Tag: Filmes de Tubarão

  • Crítica | Megatubarão

    Crítica | Megatubarão

    Com a popularização do chamado cinema trash, a Asylum começou a produzir muitos filmes que são intencionalmente vagabundos, com efeitos especiais toscos, roteiros primários e atores que claramente não tem espaço em qualquer produção audiovisual séria, e um dos temas que mais se usa nesse sentido são os tubarões. Sharknado, Mega Shark, Ghost Shark são só alguns dos muitos filmes da famigerada Sharksploitation que essas companhias de cinema sem dinheiro fazem. Eis que a Warner Bros resolveu fazer a sua versão desse fenômeno, com um orçamento graúdo e com uma estrela de nível baixo, Jason Statham, mas sem o mesmo charme das produções mais pueris.

    A história começa com Jonas Taylor (Statham), um especialista em resgates submarinos tendo um dia comum, onde tem que salvar uma tripulação embaixo d’água. Essa ação tem baixas, o personagem de Statham deliberadamente deixa alguns homens para trás, a fim de salvar outros, e isso faz com que ele seja encarado como um louco/covarde. Em outro momento, depois da construção de uma enorme base marinha, hipertecnológica e bancada por um bilionário, um outro submarino fica preso por algo misterioso nas águas mais profundas e Taylor é chamado, seduzido pelo fato de sua ex-mulher estar a bordo daquilo.

    O diretor John Turteltaub é responsável pelo remake para a TV de A Hora do Rush e também comandou os filmes O Aprendiz de Feiticeiro e Última Viagem a Vegas, todos produtos bem diferentes de um longa de ação escapista, de modo que, sua experiencia pouco auxilia no resultado final. A maior parte do humor presente no roteiro se baseia na simples exposição de corpos e sedução, seja o de Statham sem camisa ou do charme recatado de  Bingbing Li. Acaba sendo esse um filme para toda a família, um produto que não incomoda absolutamente ninguém e que tem uma ou outra cena bizarra.

    O gore do filme de vez em quanto ousa, em especial quando mostra as dilacerações dos tubarões, mas incrivelmente as vítimas humanas quase nunca tem sangue ou amputamentos. Mesmo os absurdos não são tão gritantes quanto poderiam, mas o que mais irrita Megatubarão é que ele promete que será escrachado, mas não é, se mostrando apenas mais um exemplar contido e preso em uma fórmula hollywoodiana muito cartesiana e que não pratica qualquer diferencial do restante dos filmes de ação recentes.

    https://www.youtube.com/watch?v=hgwycIPilI0

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  • Crítica | Águas Rasas

    Crítica | Águas Rasas

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    Com o perdão da injusta comparação, o diretor catalão Jaume Collet-Serra é como Clint Eastwood quando escolhe um filme para dirigir. Ele não entra pra perder ou fazer feio. Assim como o oscarizado diretor, Serra escolhe seus projetos a dedo e o resultado, ainda que não seja de prêmios em festivais ou de produções que acarretam caminhões de dinheiro, é sempre satisfatório por um simples motivo: o público adora seus filmes regados de suspense e o sucesso daquele determinado projeto se dá por meio do boca à boca entre as pessoas. Com certeza algum amigo já te indicou algum filme dirigido por Serra, seja A Casa de Cera, A Órfã, Desconhecido, Sem Escalas ou o estiloso Noite Sem Fim.

    Em tempos de pérolas como a franquia mítica e milionária Sharknado e de produções porcas como Mega Shark Vs Crocosaurus, o gênero que se leva a sério de filmes envolvendo tubarões ficou esquecido após o viral Mar Aberto, fazendo com que o clássico Tubarão, de Steven Spielberg, se mantivesse no topo e com uma larga vantagem em relação às demais produções.

    Blake Lively vive Nancy, uma estudante de medicina indecisa com relação ao seu futuro, mas que adora surfar. Ela, aparentemente, não se dá muito bem com o pai, principalmente após a morte de sua mãe e por isso resolveu viajar o mundo para celebrar sua memória. E é aí que ela resolve procurar uma praia secreta que nenhum nativo revela o nome, sendo que tudo que nós sabemos até então é que a protagonista viaja com uma amiga que não lhe acompanha por estar de ressaca, uma vez que podemos acompanhar junto de Nancy o que ela escreve ou lê quando está em contato com sua amiga ou sua irmã mais nova.

    Chegando à praia, Nancy faz amizade com dois nativos surfistas e o que vemos em seguida é uma série de belas imagens relacionadas à prática do surfe. Nesse ponto, é possível que o espectador se irrite porque a produção não apresenta até aquele momento nada conceitualmente novo, principalmente no que diz respeito aos surfistas e a sensação é de estar assistindo a algum documentário feito por algum canal de esportes radicais. Porém, tudo muda quando os surfistas decidem ir embora, deixando Nancy para uma “última onda”. Acontece que uma baleia morta atraiu um enorme tubarão branco para as águas rasas da praia.

    aguas-rasas-surf-tubaraoFica extremamente difícil escrever sobre o tema sem contar o que acontece, mas, de qualquer forma, o drama da jovem faz com que o espectador a acompanhe de perto, como se estivesse ao seu lado, sentindo, quase que literalmente, sua dor pelas próximas horas, sendo que tudo que Nancy tem para lhe auxiliar são seus objetos pessoais que lhe acompanhavam ao mar, como seu relógio, sua roupa de mergulho, seus brincos e um pingente, além de conhecimentos básicos sobre a movimentação das marés, o que adiciona ainda mais urgência à trama e sua resolução. Vale destacar que não é por acaso o fato dela ser praticamente uma médica, pois qualquer outro surfista sem conhecimentos da medicina chegaria a óbito logo na metade do filme. Uma solução suja, porém, necessária para manter a personagem por tempo suficiente em tela.

    Os méritos de Águas Rasas, curiosamente, não se dão pelas características já conhecidas do diretor que costuma contar histórias peculiares com uma boa dose de estilo, mas sim pelo fato dessa história ser a mais simples possível, onde uma mulher que passa por um trauma faz com que seu instinto fale mais alto do que a própria razão, ainda que quem esteja lá do outro lado seja alguém que está no topo da cadeia alimentar. Dessa forma, créditos também cabem à Blake Lively que mostrou ser uma atriz extremamente versátil nas diversas situações em que a vemos durante quase uma hora e meia de filme. E por que não falarmos da simpática gaivota que, assim como Nancy, passa por drama semelhante? A interação entra as duas é um destaque a parte.

    Com isso, podemos dizer com segurança que Águas Rasas entra para o “hall da fama” de filmes de gênero sobre tubarões.

    Texto de autoria de David Matheus Nunes.

  • Crítica | Sharknado: Corra Para o 4º

    Crítica | Sharknado: Corra Para o 4º

    sharknado 4Quem diria, hein? Aquele filme despretensioso, tosco, absurdamente ridículo, lançado em 2013 pelo Canal SyFy, chegou ao quarto episódio. O fato de Thunder Levin conseguir formular três roteiros sobre um tornado de tubarões já era algo deveras impressionante. Mas três não foram suficientes. O quarto chegou e com mais glória do que nunca!

    Sharknado: Corra Para o 4º é um oceano de referências, a começar pelo título original (The 4th Awakens), que remete ao Episódio VII de Star Wars. Não satisfeitos, a cena inicial é o clássico letreiro com as letras flutuando no espaço narrando os acontecimentos após o terceiro filme, tudo de forma absolutamente gratuita e babaca.A partir daí, já podemos notar o quão deliciosamente desnecessário é este filme.

    O que poderia haver de diferente em relação aos filmes passados? Conseguiria Thunder Levin criar uma trama com elementos diferenciados? Sim, ele conseguiu, e não teve limites. Não satisfeito com o Sharknado puro, agora a ameaça vento-tubarônica ganhará “poderes” e tipos diferentes, dentre eles o poderoso Fogonado e, claro, o Vacanado, referenciando o pavoroso filme Twister.

    SHARKNADO: THE 4TH AWAKENS -- Pictured: David Hasselhoff as Gil Shepard -- (Photo by: Patrick Wymore/Syfy)

    Não há muito o que falar do elenco: os personagens centrais estão de volta. sendo Ian Ziering o herói Fin Shepard e, felizmente, David Hasselhoff dá o ar da graça novamente como o pai do protagonista. Aliás, temos que aplaudir de pé o Sr. Hasselhoff por reerguer sua carreira nesta franquia sensacional e nos relembrar o quão mau ator ele é, apesar do carisma incontestável. Ou seja, é perfeito para este filme.

    A estrutura do filme é parecida com os anteriores, mas desta vez incorporou-se alguns elementos tecnológicos que, durante cinco anos, conseguiram anular os Sharknados que começaram a se formar. Acontece que a natureza é poderosa e, em determinado momento, o tornado volta com força total numa situação completamente esdrúxula e conveniente. Mais uma vez, palmas ao Sr. Levin, que aliado ao seu fiel companheiro, o diretor Anthony C. Ferrante, deram à luz a mais uma grande obra cinematográfica. Ria, chore, se emocione neste turbilhão de aventuras, descubra se April, a personagem de Tara Reid, morreu ou não… e se achar ruim, azar o seu, porque vai ser mais ano que vem!

  • Crítica | Sharknado 3: Oh, Não!

    Crítica | Sharknado 3: Oh, Não!

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    Oh, sim! A catástrofe natural mais querida do universo não desiste! Após faturar bilhões de dólares em bilheteria e ganhar diversos prêmios, Sharknado retorna com a terceira parte da grande saga de Fin Shepard (Ian Ziering).

    Após os acontecimentos do segundo filme, a família Shepard está feliz e contente no parque da Universal, usufruindo momentos de paz. April (Tara Reid) está grávida e maneta. Fin é condecorado com a Motosserra Dourada, um ilustre prêmio por sua façanha contra o Sharknado. Tudo parecia bem… até o primeiro tubarão cair do teto! Algo indica que Fin atrai Sharknados, tanto que desenvolveu um sexto sentido que pressente a aproximação do tornado. Mais uma vez, o herói precisará proteger sua família e a nação americana.

    Tivemos uma nítida evolução na parte técnica, deixando claro o maior orçamento despendido pela produtora The Asylum. Em diversas cenas foram utilizados tubarões reais e sangue sintético, provando que os efeitos práticos ainda têm espaço no cinema atual. O uso do CGI foi pontual e certeiro em pouquíssimas cenas, um ponto extremamente positivo que traz realismo e empatia.

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    O elenco está impecável. Além de Ian Ziering e Tara Reid, temos participações especiais de muitas estrelas: Frankie Muniz, Lou Ferrigno, Lorenzo Lamas, Bo Derek, Ray J, George R. R. Martin, além de Avalon Stone e Juliana Ferrante. Porém, a grande força é o inigualável David Hasselhoff, que após ter sua carreira reerguida ao interpretar a genial música-tema de Kung Fury, marca seu retorno definitivo às telonas neste filme. Sempre que aparece em tela, Hasselhoff rouba a cena com seu carisma e talento.

    Nem só o elenco merece os louros. O talentoso diretor Anthony C. Ferrante mostra competência e personalidade, mostrando sua assinatura o tempo todo, notória ao longo de sua extensa filmografia. O roteirista Thunder Levin, que faz parceria com o diretor desde o primeiro episódio da saga, elaborou uma trama coesa, madura e envolvente. Todos os dramas humanos para superar as dificuldades, aliados à verossimilhança dos acontecimentos, faz com que o espectador se identifique facilmente com os personagens e situações, sendo difícil segurar as lágrimas em diversos momentos. Além disso, inúmeras referências a outros filmes menores permeiam toda a película. Sem dúvidas, a dupla Ferrante-Levin é uma das parcerias mais preciosas da atualidade.

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    No primeiro filme, fomos apresentados à catástrofe Sharknado e à família Shepard. No segundo, houve um grande desenvolvimento dos personagens e da história, criando um complexo pano de fundo para este terceiro episódio. Fin carrega um grande fardo e precisa evitar que o temível Sharknado destrua seu país e sua família. A grande motivação de Fin é seu filho que está para nascer, querendo garantir um mundo pacífico para ver seu rebento crescer feliz. Todas as motivações são muito bem desenvolvidas, acarretando em um final surpreendente.

    Sharknado 3 não é apenas mais um filme-catástrofe. Ele quebra paradigmas e inova em diversos termos narrativos. Como se não bastasse, na época da estreia, o espectador poderia escolher o destino de April votando com uma hashtag no Twitter. O resultado da votação será revelado em Sharknado 4. Se você assistir à versão do DVD, Blu-ray ou Netflix, não verá as opções de votação. Infelizmente, quem não vivenciou o filme em sua estreia perdeu esse grande evento do cinema mundial. Agora, vamos esperar o lançamento do próximo capítulo desta saga que, sem dúvidas, é a mais grandiosa e relevante já feita em mídia audiovisual. Porém, será difícil superar Sharknado 3, que é o melhor da franquia até então.

  • Crítica | Mega Shark vs. Mecha Shark

    Crítica | Mega Shark vs. Mecha Shark

    Mega Shark vs. Mecha Shark não guarda momentos para reflexão ou para contemplação bestificada dos fenômenos naturais, pois, aos três minutos de exibição, já demonstra a que veio, momento em que se mostra o derretimento de um iceberg imenso, o que destrói o Megalodon, peixe ruim que é levado pela costa do Cairo. No começo, há até uma citação a Charles Bukowski, claro, sumariamente ignorada pelos signos visuais que remetem ao Hawaii, mesmo que a embarcação – majoritariamente estadunidense – esteja na “África branca”, atacada pelo animal pré-histórico, que consegue lançar um pedaço da máquina de metal percorrer toda a extensão do país para decapitar a Esfinge de Gizé.

    No entanto, dessa vez a humanidade não está de bobeira, pois foi construída uma máquina de contra-ataque chamada Nero, um submarino em formato de tubarão e pilotado pela bela loira – dona de um belo par de mamas – Rosie Gray (Elisabeth Rohm). Num primeiro embate, a embarcação tem à sua frente uma enguia gigante que tenta esmagá-la, mas que esbarra na perícia da bela capitã e de seu imediato, o negro afetado Jack Turner (Christopher Judge ), que visita as instalações das altas rodas militares, com fileiras cheias de membros de alta patente e que guardam com afinco o segredo máximo das forças armadas: Mecha Shark, a definitiva arma contra a praga do Mega Tubarão.

    Dessa vez, a população mundial é focada e não mais ignorada pelo “massa véio” das outras fitas. Membros das embarcações que pereceram são entrevistados pelos jornalistas e lá registram toda a sua fúria com as figuras de autoridade que ignoraram a necessidade de manterem-se a salvo de um tubarão com crise de gigantismo, pois certamente isso é algo muito prioritário. Visando uma melhor análise do inimigo, até Emma MacNeil (Debbie Gibson), a primeira heroína da franquia, é reativada, ainda que sua maquiagem seja mais barata, deixando de esconder as rugas que os anos provocaram-lhe – considerando sua idade, 44 anos, tudo isto é absolutamente perdoável.

    No entanto, o fracasso acomete Rosie e seu amigos, pois, ao permanecer colado em Megalodon, Nero é danificada. O medo de perder o monstro de vista faz com que os superiores temam em esperar o concerto da máquina, mas os engenheiros, em tempo recorde, reparam o transporte. Depois de uma brava batalha, Rosie cai e quase morre nas profundezas marinhas, mas a inteligência artificial de Nero ajuda a loira a sobreviver, mesmo ela carregando lembranças más da morte de sua filha e de sua crise de alcoolismo.

    Por força das circunstâncias e para fazer do mundo um lugar melhor para se viver, Nero é posto para comandar Mecha Shark, cuja inteligência artificial comanda um robô ainda maior e mais poderoso. É como se, em tempos de crise, a Skynet se aliasse aos humanos para destruir um mal maior, pondo todo e qualquer Complexo de Frankenstein por terra, já que a maldade da natureza é muito maior que qualquer guerra entre criador e criatura. Esta premissa inteligentíssima é levada a sério e, claro, distorcida no decorrer da trama.

    Para aumentar o escopo de que a união faz a força, Rosie encontra Emma, num embate de gerações entre loiras protagonistas, que, juntas, buscam entender o modus operandi do tubarão do mal. Incrível como, após uma pane, o especialista Doutor Turner tenta resolver o problema do Mecha Shark batendo mais forte em seu teclado, como se estivesse espancando o PC.

    Após o ataque, o protocolo da máquina – que está em terra, onde milagrosamente funciona lá – vai para o vinagre. A única coisa capaz de pará-la é uma inocente criança, que toca o seu coração de lata por alguns instantes. Mas isso dura pouco, pois o robô devastador passeia livremente pelas ruas de Sydney, destruindo tudo o que vive, respira, que tenha asfalto ou concreto. Os bombeiros tentam aplacar a destruição, mas tudo parece em vão.

    Depois de uma enorme discussão filosófica, a genial Gemma dá a ideia de tentar embater os dois tubarões, uma vez que machos tendem a se temer mutuamente. O plano maravilhoso consiste em atrair Mecha para a água, onde automaticamente Mega o encontraria, para, enfim, ter a sua disputa justa. Baseando-se nisso, Rosie se embrenha em uma aventura de isca humana no interior da máquina malvada – em última análise, ela se entrega para sacrifício, como no paralelo bíblico de Isaque e Abraão, em que Deus pediu a vida do único filho de seu servo, pedido o qual seria atendido pelo temente homem de fé.

    No final, há de tudo, desde negros pilotando motocross – não que haja um motivo plausível para isso (até porque motivação não é o forte do roteiro) – chamando a atenção do robozão até um almirante louco, que aponta um revólver para um animal capaz de sobreviver até mesmo a um míssil nuclear. Mas um estratagema é desenvolvido por eles, instalando uma bomba no robô e destruindo (supostamente) o Mecha e o Megalodon, mas resgatando o pendrive que conteria Nero, seu amigo digital. Em uma análise mais profunda, a peça pode ser comparada a uma aliança, que reafirmaria o compromisso de Jack e Rosie ante o sagrado matrimônio e ante a natureza maravilhosa que produziu tanto, até esta aventura megalômana. O escopo de diversão é o mais presente de todos os filmes da série, tanto pela desfaçatez do roteiro quanto por todas as caracterizações toscas.

  • Crítica | Mega Shark vs Crocosaurus

    Crítica | Mega Shark vs Crocosaurus

    Mega Shark não é uma ave de fogo ou um undead, até porque jamais andou, mas certamente entrou para a categoria dos imortais do cinema, ao lado de figuras mitológicas como Godzilla, King Kong e outros primos não tão gigantescos, como Jason e Michael Myers. O segundo episódio da saga tubaranesca começa ainda mais incisiva e crítica que a primeira, mostrando um comentário social contestador, de escravização moderna, na mesma África (Congo) que séculos atrás produziu a mão de obra utilizada para levantar o mundo moderno. O filme de Christopher Ray é ainda mais corajoso, pois exibe um novo monstro logo de cara, um enorme crocodilo, um Alligator super desenvolvido, chamado Crocossauro, cujo CGI o deixa irreal e cinzento mas que mesmo com todo o tom grafite, ele ainda não tem sua origem definida.

    Outra grande rebeldia da fita é exibir o corpo de cientistas que estuda os peixes (tubarões) formado em seus protagonistas por negros. Até algumas das linhas de frente militar são pessoas cuja taxa de melanina é alta, elevando o desejo de Luther King Júnior a níveis estratosféricos – se Denzel Washington e Hale Berry podem ganhar o Oscar, por qual motivo a rapaziada do gueto não pode enfim ter sua voz no cinema podre da Asylum? A pergunta está respondida nos parcos minutos de Mega Tubarão vs Crocosauro,

    A história é contada sob os olhos do Doutor Terry McCormick (Jaleel White) que está a bordo de um navio militar, que é atacado pelo tubarão super-desenvolvido. Como nem tudo é bonito e belo, o navio é afundado pelo peixe pré-histórico cujo tamanho varia ao gosto de seu realizador, levando consigo a amada de Terry, e um bocado de sua esperança na vida, consequentemente. Sem delongas, a trilha segue até a savana, mostrando Nigel Putnam (Gary Stretch), um branco de cabelo engomado, que consegue manter o penteado mesmo em seu ofício de caçador de animais de médio porte. Logo ele encara o enorme réptil, em terras africanas, fazendo dele um autêntico sobrevivente.

    Terry por sua vez é encontrado pelo governo estadunidense, surpreendentemente vivo – outro sobrevivente – será que a narrativa já é perceptível? Nigel então decide viajar de barco, e lá, encara o peixe descomunal também, para logo depois ser perseguido pelo jacaré colosso. O embate de criaturas titânicas quase ocorre, mas é deixado para mais tarde, afinal, essa premissa única precisa ser segurada por mais dois terços de filme.

    A urgência nesse filme é maior, a pressa para resolver todas as questões que assolariam a humanidade é justificável, uma vez que os dois predadores têm feito muito mais vítimas que no seu anterior, ainda mais com um deles podendo andar em terra, aterrorizando os praieiros com sua textura de glacê sabor lodo. Nigel acaba se juntando ao corpo de especialistas, formado pelo negro, pela agente governamental Hutchinson (Sarah Lieving) e por um constrangidíssimo Robert Picardo, o Doc de Star Trek: Voyager, que em nome de alguns trocados aceita interpretar o militar maníaco por charutos Almirante Calvin.

    Entre muitas viagens de roteiro, o grupo decide destruir as ovas do jacaré, capturando um dos receptáculos e levando para dentro da base dos sujeitos. Após isso, decidem usar os invólucros para chamar a atenção dos monstrengos, não sem antes apresentar mais um sem número de cenas mal editadas em ambientes escuros, cuja iluminação vem das luzes avermelhadas típicas dos botões fosforescentes inerentes a qualquer instalação da marinha.

    A arrogância do homem faz ele não calcular a possibilidade muito real das duas criaturas caírem na porrada em terra firme, mesmo que uma dessas partes necessite da água para se locomover – o que não é exatamente um problema, uma vez que o planeta é formado por dois terços desse elemento, mas o Mega Shark gosta de um preciosismo, e se exibe de modo pouco aconselhável pelas cidades costeiras, trazendo uma destruição enorme, que em vias secundárias, relembra a evolução milenar prevista por Darwin.

    Mais uma vez quem traz a solução é o cientista de cor que insiste em falar gírias sem fim, mesmo sendo um renomado profissional. Sua ideia de atrair o tubarão por meio de uma corrente elétrica é ignóbil, mas passa a ser a melhor saída na suspensão de descrença típica da película. Após algumas conclusões bastante precipitadas, o caçador entende que o tubarão se tornou um animal nuclear. Seus pitacos prosseguem, com frases soltas de cunho óbvio, que entregam algo que o espectador é plenamente capaz de observar sozinho: os  crocodilos filhotes se aproximam de onde eles estão, atraídos por aquele perigo enorme.

    Juntos, os dois heróis superam seus traumas familiares, se veem diante das figuras mastodônticas. De arma em punho, eles cruzam o cenário, distribuindo chumbo e se movendo em câmera lenta, para grafar todo o heroísmo possível em suas ações, atividades belas, perpetradas por bravos homens, cuja genialidade é notada em seus argumentos completamente alucinados e sem sentido. Como mágica – e como já esperado por esse roteiro esquizofrênico – o plano de Terry dá certo, e eles fritam as criaturas malvadas. Tudo acaba bem, e mais uma vez os heróis voltam para suas casas com somente alguns arranhões, nada que um bom banho e descanso não cure. Dessa vez, as criaturas parecem ter sido sepultadas, já que a quantidade massiva de explosivos foi jogada nelas, mas o Mega Tubarão é um ser de proporções tão dantescas, que não é de se surpreender que ele faça mais mal a humanidade em um futuro próximo. Mega Tubarão vs Crocosauro é bem menos divertido que seu anterior, até por ter perdido o fator surpresa, além de acrescentar pouco a mitologia do peixe super desenvolvido, o que é uma lástima, evidentemente.

  • Crítica | Tubarão

    Crítica | Tubarão

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    Ainda começando a pôr os pés dentro do cinema moderno, Tubarão talvez seja o pioneiro dos chamados filmes de verão, que evoluíram para o conceito de blockbuster com Star Wars. A direção de Steven Spielberg é ousada, construindo um filme essencialmente cosmopolita, que trata de uma questão universal que é o medo. Essa abordagem utiliza uma figura que, apesar de estar longe das ações humanas, mostra que o temor é algo inerente à vivência humana e que, muitas vezes, não há onde se esconder. O termo original escolhido para nomear o filme, “Presas” (Jaws), utiliza os mesmo conceitos de Encurralado, sendo quase uma continuação do mesmo espírito, mas com varição do cenário .

    A sensacional ideia de começar o filme nas profundezas marinhas já prova quem será o protagonista da película. Até mesmo os nomes do elenco que aparecem na tela preta dos créditos, não têm qualquer destaque em comparação com a introdução filmada sob os olhos do predador máximo.

    Após o preâmbulo, um grupo de adolescentes na flor da idade e ávidos por dar vazão aos seus pecados carnais – influência do slasher Psicose de Hitchcock, homenageado ao longo de todo o filme – nadam na praia de Amity despreocupados e movidos pelo torpor do verão e por suas vidas sem responsabilidades . Logo na primeira cena no mar, a ótica singular do diretor é posta à prova com uma tomada vinda do interior da água, resgatando a parte baixa e anunciando o suposto ataque do monstro. Mesmo que a pobre personagem interpretada por Susan Backlinie não se debatesse de modo desesperado, já seria possível desenhar o panorama catastrófico que viria a seguir. As consequências das mortes são mostradas de modo sutil aos olhos atuais, mas grotescos para a época.

    O bravo chefe policial, Martin Brody (Roy Scheider), ao se dar conta do homicídio, quer interditar o banho de mar, mas esbarra nos interesses do empresariado local, que subestima as chances de um – outro – desastre acontecer. Assim, é decidido unilateralmente que seria seria dada a permissão para o livre uso da praia, o que faz com que Brody assuma o papel de salva-vidas, cercando o mar com os olhos, quando é surpreendido por uma vítima fatal: uma criança. Mesmo diante da fatalidade, ele não consegue adentrar à água, fica somente na margem, atemorizado pelo que poderia ocorrer se entrasse no território de seu futuro nêmese. É nesse momento que o entrave começa de verdade.

    Em meio a uma reunião com as personalidades mais importantes da cidade, que não sabem o que fazer diante da tragédia, surge uma figura bizarra, de compleições rudes e fala lunática. Mister Quint (Robert Shaw) tem experiência em lidar com criaturas semelhantes ao que estão enfrentando, e após sua apocalíptica apresentação, os cidadãos passam a ficar mais assustados, finalmente fechando a praia. A partir daí, toda população passa a caçar o bicho e acaba capturando um tubarão tigre. A caça logo é inspecionada pelo inseguro oceanólogo Matt Hooper (Richard Dreyfuss), que contesta a identidade do assassino, baseado nas mordidas que marcavam os músculos das vítimas.

    A culpa e a acusação batem à porta de Martin, que se sente responsável por não ter impedido os banhistas de usufruírem da água enquanto havia apenas a suspeita de morte. Hooper tenta prestar seu apoio aproximando-se do delegado, mas sua falta de traquejo social o faz parecer um sujeito inconveniente. Matt e Martin são dois opostos, enquanto o estudioso ama tubarões e todas as criaturas marinhas, os medos do oficial da lei envolvem barcos, água e afins. Tudo piora quando o homicida passa a habitar a costa, um choque que faz o policial tomar uma atitude mais enérgica, muito a contragosto.

    O medo causado na população e na plateia ocorre muito devido a aura do inimigo marítimo, uma vez que ele quase nunca é mostrado em tela, aparecendo somente sua silhueta no interior da água. A sensação de impotência se mostra ainda mais presente quando torna-se notável que o comércio da cidade tem mais importância que a segurança de seus habitantes. Até as autoridades, como o prefeito Larry Vaughan (Murray Hamilton), sentem-se fracas perante a predação que se impõe. A proposta do alucinado assassino de tubarões, Quint, torna-se apetitosamente tentadora, além de inexorável.

    A jornada pelo mar demarca mais do que a simples inversão de espaço, pois praticamente muda o gênero da película. Quando Martin vislumbra pela primeira vez a criatura, sua expressão, assim como seu comportamento, mudam por completo. As broncas e brincadeiras têm de ser deixadas de lado em nome da caça e de sua própria sobrevivência. O tamanho dos tubarões era um problema, uma vez que os espécimes vivos tinham somente 4 metros, porém os que aparecem no filme, teriam 8 metros, causando uma diferença descomunal que faz com que os antigos prêmios de Quint pareçam nada diante da magnificência do animal.

    A contribuição de Carl Gottlieb para o roteiro serviu não só para enxugar o guião em seu primeiro tratamento, mas também para humanizar os personagens, já que, no livro de Peter Benchley, havia demasiadas histórias paralelas, cujos dramas não necessariamente acrescentavam à trama. Unindo à verossimilhança das pessoas mostradas em tela, a música pontual e icônica de John Williams, mostra-se uma sinfonia perfeita para a ópera de horror de Spielberg. A inspiração nas facadas de Psicose, acompanhada da música de Bernard Herrmann dão o norte para a trilha, que segundo o diretor, é responsável por 50% do sucesso do filme.

    O embate final é custoso, pois cerceia a vida de um dos personagens centrais. Seu desfecho é emocionante e simbólico, provando uma superação significativa de Martin, que consegue dominar seus temores, passando por cima do seu horror ao mar e conseguindo derribar o arauto da morte. O animatrônico de Ron e Valerie Taylor, retornaria às profundezas, dessa vez incapaz de impingir mal a mais ninguém. Infelizmente, a ganância desenfreada fez de Tubarão uma franquia que, em toda sua sapiência, buscava ofuscar os momentos únicos do clássico de 1975, tendo sua primeira continuação lançada três anos depois.

    Mesmo ainda muito novo, Spielberg já conseguia imprimir sua marca através da lente precisa de suas câmeras, além de capitanear uma edição perfeita, que fez dos defeitos de fabricação do tubarão mecânico o seu maior trunfo, aumentando as expectativas ao não exibir seu monstro de modo descabido. O subtexto de Jaws inclui não uma mensagem ecológica politicamente correta, mas sim, uma interessante odisseia, que inclui críticas desenfreadas ao capitalismo e, principalmente, a soberba humana no que toca a questão de mostrar-se a criatura mais soberana do planeta.

  • Crítica | Monstros Marinhos

    Crítica | Monstros Marinhos

    A trilha sonora meio infantil é acompanhada de uma filmagem panorâmica, sob as frias planícies, montanhas cobertas de neve e gelo. A fita orquestrada por Ace Hannan (aka Jack Perez) tenta trazer uma sobriedade e uma visão de mundo bastante civilizado, onde homem e natureza convivem harmoniosamente, mas somente até a página 15, uma vez que as ações humanas são catastróficas para a ocorrência da vida no planeta.

    Blocos dantescos de gelo se derretem, enquanto em imersões na água atlântica, são mostradas hordas e mais hordas de tubarões, desde os brancos, cinzas, martelos e tantos outros, além de mamíferos, baleias que encantam os olhares dos personagens, que até então não são completamente estúpidos. O público menos atento aos detalhes da produção é capaz até de ser enganado quanto ao gênero deste Monstros Marinhos.

    Quando o submarino de última geração mergulha tanto nas profundezas que encontra um ser de proporções titânicas, a chave é virada e toda a abordagem muda, inclusive o cenário varia após o início/epílogo. Uma espécie de polvo ataca uma estação de tratamento de petróleo, e após o apagar das luzes é mostrada uma criatura gigante, encalhada na praia, fruto de uma disputa, certamente, mas sem origem conhecida. Claramente isso não importa, o que realmente é ressaltado é a briga entre os homens, protagonizada por Emma MacNeil (Deborah Gibson) e Dick Ritchie (Mark Hengst), o que já deixa claro que o homem não conseguirá seguir na coexistência pacífica, uma vez que Emma é mulher das mais bisbilhoteiras, até pela natureza de seu ofício como… isso não fica exatamente claro, ela é uma amante dos oceanos.

    O fato preponderante para entender a história é que seres descomunais, a muito adormecidos, finalmente despertaram, após terem suas sepulturas geladas violadas, graças talvez ao aquecimento global, algo que os cientistas sempre usam para alertar a população, mas que a humanidade insiste em ignorar. Como um grito panfletário travestido de filme B, a fita faz sua propaganda, mostrando um enorme Polvo e um Tubarão muito maior que um jato comercial, e capaz de dar saltos a muitos milhares de pés acima da linha oceânica.

    São na verdade dinossauros, antigos como o mundo, que adormeceram desde o tempo em que dominavam o planeta, e que retornariam para tentar reaver seus tempos gloriosos. E qual seria o papel do homem neste jogo fadado ao fracasso, se não perecer diante das criaturas poderosíssimas? A resposta do parco roteiro era a de que o humano é um coadjuvante no certame, já que nenhum dos humanoides é tão bem concebido quanto os seres gigantes, que mal aparecem em tela. A despeito até do começo tímido e pouco escapista.

    Logo uma junta de cientistas, que inclui em seus esforços Emma – após quase metade do filme se entende qual é a profissão desta – é cooptada pelo governo, levados de modo agressivo para uma instalação militar para verificar um modo de impedir as tais criaturas de vencer o homem em seu território. Claro, a plataforma é bem próxima ao mar, pois é ótimo habitar perto do perigo, e claro, mesmo sendo vigiados pelas autoridades, os indivíduos de jaleco conseguem tempo para a “sarração”, que logicamente lhes dá uma ideia maravilhosa, atrair os seres com feromônios.

    O valor espiritual de Emma é testado a todo momento, e ante até a figura máxima de autoridade, vivida pelo militar Allan Baxter – interpretado pelo imortal Lorenzo Lamas – o talento da moça é valorizado, talvez numa referência a carreira de cancioneira de Debbie Gibson. Fato é que suas aventuras por dentro dos oceanos são reativadas, e lá ocorrem batalhas nos CGIs mais vagabundos possíveis, com cenas intercaladas de dentro dos pódios submarinos do alto comando, com shows repletos de atuações toscas e claro, tubarões em efeitos tridimensionais com textura semelhante a isopor molhado – super condizente com o maravilhoso modo que o roteiro é guiado.

    No entanto, mesmo com toda a cretinice do roteiro, a solução encontrada pelos homens é muitíssimo condizente com a realidade, com posturas belicistas e tentativas de utilização de artigos nucleares para fazer valer a força, sob o pretexto pobre de que esta execução tencionaria salvar vidas. O artifício de usar fáceis soluções para problemas sérios é utilizado largamente na realidade, e o é assim nesta fita.

    Depois de mais uma leva de embromação, encontra-se uma solução amenizada, de união entre nações, visando vencer o inimigo em comum que o ser humano tinha. Nesta utópica união, decide-se por um plano um bocado louco, mas que em um universo completamente descacetado como este poderia funcionar, que seria reunir os dois monstros gigantes para se embater, dando fim a existência de ambos, preferencialmente.

    Como era de se esperar, a fita termina sem grandes consequências, tanto para a humanidade, quanto para as criaturas pré-históricas, que vão para as profundezas oceânicas, descansar mais uma vez e se preparar para mais uma agressão ao bicho homem, que teima em pôr questões básicas e fofas, como o amor e a amizade acima até de sua sobrevivência e do posto de líder inconteste da cadeia alimentar terráquea.

  • Crítica | Sharknado 2: A Segunda Onda

    Crítica | Sharknado 2: A Segunda Onda

    Em 2013, The Asylum, a produtora trash por excelência, nos brindou com uma das maiores pérolas cinematográficas da atualidade: SharknadoO sucesso, aliado ao baixo orçamento de produção, tornou inevitável uma sequência. Eis que, no ano seguinte, estreia Sharknado 2, e pasmem, a galhofa ficou ainda maior!

    Após os acontecimentos do primeiro filme, April (Tara Reid) escreve um best-seller no qual relata as façanhas de Fin (Ian Ziering) ao combater o temível tornado de tubarões. Logo no início do filme, o casal, agora reconciliado (?), está num avião rumo a New York, mas… Fin tem a impressão de que algo ruim está por vir. E não estamos falando somente de Kelly Osbourne no papel de aeromoça. Uma tempestade surge e os tubarões voltam a atacar! É inacreditável o que acontece nos primeiros minutos de filme,  e na pior qualidade técnica possível: da aparição (e morte) relâmpago de Wil Weathon ao pouso forçado do avião com um CGI digno do PlayStation 1. Tubarões adentram o avião ignorando completamente os princípios da Física. Mas quem espera realismo em um filme como este?

    Após o grande susto no avião, Fin deve avisar à sua família que procurem abrigo em New York, pois um novo sharknado está por vir. A partir daí, a catástrofe se inicia no estilo do primeiro filme. As ruas ficam inundadas, infestadas de tubarões, que são onipresentes e surgem de qualquer poça d’água. Para tudo ficar ainda mais bonito, alguns répteis dão o ar da graça dos esgotos, lembrando um certo filme dos anos 80.

    Aliás, houve uma preocupação em trazer mais elementos da cultura pop ao filme, com incontáveis referências a clássicos do cinema e afins. Basta um olhar mais atento para captar a “sutil” homenagem a Evil Dead, Além da Imaginação, e claro, ao Tubarão de Steven Spielberg  – personagens chamados Ellen e Marin Brody. O fato de os tubarões perseguirem April e Fin insistentemente traz à lembrança o plot do horrendo Tubarão 4, contribuindo positivamente para a trasheira deste filme.

    A brincadeira fica ainda mais interessante com a inserção de telejornais reais noticiando a catástrofe. Imaginem se num filme William Bonner anunciasse no Jornal Nacional a aparição de um sharknado. Seria, no mínimo, divertido.

    Não satisfeitos, a Asylum  cria um final absurdo, exagerado, ridiculamente trash, superando qualquer expectativa do mais descrente ser humano deste planeta. A babaquice é tamanha que precisamos aplaudir de pé este blockbuster da zoeira. Jogue seu tênis verde no lixo e aprecie esta obra que vai te divertir horrores. Um colosso!

  • Crítica | Tubarões

    Crítica | Tubarões

    Tubarões (ou Shark Attack, no original) é mais um dos ótimos sub-produtos calcados no hype de filmes clássicos. Produzido pela Nu Image, traz logo em seu título figuras tarimbadíssimas, como o protagonismo de Casper Van Dien, que em 1999, era uma estrela em ascensão, muito mais que um rosto bonito à frente de uma produção tão esmerada em trazer uma história inédita. O clima de suspense permeia o início da fita, onde um mergulhador desavisado é emboscado por sujeitos mal intencionados e mal encarados, para só então ter seu braço cortado por uma peixeira de proporções dantescas e ser jogado ao mar, claro, para atrair a atenção do predador máximo dos sete mares.

    Os personagens mostrados são de uma profundidade impressionante, preconizando toda a canastrice que seria grife nos anos pós 11 de setembro, e se tornariam ainda mais famosos nas produções da Asylum, como Sharknado. Logo, como se não houvessem problemas suficientes no mundo, o biólogo marinho Steven McRay (Van Dien) começa a estranhar a rotina dentro do seu laboratório, e em uma noite, decide encarar um estudo sobre o temido assassino marinho.

    Não há espaço para sutilezas ou criação de expectativa, com pouquíssimo tempo de tela já há uma enorme exposição do vilão que moveria toda a obra, mostrando o animal sendo autopsiado, desconstruindo a figura que impingiria terror sobre toda aquela geração. Steven Spielberg não poderia pensar em uma abordagem mais esdrúxula que esta. McRay fica muito triste quando descobre que seu antigo amigo – aquele que morreu no começo – pereceu, e demonstra estar mal, logo que chega a África para desenvolver o seu trabalho. O grave problema é que ele não consegue expressar sua tristeza naquele momento tão oportuno, já que este não é o maior préstimo dramaturgo de seu intérprete – se a cena desoladora fosse substituída por uma explosão, certamente teria dado mais certo.

    Impressiona o fato de que mesmo ante uma presa fácil, um infante, a máquina de matar mais poderosa do planeta seja capaz de capar a criatura, em seu próprio campo de habitação, achando que uma jangada vazia é melhor opção para um efusivo ataque. No entanto, é nessa empreitada errada que o mocinho do filme convence seus rivais e a comunidade de que ele é bad ass, e de que sabe lidar com os peixes malvados. Tubarões têm o poder de fazer as amizades mais improváveis acontecerem.

    Todo o besteirol exibicionista típico do verão é visto, com corpos esculturais habitando em biquínis pequeninos, sendo mostrados paralelamente a dilacerações de gosto duvidoso, e de pouco goire – um pecado imperdoável para um filme tão baixa renda. O visualizador mais exigente tende a chorar ao ver a falta de cuidado com que o diretor Bob Misiorowski leva o seu filme. Tudo é demasiado tímido, nem as atuações são tão caricatas; este Shark Attack parece um protótipo do que seria explorado nos próximos dez/quinze anos.

    Com o desenrolar da trama, uma teoria da conspiração ganha corpo e uma intrínseca rede de mentiras é mostrada, cuja extensão vai até os mandatários do laboratório. Steven é caçado e perseguido, mas nem as ameaças de morte são capazes de fazê-lo parar. Curioso é que quase todos os seus esforços enquanto detetive são recompensados nas primeiras opções, não há tentativa e erro, somente acerto nos primeiros chutes, e como no guião o que menos importa é a coerência, nada disso é discutido. A ganância é a verdadeira inimiga, a vilã deste maravilhosamente orquestrado teatrinnho. Os tubarões servem somente para fazer um paralelo com o instinto humano desnecessariamente ligado a caça e ao uso incontrolado da inteligência para algo necessariamente mal.

    No final, há uma bela luta, mostrando bandidos e heróis combatendo ferozmente, lutando por suas parcas vidas em meio a um laboratório repleto de produtos químicos, enquanto os valentes engravatados se escondem covardemente atrás de suas mesas. O mal tem a sua porção de castigo muito bem pensada e gasta com sabedoria. Há direito até a redenção de anti-herói. No final, o vilão mais malvado, vivido por Ernie Hudson, é engolido pela besta marinha, o ser que impinge justiça, passando por cima de qualquer barreira geográfica ou social. Um filme tosco, uma mensagem infantil e uma abordagem séria. Não há como achar este um bom produto, nem com as cenas de tiroteio em alto mar.

  • Crítica | Sharknado

    Crítica | Sharknado

    sharknado

    The Asylum é uma produtora que, há bastante tempo, vem produzindo filmes baratos, bizarros e completamente falcatrua. Suas “obras” mais notórias são os famosos mockbusters, plágios descarados dos blockbusters de sucesso. TransMORPHers, Snakes on a TRAIN e um mais recente, ATLANTIC Rim, são alguns poucos exemplos do que a Asylum já cometeu no mundo cinematográfico.

    Nessa onda de bizarrices trash, a produtora já fez diversos filmes de animais assassinos, gigantes ou não, com efeitos dignos de filmes caseiros. A galhofa extrema torna os filmes da Asylum verdadeiros virais na internet que, por si só, já criam sua própria publicidade no boca-a-boca. E nos últimos meses, um dos grandes hypes do mundo trash foi Sharknado.

    A ideia de unir a perigosa catástrofe natural (tornado) com a máquina assassina dos mares (tubarão – shark) criou uma obra digna de estar no topo do pedestal trash do cinema.

    Afinal, o que esperar desse filme? O que esperar de uma ideia desse nível? Um filme merda, claro! A galera do tênis verde vai detestar, xingar, gritar, massacrar o filme. Já os amantes do malfeito vão adorar!

    O trailer faz imaginar que o filme será apenas um furacão trazendo tubarões que irão cair sobre as pessoas e mata-las alucinadamente. Porém, um ponto positivo foi criar um ambiente onde os tubarões pudessem passear pela cidade e se divertir. O tornado/furacão/tufão/ciclone traz inundação às ruas, e com isso os tubarões poderão ter acesso a grande parte da cidade, aumentando a carnificina.

    O filme custou uma mixaria para ser produzido, então não podemos esperar grande primor técnico. Os atores são horríveis, dentre eles a Tara Reid, que, dentre os trabalhos de maior destaque estão American Pie e o “excelente” Alone in the Dark, do mestre Uwe Boll.

    Em muitos momentos, a edição faz com que o céu escureça de repente, e logo depois se ilumine. Ed Wood ficaria orgulhoso!

    Sem contar que, em determinadas cenas, o trânsito de veículos está completamente normal, como se o mundo não estivesse sendo assolado por um Sharknado. Provavelmente seria muito caro conseguir um alvará da prefeitura pra fechar as ruas, então vai assim mesmo! A câmera ajuda na previsibilidade do filme, onde o personagem prestes a morrer é enquadrado num plano mais aberto, onde o espectador já espera o tubarão cair sobre o infeliz personagem.

    Para os amantes dos tubarões, do trash, do bizarro e dos efeitos especiais baratos, este filme é obrigatório, uma das grandes surpresas do ano.