Tag: Tubarão

  • Crítica | Sharknado 3: Oh, Não!

    Crítica | Sharknado 3: Oh, Não!

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    Oh, sim! A catástrofe natural mais querida do universo não desiste! Após faturar bilhões de dólares em bilheteria e ganhar diversos prêmios, Sharknado retorna com a terceira parte da grande saga de Fin Shepard (Ian Ziering).

    Após os acontecimentos do segundo filme, a família Shepard está feliz e contente no parque da Universal, usufruindo momentos de paz. April (Tara Reid) está grávida e maneta. Fin é condecorado com a Motosserra Dourada, um ilustre prêmio por sua façanha contra o Sharknado. Tudo parecia bem… até o primeiro tubarão cair do teto! Algo indica que Fin atrai Sharknados, tanto que desenvolveu um sexto sentido que pressente a aproximação do tornado. Mais uma vez, o herói precisará proteger sua família e a nação americana.

    Tivemos uma nítida evolução na parte técnica, deixando claro o maior orçamento despendido pela produtora The Asylum. Em diversas cenas foram utilizados tubarões reais e sangue sintético, provando que os efeitos práticos ainda têm espaço no cinema atual. O uso do CGI foi pontual e certeiro em pouquíssimas cenas, um ponto extremamente positivo que traz realismo e empatia.

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    O elenco está impecável. Além de Ian Ziering e Tara Reid, temos participações especiais de muitas estrelas: Frankie Muniz, Lou Ferrigno, Lorenzo Lamas, Bo Derek, Ray J, George R. R. Martin, além de Avalon Stone e Juliana Ferrante. Porém, a grande força é o inigualável David Hasselhoff, que após ter sua carreira reerguida ao interpretar a genial música-tema de Kung Fury, marca seu retorno definitivo às telonas neste filme. Sempre que aparece em tela, Hasselhoff rouba a cena com seu carisma e talento.

    Nem só o elenco merece os louros. O talentoso diretor Anthony C. Ferrante mostra competência e personalidade, mostrando sua assinatura o tempo todo, notória ao longo de sua extensa filmografia. O roteirista Thunder Levin, que faz parceria com o diretor desde o primeiro episódio da saga, elaborou uma trama coesa, madura e envolvente. Todos os dramas humanos para superar as dificuldades, aliados à verossimilhança dos acontecimentos, faz com que o espectador se identifique facilmente com os personagens e situações, sendo difícil segurar as lágrimas em diversos momentos. Além disso, inúmeras referências a outros filmes menores permeiam toda a película. Sem dúvidas, a dupla Ferrante-Levin é uma das parcerias mais preciosas da atualidade.

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    No primeiro filme, fomos apresentados à catástrofe Sharknado e à família Shepard. No segundo, houve um grande desenvolvimento dos personagens e da história, criando um complexo pano de fundo para este terceiro episódio. Fin carrega um grande fardo e precisa evitar que o temível Sharknado destrua seu país e sua família. A grande motivação de Fin é seu filho que está para nascer, querendo garantir um mundo pacífico para ver seu rebento crescer feliz. Todas as motivações são muito bem desenvolvidas, acarretando em um final surpreendente.

    Sharknado 3 não é apenas mais um filme-catástrofe. Ele quebra paradigmas e inova em diversos termos narrativos. Como se não bastasse, na época da estreia, o espectador poderia escolher o destino de April votando com uma hashtag no Twitter. O resultado da votação será revelado em Sharknado 4. Se você assistir à versão do DVD, Blu-ray ou Netflix, não verá as opções de votação. Infelizmente, quem não vivenciou o filme em sua estreia perdeu esse grande evento do cinema mundial. Agora, vamos esperar o lançamento do próximo capítulo desta saga que, sem dúvidas, é a mais grandiosa e relevante já feita em mídia audiovisual. Porém, será difícil superar Sharknado 3, que é o melhor da franquia até então.

  • Crítica | Tubarão

    Crítica | Tubarão

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    Ainda começando a pôr os pés dentro do cinema moderno, Tubarão talvez seja o pioneiro dos chamados filmes de verão, que evoluíram para o conceito de blockbuster com Star Wars. A direção de Steven Spielberg é ousada, construindo um filme essencialmente cosmopolita, que trata de uma questão universal que é o medo. Essa abordagem utiliza uma figura que, apesar de estar longe das ações humanas, mostra que o temor é algo inerente à vivência humana e que, muitas vezes, não há onde se esconder. O termo original escolhido para nomear o filme, “Presas” (Jaws), utiliza os mesmo conceitos de Encurralado, sendo quase uma continuação do mesmo espírito, mas com varição do cenário .

    A sensacional ideia de começar o filme nas profundezas marinhas já prova quem será o protagonista da película. Até mesmo os nomes do elenco que aparecem na tela preta dos créditos, não têm qualquer destaque em comparação com a introdução filmada sob os olhos do predador máximo.

    Após o preâmbulo, um grupo de adolescentes na flor da idade e ávidos por dar vazão aos seus pecados carnais – influência do slasher Psicose de Hitchcock, homenageado ao longo de todo o filme – nadam na praia de Amity despreocupados e movidos pelo torpor do verão e por suas vidas sem responsabilidades . Logo na primeira cena no mar, a ótica singular do diretor é posta à prova com uma tomada vinda do interior da água, resgatando a parte baixa e anunciando o suposto ataque do monstro. Mesmo que a pobre personagem interpretada por Susan Backlinie não se debatesse de modo desesperado, já seria possível desenhar o panorama catastrófico que viria a seguir. As consequências das mortes são mostradas de modo sutil aos olhos atuais, mas grotescos para a época.

    O bravo chefe policial, Martin Brody (Roy Scheider), ao se dar conta do homicídio, quer interditar o banho de mar, mas esbarra nos interesses do empresariado local, que subestima as chances de um – outro – desastre acontecer. Assim, é decidido unilateralmente que seria seria dada a permissão para o livre uso da praia, o que faz com que Brody assuma o papel de salva-vidas, cercando o mar com os olhos, quando é surpreendido por uma vítima fatal: uma criança. Mesmo diante da fatalidade, ele não consegue adentrar à água, fica somente na margem, atemorizado pelo que poderia ocorrer se entrasse no território de seu futuro nêmese. É nesse momento que o entrave começa de verdade.

    Em meio a uma reunião com as personalidades mais importantes da cidade, que não sabem o que fazer diante da tragédia, surge uma figura bizarra, de compleições rudes e fala lunática. Mister Quint (Robert Shaw) tem experiência em lidar com criaturas semelhantes ao que estão enfrentando, e após sua apocalíptica apresentação, os cidadãos passam a ficar mais assustados, finalmente fechando a praia. A partir daí, toda população passa a caçar o bicho e acaba capturando um tubarão tigre. A caça logo é inspecionada pelo inseguro oceanólogo Matt Hooper (Richard Dreyfuss), que contesta a identidade do assassino, baseado nas mordidas que marcavam os músculos das vítimas.

    A culpa e a acusação batem à porta de Martin, que se sente responsável por não ter impedido os banhistas de usufruírem da água enquanto havia apenas a suspeita de morte. Hooper tenta prestar seu apoio aproximando-se do delegado, mas sua falta de traquejo social o faz parecer um sujeito inconveniente. Matt e Martin são dois opostos, enquanto o estudioso ama tubarões e todas as criaturas marinhas, os medos do oficial da lei envolvem barcos, água e afins. Tudo piora quando o homicida passa a habitar a costa, um choque que faz o policial tomar uma atitude mais enérgica, muito a contragosto.

    O medo causado na população e na plateia ocorre muito devido a aura do inimigo marítimo, uma vez que ele quase nunca é mostrado em tela, aparecendo somente sua silhueta no interior da água. A sensação de impotência se mostra ainda mais presente quando torna-se notável que o comércio da cidade tem mais importância que a segurança de seus habitantes. Até as autoridades, como o prefeito Larry Vaughan (Murray Hamilton), sentem-se fracas perante a predação que se impõe. A proposta do alucinado assassino de tubarões, Quint, torna-se apetitosamente tentadora, além de inexorável.

    A jornada pelo mar demarca mais do que a simples inversão de espaço, pois praticamente muda o gênero da película. Quando Martin vislumbra pela primeira vez a criatura, sua expressão, assim como seu comportamento, mudam por completo. As broncas e brincadeiras têm de ser deixadas de lado em nome da caça e de sua própria sobrevivência. O tamanho dos tubarões era um problema, uma vez que os espécimes vivos tinham somente 4 metros, porém os que aparecem no filme, teriam 8 metros, causando uma diferença descomunal que faz com que os antigos prêmios de Quint pareçam nada diante da magnificência do animal.

    A contribuição de Carl Gottlieb para o roteiro serviu não só para enxugar o guião em seu primeiro tratamento, mas também para humanizar os personagens, já que, no livro de Peter Benchley, havia demasiadas histórias paralelas, cujos dramas não necessariamente acrescentavam à trama. Unindo à verossimilhança das pessoas mostradas em tela, a música pontual e icônica de John Williams, mostra-se uma sinfonia perfeita para a ópera de horror de Spielberg. A inspiração nas facadas de Psicose, acompanhada da música de Bernard Herrmann dão o norte para a trilha, que segundo o diretor, é responsável por 50% do sucesso do filme.

    O embate final é custoso, pois cerceia a vida de um dos personagens centrais. Seu desfecho é emocionante e simbólico, provando uma superação significativa de Martin, que consegue dominar seus temores, passando por cima do seu horror ao mar e conseguindo derribar o arauto da morte. O animatrônico de Ron e Valerie Taylor, retornaria às profundezas, dessa vez incapaz de impingir mal a mais ninguém. Infelizmente, a ganância desenfreada fez de Tubarão uma franquia que, em toda sua sapiência, buscava ofuscar os momentos únicos do clássico de 1975, tendo sua primeira continuação lançada três anos depois.

    Mesmo ainda muito novo, Spielberg já conseguia imprimir sua marca através da lente precisa de suas câmeras, além de capitanear uma edição perfeita, que fez dos defeitos de fabricação do tubarão mecânico o seu maior trunfo, aumentando as expectativas ao não exibir seu monstro de modo descabido. O subtexto de Jaws inclui não uma mensagem ecológica politicamente correta, mas sim, uma interessante odisseia, que inclui críticas desenfreadas ao capitalismo e, principalmente, a soberba humana no que toca a questão de mostrar-se a criatura mais soberana do planeta.

  • Crítica | Alien: O Oitavo Passageiro

    Crítica | Alien: O Oitavo Passageiro

    Alien

    “No espaço, ninguém pode ouvir você gritar.” Eis o slogan de um dos principais marcos da história do cinema. Lançado em 1979 e sob a direção de Ridley Scott, Alien – O Oitavo Passageiro criou um novo conceito para os filmes de terror com monstros, o qual se mescla, ao mesmo tempo, com elementos de ficção científica.

    Somos apresentados à nave cargueiro Nostromo e sua tripulação. No meio da viagem de volta para a Terra, os sete tripulantes a bordo da nave são acordados ao receberem um sinal advindo de um asteróide. Ao investigarem o local, um dos tripulantes é infectado por um alienígena, cujo embrião se aloja dentro de seu corpo. O pesadelo para os tripulantes começa quando o estranho monstro começa a caçar cada um dos tripulantes dentro da nave.

    O primeiro dos muitos méritos que o primeiro filme da franquia Alien possui é o fato de que dispunha, à época, de pouquíssimos recursos visuais e mesmo assim conseguiu produzir um resultado fantástico. A ausência de efeitos especiais surpreendentes como os que vemos hoje são recompensados totalmente com um roteiro completo e que desnorteia o espectador por toda a extensão do filme. Assim como em Tubarão (Steven Spielberg) que não vemos a ameaça na maior parte do tempo, em “Alien” acontece a mesma coisa. São pouquíssimos os momentos em que realmente enxergamos a monstruosidade em toda sua ferocidade, porém isso não muda a atmosfera de tensão criada pelo roteiro. Somos levados a um local isolado e à medida que os membros da tripulação vão morrendo vamos sendo empurrados cada vez mais a um sentimento de desolação extremo, o qual somente se potencializa com a trilha sonora de Jerry Goldsmith.

    Um filme que se passa no espaço com certeza proporciona uma excelente visualização da personalidade dos poucos personagens que apresenta. O elenco faz um excelente trabalho, destacando-se principalmente a atriz Sigourney Weaver como a heroína Ripley. No começo do longa metragem, mal conseguimos visualizar que ela é nossa protagonista, porém conforme o filme vai evoluindo, a personagem também se envolve cada vez mais à trama e a atriz consegue passar de maneira fluida e natural esse envolvimento.

    Não há  mais nada para falar da trilha sonora de Jerry Goldsmith e nem do design dos alienígenas feitas por H.R. Giger além de que são fantásticos e somente ajudaram o filme ainda mais a se tornar o clássico que é hoje.

    Com certeza um filme que vale a pena ser revisto por vários e vários anos. Nos apresenta o melhor do que o cinema tem a oferecer aos espectadores, proporcionando experiências únicas, graças a uma excelente produção. Não há como falar em filmes de monstros, de terror ou de ficção científica sem falar de Alien. Um verdadeiro clássico que merece a atenção de todos.

    Texto de autoria de Pedro Lobato.