universo do herói realizou-se em três edições especiais no exterior e posteriormente em uma versão onmibus. A Panini Comics lançou no mercado brasileiro em dezembro de 2014 o primeiro volume desses encadernados, compilando 14 edições (Daredevil #158 a #172) desta fase que se consagrou como referência para o personagem e foi fundamental na carreira de Miller, inicialmente assinando somente os desenhos e assumindo depois também os roteiros. Antes da chegada do desenhista ao título, as vendas de Demolidor estavam em baixa, e uma renovação era bem-vinda para apresentar uma nova visão do personagem. Acima de tudo, Miller estava interessado em desenhá-lo e admirava o conceito de uma figura que subjugava a deficiência tornando-se um defensor.

    O encadernado apresenta cronologicamente as histórias do período, iniciando-se com duas edições de Peter Parker, The Spectacular Spider-Man feitas meses antes de sua passagem por Demolidor, um registro da primeira vez que desenhou o Homem Sem Medo. As histórias valem mais pelo registro histórico, pois, como eram partes de uma saga maior do Aracnídeo não desenhadas por Miller, estão inseridas parcialmente no volume, sem o desfecho da trama. Na edição americana da obra compilada em uma única edição omnibus, estas duas histórias foram retiradas do volume e inseridas em um companion extra que reunia os demais materiais de Miller em edições isoladas do personagem, além de especiais como A Queda de Murdock.

    O primeiro volume é o início da transformação narrativa de Demolidor que, nas palavras do próprio autor, foi imaginado como um conceito policial dentro de um personagem heroico. Como em décadas anteriores, as tramas não se prolongavam em mais de uma edição, e havia uma dinamicidade maior entre desenhos e narração, um progresso natural de evolução dos quadrinhos. Neste momento da saga, Mathew Murdock era um advogado de sucesso, e o escritório de advocacia Nelson e Murdock ajudava Hell´s Kitchen dando assistência a um centro social dedicado aos necessitados. A secretária Karen Page, e interesse amoroso dos dois associados, estava fora de cena, mas outras mulheres rodeavam seu ambiente: Heather Green e Natasha Romanoff, a Víuva Negra, dividiam a atenção amorosa do advogado, além de conhecerem sua identidade secreta; também há a presença da secretária Rebecca Blake, outra personagem que mantém, como Karen inicialmente, um amor platônico pelo charmoso cego.

    Os roteiros de Roger McKenzie, os traços de Miller e as cores de Janson seriam o começo de uma revolução para o personagem. Nestas primeiras histórias, vilões se destacam em ações contra o Demolidor, bem como participações especiais de outros personagens, como Dr. Octopus e Hulk. Além disso, há uma ênfase nas relações humanas de Matthew, entre o passado traumático com a morte do pai e o relacionamento com novos amigos, como Ben Ulrich, jornalista que investiga Demolidor e que tem pistas de sua identidade. Uma das melhores histórias da fase de McKenzie é Revelado, narrativa que compreende o momento posterior de um confronto quase mortal entre Demolidor e Hulk, com o protagonista recuperando-se no hospital. O roteiro não só enfatiza a origem do personagem como também estabelece um diálogo franco entre Murdock e Ulrich, que apresenta sua tese sobre o Diabo da Guarda e conhece a origem do advogado desde sua infância até o momento em que fica cego após um acidente. Destaca-se, assim, o caráter do repórter, que opta por não divulgar a história para não destruir o herói e seu alterego.

    Demolidor 160 - Mercenario - Viuva Negra

    O momento mais aguardado do encadernado é quando Miller assume o roteiro das histórias, indo além da responsabilidade de produzir a identidade gráfica do personagem. As cinco últimas histórias do volume são apenas um preâmbulo da grandiosidade que está por vir e o começo de grandes bases da vida do Demolidor. Miller utiliza a reconstrução do passado narrativo – o famoso retcon, que hoje se tornou um clichê quase obrigatório em sagas – para criar a personagem Elektra, uma garota que foi namorada de Matthew enquanto ele estava na universidade. Elektra aparece primeiramente em cena como uma vilã mercenária, e o leitor relembra com o bacharel a época de faculdade, o grande amor entre o casal e o desfecho trágico de um sequestro que terminou com a morte do pai de Elektra, fazendo-a voltar para a Europa e distanciar-se do amado. Ao se reencontrarem no presente, ainda sentem a chama do amor, mas agora estão divididos em lados opostos da lei. Curiosamente, ambos os personagens tiveram o mesmo passado trágico mas caminharam em direções diferentes: Mathew se torna um vigilante, e ela a mortal mercenária.

    A história seguinte intensifica a rivalidade com Mercenário em uma trama na qual o vilão sequestra a Viúva Negra, na edição #161, terceira parte da história Como demolir o demônio, que se finaliza com a prisão do homem da pontaria mortal. Em Demônios, a sanidade de Mercenário é estudada por médicos que encontram um tumor cerebral responsável por alucinações e, consequentemente, um dos possíveis motivos de sua violência e raiva contra Demolidor. Miller segue explorando grandes acontecimentos, e nesta história é colocado em xeque o caráter de Mathew, que, seguindo a cartilha heroica, salva o vilão de uma morte brutal, mesmo reconhecendo que futuramente este pode atacá-lo de novo.

    A última trama é um épico formado por três partes e reconstrói aquele que se tornou um dos maiores vilões humanos do personagem. Presente em histórias anteriores, como nas do Justiceiro e do Homem-Aranha, o Rei do Crime adquire em Demolidor a postura de um homem de negócios ilegais, sem escrúpulos, representando um vilão real que lucra de maneira indevida diante das adversidades de Hell´s Kitchen.

    Aposentado no Japão e vivendo com sua mulher Vanessa, Wilson Fisk havia deixado de lado a vida de crimes ao encontrar o amor. Porém, após o sequestro e morte da esposa em Nova York, o vilão retorna à cidade, assume seu manto e promove uma guerra contra toda facção criminosa da cidade. Ao lado de Mercenário, que se torna um de seus capangas, a ascensão do Rei será um dos elementos criminais e urbanos da narrativa, a replicação da realidade dentro do universo heroico do personagem, que lidará, simultaneamente, com vilões tradicionais e esse em especial, cuja vilania está nos atos escusos, refletindo o lado obscuro da sociedade.

    Os primeiros momentos de Miller à frente do roteiro e desenho elevam as histórias e conduzem o personagem a um novo patamar dramático no qual apresentariam-se grandes mudanças em sua vida. Um primeiro volume incrível de uma passagem revolucionária de Frank Miller dentro de uma edição mensal, inserindo uma camada real nas histórias de uma época ainda mais lúdica dos quadrinhos. O autor insere-se em um contexto à frente de seu tempo e torna-se, assim, revolucionário.

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    Demolidor 172