Johnny Mnemonic: O Cyborg do Futuro é uma das obras cinematográficas que se tornaram famosas pela falta de noção em sua premissa, como era bem comum nos anos 80 e 90. O filme lançado em 1995 se passa em um futuro situado na segunda década do século XXI, e mostra um mundo contaminado por uma doença contagiosa chamada NAS – que consiste em uma alergia fatal às ondas eletromagnéticas. No cenário proposto, as pessoas são conectadas de forma neural a uma rede cibernética semelhante a internet, portanto, o NAS se mostra perigosíssimo.
A história se desenrola mostrando um homem, vivido por Keanu Reeves, que recebe uma missão ingrata de transporte. O roteiro do filme é de William Gibsone boa parte das informações são dadas nos primeiros cinco minutos de exibição. O diretor Robert Longo tenta dar sobriedade à obra, mas qualquer seriedade não parece caber em sua proposta. Há referencias óbvias a Blade Runner, especialmente na globalização e nas influências asiáticas que tomaram os Estados Unidos. No entanto, falta qualidade e orçamento, já que os efeitos em computação gráfica são bastante artificiais à época, enquanto a direção de arte mostra gadgets tecnológicos que mais parecem brinquedos e maquetes que remetem aos trabalhos da pré-escola.
Reeves apresenta um desempenho bastante canastrão, as cenas em demandam esforço em dor, desespero ou sofrimento soam engraçadas, de modo que faz perguntar se isso é proposital ou involuntário. As atuações também remetem as cenas de uma comédia de erros, os atores que se levam a sério como Udo Kier e Dina Meyer parecem sofrer de crises intestinais, fazendo caretas sempre quando a câmera decide dar destaque a um deles. A tentativa de referenciar um cenário cyberpunk não tem muita sorte e as participações de outras figuras famosas como Ice-T e Dolph Lundgren são ainda mais caricatas que as já citadas.
Se haviam críticas a Reeves em Drácula de Bram Stoker, a faceta de caçador de recompensas do futuro é ainda mais digna de críticas a capacidade dramática do sujeito. Outro fator estranho é a insistência em utilizar tons de cinza nos objetos de isopor do cenário e figurino. Tudo é grafite ou prata, remetendo a um piloto cancelado de série dos anos 80.
A tradução do clima cyberpunk é obviamente pensada, mas se Johnny Mnemonic: O Cyborg do Futuro for encarado como uma piada certamente pode ser consumido como um objeto bastante divertido, um pastiche menos inspirado do que foi O Quinto Elemento. A tentativa de mostrar o mundo digital é constrangedora, os efeitos em 3D se assemelham aos de Tron: Uma Odisseia Eletrônica, só que piorado e mais grave, dado que esse se passa quase 15 anos depois do filme da Disney. O maior legado do filme é deixar claro que o esforço em ter esperanças no futuro da humanidade é infrutífero e fútil.
O retorno do herói é um tema batido na cultura pop, em especial no cinema, normalmente quando um filme de linguagem popular vai bem nas bilheterias é praticamente obrigatório ter uma continuação. Foi assim com a franquia Rocky, que teve cinco filmes, além de um sexto capítulo feito décadas depois. A decisão de ter uma continuação para Creed: Nascido Para Lutar foi natural e obviamente que havia um bocado de receio que Creed II não fosse uma aventura escapista que honrasse o primeiro filme de Ryan Coogler, e por mais que obviamente não seja tão bem construído narrativamente quanto o primeiro, o filme de Stevan Caple Jr é bastante emocionante, e vale toda a espera pela sequencia dos dias do Adonis Creed de Michael B. Jordan.
O roteiro de Juel Taylor e Sylvester Stallone (baseado no argumento de Cheo Hodari Coker) não é tão inspirado quanto o primeiro, e perdeu o fator surpresa obviamente por não ser mais uma novidade, mas ele compensa isso com muita emoção ao longo das suas mais de duas horas de duração. O filme começa já com uma luta de Adonis “Donnie” Creed, finalmente vencendo o torneio na categoria dos pesos pesados. Em meio a decisões sobre seu futuro, onde deseja cortejar Bianca (Tessa Thompson) para finalmente casarem, ele recebe um convite, um desafio vindo da Ucrânia, de um lutador pouco conhecido, chamado Viktor Drago (Florian Munteanu), filho de Ivan Drago, o mesmo que assassinou seu pai dentro de um ringue na década de oitenta e que treinou seu filho para seguir seu legado e conseguir o que ele não conseguiu, o cinturão.
Obviamente que esse confronto foge do pragmatismo que seria a trajetória de um campeão de boxe. Aqui há claramente um apelo ao sentimento de vingança puro e simples, de justiça custe o que custar, onde a aceitação de Donnie só apresentaria possibilidade de perdas e nenhum ganho, tanto desportivamente como emocionalmente pois muitas feridas poderiam ser abertas. Nesse ponto, o roteiro é extremamente previsível, tanto nas curvas dramáticas quanto nas reações emocionais de seus personagens, mas é tudo tão crível que essas obviedades não chegam a incomodar tanto.
Rocky e Donnie são muito cúmplices e um dos acertos do diretor foi apostar nessas relações familiares e de parcerias, pois se crê bastante na relação não só de Rocky com Adonis, mas também no casal que é Bianca e Adonis e até no sentido de Balboa ser um conselheiro do casal, com ambos ouvindo seus ensinamentos além até do ringue.
A participação dos personagens resgatados da saga Rocky é muito bem vinda. Dolph Lundgren mesmo não sendo um ator conhecido por ser dramaticamente bem dotado acerta em seu tom de pai carrasco e treinador severo, embora ainda haja um ranço pueril a respeito de como os derrotados eram tratados na União Soviética. Sua participação é muito bem explorada, e faz brilhar ainda mais a figura de Sly, que mesmo sem ter momentos de redenção forte como foi no primeiro Creed onde se recuperava de um câncer, ainda consegue emocionar demais ao ser a figura paterna de Donnie, sendo muito mais que o tio que ele tanto chama.
A ideia de Adonis em voar solo é passada de maneira bem orgânica, e o jovem Creed finalmente assume as rédeas de seu destino, assumindo as consequências de seus atos sem ignorar os erros e acertos que comete não só nesse filme, como também no outro. Apesar de haver momentos em que as lições de moral abundam a historia, até esse tratamento é feito com um carinho e delicadeza muito grande por parte de Caple enquanto diretor. A escolha de entregar o filme a ele foi um grande acerto, pois como fez em The Land, seu filme anterior, a jornada do herói criado por Ryan Coogler é desenrolada de modo bonito, simples e em alguns momentos, até poético.
Há toda sorte de clichês dos filmes Rocky, no entanto a abordagem deles é adorável, as lutas são eletrizantes, o senso de justiça dos personagens idem. O final é apoteótico, apela para a nostalgia mas não perde a mão e não abusa da pieguice, há muitos ecos de Rocky IV mas até a sensação saudosa com o filme/propaganda que Sly dirigiu e protagonizou em 1985 não faz perder a identidade desse Creed II, que consiste em uma obra reverencial e que possui luz própria.
Bem-vindos a bordo. Flávio Vieira (@flaviopvieira) e Filipe Pereira (@filipepereiral) batem um papo sobre o novo filme da DC Comics/Warner Bros: Aquaman. Neste podcast, saiba o que esperar do filme do Rei dos Mares, qual a melhor fase do personagem nos quadrinhos e como podemos vencer o monopólio da Disney/Marvel nos cinemas.
Duração: 46 min. Edição: Flávio Vieira Trilha Sonora: Flávio Vieira
Arte do Banner: Bruno Gaspar
O futuro da DC no cinema é uma incógnita, mais por conta dos bastidores do que pela recepção dos filmes. Tal qual foi com Mulher-Maravilha de Patty Jenkins, a versão de Aquaman de James Wan gerou muita expectativa e o resultado como stand alone é muito bom, principalmente por essa historia ter fôlego independente de Liga da Justiça e Batman vs Superman onde Jason Momoa já havia interpretado Arthur Curry.
A história começa mostrando a origem do personagem, narrado pelo próprio Aquaman, que descreve como Tom Curry (Temuera Morrison) conhece Atlanna (Nicole Kidman), em uma situação que soa um pouco bizarra pela configuração do encontro, assim como também causa estranheza os efeitos especiais que não conseguem se encarregar da tarefa de rejuvenescimento de Morrison. Após uma separação forçada dos pais, Arthur segue na superfície. Não demora para a ação se desenrolar, e Wan não tem vergonha alguma de se assumir como um filme despretensioso e canastrão, pois sempre que o vigilante é acertado e não cai, toca-se um riff de guitarra ao estilo rock and roll, e nesse ínterim, se introduz a figura vilanesca do Arraia Negra (Yahya Abdul-Mateen II), um personagem que age de maneira raivosa e unidimensional, mas que tem uma boa justificativa para ter ressentimento com o personagem-título.
As partes abaixo da água fazem lembrar o carnaval de cores de Fúria de Titãs e sua continuação, em especial com as cenas envolvendo a nobreza atlante. Demora a acostumar com o visual, mas depois do estranhamento as reuniões entre o rei Orm (Patrick Wilson), irmão e filho legítimo daquele povo e Nereus, interpretado por Dolph Lundgren que ostenta uma belíssima peruca digital. As batalhas na água são muito bem feitas e a física faz muito sentido. Um dos maiores receios dos fãs era em relação a esses combates se dava na utilização dos efeitos especiais, o que se mostrou totalmente infundada.
A psicodelia do visual das cidades submarinas é bem explicada pelo mentor Vulko (Willem Dafoe), que ao treinar o futuro herói, diz que a visão dos atlantes é mais aguçada e por isso se nota uma textura de luz diferente da superfície. Da parte do texto, há alguns problemas com a insistência no clichê de homem ressentido que culpa todo um povo pela exclusão de sua mãe, e essa questão mesmo no final não faz muito sentido, em especial com o rumo que as coisas tomam.
Outra questão um pouco incômoda é em relação a aliança dos vilões, não há preocupação em criar uma dualidade neles, são maniqueístas e mal intencionados ao extremo e isso não combina por exemplo com a vingança eco-terrorista de devolver à terra o lixo produzido pela superfície. Mas tecnicamente o filme é muito bem construído, as referências steampunk no visual da Atlântida quando ainda estava na superfície é absurda, assim como a justificativa para a alta tecnologia, como eram com as amazonas de Themyscera. Ao mostrar o exemplo de Mera e Atlanna há uma boa exposição de como o machismo e o patriarcado funcionam no reino dos homens seja em terra ou em mar. Apesar de não haver tanto aprofundamento dessa questão, a discussão sobre mestiços e imigrantes é muito bem explicitada.
As cenas de ação poderiam ter ficado mais reservadas ao filme, muito do impacto na parte inicial e no meio é perdido por conta do material de divulgação, mas no final as sequências inéditas são eletrizantes. As criaturas selvagens do Reino do Fosso são visualmente assustadoras, e funcionam quase como um legado de horror de Wan. Toda a mitologia do personagem é muito bem explorada apesar de não gastar muito tempo explicando.
A luta final peca um pouco por soar genérica, com muito slow motion entre o Aquaman já todo paramentado e com o Mestre dos Oceanos. Aquaman é divertido como se espera de um filme escapista de herói, que obviamente tem preocupações mercadológicas em vender merchandising mas que ainda arruma tempo para dar vazão a algumas discussões.
Muito antes da iniciativa de se tentar traduzir os personagens mais conhecidos da Marvel para o cinema, e apenas três anos após a estréia do personagem em revista solo, O Justiceiro de Mark Goldblatt talvez tenha sido uma das adaptações mais fiéis de sua época, claro, guardadas as devidas proporções. Para o papel de protagonista, Dolph Lundgren se encarregaria de interpretar o anti-herói da Marvel.
O cenário de caos e extrema violência faz lembrar a Detroit de Robocop, de Paul Verhoeven. Goldblatt também utiliza algumas referências visuais e narrativas, em especial os telejornais contando a história por trás da chacina realizada pelo Justiceiro. Logo, o policial Jake Berkowitz (Louis Gossett Jr.) percebe algumas semelhanças do método do assassino com seu antigo parceiro, que vem a ser o próprio Frank Castle, mas ele se nega a acreditar em tal possibilidade. Apenas com a chegada de um elemento externo, a novata Detetive Sam Leary (Nancy Everhard), que Castle passa a ser investigado.
Há muitas semelhanças desta versão com outros filmes heroicos da época. Ele tem um pouco do cinismo do Batman, de Tim Burton, além da violência gráfica já mencionada. O maior problema de O Justiceiro é a falta de um rival à altura, já que a perseguição vingativa resulta em pequenas lutas com facções criminosas ítalo-americanas e japonesas.
O desfecho do roteiro de Boaz Yakin tem ótimas sugestões de legado e continuações, com uma citação de vingança entre gerações que foi inclusive rearranjada em Kill Bill. Ainda que seja muito mais barato e carente de recursos, essa versão do anti-herói é talvez a mais bem construída das traduções cinematográficas do ícone, mesmo levando a ausência da caveira em seu uniforme clássico. Acaba por ser um filme b curioso, que tenta reunir elementos dos filmes de brucutu com pitadas de quadrinhos e filmes pós-apocalípticos.
Após uma boa temporada de estreia (Arrow – 1ª Temporada), uma ótima segunda temporada, seguida por um dos maiores fiascos da história do Canal CW, a quarta temporada de Arrow precisou provar que a série ainda merecia seu lugar no canal para manter o já estabelecido arrowverse. Com muita dificuldade, a temporada que começou fraquíssima se reergueu firmando a série, livrando-a de um possível cancelamento. Parte disso se deu por algumas cobranças da estrela da série, o ator e intérprete de Oliver Queen/Arqueiro Verde, Stephen Amell, que tem uma ligação direta com os fãs. A cobrança de Amell deu resultado e Arrow ganhou um bom respiro em sua quinta temporada, se tornando a melhor temporada desde a segunda aventura do Arqueiro Verde nas telas da TV.
Após a morte de Laurel Lance/Canário (Katie Cassidy) e após Thea/Speedy (Willa Holland) e John Diggle/Espartano (David Ramsey) aposentarem seus uniformes (mas ainda sendo personagens principais), o Arqueiro Verde busca recrutar novos heróis para dar continuidade ao legado de Lance e é assim que passa a trabalhar com Rene Ramirez, o Cão Raivoso (Rick Gonzalez), que há tempos vinha sendo um vigilante em Star City, Evelyn Sharp, a Artemis (Madison McLaughlin) e um velho conhecido dos fãs e da série, o cientista Curtis Holt, que assume o nome de Sr. Incrível (Echo Kellum), que junto de Felicity Smoak (Emily Bett Rickards), agora estabilizada como a Observadora, divide o núcleo cômico da série. Enquanto Oliver Queen não veste o capuz do Arqueiro Verde, ele é o prefeito da cidade, sendo o ex-capitão de polícia, Quentin Lance (Paul Blackthorne) seu vice prefeito, enquanto Thea vira sua assessora e Diggle retoma à sua função original de segurança de Oliver. Junta também ao elenco o novo e ótimo promotor da cidade, Adrian Chase (Josh Segarra), que na primeira metade da temporada parecia mais ser um Christian Bale genérico do que qualquer coisa, mas que depois, se mostrou um ótimo personagem, inclusive quando se tratava de entraves políticos/jurídicos que foram constantes nessa temporada.
A quinta temporada de Arrow teve como premissa aparição do perigoso e violento Tobias Church, vivido por Chad L. Coleman, o Tyrese de The Walking Dead e logo de início, o team Arrow passa a ter sérios problemas com Church, principalmente porque a equipe é completamente desengonçada e não sabe trabalhar unida, o que acaba trazendo sérios problemas a Oliver, que passa a ter um temperamento extremamente explosivo, inclusive, dando surras severas nos membros do time durante os treinamentos. Logo sabemos que Church é apenas uma pequena peça de um quebra cabeça muito maior, cuja peça principal é o vilão Prometheus, um rival que possui habilidades idênticas ou até melhores que o próprio Arqueiro Verde e a caçada ao vilão foi um dos pontos altos dessa temporada. O problema ficou por conta da revelação de sua identidade, já que mais uma vez os produtores resolveram esconder a informação, assim como fizeram sobre a revelação de quem havia morrido na temporada passada, contudo, as coisas ficaram melhores após o vilão parar de usar uma máscara. Acontece que, mesmo após usarem um artifício chato, desta vez houve um motivo plausível.
Algo que surpreendeu nessa temporada foi o enredo dos tradicionais flashbacks da série, que mostram a jornada de Oliver Queen desde que se tornou um náufrago até seu retorno para a casa, cinco anos depois. Como esta foi a quinta temporada, os flashbacks convergiram com os acontecimentos dos primeiros episódios da série. Aqui, Oliver busca cumprir a promessa feita à Taiana na temporada anterior: matar Konstantin Kovar, vivido por Dolph Lundgren que faz um líder da máfia e do crime organizado russo e que gosta de ir para a porrada. Para combater Kovar, Oliver se alia a um velho conhecido, Anatoly Kniazev (David Nykl) e finalmente podemos ver respondidas várias perguntas sobre a estreita relação do herói com os russos e com a organização chamada Bratva, algo que já foi mostrado por diversas vezes ao longo desses cinco anos.
Outro ponto positivo dessa temporada foi que todos os personagens secundários tiveram suas respectivas tramas paralelas, mesmo que elas não tenham contribuído com o desenrolar da trama principal, o que passa despercebido por terem sido muito bem encaixadas. Os destaques ficam para a história de Rene, que teve um episódio próprio e o porquê dele ter se tornado o Cão Raivoso e sua estrita relação quase paterna dele com Quentin Lance, haja vista que, quem acompanha o seriado sabe que, assim como Rene, Lance viveu um inferno em sua vida. Também teve destaque a história da ex-policial Dinah Drake (Juliana Harkavy), que foi afetada pela explosão do colisor de partículas de Harrison Wells na primeira temporada de Flash, enquanto fazia uma investigação com seu parceiro que faleceu no acidente. Dinah é a primeira meta humana a integrar o elenco de Arrow, se não considerarmos as várias participações dos personagens de Flash já feitas até então. Os poderes de Drake são exatamente os mesmos da vilã Sereia Negra, a Laurel Lance (também, Katie Cassidy) da Terra 2 e que também passou a integrar o elenco na temporada. Por enquanto só fica a pergunta: teria Dinah Drake alguma relação de parentesco com Tim Drake?
Como já é costume, logo no início da temporada tivemos o episódio que adaptou a saga Invasão, da DC Comics, que fez parte do já tradicional mega crossover da CW, que juntou, desta vez, o elenco de Flash, Supergirl, Arrow e Legends of Tomorrow. Confira todos os detalhes desse encontro clicando aqui.
Assim, como na terceira temporada de Flash, houve uma diminuição considerável dos episódios chamados de monstros da semana, que foram incluídos dentro da história principal, fazendo com que o episódio seguinte sempre complementasse o anterior, seguindo assim, praticamente, do início ao fim da temporada. Mas apesar de toda a trama envolvendo Prometheus, os jogos políticos que Oliver precisou enfrentar na prefeitura, as tramas paralelas de todos os personagens que integraram o elenco, ainda sobrou espaço para que os produtores colocassem um novo e sanguinário vigilante diversas vezes em cena, muitas vezes combatendo os heróis que são totalmente contra à maneira de agir do cara. A propósito, sua identidade ainda permanece um mistério.
Com essa quinta temporada, Arrow conseguiu o respiro que precisava, se firmando, novamente, como a principal série de seu universo dentro da CW e se firmando de vez como uma série auto suficiente, sendo que sua sexta temporada parece ser muito promissora e provavelmente manterá o mesmo nível da temporada que passou. É muito provável que seja renovada para uma sétima temporada e por que não, uma oitava.
Acho que esse talvez seja o filme em que Rocky perde de vez a sua identidade. Nos dois primeiros filmes, vemos o personagem sempre lutando pra se estabelecer, seja financeiramente, como um boxer de ponta ou mesmo como homem. Até mesmo no terceiro filme há uma história de superação, ainda que bem mais rasa do que nos anteriores. Porém, uma subtrama política foi incluída de forma bem hábil no roteiro. Era o final da Guerra Fria e o filme tornou-se uma grande propaganda pró-EUA. Nada melhor que o personagem que foi a personificação do sonho americano para fazê-la.
Desde o início estabelece-se a campanha pró-EUA. Com o surgimento de Ivan Drago (Dolph Lundgren), tido como um super-humano criado em laboratório, os soviéticos são demonstrados como os grandes vilões do mundo, sempre frios, arrogantes e calculistas, enquanto os americanos se portam sempre como os grandes mocinhos do planeta. O auge desse duelo se estabelece na trágica luta entre Apollo Creed (Carl Weathers) e Drago. Apollo aparece como uma alegoria do Tio Sam e o ginásio está todo decorado com motivos americanos. Isso tudo se agrava com o show de James Brown e a música “Living in America”. Chega um pouco de falar sobre o duelo EUA x URSS. Vamos falar um pouco do filme.
Sylvester Stallone assume o leme da direção pela terceira vez e novamente demonstra bastante competência. Sly demonstra grande talento ao filmar as sequências de ação do filme, tais como a luta de Apollo e Drago, toda a montagem de treinamento em que são sobrepostas as técnicas de Rocky e do pugilista soviético e na luta final dos dois. Essa última sequência merece destaque, pois Balboa e Ivan Drago são frequentemente retratados como dois titãs dos ringues. A luta chega a ser exagerada em vários momentos, mas o diretor/ator evita que tudo caia no ridículo. Toda a parte sentimental, ainda que mais rasa do que em momentos anteriores, sofre um trato bacana por parte de Stallone, com o ponto alto ocorrendo na cena em que Balboa sai de casa para poder pensar sobre a morte de Apollo e ponderar a respeito da luta com Drago.
Com relação ao roteiro, a mudança de tom do drama para a ação acaba deixando alguns personagens mais rasos, principalmente o protagonista. Rocky não tem mais que batalhar pra conseguir migalhas de dinheiro, o que faz com que ele torne quase um bobalhão esbanjador. Beira ao ridículo a empregada-robô que Rocky presenteia seu cunhado Paulie. Outro absurdo do roteiro é Rocky Jr. ficar completamente sozinho nos EUA enquanto toda a família Balboa parte para a União Soviética. Só nos resta pensar que a empregada-robô ficou cuidando do garoto. Só que uma questão interessante é levantada pelo roteiro: Drago é um atleta desenvolvido em laboratório que faz uso absurdo de anabolizantes durante seu treinamento. Recentemente, aconteceram denúncias sobre o doping de atletas russos e uma enorme investigação está em curso, uma vez que as tais denúncias poderão confirmar suspeitas que existem desde a década de 80.
Encerrado com um discurso pró-EUA dotado de pieguismo e propaganda, Rocky IV cumpre bem o que se propõe. Um filme de ação com um certa profundidade emocional que funciona como uma diversão escapista, mas o que cumpriu com louvor o objetivo de ser um panfleto ideológico.
Simbolicamente – e claro, a exemplo dos dois episódios anteriores – Os Mercenários 3 já começa em meio a ação, mostrando Barney Ross (Sylvester Stallone) e seu grupo de dispensáveis brucutus invadindo um trem em movimento, no intuito de resgatar o preso e antigo amigo do membro do grupo Surgeon, que é vivido por Wesley Snipes, que apesar de ser resgatado, permanece arredio. A quantidade de referências à vida pessoal do intérprete (este ficou um tempo longe dos holofotes por estar encarcerado) só não é maior que o paralelo feito com o retorno aos sucessos que cada um dos antigos heróis de ação teve após o primeiro filme de Sly e companhia.
No entanto, uma mudança é notada logo de início. Apesar do conteúdo da fita permanecer agressivo, a faixa etária da classificação indicativa diminuiu drasticamente, o que impede a câmera do novato Patrick Hughes de exibir a quantidade colossal de sangue e dilacerações que permeavam os filmes anteriores. O retorno de Surgeon, além de causar uma marola na relação dos Mercenários (com uma referência, claro, a este como alcunha do clube) por este, como Christmas (Jason Statham) ser especialista em facas, reabre algumas feridas, como com as mostras das tags dos antigos companheiros mortos e claro, com a descoberta da sobrevivência de Conrad Stonebanks, encarnado por um bombadíssimo Mel Gibson.
Além de guardar o ódio de seus antigos colegas, Stonebanks alveja Caesar (Terry Crews), e o põe em um perigo de vida imenso, o que faz Barney pensar mais seriamente em uma aposentadoria, não por si, mas por seus companheiros. A caçada do herói passa a ser solo, resgatando mais algumas figuras de seu passado, cortando a estrada em busca do que deu errado, e do porquê de Conrad ainda estar vivo. Nesse ínterim, ele é apresentado a uma nova gama de personagens, entre eles o novo encarregado da CIA vivido por Harrison Ford, Drummer – que consegue ser um trocadilho até pior que Church – o selecionador de novos talentos Bonaparte (Kelsey Grammer) e o acrobata cinquentenário Galgo (Antonio Banderas) e alguns outros meninos novos, com disposição e com todos os dentes na boca, que deveriam substituir os trabalhos de seus antigos colegas.
Refugados por seu antigo líder, Lee e os outros veem a força tarefa da nova geração embarcar junto a Barney e Trench (Arnold Schwarzenegger), repleta de rostos bonitos, sorrisos encantadores, remetendo visualmente às séries consumidas pelos adolescentes atuais, em mais uma artimanha de Stallone em alcançar o público juvenil. A dura realidade de estar novamente relegado a um papel secundário, em um campo onde antes reinavam, acomete Lee, Gunnar (Dolph Lundgren), Toll Road (Randy Couture) e Surgeon, e até o que poderia ser um defeito do guião acaba sendo uma boa anedota, a banalização da figura do brucutu serve como uma excelente motivação dentro da proposta.
O legado que Ross tenta deixar é o de proteger os que lhe são caros, mesmo que isso signifique tirar da ação aqueles que sempre foram fiéis, o que faz o embate com seu antigo parceiro ser ainda mais aviltante, uma vez que Conrad considera que ambos são iguais. O antagonista não vê diferença nas posturas tomadas pelos sexagenários mercenários, e em meio a uma troca de papéis nos arquétipos de gato e rato, Stonebanks rapta a nova equipe de Barney, o que faz com que o dream team retorne das cinzas, em mais uma manobra redentora típica dos filmes que Sly dirigia nos anos 80.
O modo como Hughes conduz a câmera é competente em sua proposta, uma vez que, ao contrário dos outros filmes onde se fazia um pastiche dos filmes de ação oitentistas, esse serve para mergulhar na mente e na operação de seus protagonistas. A fita é repleta de humor, especialmente nas figuras de Galgo, mas o viés de reflexão é mais sobre a obsolescência do que qualquer outra coisa, não que haja alguma inteligência maior do que nos outros momentos da franquia, mas a emoção é muito mais elevada, a busca é em comover a audiência através do drama de seus heróis.
Nas cenas finais, é a velha guarda que toma as rédeas da situação, protagonizando as partes mais interessantes do embate, que infelizmente usa e abusa dos efeitos em CGI. Um dos diferenciais da franquia até então eram os combates filmados in loco, com técnicas que podem ser vistas como rudimentares pelo expectador novato, mas que garantiam às fitas mais veracidade e textura.
No entanto, os erros de concepção ficam ainda mais evidentes. O vilão poderia ter sido melhor construído, ele não é nem tão digno de ódio quanto Villain era em Os Mercenários 2. Falta sentir apuro pelos personagens principais, a todo momento parece que os velhacos se safarão sem arranhões, são raros os embates físicos, que até são precedidos por frases feitas de cunho excelente, mas pouco mostram, ainda que a breve luta de Stonebanks e Ross seja interessante. O grave problema deste Os Mercenários 3 é ser bem menos divertido do que as fases pretéritas, deixando espaço para enxergar seus defeitos.
A mensagem deixada em seu final vai de encontro a tudo o que foi mostrado na carreira de Stallone e também nesta franquia. O modo como Barney olha para aqueles que seriam os seus alunos, trinta anos mais jovens fazendo tudo o que ele cansou de fazer em tela dá a tônica de como funciona atualmente a mente e a intimidade do ator, diretor e cineasta, talvez até antevendo uma possível aposentadoria, se não da carreira de cineasta, ao menos do filão de filmes de ação. Esse subtexto acaba sendo mais rico que toda a arquitetura, pirotecnia e atitude bad ass que sempre preconizaram as ações de Barney e seus asseclas.
Stallone está de volta e, com ele, toda a truculência dos brucutus dos anos 80, que tanto nos proporcionaram entretenimento. Após alguns anos de ostracismo, Sylvester Stallone conseguiu se renovar ao retornar às telas dos cinemas com Rocky Balboa, reinventando não apenas seu personagem mais conhecido – tachado por muitos como ultrapassado e parte de uma lembrança já esquecida -, como também ele próprio.
Em 2010, Sly abandonou completamente o aspecto intimista contido em Rocky Balboa ou até mesmo Rambo IV, que mesmo com seu roteiro raso ainda proporcionava reflexões acerca da temática política abordada e uma interessante conclusão na construção de um personagem criado ao longo do tempo. Em Os Mercenários temos um retorno aos filmes de ação que o consolidaram como um ícone anos atrás e, acima de tudo, uma grande homenagem ao gênero que o consagrou.
E para esse retorno aos “velhos tempos”, Stallone convidou um time de peso para participar do elenco. Entre eles temos Dolph Lundgren (o eterno Ivan Drago), Mickey Rourke, Jason Statham, Jet Li, Terry Crews, os lutadores Steve Austin e Randy Couture, Eric Roberts e a brasileira Gisele Itié. Além dos já citados, muitos outros nomes foram cogitados, mas sem dúvida o ponto alto do longa são as aparições de Arnold Schwarzenegger e Bruce Willis em uma reunião com Stallone, em que todos eles se auto-satirizam em um diálogo cheio de tiradas sarcásticas.
É bom deixar claro que o roteiro de Os Mercenários está repleto de clichês dos filmes do gênero, mas a proposta é justamente essa: ser um bom filme de ação e, acima de tudo, não se levar a sério; afinal, o próprio título original já deixa isso claro (The Expendables = Os Descartáveis). Os Mercenários nada mais são do que um grupo de especialistas contratados pelo governo, ou quem quer que pague, para realizar trabalhos que ninguém mais quer fazer.
O grupo é liderado por Barney (Stallone), que é contratado para derrubar um governo ditatorial na América do Sul. Ao chegar no país, o grupo percebe que a missão não seria tão fácil quanto o esperado e decidem não aceitá-la, mas o personagem de Barney se apaixona pelo seu contato no país, Sandra, personagem vivida pela Gisele Itié, e decide levar a missão até as últimas consequências.
Como já falado, a trama é simples, girando em torno da remoção do Ditador Garza (David Zayas), da lealdade dos companheiros de Barney e de seu amor por Sandra. Apesar de uma motivação um tanto medíocre, Stallone traça uma linha entre os filmes de ação dos anos 80 e seu novo longa: se antes a motivação desses personagens estava apenas em suas convicções políticas, aqui temos o amor repentino e o companheirismo de seus parceiros, deixando de lado o discurso panfletário para ser apenas um grande blockbuster.
O ponto forte do elenco fica por conta de Statham, Rourke e Jet Li, que se mostram carismáticos, além do próprio Stallone, que, apesar de toda sua deficiência, convence com toda sua canastrice. Os demais personagens são bastante inexpressivos, inclusive Gisele, que tem função única de servir como exaltação à beleza feminina e nada mais.
A direção tem algumas tomadas aéreas e de explosões muito competentes, além de um um close-up durante um momento bastante interessante do personagem do Mickey Rourke, mas para por aí. No geral, ela peca pelo excesso ao tentar filmar cenas de ação desenfreada. Convenhamos, Stallone não é um Paul Greengrass, e as tomadas soam confusas, dificultando o acompanhamento dos movimentos em certos momentos.
Os Mercenários não veio para reinventar a roda do cinema de ação, mas é ótimo rever um time desse calibre não se levando a sério, rindo deles próprios e, diferente do seu título original, ele não é descartável.
Quando Sylvester Stallone decidiu não dirigir a sequência de seu sucesso de 2010 (ele passou o cargo para Simon West e apenas co-assina o roteiro), deve ter pensado em ter menos trabalho e mais diversão. Isso já entrega o tom de Os Mercenários 2: muito mais do que o primeiro filme, esse mergulha com gosto na auto-ironia e se assume de vez uma comédia, na qual a ação é apenas uma desculpa pra toda a galera se divertir fazendo o que mais gosta.
A história é o mais simples e clichê possível. Após uma missão aparentemente fácil acabar muito mal, o bando de Barney Ross sai em busca de vingança, aproveitando o embalo pra salvar um inocente vilarejo do Leste Europeu – afinal, eles são os mocinhos: matam geral, mas só quem merece. O plot envolve qualquer coisa relacionada a armas nucleares soviéticas, só pra ajudar na cara de anos 80 do filme, mas a verdade é que o roteiro parece algo escrito às pressas durante as filmagens das cenas de ação, só porque alguém ali lembrou que precisavam de uma “liga” entre elas.
E, para desespero da ala hipster, isso não tem importância diante do que o filme se propõe a fazer, não se levando a sério em (quase) nenhum momento. Diversão honesta, regada a tiroteios nos quais a contagem de corpos chega a níveis astronômicos e piadinhas e mais piadinhas sobre as carreiras e as idades dos envolvidos. Ainda que visualmente este fique aquém do antecessor, em termos de impacto massa véio, a pegada humorística e as participações mais especiais acabam compensando.
Falando sobre o elenco (até porque não há muito mais o que dizer sobre o filme), nosso herói Sly não seria ele se não jogasse uma carga dramática em seu personagem, basicamente por conta do novato sniper vivido pelo irmão do Thor (que não é o Loki), o que resulta num problema, nem tanto pela execução mas pelo fato de isso destoar de todo o resto no filme.
Jason Statham mais uma vez co-protagoniza e garante os bons momentos de porradaria ninja, já que os outros se dedicam mais a atirar. E também porque Jet Li apareceu só pra constar, imagino que estava obrigado por contrato. Dolph Lundgren é o símbolo maior do novo direcionamento, pois deixa completamente de lado o tom sombrio do filme anterior e se torna o alívio cômico dentro da comédia. Randy Couture (quem?) e Terry Crews já tinham pouco espaço e agora têm menos ainda – no caso do segundo, uma pena. Fechando o time, uma mercenária, a chinesa feiosa que teve até mais destaque do que merecia.
Em relação aos astros convidados, Schwarzenegger tem um papel maior (surgindo de qualquer jeito na trama, mas enfim) e cumpre o que se esperava dele: metralha igualmente inimigos e piadas com “exterminar” e “eu voltarei”. Bruce Willis é intimado pelo Sly e também vai pra linha de frente, porém tudo meio burocrático. Faltou alguém falar que ele é “duro de matar”.
Van Damme faz o vilão (chamado Vilain, é sério) e, apesar da cara derretida e dos braços de Popeye, parece à vontade, convence como um cara mauzão. E finalizando com o melhor, a lenda, o mito, o… eu ia dizer Deus, mas isso seria rebaixá-lo: Chuck Norris. Vale o ingresso, só isso. E daí que sua aparição não tem a menor lógica na história? Se sua entrada em cena com trilha sonora de western já não fosse digna de aplausos, o filme ainda brinca da forma mais gratuita possível com os Chuck Norris Facts!
Depois dessa, pode-se dizer que um terceiro Os Mercenários seria desnecessário. Mas, enquanto houverem medalhões a serem chamados para brincar com si mesmos, há “conteúdo” a se explorar. Sly pode continuar reunindo a turma pra se divertir, e nós pegamos carona com eles.