Tag: Jason Statham

  • Crítica | Infiltrado

    Crítica | Infiltrado

    O brucutu gente fina Jason Statham e o diretor Guy Ritchie são parceiros de longa data. Os dois se apresentaram juntos para o mundo com o já clássico Jogos, Trapaças e Dois Canos Fumegantes, continuaram a jornada rumo ao estrelato com o sensacional Snatch: Porcos e Diamantes e estiveram juntos no fracasso com o enfadonho Revólver. Após longo hiato, a dupla volta a se reunir em Infiltrado, filme que apesar de eficiente, é irregular tal como as carreiras de Statham e Ricthie.

    Na trama de Infiltrado, Harry (Statham) começa a trabalhar em uma empresa de carros-fortes que movimenta grandes quantidades de dinheiro. Ao neutralizar uma tentativa de assalto de maneira quase sobre-humana, Harry desperta a atenção de seus colegas de trabalho, que passam a suspeitar das suas reais intenções no emprego.

    O longa difere totalmente do restante da filmografia de Ritchie. Sempre afeito a uma assinatura visual estilizada, aqui o diretor filma de uma maneira tradicional, com planos mais estáticos e longos até mesmo em certas sequências de ação. A sobriedade também se faz presente no primeiro terço da película, onde as apresentações dos personagens são feitas. Tudo vai sendo muito bem estabelecido e a narrativa, apesar de um pouco mais lenta que o normal por ser dividida em episódios, flui bem. Entretanto, o filme começa a apresentar problemas ao transitar entre núcleos de personagens e promover idas e vindas no tempo, tornando o filme arrastado e provocando cansaço no espectador. Ainda assim, quando entra na sua parte final consegue recuperar o fôlego, faz uma grande costura de eventos que ocorrem simultaneamente sem deixar a bola cair e apresenta um desfecho eletrizante.

    Se durante toda a filmografia de Ritchie o humor foi uma presença constante, aqui temos um filme sombrio, onde os diálogos são bastante secos, mas longe de serem monótonos. Há apenas um problema de excesso de exposição no momento onde a narrativa fica bastante truncada. Statham compõe um personagem bastante contido em relação aos seus papéis tradicionais, deixando transparecer desde o início que estamos lidando com alguém que calcula todos os seus movimentos, tal e qual um clássico herói de faroeste, gênero de filme que é uma clara influência durante todo o tempo de projeção de Infiltrado, seja na fotografia de Alan Stewart, trilha de Christopher Benstead ou até mesmo nos figurinos e direção de arte.

    A reedição da parceria Statham/Ritchie rende um thriller eficiente, ainda que irregular. Caso o diretor tivesse mantido o nível de qualidade durante toda a película, com certeza Infiltrado estaria entre os melhores de sua filmografia.

  • Crítica | Velozes e Furiosos: Hobbs & Shaw

    Crítica | Velozes e Furiosos: Hobbs & Shaw

    A franquia Velozes e Furiosos começou bem diferente do que é hoje, para o bem e para o mau ela cresceu, angariou mais fãs e ganhou até status de cult graças aos bons diretores que aderiram a ela, e as participações especiais. Seu primeiro Spin Off de fato não poderia ser diferente, Velozes e Furiosos: Hobbs e Shaw tem David Leitch, o mesmo de De Volta Ao Jogo, Deadpool 2 e Atômica, e trouxe tanto Dwayne Johnson como o agente Luke Hobbs e Jason Statham como o espião Deckard Shaw, e já no início, se resgata a rivalidade entre os dois personagens, fugindo da cafonice ultra familiar vista no Velozes e Furiosos 8.

    O filme é tão pouco apegado a seriedade, que há uma espécie de teaser antes de sua exibição, mostrando os momentos mais testosterona de ambos personagens, isso tudo para relembrar o quão são brucutus e super humanos, antes de começar seu drama, e antes de introduzir seu vilão, Brixton, de Idris Elba, que de fato tem super poderes. Os dois heróis ao serem convidados para a tal missão tem a tela dividida, o diretor usa o humor para mostrar a rotina dos dois como se fossem gêmeos de mães e origens diferentes, e obviamente o roteiro de Chris Morgan trata de falar sobre as famílias e origens dos personagens, apelando para um sentimentalismo barato para justificar todas as cenas de ação, que aliás, são ótimas.

    As cenas de perseguição de carros estão ainda melhor construídas, há um senso de urgência grande e uma pequena reinvenção de dinâmica dado que a maioria delas ocorre na Europa, com outro tipo de mão, incluindo aí protagonismo na disputa entre carros e motos, fazendo valer inclusive o fator de super habilidades factuais dentro também do seguimento das perseguições.

    Há participações impagáveis, como a de Ryan Reynolds, que é infame e caricato na medida. O humor não é refinado, mas o crossover dos insultos, o deboche com o excesso de macheza nos filmes de ação recente, incluindo a franquia Velozes e Furiosos, carregando muito mais estilo que os outros. A escala de absurdos que é elevada é muito bem orquestrada por Leitch, que dá um renovo mesmo para os clichês mais antigos, como uso de mulheres bonitas para fortificar o lado machão indiscutível dos personagens. Ainda assim, o filme é comedido, e não coloca suas personagens femininas em trajes sumários de maneira gratuita, tanto Eiza Gonzalez quanto a co-protagonista que Vanessa Kirby faz não são tão hiper-sexualizadas.

    Toda a parte mais séria, com a seita Eteon do qual Brixton faz parte é estranha e mal feita, mas como o filme se leva pouco a sério isso não é um grande problema, ao contrário. Há um livre uso de sotaques fajutos, maquiagens das mais falsas possíveis e mais participações especiais. O longa é quase uma versão em carne e osso dos desenhos surtados ao estilo Animaniacs, desdenhando da ultra violência e não se importando em nada com as passagens de tempo bizarras e grotescas.

    O terço final do filme decai bastante, mas ainda se mantém engraçado, divertido e escapista. Mesmo a introdução de personagens novos, como Hattie de Kirby funciona bem, e a inteiração e laços familiares é bem resgatada. É curioso como Hobbs e Shaw mesmo regredindo na relação entre os dois personagens centrais consegue fazer uso de retcon dentro da franquia para contradizer o conceito meio ridículo de família imposto na octologia e estabelecer novos parâmetros. É até melhor que ambos sigam em aventuras em dupla, pois estão muito mais soltos (incluindo aí seus intérpretes) causando bem mais curiosidade no destino deles e das novas caracterizações do que nos outros personagens, sem falar que este filme possui o melhor vilão dentre os oito filmes, um perigo real, mais poderoso que os heróis e com toda a irrealidade e escapismo que o cinema brucutu atual pode oferecer.

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  • Crítica | Megatubarão

    Crítica | Megatubarão

    Com a popularização do chamado cinema trash, a Asylum começou a produzir muitos filmes que são intencionalmente vagabundos, com efeitos especiais toscos, roteiros primários e atores que claramente não tem espaço em qualquer produção audiovisual séria, e um dos temas que mais se usa nesse sentido são os tubarões. Sharknado, Mega Shark, Ghost Shark são só alguns dos muitos filmes da famigerada Sharksploitation que essas companhias de cinema sem dinheiro fazem. Eis que a Warner Bros resolveu fazer a sua versão desse fenômeno, com um orçamento graúdo e com uma estrela de nível baixo, Jason Statham, mas sem o mesmo charme das produções mais pueris.

    A história começa com Jonas Taylor (Statham), um especialista em resgates submarinos tendo um dia comum, onde tem que salvar uma tripulação embaixo d’água. Essa ação tem baixas, o personagem de Statham deliberadamente deixa alguns homens para trás, a fim de salvar outros, e isso faz com que ele seja encarado como um louco/covarde. Em outro momento, depois da construção de uma enorme base marinha, hipertecnológica e bancada por um bilionário, um outro submarino fica preso por algo misterioso nas águas mais profundas e Taylor é chamado, seduzido pelo fato de sua ex-mulher estar a bordo daquilo.

    O diretor John Turteltaub é responsável pelo remake para a TV de A Hora do Rush e também comandou os filmes O Aprendiz de Feiticeiro e Última Viagem a Vegas, todos produtos bem diferentes de um longa de ação escapista, de modo que, sua experiencia pouco auxilia no resultado final. A maior parte do humor presente no roteiro se baseia na simples exposição de corpos e sedução, seja o de Statham sem camisa ou do charme recatado de  Bingbing Li. Acaba sendo esse um filme para toda a família, um produto que não incomoda absolutamente ninguém e que tem uma ou outra cena bizarra.

    O gore do filme de vez em quanto ousa, em especial quando mostra as dilacerações dos tubarões, mas incrivelmente as vítimas humanas quase nunca tem sangue ou amputamentos. Mesmo os absurdos não são tão gritantes quanto poderiam, mas o que mais irrita Megatubarão é que ele promete que será escrachado, mas não é, se mostrando apenas mais um exemplar contido e preso em uma fórmula hollywoodiana muito cartesiana e que não pratica qualquer diferencial do restante dos filmes de ação recentes.

    https://www.youtube.com/watch?v=hgwycIPilI0

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  • Crítica | Velozes e Furiosos 8

    Crítica | Velozes e Furiosos 8

    A coisa que mais chamou atenção quando o primeiro teaser de Velozes e Furiosos 8 surgiu ao mundo foi o fato de Dominic Toretto, ser, aparentemente, o vilão da nova empreitada. Uma decisão ousada, extremamente arriscada e que perdeu sua originalidade no mesmo dia com a apresentação do teaser do quinto filme dos Transformers, intitulado de O Último Cavaleiro, onde o líder dos autobots, Optimus Prime, também se rebela contra seus amigos. No caso de Toretto, os trailers seguintes só confirmavam o antagonismo do anti herói, atraindo a curiosidade até daqueles que conhecem, mas não são tão fãs da multimilionária franquia.

    Há tempos, Velozes e Furiosos deixou de ter como tema principal as corridas de carros “tunados”, equipados com dezenas de contadores, caixas de som e muita, muita velocidade. Saiu o tunning e entrou o gênero de assalto, com as mais diversas e loucas perseguições de carro, o que dá espaço para os produtores fazerem o que bem entendem com a franquia, sem se preocupar muito com o roteiro e com os destinos dos personagens. Afinal, o vilão de outrora é o herói de agora e vice-versa, sendo que a mesma regra vale para personagens mortos ou desaparecidos. Essa loucura desenfreada e permitida pelos executivos faz com que os produtores se espelhem em Missão: Impossível, por exemplo, onde, na verdade, se busca colocar Tom Cruise em alguma cena insana que supere sempre a do filme anterior. Velozes e Furiosos 8 possui 3 dessas cenas e é por isso que divido o filme em três grandes terceiros atos.

    Após uma breve introdução para lembrar que a franquia ainda tem a ver com corridas de rua, Dominic Toretto (Vin Diesel) é escalado por Luke Hobbs (Dwayne Johnson) para uma missão super secreta em Berlim, onde sua equipe deveria recuperar um dispositivo de pulso eletromagnético. A equipe composta pelos rostos já conhecidos de Letty (Michelle Rodriguez), Roman (Tyrese Gibson), Tej (Chris “Ludacris” Bridges) e que ganhou a adição de Ramsey (Nathalie Emmanuel), do filme anterior, obtém sucesso na recuperação do artefato, mas logo é traída por Toretto, que foge com o dispositivo. Por conta do ocorrido, Hobbs é detido numa prisão federal de segurança máxima, enquanto o restante da equipe passa a figurar dentre os 10 mais procurados da lista da Interpol. Com essa premissa, o que se vê daqui pra frente é um filme louco, oitentista e que não se preocupa muito com a qualidade em termos de cinema. Aparentemente, a intenção era somente entreter o público e nada mais. Conseguiram.

    Ainda que o filme tenha como objetivo trazer cenas de ação megalomaníacas, o roteiro de Chris Morgan (que assina seu sexto Velozes e Furiosos) se preocupa em amarrar a “nova fase” da franquia iniciada no quarto filme com os acontecimentos que culminaram com o final de Velozes e Furiosos 7. Com isso, muito se especulou sobre o que teria feito Toretto mudar de lado e trair sua própria família e a resposta daqueles que se arriscavam a responder era sempre a mesma: ele está sendo chantageado, o que, de fato é até meio óbvio. E ainda bem que o que motiva Toretto a tomar atitudes drásticas é algo que NINGUÉM esperava.

    Por conta de tais acontecimentos, se descobre que Toretto está trabalhando com uma ciber terrorista conhecida como Cipher (Charlize Theron) e se Dwayne “The Rock” Johnson já havia trazido fôlego à franquia como a montanha de músculos, ignorância e carisma, conhecida como Hobbs, agora, outro personagem ganha não só espaço, mas também o público: Deckard Shaw, o temido vilão do filme anterior e novamente vivido por Jason Statham, que pode ter cravado seu lugar como personagem fixo. Por serem rivais e se odiarem, Hobbs e Shaw possuem uma dinâmica e uma química interessante em tela que vai muito além das diversas e incessantes provocações que um tem para com o outro, tirando risadas do público em praticamente todos os momentos em que trocam “carícias verbais”. Aliás, esse filme é de longe aquele que possui mais humor. Roman, como sempre, sofre com as piadas dos colegas e o personagem se assemelha mais ainda com o Roman de Mais Velozes e Mais Furiosos, com sua predileção por veículos chamativos. Kurt Russel também retorna como o Sr. Ninguém, trazendo para o time o personagem de Scott Eastwood, carinhosamente apelidado pela equipe de Sr. Ninguenzinho, um agente novato que acha que sabe tudo, mas que não passa de um menino bobo que cheira a fraldas e que sofre muito bullying dos personagens.

    No que diz respeito à justa direção, F. Gary Gray, que tem em seu currículo bons filmes, ousa apenas nas principais cenas de ação, apostando sempre naquilo que já deu certo em algum outro lugar. Portanto, será fácil perceber que muitas das cenas já foram vistas em algum outro filme. Outra coisa que fica clara é a dificuldade que o diretor teve de contar a história em locais onde há muita população ou pouco espaço físico, como é o caso das cenas rodadas em Nova Iorque, onde boa parte dos carros da cidade é controlada remotamente por Cipher. Ironicamente, os fracos acontecimentos na metrópole americana preparam o filme para uma grandiosa cena num mar congelado na Islândia. Se você gosta de Mad Max: A Estrada da Fúria, perceberá que Gray, trouxe toda a loucura no deserto de George Miller para o gelo, não poupando gastos e fazendo tudo com efeitos práticos.

    Respondendo o que deve ser a maior dúvida de todas, a ausência de Paul Walker não é sentida. Provavelmente, esse é o maior trunfo do filme, o que faz com que o legado do ator seja mantido, mas também, seguindo em frente com a história, dando lugar a novos personagens e permitindo, também, o retorno de outros. Possivelmente, isso também explica as quase inexistentes referências a Brian O’Conner no filme.

    De fato, Velozes e Furiosos 8 aposta na vitória jogando em casa contra o lanterna do campeonato, o que injeta ânimo (e dinheiro) para o nono e o décimo filme que já estão em fase de desenvolvimento. O único problema fica por conta dos problemas entre Vin Diesel e The Rock, publicamente admitidos nas redes sociais, o que alimenta ainda mais a expectativas (mais uma vez, de novo e de novo).

    Texto de autoria de David Matheus Nunes.

  • Crítica | Assassino a Preço Fixo

    Crítica | Assassino a Preço Fixo

    Remake de mesmo nome do filme setentista protagonizado por Charles Bronson, Assassino a Preço Fixo (ou Mechanic, no original) é um filme de ação dirigido por Simon West (de Con Air, Mercenários 2 e Carta Selvagem), que coloca o britânico Jason Statham na pele de Arthur Bishop, um mercenário que faz o seu serviço de maneira limpa e rápida, sem deixar vestígios ou rastros. Logo no início é lhe dada uma missão que o deixa dividido, uma vez que tem que assassinar um velho amigo, um sujeito que o ensinou a fazer praticamente tudo.

    Em nome do profissionalismo a missão é cumprida, mas os sentimentos que o assassino tem provocam uma nova obsessão, no intuito de tentar desbaratar a operação que o fez encerrar a vida de seu mentor. A partir daí começa uma jornada que ele faz junto a Harry McKenna (Ben Foster), que funciona como um pupilo/parceiro seu. Os métodos e desejo de vingança por conta da morte do mentor de Bishop acompanham Harry, tendo nesses laços a maior ligação possível entre os personagens.

    West sabe dosar bem suas qualidades positivas, apresentando uma atmosfera de perigo com cenas de ação extremamente bem conduzidas. O suspense se torna mais caro graças a trilha sonora frenética e os ângulos escolhidos pelo cineasta lembram algumas escolhas estéticas que Paul Greengrass fazia nos filmes da franquia Jason Bourne, em especial A Supremacia Bourne, misturando também com o estilo de ação da recente onda francesa.

    Apesar de não ser uma obra memorável, essa versão de Assassino A Preço Fixo é eficaz no sentido de entreter seu público, com um número de personagens carismáticos elevado, graças em especial as performances de Statham, Foster e de Donald Sutherland, que mesmo com pouco tempo de tela, demarca bem sua importância no imaginário do público. Como era a versão de 1972, esse também é um bom fruto do meio, com West conseguindo reunir todos os elementos que funcionam nos últimos bons filmes de ação dos anos 2000, como De Volta ao Jogo, Noite Sem Fim e Busca Implacável, mas sem perder a identidade própria.

  • Crítica | Assassino a Preço Fixo 2: A Ressurreição

    Crítica | Assassino a Preço Fixo 2: A Ressurreição

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    Jason Statham precisa de um novo agente. O ator tem feito uma série de escolhas equivocadas e tem atuado em alguns filmes bem abaixo da crítica, salvo as exceções de Velozes e Furiosos 7 (e agora o oitavo) e a estrelada cinessérie Os Mercenários. Há que se ressaltar também, o processo de Stevenseagalnização que ele vem sofrendo. Seus papéis são exatamente os mesmos, chegando ao cúmulo de os personagens terem backgrounds praticamente iguais. Entretanto, o Statham chegou ao pior momento de sua carreira com esse Assassino a Preço Fixo 2: A Ressurreição, fraquíssimo filme que pode facilmente ser considerado como o pior da carreira do outrora esperança dos filmes de brucutu.

    Nesse equivocado filme que é a sequência de um remake (!) de um filme cult estrelado por Charles Bronson, Jason Statham retorna ao papel de Arthur Bishop, que após os eventos do primeiro filme se aposentou, mudou de identidade e foi morar no Rio de Janeiro. Após ser abordado por uma mulher que deseja requisitar seus antigos préstimos, Bishop foge, muda novamente de identidade e vai morar em uma ilha paradisíaca da Tailândia. Porém, ao salvar uma bela donzela em perigo interpretada por Jessica Alba, Arthur acaba tragado novamente para seu antigo estilo, pois logo depois a moça acaba sequestrada por um antigo conhecido que deseja que ele cometa três assassinatos da maneira como o consagrou no submundo: fazendo parecer um acidente. A partir daí, Bishop parte ao redor do mundo para cumprir as missões e salvar sua amada.

    Parece uma trama intrincada, né? Só parece. O roteiro idealizado por Phillip Shelby e Tony Mosher é pedestre e não tem a menor coerência. Se ao menos soubesse utilizar os clichês dos filmes de ação, alguma coisa poderia ser elogiada no argumento. Entretanto, os clichês se amontoam no caminho e fazem o filme ruir com poucos minutos de projeção. Os personagens são mal construídos e suas motivações, quando possuem, são sofríveis. Pra piorar, a natureza episódica do roteiro não ajuda em nada, fazendo-o parecer bem mais forçado do que já é. A direção do diretor Dennis Gansel (de A Onda) é frouxa e genérica. Somada com a fraca direção de fotografia de Daniel Gottschalk, o diretor filma sequências péssimas de luta, com um aspecto semi-amador. Nota-se em vários momentos que os dublês fazem até pose pra esperar os golpes de Jason Statham. Gansel só consegue uma sequência minimamente interessante, que é a do assassinato/acidente na piscina do arranha-céu. Porém, não há uma atmosfera de suspense para a execução do intrincado plano do protagonista, o que diminui seu impacto. Uma sequência merece um destaque negativo especial: a abertura no Rio de Janeiro. A tentativa frustrada de emular os filmes de 007 já deixa clara a bomba que vem a seguir.  Só que nem como comédia involuntária o filme serve.

    Jason Statham está especialmente sofrível nesse filme. O ator parece desanimado em cena, como se estivesse ciente da roubada em que entrou, já que além do filme ruim, seu personagem é uma espécie de MacGyver sem charme (e careca) que usa armas. Seu trabalho aqui é digno de nota zero. Jessica Alba, que já é limitadíssima, também não ajuda nada e aqui desfila toda sua falta de talento. Agora, eu ainda estou tentando entender por que demônios Tommy Lee Jones resolveu fazer esse filme. Seu personagem é péssimo e mesmo em piloto automático o ator consegue imprimir um pouquinho de charme a ele. Pena que ele tem pouco de tempo de tela. Sam Hazeldine, que interpreta o vilão é tão sem graça que só consegue despertar indiferença. Michelle Yeoh, estrela de O Tigre e O Dragão, não faz nada digno de menção.

    Enfim, Assassino a Preço Fixo 2: A Ressurreição é tão bom quanto as cenas de Statham falando português no início do filme (ironia mode on). Vamos torcer que a partir daqui, o brucutu inglês passe a escolher melhor os seus papéis e volte a fazer os filmes divertidos de outrora.

    https://www.youtube.com/watch?v=0L1_vNIRwUo

  • Crítica | Carga Explosiva

    Crítica | Carga Explosiva

    kinopoisk.ru

    Na vertente de filmes de ação franceses recentes, que começavam a fazer sucesso no mercado norte-americano, Carga Explosiva tem uma trama simples e violenta, com seu protagonista Frank Martin em um mundo surreal, cuja profissão de piloto de fuga é extremamente necessária, com serviços dedicados a momentos específicos de saída de assaltos e outros trabalhos criminosos, claro, sob uma égide muito mais irreal do que seria o excelente Drive quase dez anos depois.

    O intérprete de Frank, o astro de ação britânico Jason Statham, em ascensão graças aos filmes de Guy Ritchie, ainda não tinha um papel que o reconhecesse como herói protagonista, ou neste caso como anti-herói, já que seu ofício envolve um envolvimento com a vida bandida, repleta de regras e aforismos éticos. A arma que carrega é seu BMW 735 s 1999 preto, o que faz Martin ser facilmente reconhecido entre o corpo policial de Nice, na França, algo agravado por ser um estrangeiro.

    As normas para seus trabalhos por vezes manietam Frank, mas não faz dele insensível a questões óbvias da vida, mas faz ele interferir em casos que não devia, o que a priori serve apenas para uma desculpa para que ele exiba seus dotes enquanto assassino; depois, revela que seu ethos é segmentado por uma visão paladínica, como visto na maioria dos protagonistas de Luc Besson.

    As cenas de luta envolvendo tiroteios e embates com armas brancas são de um primor exacerbado, muito bem orquestrados pela dupla Louis Leterrier (ainda estreante em longas) e Corey Yuen. A dupla, isolada inclusive da influência do roteiro de Besson e Robert Mark Kamen, reúne duas escolas de cinema de ação bastante distintas, que ao serem mescladas fogem bastante da pasteurização que fazia os action movies estadunidenses entrarem em baixa, longe demais do auge dos clássicos acéfalos vividos por Schwarzengger e Stallone nos anos 1980 e por Van Damme e Seagal em 1990. Ainda que o filme seja muito mais moderno e menos piegas, no entanto carrega uma forte carga de clichês do gênero.

    A força da franquia é baseada em seu personagem principal. Frank é “apenas” um transportador de carga, silencioso, sem passado, sem um background estabelecido – ao menos em grande parte do longa. Seu misterioso modus operandi emula o Pistoleiro Sem Nome vivido por Clint Eastwood e criado por Sergio Leone em Por Um Punhado de Dólares. Seu código de conduta é ligado a alguma vertente de bondade, que obviamente é retribuída com bons tratos da parte de sua protegida, Lai (Qi Shu).

    O argumento abusa de momentos de extrema pieguice, mas consegue contornar os maus momentos com sequências de ação que fazem relembrar os momentos áureos de Bruce Lee em O Dragão Chinês e de Chuck Norris em quase todos seus filmes, claro, sem uma habilidade de luta tão exímia, mas graficamente muito interessante, apesar da clara falta de um oponente à altura do herói.

    Apesar de ter um final cuja sincronia entre a ação e a qualidade do texto praticamente não existir, Carga Explosiva consegue acertar a dose de adrenalina, fazendo se importar com os personagens do lado justo mesmo sem aprofundar em absolutamente aspecto nenhum de suas personalidades e caráter. Todo o ideal defendido na fita seria passado por muitas outras produções de ação, o suficiente para transformar Statham no ator moderno mais requisitado para produtos de ação descerebrada, e que alçou Leterrier a um patamar que certamente não é equivalente a sua qualidade como realizador.

  • Crítica | A Espiã Que Sabia de Menos

    Crítica | A Espiã Que Sabia de Menos

    A Espia que sabia de menos - poster - br

    De nome traduzido bobamente, A Espiã que Sabia de Menos – do original Spy (Espião) – subverte o nome brasileiro da recente adaptação do livro de John Le Carré, ainda que sua base de paródia seja mais próxima aos filmes de espiões britânicos, como 007. Paul Feig retoma a parceria de sucesso com Melissa McCarthy, vista em Missão Madrinhas de Casamento e As Bem Armadas, ainda que toda a qualidade desta empreitada seja discutível.

    A primeira cena é tão atrapalhada quanto a premissa do filme, mostrando uma sequência entregue já no trailer, com um Jude Law usando uma peruca fajuta e fazendo trapalhadas gerais enquanto agente. O personagem Bradley Fine, apesar deste momento em particular, é um exímio espião apoiado por Susan Cooper (McCarthy), sua parceira e auxiliar. A dupla funciona apesar de muitos percalços. Apesar de estimar a parceira, Fine (Law) não consegue deixar de subestimar sua conviva graças a seu avantajo físico, algo que faz agravar os problemas com auto estima da moça, o perfeito arquétipo de gordinha mal de vida, um estereótipo relegado a todo momento para a atriz, recurso cada vez mais irritante enquanto gag de humor.

    O espectro de girl power aumenta através da opositora Rayna Boyanov (Rose Byrne) que passa por cima de qualquer inexperiência feminina em sequências de ação, mostrando que nem a CIA ou os agentes ingleses lhe são páreos, aumentando o escopo de propaganda feminina ao percebermos que o responsável ideal para a missão de revanche seria uma mulher, recaindo a missão sobre a invisível gordinha.

    Ainda que o disfarce inicial de Cooper seja apenas de observar e relatar os fatos – repetindo as mesmas brincadeiras do seriado Mike And Molly  seu trabalho é cortado pela ação de Rick Ford (Jason Statham), um espião mais experiente, que também deseja desmantelar o clã de terroristas e que começa a agir de modo isolado.

    Feig continua escatológico, fazendo sua protagonista ter cenas equivalentes a sequência do cocô na pia em Missão Madrinhas de Casamento, também executada por McCarthy. Ao menos, o protagonismo não foge das figuras femininas do elenco, ainda que a miscelânea de sequências toscas aumente com o acréscimo de cada vez mais figuras grotescas. As cenas em que se exige uma maior perícia em ação são bem construídas com corridas, manobras, golpes e parkour bem executados, ainda que seja perceptível os momentos em que os dublês entram em cena, com closes intrusivos nesses profissionais.

    Mesmo com os esforços, o diretor prossegue reprisando os mesmos erros de seus filmes anteriores, somente mudando o cenário e melhorando sutilmente o nível das piadas propostas no roteiro. Há que se notar uma evolução em cenas de aventura, as quais a suspensão de descrença não é tão exigida quanto em As Bem Armadas, mas ainda assim, A Espiã que Sabia de Menos não consegue fugir da mediocridade habitual das caras paródias hollywoodianas. Sendo, no máximo, um divertido filme caso o público se permita não ligar para os graves defeitos de concepção da obra.

  • Crítica | Velozes e Furiosos 7

    Crítica | Velozes e Furiosos 7

    Velozes e Furiosos 7 A

    De começo intimista, focando uma conversa do personagem de Jason Statham, Deckard Shaw – finalmente nominado depois da cena pós-crédito do capítulo seis – ao visitar seu irmão no hospital já demonstra seu potencial incendiário, o mesmo ímpeto de violência extrema visto no incidente da última cena pós-crédito da franquia. Logo após o acontecido, ocorre uma corrida ao estilo do filme original, inclusive com resgate a personagens chave do início da jornada, como Letty (Michelle Rodriguez), que finalmente retorna à sua rotina de adrenalina e perigo em alta velocidade. Após vencer o certame, diante dos olhos de seu amado Dominic Toretto (Vin Diesel), ela surta, pondo à prova sua recuperação pós-trauma. É nesta tônica em que a direção de James Wan se baseia, rediscutindo toda a trama da franquia Velozes e Furiosos com um estilo mais certeiro e visualmente mais belo.

    Mesmo ao retratar as cenas com certo exagero visual, há um refino bem mais extenso do que o da quadrilogia de Justin Lin. É na alteração da rotina que se concentra a maior mudança dramática, concentrada em demasia na nova trajetória de Brian, transformado no pacato motorista de seu filho. Mais uma ação terrorista de Shaw interrompe sua rotina, consistindo basicamente em um chamado à aventura, não só dele e de Torretto, mas também do ferido Hobbs (Dwayne Johnson). Em um hospital, Dom e Hobbsem se encontram, mais uma mostra de como os paradigmas estão diferentes, já que os antes inalcançáveis super-heróis já não são mais tão indestrutíveis. A partir deste momento, hematomas e ferimentos ficariam em suas carnes, músculos, ferindo tendões e especialmente seus orgulhos.

    O cuidado em reunir os laços de uma franquia de seis filmes é muito bem executado, com retornos de quase todos os aventureiros que acrescentaram qualquer aspecto minimamente interessante à longa estrada percorrida pelos membros da família, com austeridade suficiente de um diretor que até então não tinha participado da série de filmes, sob os cuidados do escritor Chris Morgan. A atmosfera mais séria não invalida qualquer possibilidade de escapismo visual, unindo verossimilhança pautada na sobriedade e manifestada na personagem de Kurt Russell, Mr. Nobody, designado para apontar possíveis alvos e aliados de Shaw, sendo o novo contato deste com a lei. Hobbs permanece hospitalizado, servindo como orelha ao explanar os outros contatos terroristas.

    Através de seus contatos, Shaw reúne o resto do time – Tej (Ludacris), Roman (Tyrese Gibson) e, claro, Brian e até Letty – sem que Dom soubesse, unindo-os sob sua tutela em uma repaginada fase, baseada agora na lei, pervertendo ainda mais o código ético anti-heroico. O tom não é exatamente de sobriedade, mesmo porque nos trailers já se revelava que o céu seria o lugar de onde muitos carros brotariam, como em pancadas de chuva, causando um temporal metálico no Azerbaijão. No entanto, mesmo os arroubos e falácias visuais servem melhor aos esforços da trupe de velocistas.

    Qualquer construção de realidade é prontamente debochada pelo exacerbado escapismo da fita, em cenas em que carros atravessam três prédios, entre janelas e buracos onde armazenam-se aparelhos de ar condicionado, destruindo pilastras e artefatos artísticos antigos. Uma metalinguística mensagem de Wan, que tenta superar a pretensa falta de valor artístico de blockbusters como os da franquia, convencendo os críticos ranzinzas, seja pelo amor ou pela dor.

    Brian volta a ter uma importância indispensável na trama, justificando todo o seu treinamento como agente do FBI ao ser o responsável pelo resgate da misteriosa Ramsey (Nathalie Emmanuel), enfrentando o personagem de Tony Jaa em uma curta porém interessante luta, mais bem construída do que todas as porradarias anteriores. Ainda que prossiga relegado a ser um coadjuvante de luxo, seu papel no enredo acaba bastante valorizado, mesmo em comparação com Dominic.

    Velozes e Furiosos 7 é um capítulo bastante diferente de seus antecessores, deixando o conceito de filme de assalto de lado para se tornar um filme de super agente, como na Trilogia Bourne, especialmente as películas de Paul Greeengrass. A qualidade das sequências de ação evoluiu de uma forma absurda, com uma crescente de qualidade e conseguindo quebrar o estigma de involução em continuações, fazendo deste o melhor da franquia, semelhança vista nos clássicos de James Cameron: Exterminador do Futuro 1 e 2.

    Mesmo com um elenco enorme e recheado de personas famosas, com celebridades que teriam segundos em tela, há um equilíbrio narrativo, sem desperdícios de talentos. A obra pontua o epitáfio de Paul Walker, equilibrando emoção, sentimento e lágrimas contidas. Por mais que sobre pieguice, a decisão do roteiro foi a mais acertada possível, especialmente ao dedicar o filme à memória e fechar o sétimo episódio em uma estrada bifurcada, que honraria a trajetória de ambos os personagens, os quais seguiriam em frente diante da irônica tragédia que tirou Paul Walker de cena. Velozes 7 consegue elevar o nível da franquia, aumentando qualquer expectativa do futuro. Tudo graças à direção de James Wan, que superou o receito de mudar da praça dos filmes de terror para os de ação desenfreada.

  • Crítica | Carta Selvagem

    Crítica | Carta Selvagem

    Wild Card - Poster

    Carga Explosiva foi o primeiro papel principal de Jason Statham, e um bom cartão de visitas que ainda hoje lhe garante o status de astro de ação contemporâneo. O performático filme produzido por Luc Besson foi lançado em uma época em que coreografias marciais eram uma vertente em decadência. Ainda assim, entregava ao público a necessária ação frenética e destacava o ator como um brucutu em potencial.

    Representante de um único estilo de papel, o personagem bruto com um passado violento, suas personagens se configuram como o tradicional herói de ação fundamentado na década de 80. Homens solitários e fortes fisicamente com potencial para serem um exército de um homem só. A trilogia Carga Explosiva e a paródia cômica Adrenalina trazem o melhor do ator. Ação direta, violenta e rápida, com maior enfoque para a luta corpo a corpo.

    Se estabelecermos essas primeiras produções como um parâmetro, observamos que o ator tentou diversificar a carreira em filmes de ação sem as lutas desenfreadas dessas primeiras interpretações. Histórias levemente dramáticas que, supostamente, garantiriam mais peso aos seus personagens. As cenas de ação se tornaram menores e mais concentradas e, em certos filmes, quase inexistentes. Uma ausência decepcionante se você espera que o ator entregue a brutalidade costumeira do gênero.

    Dirigida por Simon West, responsável por diversos filmes medianos e os excelentes Con Air – A Rota da Fuga e Mercenários 2, Carta Selvagem é a nova produção solo de Statham. Dessa vez, o ator é Nick Wild, um mercenário que vive em Las Vegas como consultor de segurança. Quando uma ex-namorada é espancada por um figurão da cidade, a personagem se vê obrigada a retornar à violência que tentou deixar para trás. Baseado em um livro de William Goldman, roteirista responsável por grandes obras como Butch Cassidy e Maratona da Morte, a trama já fora adaptada anteriormente em 1985 com Burt Reynolds no papel principal.

    A vingança ocupa aproximadamente um terço do filme, como um primeiro ato de uma trama maior. Wild tem ciência de que, após a execução da vingança,  deve sair da cidade e, à procura de dinheiro, passa a apostar freneticamente, e vencer, em uma mesa de blackjack. Um entreato que dura mais do que necessário e não parece dramático e urgente o suficiente. A trama se arrasta fazendo o público se perguntar se haverá algum momento em que a ação entrará em cena definitivamente.

    Há poucas cenas de ação no longa-metragem. West incorre no erro de apresentar os primeiros embates em câmera lenta, um recurso saturado no estilo e que ameniza o potencial das lutas de Statham. Normalmente, é sua agilidade nas artes marciais e a brutalidade que marcam suas cenas coreografadas. Promovê-las em câmera lenta torna-se diferente do habitual, sem dúvida. Mas perde em impacto.

    O terceiro e último ato da história retorna a ação em boas sequências e tenta retomar o pulso de uma situação-limite, mas nenhum personagem parece ameaçador para tornar-se um problema para a missão de fuga da personagem. Ao tentar diversificar sua carreira, o britânico tem estrelado filmes que seu público-alvo não deseja ver. E a cada nova produção, permanece a expectativa de que seja esta a obra que lavará a alma do ator, em fúria, porrada e sangue. Faltam-lhe boas histórias que direcionem seu talento para aquilo que Statham faz de melhor: ser um astro de ação físico, sem um drama profundo que o afaste do brucutu que se tornou.

  • Crítica | Os Mercenários 3

    Crítica | Os Mercenários 3

    Expendables 3

    Simbolicamente – e claro, a exemplo dos dois episódios anteriores – Os Mercenários 3 já começa em meio a ação, mostrando Barney Ross (Sylvester Stallone) e seu grupo de dispensáveis brucutus invadindo um trem em movimento, no intuito de resgatar o preso e antigo amigo do membro do grupo Surgeon, que é vivido por Wesley Snipes, que apesar de ser resgatado, permanece arredio. A quantidade de referências à vida pessoal do intérprete (este ficou um tempo longe dos holofotes por estar encarcerado) só não é maior que o paralelo feito com o retorno aos sucessos que cada um dos antigos heróis de ação teve após o primeiro filme de Sly e companhia.

    No entanto, uma mudança é notada logo de início. Apesar do conteúdo da fita permanecer agressivo, a faixa etária da classificação indicativa diminuiu drasticamente, o que impede a câmera do novato Patrick Hughes de exibir a quantidade colossal de sangue e dilacerações que permeavam os filmes anteriores. O retorno de Surgeon, além de causar uma marola na relação dos Mercenários (com uma referência, claro, a este como alcunha do clube) por este, como Christmas (Jason Statham) ser especialista em facas, reabre algumas feridas, como com as mostras das tags dos antigos companheiros mortos e claro, com a descoberta da sobrevivência de Conrad Stonebanks, encarnado por um bombadíssimo Mel Gibson.

    Além de guardar o ódio de seus antigos colegas, Stonebanks alveja Caesar (Terry Crews), e o põe em um perigo de vida imenso, o que faz Barney pensar mais seriamente em uma aposentadoria, não por si, mas por seus companheiros. A caçada do herói passa a ser solo, resgatando mais algumas figuras de seu passado, cortando a estrada em busca do que deu errado, e do porquê de Conrad ainda estar vivo. Nesse ínterim, ele é apresentado a uma nova gama de personagens, entre eles o novo encarregado da CIA vivido por Harrison Ford, Drummer – que consegue ser um trocadilho até pior que Church – o selecionador de novos talentos Bonaparte (Kelsey Grammer) e o acrobata cinquentenário Galgo (Antonio Banderas) e alguns outros meninos novos, com disposição e com todos os dentes na boca, que deveriam substituir os trabalhos de seus antigos colegas.

    Refugados por seu antigo líder, Lee e os outros veem a força tarefa da nova geração embarcar junto a Barney e Trench (Arnold Schwarzenegger), repleta de rostos bonitos, sorrisos encantadores, remetendo visualmente às séries consumidas pelos adolescentes atuais, em mais uma artimanha de Stallone em alcançar o público juvenil. A dura realidade de estar novamente relegado a um papel secundário, em um campo onde antes reinavam, acomete Lee, Gunnar (Dolph Lundgren), Toll Road (Randy Couture) e Surgeon, e até o que poderia ser um defeito do guião acaba sendo uma boa anedota, a banalização da figura do brucutu serve como uma excelente motivação dentro da proposta.

    O legado que Ross tenta deixar é o de proteger os que lhe são caros, mesmo que isso signifique tirar da ação aqueles que sempre foram fiéis, o que faz o embate com seu antigo parceiro ser ainda mais aviltante, uma vez que Conrad considera que ambos são iguais. O antagonista não vê diferença nas posturas tomadas pelos sexagenários mercenários, e em meio a uma troca de papéis nos arquétipos de gato e rato, Stonebanks rapta a nova equipe de Barney, o que faz com que o dream team retorne das cinzas, em mais uma manobra redentora típica dos filmes que Sly dirigia nos anos 80.

    O modo como Hughes conduz a câmera é competente em sua proposta, uma vez que, ao contrário dos outros filmes onde se fazia um pastiche dos filmes de ação oitentistas, esse serve para mergulhar na mente e na operação de seus protagonistas. A fita é repleta de humor, especialmente nas figuras de Galgo, mas o viés de reflexão é mais sobre a obsolescência do que qualquer outra coisa, não que haja alguma inteligência maior do que nos outros momentos da franquia, mas a emoção é muito mais elevada, a busca é em comover a audiência através do drama de seus heróis.

    Nas cenas finais, é a velha guarda que toma as rédeas da situação, protagonizando as partes mais interessantes do embate, que infelizmente usa e abusa dos efeitos em CGI. Um dos diferenciais da franquia até então eram os combates filmados in loco, com técnicas que podem ser vistas como rudimentares pelo expectador novato, mas que garantiam às fitas mais veracidade e textura.

    No entanto, os erros de concepção ficam ainda mais evidentes. O vilão poderia ter sido melhor construído, ele não é nem tão digno de ódio quanto Villain era em Os Mercenários 2. Falta sentir apuro pelos personagens principais, a todo momento parece que os velhacos se safarão sem arranhões, são raros os embates físicos, que até são precedidos por frases feitas de cunho excelente, mas pouco mostram, ainda que a breve luta de Stonebanks e Ross seja interessante. O grave problema deste Os Mercenários 3 é ser bem menos divertido do que as fases pretéritas, deixando espaço para enxergar seus defeitos.

    A mensagem deixada em seu final vai de encontro a tudo o que foi mostrado na carreira de Stallone e também nesta franquia. O modo como Barney olha para aqueles que seriam os seus alunos, trinta anos mais jovens fazendo tudo o que ele cansou de fazer em tela dá a tônica de como funciona atualmente a mente e a intimidade do ator, diretor e cineasta, talvez até antevendo uma possível aposentadoria, se não da carreira de cineasta, ao menos do filão de filmes de ação. Esse subtexto acaba sendo mais rico que toda a arquitetura, pirotecnia e atitude bad ass que sempre preconizaram as ações de Barney e seus asseclas.

  • Crítica | Linha de Frente

    Crítica | Linha de Frente

    Homefront-Movie-Poster

    Uma produção que carrega os nomes de Jason Statham como protagonista e Sylvester Stallone como roteirista sem dúvida chama a atenção. O mínimo que se espera é um filme de ação razoavelmente divertido, apoiado em clichês do gênero, e, talvez, com uma dose de auto-ironia  tendo em vista a parceria dos dois brucutus na franquia Os Mercenários. Uma pena, então, que Linha de Frente fique abaixo do mediano, comprometido por um roteiro muito confuso e uma direção pouco inspirada.

    O eterno Frank Martin/Chev Chelios desta vez vive Phil Broker, um ex-policial que se muda para uma pequena cidade da Luisiana. Viúvo há pouco tempo, ele só quer ficar na moita e criar sua filha em paz, mas é óbvio que os problemas o perseguem. A escalada é quase surreal: a pequena Maddy, treinada pelo papai, defende-se de um bully na escola. A mãe do garoto (Kate Bosworth) é uma viciada maluca que pede vingança ao irmão traficante, Gator Bodine (James Franco). Ele, por sua vez, descobre o passado de Broker e o “vende” para antigos desafetos. Parece muito forçado? Calma, que a coisa ainda piora.

    É possível dar um desconto para Statham, que, bem, é sempre ele mesmo, e para a estreante Izabela Vidovic, muito carismática como Maddy. Todos os outros personagens são mal definidos e mal aproveitados, configurando-se como o problema maior do filme. Suas atitudes são contraditórias, seus objetivos e índoles parecem mudar de acordo com a necessidade da trama. A personagem de Bosworth surge como uma megera cuja reação é muito exagerada diante de uma situação pequena. E, do nada, cria consciência e se redime. Bodine (com direito a Franco caricato até dizer chega) indica que vai ser o vilão principal, mas é reduzido a um papel acessório, e termina enlouquecendo e decidindo ser o malvadão-mor, de maneira nem um pouco convincente.

    A trama limita-se a criar problemas para o herói, resolvê-los rapidamente e partir pra outra situação de perigo, sem muita preocupação com lógica e coesão narrativa. Fica gritante a indecisão entre destacar Bodine ou os vilões do passado de Broker (que acabam sendo um subplot mal encaixado). Além de vários personagens que aparecem e somem aleatoriamente, como a professorinha/interesse amoroso (Rachelle Lefevre), o xerife talvez corrupto, mas gente boa (Clancy Brown), e a namorada do vilão (Winona Ryder). Triste dizer, mas Linha de Frente é o velho Sly num de seus piores momentos criativos.

    Nem visualmente o filme consegue ganhar muitos pontos. O diretor é Gary Fleder, que, dos trabalhos mais relevantes, fez O Júri e Beijos Que Matam. Aqui ele apela pra cansativa estética da câmera tremida, que, aliada à fotografia escura nos momentos mais climáticos, resultam em sequências de ação pouco interessantes. As cenas que mostram as habilidades marciais do protagonista à luz do dia até empolgam, mas são poucas. O desfecho traz tiroteios e perseguições automobilísticas genéricas e filmadas à noite, sacramentando mais um capítulo esquecível da extensa filmografia de Jason Statham. Ele ainda é o cara, mas tá devendo.

    Texto de autoria de Jackson Good.

  • Crítica | Parker

    Crítica | Parker

    parker-poster

    Apesar de ser o ator mais legal do mundo, Jason Statham tem sua coleção de bombas. Dungeon Siege de Uwe Boll que o diga. Talvez seja uma simples questão de probabilidades, o cara faz em média três filmes por ano, mas o fato é que ele costuma estar em produções medianas ou abaixo disso. Seu mais recente lançamento está nessa categoria.

    Em Parker (não, não é sobre o Homem-Aranha), Statham vive uma espécie de ladrão de bom coração, que tem como regra não ferir ninguém em seus assaltos super bem planejados. Após um trabalho, ele é traído, roubado e deixado para morrer por sua equipe. Surpresa nenhuma, ele sobrevive e parte em busca de ving… justiça, como ele diz. Apenas deixar as coisas certas. A sinopse já indica um filme bem comum, mas que poderia ser divertido caso fosse bem executado. Mas eis que surge um elemento estranho no meio disso e coloca tudo a perder. Elemento esse que atende pelo nome de Jennifer Lopez.

    Difícil entender o que houve aqui. Parece que os produtores tinham em mãos, pronto, um roteiro padrão-Jason-Statham, e decidiram que isso não bastava. “Vamos acrescentar um tempero latino, por que não? Mistura ação com comédia romântica, agradar todos os públicos, sucesso garantido!” Ou seja, algo na linha do horrendo Encontro Explosivo, aquele com Tom Cruise e Cameron Diaz.

    O resultado é uma personagem enxertada à força na história, depois de uma boa meia hora de filme, e que simplesmente não se encaixa com o que vinha sendo feito até então. Quando entra em cena a corretora de imóveis de Palm Beach, recém divorciada, com problemas financeiros e morando com a mãe pentelha, a impressão é que botaram um estagiário drogado pra fazer a edição (ou montagem) e ele colou dois filmes diferentes. Muda o clima, a fotografia, a trilha sonora, interrompe a trama para ficar tentando a todo custo criar alguma utilidade para a personagem, justificar sua presença. O detalhe mais patético é que até o cargo de interesse romântico do protagonista já estava preenchido, e não há triângulo amoroso ou reviravolta. Apenas a corretora doidinha pra dar pro charmoso ladrão, e ele nem aí. A única coisa boa nisso tudo é o breve instante em que ela aparece só de lingerie. Jennifer Lopez, com seus 43 anos, está de parabéns.

    O que resta é lamentar o quão prejudicado foi o bom potencial que havia em Parker. Chover no molhado, mas Jason Statham interpretando ele mesmo nunca é ruim. Da mesma forma, não deixa de ser divertido ver Nick Nolte no papel que vem repetindo em seus últimos trabalhos: um velho cansado que fumou sem parar por 50 anos, dada sua extrema dificuldade pra FALAR. O diretor Taylor Hackford (de Ray e O Advogado do Diabo) mostra competência no gênero ação e entrega ótimas cenas, agressivas e sanguinolentas. Toda a sequência no carro em fuga após o assalto inicial é muito bem filmada. Outro destaque é a luta estilo Bourne com uma sensacional resolução quando o herói tem uma faca apontada contra seu rosto.

    Contudo, esses são só pequenos alentos, o filme não consegue decolar. Mais um Mercenário que decepciona em sua aventura solo. Menos mal que veremos Jason Statham de novo ainda em 2013, torcendo para que seja numa produção melhor.

    Texto de autoria de Jackson Good.

  • Crítica | Os Mercenários

    Crítica | Os Mercenários

    expendables

    Stallone está de volta e, com ele, toda a truculência dos brucutus dos anos 80, que tanto nos proporcionaram entretenimento. Após alguns anos de ostracismo, Sylvester Stallone conseguiu se renovar ao retornar às telas dos cinemas com Rocky Balboa, reinventando não apenas seu personagem mais conhecido – tachado por muitos como ultrapassado e parte de uma lembrança já esquecida -, como também ele próprio.

    Em 2010, Sly abandonou completamente o aspecto intimista contido em Rocky Balboa ou até mesmo Rambo IV, que mesmo com seu roteiro raso ainda proporcionava reflexões acerca da temática política abordada e uma interessante conclusão na construção de um personagem criado ao longo do tempo. Em Os Mercenários temos um retorno aos filmes de ação que o consolidaram como um ícone anos atrás e, acima de tudo, uma grande homenagem ao gênero que o consagrou.

    E para esse retorno aos “velhos tempos”, Stallone convidou um time de peso para participar do elenco. Entre eles temos Dolph Lundgren (o eterno Ivan Drago), Mickey Rourke, Jason Statham, Jet Li, Terry Crews, os lutadores Steve Austin e Randy Couture, Eric Roberts e a brasileira Gisele Itié. Além dos já citados, muitos outros nomes foram cogitados, mas sem dúvida o ponto alto do longa são as aparições de Arnold Schwarzenegger e Bruce Willis em uma reunião com Stallone, em que todos eles se auto-satirizam em um diálogo cheio de tiradas sarcásticas.

    É bom deixar claro que o roteiro de Os Mercenários está repleto de clichês dos filmes do gênero, mas a proposta é justamente essa: ser um bom filme de ação e, acima de tudo, não se levar a sério; afinal, o próprio título original já deixa isso claro (The Expendables = Os Descartáveis). Os Mercenários nada mais são do que um grupo de especialistas contratados pelo governo, ou quem quer que pague, para realizar trabalhos que ninguém mais quer fazer.

    O grupo é liderado por Barney (Stallone), que é contratado para derrubar um governo ditatorial na América do Sul. Ao chegar no país, o grupo percebe que a missão não seria tão fácil quanto o esperado e decidem não aceitá-la, mas o personagem de Barney se apaixona pelo seu contato no país, Sandra, personagem vivida pela Gisele Itié, e decide levar a missão até as últimas consequências.

    Como já falado, a trama é simples, girando em torno da remoção do Ditador Garza (David Zayas), da lealdade dos companheiros de Barney e de seu amor por Sandra. Apesar de uma motivação um tanto medíocre, Stallone traça uma linha entre os filmes de ação dos anos 80 e seu novo longa: se antes a motivação desses personagens estava apenas em suas convicções políticas, aqui temos o amor repentino e o companheirismo de seus parceiros, deixando de lado o discurso panfletário para ser apenas um grande blockbuster.

    O ponto forte do elenco fica por conta de Statham, Rourke e Jet Li, que se mostram carismáticos, além do próprio Stallone, que, apesar de toda sua deficiência, convence com toda sua canastrice. Os demais personagens são bastante inexpressivos, inclusive Gisele, que tem função única de servir como exaltação à beleza feminina e nada mais.

    A direção tem algumas tomadas aéreas e de explosões muito competentes, além de um um close-up durante um momento bastante interessante do personagem do Mickey Rourke, mas para por aí. No geral, ela peca pelo excesso ao tentar filmar cenas de ação desenfreada. Convenhamos, Stallone não é um Paul Greengrass, e as tomadas soam confusas, dificultando o acompanhamento dos movimentos em certos momentos.

    Os Mercenários não veio para reinventar a roda do cinema de ação, mas é ótimo rever um time desse calibre não se levando a sério, rindo deles próprios e, diferente do seu título original, ele não é descartável.

  • Crítica | Os Mercenários 2

    Crítica | Os Mercenários 2

    Expendables-2-

    Quando Sylvester Stallone decidiu não dirigir a sequência de seu sucesso de 2010 (ele passou o cargo para Simon West e apenas co-assina o roteiro), deve ter pensado em ter menos trabalho e mais diversão. Isso já entrega o tom de Os Mercenários 2: muito mais do que o primeiro filme, esse mergulha com gosto na auto-ironia e se assume de vez uma comédia, na qual a ação é apenas uma desculpa pra toda a galera se divertir fazendo o que mais gosta.

    A história é o mais simples e clichê possível. Após uma missão aparentemente fácil acabar muito mal, o bando de Barney Ross sai em busca de vingança, aproveitando o embalo pra salvar um inocente vilarejo do Leste Europeu – afinal, eles são os mocinhos: matam geral, mas só quem merece. O plot envolve qualquer coisa relacionada a armas nucleares soviéticas, só pra ajudar na cara de anos 80 do filme, mas a verdade é que o roteiro parece algo escrito às pressas durante as filmagens das cenas de ação, só porque alguém ali lembrou que precisavam de uma “liga” entre elas.

    E, para desespero da ala hipster, isso não tem importância diante do que o filme se propõe a fazer, não se levando a sério em (quase) nenhum momento. Diversão honesta, regada a tiroteios nos quais a contagem de corpos chega a níveis astronômicos e piadinhas e mais piadinhas sobre as carreiras e as idades dos envolvidos. Ainda que visualmente este fique aquém do antecessor, em termos de impacto massa véio, a pegada humorística e as participações mais especiais acabam compensando.

    Falando sobre o elenco (até porque não há muito mais o que dizer sobre o filme), nosso herói Sly não seria ele se não jogasse uma carga dramática em seu personagem, basicamente por conta do novato sniper vivido pelo irmão do Thor (que não é o Loki), o que resulta num problema, nem tanto pela execução mas pelo fato de isso destoar de todo o resto no filme.

    Jason Statham mais uma vez co-protagoniza e garante os bons momentos de porradaria ninja, já que os outros se dedicam mais a atirar. E também porque Jet Li apareceu só pra constar, imagino que estava obrigado por contrato. Dolph Lundgren é o símbolo maior do novo direcionamento, pois deixa completamente de lado o tom sombrio do filme anterior e se torna o alívio cômico dentro da comédia. Randy Couture (quem?) e Terry Crews já tinham pouco espaço e agora têm menos ainda – no caso do segundo, uma pena. Fechando o time, uma mercenária, a chinesa feiosa que teve até mais destaque do que merecia.

    Em relação aos astros convidados, Schwarzenegger tem um papel maior (surgindo de qualquer jeito na trama, mas enfim) e cumpre o que se esperava dele: metralha igualmente inimigos e piadas com “exterminar” e “eu voltarei”. Bruce Willis é intimado pelo Sly e também vai pra linha de frente, porém tudo meio burocrático. Faltou alguém falar que ele é “duro de matar”.

    Van Damme faz o vilão (chamado Vilain, é sério) e, apesar da cara derretida e dos braços de Popeye, parece à vontade, convence como um cara mauzão. E finalizando com o melhor, a lenda, o mito, o… eu ia dizer Deus, mas isso seria rebaixá-lo: Chuck Norris. Vale o ingresso, só isso. E daí que sua aparição não tem a menor lógica na história? Se sua entrada em cena com trilha sonora de western já não fosse digna de aplausos, o filme ainda brinca da forma mais gratuita possível com os Chuck Norris Facts!

    Depois dessa, pode-se dizer que um terceiro Os Mercenários seria desnecessário. Mas, enquanto houverem medalhões a serem chamados para brincar com si mesmos, há “conteúdo” a se explorar. Sly pode continuar reunindo a turma pra se divertir, e nós pegamos carona com eles.

    Texto de autoria de Jackson Good.