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  • Crítica | Assassino a Preço Fixo

    Crítica | Assassino a Preço Fixo

    Remake de mesmo nome do filme setentista protagonizado por Charles Bronson, Assassino a Preço Fixo (ou Mechanic, no original) é um filme de ação dirigido por Simon West (de Con Air, Mercenários 2 e Carta Selvagem), que coloca o britânico Jason Statham na pele de Arthur Bishop, um mercenário que faz o seu serviço de maneira limpa e rápida, sem deixar vestígios ou rastros. Logo no início é lhe dada uma missão que o deixa dividido, uma vez que tem que assassinar um velho amigo, um sujeito que o ensinou a fazer praticamente tudo.

    Em nome do profissionalismo a missão é cumprida, mas os sentimentos que o assassino tem provocam uma nova obsessão, no intuito de tentar desbaratar a operação que o fez encerrar a vida de seu mentor. A partir daí começa uma jornada que ele faz junto a Harry McKenna (Ben Foster), que funciona como um pupilo/parceiro seu. Os métodos e desejo de vingança por conta da morte do mentor de Bishop acompanham Harry, tendo nesses laços a maior ligação possível entre os personagens.

    West sabe dosar bem suas qualidades positivas, apresentando uma atmosfera de perigo com cenas de ação extremamente bem conduzidas. O suspense se torna mais caro graças a trilha sonora frenética e os ângulos escolhidos pelo cineasta lembram algumas escolhas estéticas que Paul Greengrass fazia nos filmes da franquia Jason Bourne, em especial A Supremacia Bourne, misturando também com o estilo de ação da recente onda francesa.

    Apesar de não ser uma obra memorável, essa versão de Assassino A Preço Fixo é eficaz no sentido de entreter seu público, com um número de personagens carismáticos elevado, graças em especial as performances de Statham, Foster e de Donald Sutherland, que mesmo com pouco tempo de tela, demarca bem sua importância no imaginário do público. Como era a versão de 1972, esse também é um bom fruto do meio, com West conseguindo reunir todos os elementos que funcionam nos últimos bons filmes de ação dos anos 2000, como De Volta ao Jogo, Noite Sem Fim e Busca Implacável, mas sem perder a identidade própria.

  • Crítica | Carta Selvagem

    Crítica | Carta Selvagem

    Wild Card - Poster

    Carga Explosiva foi o primeiro papel principal de Jason Statham, e um bom cartão de visitas que ainda hoje lhe garante o status de astro de ação contemporâneo. O performático filme produzido por Luc Besson foi lançado em uma época em que coreografias marciais eram uma vertente em decadência. Ainda assim, entregava ao público a necessária ação frenética e destacava o ator como um brucutu em potencial.

    Representante de um único estilo de papel, o personagem bruto com um passado violento, suas personagens se configuram como o tradicional herói de ação fundamentado na década de 80. Homens solitários e fortes fisicamente com potencial para serem um exército de um homem só. A trilogia Carga Explosiva e a paródia cômica Adrenalina trazem o melhor do ator. Ação direta, violenta e rápida, com maior enfoque para a luta corpo a corpo.

    Se estabelecermos essas primeiras produções como um parâmetro, observamos que o ator tentou diversificar a carreira em filmes de ação sem as lutas desenfreadas dessas primeiras interpretações. Histórias levemente dramáticas que, supostamente, garantiriam mais peso aos seus personagens. As cenas de ação se tornaram menores e mais concentradas e, em certos filmes, quase inexistentes. Uma ausência decepcionante se você espera que o ator entregue a brutalidade costumeira do gênero.

    Dirigida por Simon West, responsável por diversos filmes medianos e os excelentes Con Air – A Rota da Fuga e Mercenários 2, Carta Selvagem é a nova produção solo de Statham. Dessa vez, o ator é Nick Wild, um mercenário que vive em Las Vegas como consultor de segurança. Quando uma ex-namorada é espancada por um figurão da cidade, a personagem se vê obrigada a retornar à violência que tentou deixar para trás. Baseado em um livro de William Goldman, roteirista responsável por grandes obras como Butch Cassidy e Maratona da Morte, a trama já fora adaptada anteriormente em 1985 com Burt Reynolds no papel principal.

    A vingança ocupa aproximadamente um terço do filme, como um primeiro ato de uma trama maior. Wild tem ciência de que, após a execução da vingança,  deve sair da cidade e, à procura de dinheiro, passa a apostar freneticamente, e vencer, em uma mesa de blackjack. Um entreato que dura mais do que necessário e não parece dramático e urgente o suficiente. A trama se arrasta fazendo o público se perguntar se haverá algum momento em que a ação entrará em cena definitivamente.

    Há poucas cenas de ação no longa-metragem. West incorre no erro de apresentar os primeiros embates em câmera lenta, um recurso saturado no estilo e que ameniza o potencial das lutas de Statham. Normalmente, é sua agilidade nas artes marciais e a brutalidade que marcam suas cenas coreografadas. Promovê-las em câmera lenta torna-se diferente do habitual, sem dúvida. Mas perde em impacto.

    O terceiro e último ato da história retorna a ação em boas sequências e tenta retomar o pulso de uma situação-limite, mas nenhum personagem parece ameaçador para tornar-se um problema para a missão de fuga da personagem. Ao tentar diversificar sua carreira, o britânico tem estrelado filmes que seu público-alvo não deseja ver. E a cada nova produção, permanece a expectativa de que seja esta a obra que lavará a alma do ator, em fúria, porrada e sangue. Faltam-lhe boas histórias que direcionem seu talento para aquilo que Statham faz de melhor: ser um astro de ação físico, sem um drama profundo que o afaste do brucutu que se tornou.

  • Crítica | O Resgate

    Crítica | O Resgate

    o-resgate - poster

    A cada filme que estrela, Nicolas Cage dá passos para se tornar uma espécie de mito contemporâneo. Mesmo em uma época em que grandes atores não têm mais o prestígio de outrora e não cativam tanto público para suas produções, Cage continua realizando filme após filme e tendo um grande público, sendo alvo de montagens virtuais e, o mais estranho, figurando na capa de um livro de biologia de um país europeu com uma imagem retirada de Arizona Nunca Mais.

    Houve um momento em que sua carreira era respeitada. Além do Oscar em 1996, por Despedida em Las Vegas, tornou-se um astro de ação com diversas boas produções presentes no coletivo popular e sempre reprisadas na televisão aberta. Até quando resolveu esquecer o talento e qualquer método de interpretação possível.

    Ainda assim é personagem central em muitas produções. De dez anos para cá, estrelou vinte e quatro produções – a maioria repetindo os mesmos papéis, sendo O Senhor das Armas e O Sol de Cada Manhã os últimos vestígios de seu talento.

    Retomando a parceria com Simon West, que o dirigiu em Con Air – A Rota da Fuga, O Resgate é um tradicional filme de um bandido arrependido que, após a prisão, tenta fazer as pazes com a família, normalmente formada por mãe e uma filha adolescente que não gosta do pai. A reviravolta acontece quando um dos homens de seu bando sequestra a garota, exigindo sua parte do último assalto, que resultou na prisão da personagem.

    Com apenas noventa e seis minutos de duração, a motivação é muito clara. Um pai que fará de tudo para salvar a sua filha. O tempo relativamente curto em que se desenvolve a história é suficiente para ter agilidade e não pecar em apresentar reviravoltas desnecessárias. Mas outras tramas apresentaram a mesma história com mais vigor, como Busca Implacável.

    Em cena, Nicolas Cage está igual ao seu personagem em Motoqueiro Fantasma: Espírito da Vingança. Que, por sua vez, é igual ao de Reféns. Igual ao de Pacto Sobre Rodas. E assim segue. Repetindo o mesmo olhar meio agressivo, meio maluco, a voz descontrolada que sempre precisa se impor da maneira italiana: gesticulando ameaçadoramente.

    Em algum momento, o ator se perdeu. E hoje, ainda assim, continua produzindo filmes que devem ser vistos mesmo pelo riso involuntário. Pela sensação de ver em cena um ator que parece fingir não saber que tem descido uma triste ladeira sem fim.

    O mais impressionante dessa produção é saber que, no mesmo ano, o diretor West realizaria com Stallone Os Mercenários 2. Verificando sua filmografia percebe-se que o filme com Sly foi um dos poucos acertos entre diversos fracassos.

  • Crítica | Os Mercenários 2

    Crítica | Os Mercenários 2

    Expendables-2-

    Quando Sylvester Stallone decidiu não dirigir a sequência de seu sucesso de 2010 (ele passou o cargo para Simon West e apenas co-assina o roteiro), deve ter pensado em ter menos trabalho e mais diversão. Isso já entrega o tom de Os Mercenários 2: muito mais do que o primeiro filme, esse mergulha com gosto na auto-ironia e se assume de vez uma comédia, na qual a ação é apenas uma desculpa pra toda a galera se divertir fazendo o que mais gosta.

    A história é o mais simples e clichê possível. Após uma missão aparentemente fácil acabar muito mal, o bando de Barney Ross sai em busca de vingança, aproveitando o embalo pra salvar um inocente vilarejo do Leste Europeu – afinal, eles são os mocinhos: matam geral, mas só quem merece. O plot envolve qualquer coisa relacionada a armas nucleares soviéticas, só pra ajudar na cara de anos 80 do filme, mas a verdade é que o roteiro parece algo escrito às pressas durante as filmagens das cenas de ação, só porque alguém ali lembrou que precisavam de uma “liga” entre elas.

    E, para desespero da ala hipster, isso não tem importância diante do que o filme se propõe a fazer, não se levando a sério em (quase) nenhum momento. Diversão honesta, regada a tiroteios nos quais a contagem de corpos chega a níveis astronômicos e piadinhas e mais piadinhas sobre as carreiras e as idades dos envolvidos. Ainda que visualmente este fique aquém do antecessor, em termos de impacto massa véio, a pegada humorística e as participações mais especiais acabam compensando.

    Falando sobre o elenco (até porque não há muito mais o que dizer sobre o filme), nosso herói Sly não seria ele se não jogasse uma carga dramática em seu personagem, basicamente por conta do novato sniper vivido pelo irmão do Thor (que não é o Loki), o que resulta num problema, nem tanto pela execução mas pelo fato de isso destoar de todo o resto no filme.

    Jason Statham mais uma vez co-protagoniza e garante os bons momentos de porradaria ninja, já que os outros se dedicam mais a atirar. E também porque Jet Li apareceu só pra constar, imagino que estava obrigado por contrato. Dolph Lundgren é o símbolo maior do novo direcionamento, pois deixa completamente de lado o tom sombrio do filme anterior e se torna o alívio cômico dentro da comédia. Randy Couture (quem?) e Terry Crews já tinham pouco espaço e agora têm menos ainda – no caso do segundo, uma pena. Fechando o time, uma mercenária, a chinesa feiosa que teve até mais destaque do que merecia.

    Em relação aos astros convidados, Schwarzenegger tem um papel maior (surgindo de qualquer jeito na trama, mas enfim) e cumpre o que se esperava dele: metralha igualmente inimigos e piadas com “exterminar” e “eu voltarei”. Bruce Willis é intimado pelo Sly e também vai pra linha de frente, porém tudo meio burocrático. Faltou alguém falar que ele é “duro de matar”.

    Van Damme faz o vilão (chamado Vilain, é sério) e, apesar da cara derretida e dos braços de Popeye, parece à vontade, convence como um cara mauzão. E finalizando com o melhor, a lenda, o mito, o… eu ia dizer Deus, mas isso seria rebaixá-lo: Chuck Norris. Vale o ingresso, só isso. E daí que sua aparição não tem a menor lógica na história? Se sua entrada em cena com trilha sonora de western já não fosse digna de aplausos, o filme ainda brinca da forma mais gratuita possível com os Chuck Norris Facts!

    Depois dessa, pode-se dizer que um terceiro Os Mercenários seria desnecessário. Mas, enquanto houverem medalhões a serem chamados para brincar com si mesmos, há “conteúdo” a se explorar. Sly pode continuar reunindo a turma pra se divertir, e nós pegamos carona com eles.

    Texto de autoria de Jackson Good.