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  • Review | Star Trek Discovery: Shorts Treks

    Review | Star Trek Discovery: Shorts Treks

    Após o termino da primeira temporada de Star Trek Discovery, foi lançado uma cena bônus, do episodio 15, Will You Take My Hand?, onde a Georgiou (Michelle Yeoh)  é encontrada por um agente da misteriosa Seção 31. A cena é bastante legal, e foi bem recebido, então os produtores resolveram, começar a produzira pequenos curtas antes da segunda temporada ir ao ar, e nesse interim, foram divulgados quatro vídeos curtos.

    Runaways começa no espaço, onde uma encomenda é aberta por dentro, a bordo da Discovery, e uma criatura sai de lá. Toda a produção é muito bonita, e é feita nos mesmos cenários e moldes de um episódio comum. O personagem conhecido do publico que faz participação é a tímida Tilly (Mary Wiseman), e logo ela encontra a criatura, que tem forma de uma mulher humana, com detalhes azuis no rosto que se assemelham a pinturas de tinta comum, cuja personalidade é arisca e desconfiada e que tem em seu poder uma manifestação do seu jeito de ser, uma vez que pode ficar invisível.

    O episódio termina de forma um pouco repentina e sentimental, mas ajuda a simpatizar pela figura não só do novo elemento, mas também de Tilly. O ideal desses especiais  é mostrar não só pequenas historias , que também sejam fáceis de assistir e que não acrescentem tanto a mitologia do seriado, uma vez que são separados das temporadas regulares. Calypso mesmo trata de isolamento, mostra o personagem Quarrel (Aldis Hodge)  acordando sozinho, em uma nave a deriva, cuja única companhia é Zora, uma inteligência artificial.

    Há um bocado de semelhanças deste com Gravidade e Alien: O Oitavo Passageiro, no sentido de mostrar um homem desconfiado que acorda em um lugar inesperado, e por conta da solidão, ele se percebe afeiçoando pela maquina que o salvou. O conceito dos capítulos em referenciar boas ficções científicas recentes – como Ela, de Spike Jonze – mas dentro dos episódios clássicos de Jornada nas Estrelas: A Série Clássica e nas derivadas isso era bem comum.

    The Brightest Star é protagonizado por Saru (Doug Jones) e pelos kelpiens. O fato do episodio se passar no planeta natal de Saru confere ao programa um caráter de intimidade e mergulho dentro do que é o personagem e do comportamento comum a sua espécie, e aqui se nota que ele era ousado para os padrões de seu povo, sempre sonhou em voar, enquanto seus companheiros, consideram isso uma ousadia contra a natureza.

    Saru é extraordinário, tem engenhosidade para manipular uma tecnologia que seu povo teme, e é forte mentalmente ao ponto de querer contato com outras culturas, fato que combina obviamente com o ideal que Gene Rondenberry estabeleceu, de ir audaciosamente por cenários não vistos pelo homem.

    Harry Mudd volta no ultimo mini episodio, The Scape Artist exibido em Janeiro deste ano, dirigido pelo interprete do mesmo, Rainn Wilson. A trama começa com ele prisioneiro, e após algumas reviravoltas, se percebe que ele é aardiloso demais para ser tão facilmente encarcerado. Os momentos finais são engraçadíssimos e fazem valer toda a veia cômica de Wilson, sem dúvida é a melhor de suas participações a frente do personagem clássico que foi introduzido em Jornada nas Estrelas.

    Esses mini episódios servem de aperitivo, e visam resgatar o escapismo que Discovery demorou a ter em sua temporada de estréia, e serviram bem para matar a saudade dos bons elementos introduzidos na série antes pensada por Bryan Fuller e conduzida por Akiva Goldsman. Se seguir nessa esteira, a segunda temporada tem tudo para ser bem divertida, inteligente e voltada para um clima de aventura que discute bem os detalhes e desejos do homem enquanto explorador do espaço.

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  • Crítica | Megatubarão

    Crítica | Megatubarão

    Com a popularização do chamado cinema trash, a Asylum começou a produzir muitos filmes que são intencionalmente vagabundos, com efeitos especiais toscos, roteiros primários e atores que claramente não tem espaço em qualquer produção audiovisual séria, e um dos temas que mais se usa nesse sentido são os tubarões. Sharknado, Mega Shark, Ghost Shark são só alguns dos muitos filmes da famigerada Sharksploitation que essas companhias de cinema sem dinheiro fazem. Eis que a Warner Bros resolveu fazer a sua versão desse fenômeno, com um orçamento graúdo e com uma estrela de nível baixo, Jason Statham, mas sem o mesmo charme das produções mais pueris.

    A história começa com Jonas Taylor (Statham), um especialista em resgates submarinos tendo um dia comum, onde tem que salvar uma tripulação embaixo d’água. Essa ação tem baixas, o personagem de Statham deliberadamente deixa alguns homens para trás, a fim de salvar outros, e isso faz com que ele seja encarado como um louco/covarde. Em outro momento, depois da construção de uma enorme base marinha, hipertecnológica e bancada por um bilionário, um outro submarino fica preso por algo misterioso nas águas mais profundas e Taylor é chamado, seduzido pelo fato de sua ex-mulher estar a bordo daquilo.

    O diretor John Turteltaub é responsável pelo remake para a TV de A Hora do Rush e também comandou os filmes O Aprendiz de Feiticeiro e Última Viagem a Vegas, todos produtos bem diferentes de um longa de ação escapista, de modo que, sua experiencia pouco auxilia no resultado final. A maior parte do humor presente no roteiro se baseia na simples exposição de corpos e sedução, seja o de Statham sem camisa ou do charme recatado de  Bingbing Li. Acaba sendo esse um filme para toda a família, um produto que não incomoda absolutamente ninguém e que tem uma ou outra cena bizarra.

    O gore do filme de vez em quanto ousa, em especial quando mostra as dilacerações dos tubarões, mas incrivelmente as vítimas humanas quase nunca tem sangue ou amputamentos. Mesmo os absurdos não são tão gritantes quanto poderiam, mas o que mais irrita Megatubarão é que ele promete que será escrachado, mas não é, se mostrando apenas mais um exemplar contido e preso em uma fórmula hollywoodiana muito cartesiana e que não pratica qualquer diferencial do restante dos filmes de ação recentes.

    https://www.youtube.com/watch?v=hgwycIPilI0

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  • Crítica | Super

    Crítica | Super

    super1

    O foco do filme, logo de início é em Frank Dabor, interpretado por Rainn Wilson, um sujeito de vida ordinária, sem quase atrativo nenhum, com pouco tato social e nenhuma noção do que é atrativo ou não para os outros seres humanos. Em suma é um loser, humilhado desde a infância, que só teve dois momentos dignos de nota: O dia do seu casamento, e a vez em que ajudou um policial a pegar um bandido apontando para onde o marginal foi.

    Super é o segundo filme dirigido por James Gunn, e mostra a rotina enfadonha de seu protagonista com a câmera na mão, explicitando uma realidade nua e cruel explicitando a vida patética e apática dele. Frank é tão desmotivado que acha em um programa de canal evangélico a inspiração que  provocará a mudança em sua vida, assistindo a uma esquete com um super-herói politicamente correto. A mensagem “sagrada” vai de encontro ao seu próprio ideal ético e o motiva a fazer a diferença ele mesmo. Frank se entrega ao vigilantismo, como se esta fosse a única forma de ser feliz e reconquistar a garota, e deixa claro que só opta por esta decisão porque é a única que conhece.

    O herói recusa o seu chamado indagando a Deus se Crimson Bolt é mesmo o desejo divino para o seu destino. O personagem não havia dado mostras até então de ser religioso, e escancara a total falta de motivação em sua vida, se agarrando a primeira solução que aparece a sua frente, o que é evidenciado ainda mais pelo fato de ele não cobrir nenhum rastro – usa o mesmo carro em sua vida civil e de combatente do crime, chama uma atenção desnecessária para si, é atrapalhado e estabanado, e acho que para fazer o bem só é necessário querer fazê-lo, mesmo que sem preparo.

    A trama envolve assassinato, uso abusivo de drogas, prostituição, tráfico de pessoas e uma violência cheia de grafismos, mas em uma tônica humorística como uma capa, que envolve o filme e o cristaliza, tornando-o um espécime curiosíssimo. Os golpes e hematomas são hiper-realistas se comparado com outros filmes de humor, há amputação de membros, deformações corporais, massas encefálicas à mostra e uma ultra violência bastante incomum.

    Apesar do pouco tempo em tela, a personagem Sarah, de Liv Tyler, parece ter tido na sua vida, a real escolha para a exploração de jornada do herói explicitada por Joseph Campbell e executada à exaustão no cinema hollywoodiano. Sua trajetória de vida passa por todas as etapas discutidas em Herói de Mil Faces e sua caracterização é a única que permite ter maiores nuances e detalhamentos de caráter, conduta e sensibilidade, o que faz analisar a história de Frank como algo acessório, um pastiche para fortificar a real história, que se torna ainda mais evidente com o final edificante do filme. Rainn Wilson parece funcionar melhor como coadjuvante, a exemplo de The Office, e como no seriado, ao máximo funciona neste Super, com seu ótimo desempenho em tela.