Tag: Ernie Hudson

  • Crítica | Os Caça-Fantasmas 2

    Crítica | Os Caça-Fantasmas 2

    Depois do sucesso do primeiro filme, o mundo clamava por uma continuação de Os Caça-Fantasmas. Durante certo tempo, Dan Aykroyd e Harold Ramis, protagonistas e roteiristas do original, resistiram às pressões, principalmente da Columbia Pictures. É compreensível a relutância da dupla, pois o primeiro filme possui uma trama bem fechada e se sustentava sozinha, sem deixar espaço para sequências. Entretanto, em 1989, não só Aykroyd e Ramis voltaram, mas todo o elenco principal composto por Bill Murray, Sigourney Weaver e Ernie Hudson, além do diretor do Ivan Reitman. Entretanto, o resultado da reunião não foi dos melhores.

    O filme teve produção problemática desde o início, com roteiros sendo completamente reescritos devido a ideias consideradas não filmáveis. Além disso, havia problemas de agenda, pois os atores se consagraram ali e se tornaram figuras fáceis em produções nos anos subsequentes. Existiram conflitos criativos entre Ramis, Aykroyd e David Puttnam, então executivo da Columbia Pictures que odiava Bill Murray e pretendia fazer um Caça-Fantasmas 2 na marra. Enfim, o cenário não era nada positivo, mas a dupla de roteiristas finalmente conseguiu entregar um roteiro em 1988. A ideia era até interessante, explorar a força das emoções negativas, como elas agiriam junto ao sobrenatural e uma entidade que retiraria seus poderes dessa combinação, contudo a execução preguiçosa fez desse filme uma pálida imitação de seu antecessor.

    Ainda que tenha passado por revisões ao longo dos anos onde muitos tentam convencer que o filme não é tão ruim como pintam, principalmente se comparado ao original, o fato é que Os Caça-Fantasmas 2 realmente não é bom. Logicamente que existem alguns bons momentos, a maioria deles protagonizados por Bill Murray, mas Rick Moranis e Peter MacNicol se destacam positivamente. Dan Aykroyd e Harold Ramis se apresentam bem, assim como Sigourney Weaver, enquanto Ernie Hudson fica esquecido durante boa parte do filme, o que é um pecado imperdoável.

    O diretor Ivan Reitman até se mostra competente em algumas cenas de ação, principalmente no embate final com o vilão Vigo. Porém, mete os pés pelas mãos quando tenta fazer um humor mais voltado para toda a família, o que faz com que o sarcasmo presente no primeiro filme seja eliminado e ainda se embola ao trabalhar as alegorias e metáforas políticas inseridas no roteiro. Entretanto, acerta no trato que dá ao personagem de Murray, que apesar de não ter continuado seu relacionamento com Dana Barrett, papel de Sigourney Weaver, toma para si a tarefa de proteger o bebê Oscar mesmo ele não sendo seu filho biológico. A prova da maturidade do seu Peter Venkman vem quando ele deseja que ele fosse seu filho biológico e passa agir como alguém que pode ser um verdadeiro companheiro e também um pai. Já nas questões técnicas, os efeitos especiais são de primeira qualidade para a época, tanto os animatrônicos quanto os efeitos de computação gráfica.

    Enfim, este segundo Caça-Fantasmas tem um saldo geral mais negativo que positivo. Porém, ainda tem alguns momentos de charme que merecem ser conferidos e é possível que seu clima família consiga cativar novos espectadores, principalmente do público mais jovem.

  • VortCast 103 | Ghostbusters: Mais Além

    VortCast 103 | Ghostbusters: Mais Além

    Bem-vindos a bordo. Flávio Vieira (@flaviopvieira | @flaviopvieira) e Filipe Pereira (@filipepereiral | @filipepereirareal)  se reúnem para um bate-papo sobre a série de filmes Os Caças-Fantasmas, ou melhor, Ghostbusters, em especial sobre o filme mais recente. Curiosidades dos bastidores da franquia, as polêmicas do filme de 2016 e os principais acertos do novo longa.

    Duração: 64 min.
    Edição:
     Flávio Vieira
    Trilha Sonora: Flávio Vieira
    Arte do Banner:
     Bruno Gaspar

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    Crítica | Ghostbusters: Mais Além

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  • Crítica | Ghostbusters: Mais Além

    Crítica | Ghostbusters: Mais Além

    Crítica Ghostbusters Mais Além

    Ghostbusters: Mais Além é o novo capítulo da saga cinematográfica da franquia de professores que lidavam co eventos paranormais, com alguns bons anos de defasagem após o clássico Os Caça Fantasmas. A obra dirigida pelo queridinho de crítica e cinefilia Jason Reitman ousa bastante na trama, colocando novos protagonistas, baseando-se em uma família formada por Callie (Carrie Coon), uma mãe falida que vai atrás de uma casa velha que lhe foi dada de herança depois que seu pai morreu, e duas crianças, o menino adolescente Trevor (Finn Wolfhard) e a pequena, estudiosa e deslocada Pheebs, de Mckenna Grace. O filme trata de questões familiares pontuais, como o receio da mãe em repetir o distanciamento que ocorreu entre ela e seu pai agora com seus dois filhos, além de desenvolver uma sub trama apocalíptica e urgente.

    Para surpresa geral de quem vinha acompanhando a saga, esse também é protagonizado por uma figura feminina, fato escondido até a exibição do longa, provavelmente graças a rejeição que a incursão  anterior da franquia nos cinemas sofreu. A pouca exposição em matéria de propaganda ou veículos oficiais do filme causou uma boa surpresa, mesmo material de trailer demorou a circular, ainda assim timidamente.

    A aura misteriosa ajudou a não criar grandes expectativas em relação à produção, proporcionando então a Reitman traduzir a versão do filme de seu pai Ivan Reitman (que aqui, assina como produtor) para algo mais semelhante à filmografia do francês Michel Gondry, a exemplo de Rebonine, Por Favor e Micróbio e Gasolina, do que a filmografia do Reitman pai, embora o diretor coloque algumas referências a filmes obscuros, com easter eggs referentes até a Cannibal Girls, um filme de terror B obscuro da carreira de Ivan.

    A partir daqui haverão spoilers a respeito da trama, se o leitor quiser assistir sem saber desses fatos, recomenda-se ler após a estreia.

    Crítica Ghostbusters: Mais Além
    Diretor Jason Reitman com Mckenna Grace em cena com o carro Ecto-1.

    Diferente do visto no Caça-Fantasmas de Paul Feig, esse não é uma refilmagem, e sim uma continuação do clássico. Apesar da tentativa de estabelecer o mistério a respeito de quem seria o pai de Callie, não é difícil de supor que é o físico estudioso Egon Spengler, cujo intérprete Harold Ramis é o único que já não está vivo dentre o elenco original.

    A obra consegue reverenciar bastante o interprete do mais brilhante dos Caça-Fantasmas que, entre outros trabalhos seminais como a direção de O Feitiço do Tempo, também colaborou no roteiro do filme original junto a Dan Akroyd. Tardio ou não as homenagens foram acertadas e bastante justas, para o espectador mais emocional, há momentos que possivelmente causarão choro.

    Se havia receio de que Reitman tornaria o filme em algo “cabeça”, certamente não se cumpriu. O filme é divertido, tem semelhanças com Stranger Things e Cobra Kai, ao passo que também é delicado ao mostrar a busca de identidade da pequena Pheebs. Os coadjuvantes são bons, para além da família. Paul Rudd está muito bem como o professor curioso e desastrado, mas o outro destaque certamente é o jovem Podcast, interpretado pelo pequeno Logan Kim se destaca por fazer uma dupla de aventura cuja química é inegável com Parker.

    Além disso, Pheebs é uma personagem com camadas, deslocada do mundo e excluída, que vê na possibilidade de mudar de cidade a oportunidade não só de se transformar, mas de resgatar a ancestralidade de seus parentes. Nessa busca ela acaba encontrando sua vocação, passa aceitar seus gostos e desejos e até passa a lutar por eles, e diante disso, até alguns retornos que soariam como piegas se justificam, pois, não são só nostálgicos, pois tem uma razão boa para estar ali. Mesmo as obviedades servem bem ao roteiro escrito pelo diretor e por Gil Kenan, simples e direto, mas também profundo nos temas que aborda.

    A escolha de mostrar o legado através da família Spengler faz sentido e dá uma dimensão emocional considerável ao filme. A construção do herói do passado conseguindo sacrificar sua vida pessoal em nome da existência humana ganha força ao mostrar que o legado dele segue vivo, e para Harris, que teve um final de vida complicado, ao sofrer com Mal de Alzheimer, e para sua família, há uma bela reverência.

    Ghostbusters: Mais Além consegue atingir a expectativa de afagar o fã antigo, abrindo chance de produzir mais continuações, com um elenco jovem e carismático, só é lamentável a tentativa de mudar o nome da marca internacionalmente, já Caça Fantasmas é um termo que no Brasil causa muitas boas lembranças no público, e apesar de não condizer com toda a qualidade desta produção do gênero aventura sobrenatural, não faz o longa decrescer de qualidade.

  • Crítica | Dragon Ball Evolution

    Crítica | Dragon Ball Evolution

    Em 2009, um sonho estava prestes a se realizar para todos os fãs de Dragon Ball: o lançamento do filme em live-action oficial, chamado Dragon Ball Evolution. Cercado por expectativas grandes, a direção coube a James Wong, diretor responsável pelo terror chiclete Premonição e pelo bom filme americano de Jet Li, O Confronto. A mitologia do anime/mangá já é modificada em seu início, ao mostrar que Piccolo foi aprisionado séculos atrás por uma técnica chamado Mafuba e tinha como capanga um macaco gigante chamado Oozaru.

    Não demora até aparecer seu protagonista, vivido por Justin Chatwin, um rapaz  (de aproximadamente 26 anos) que vivia na cidade, frequentava a escola, sofria bullying e treinava com seu avô, Son Gohan (Randall Duk Kim), esse sim com uma aparência japonesa. Ora, por mais que se reclame, Goku não precisaria ter feições japonesas, pois tecnicamente é um alienígena, mas na história original, geraria estranheza se não o fosse. Como aqui ele está na América, tudo certo, ao menos aparentemente.

    Goku é mostrado como um garoto comum, apaixonado pela garota bonita da escola, Chichi (Jamie Chung), muito diferente do menino eremita que durante muitos anos de sua vida só teve contato com seu avô, não só no fato de ser antissocial e não adepto de algumas normas comuns ao contrato social, mas também de não se deixar intimidar. O modo como ele encontra para se aproximar de sua amada, é utilizar suas habilidades de ki para abrir todos os armários da escola ao mesmo tempo, em um exibicionismo fora das lutas que fere qualquer código de ética de arte marcial.

    Talvez o único senão positivo do filme, indiscutivelmente, sejam os designs das esferas do dragão. As bolas alaranjadas tem seu número de estrelas flutuante ao longo de sua circunferência, para que qualquer pessoa possa ver de qual esfera se trata. Elas parecem emanar um poder mesmo distantes umas das outras e essa sempre foi a impressão que o anime passou desde a primeira vez que foi exibido no Brasil pelo canal SBT.

    Mas logo essa sensação boa é cortada, para mostrar a ida do protagonista como penetra na festividade de Chichi, onde ele exibe suas esquivas em slow motion contra o bully Carey Fuller (Texas Battle), o mesmo que namora a moça. Há alguns detalhes legais nesse momento, como a festa ser num castelo, referenciando o lar do Rei Cutelo e da pequena Chichi na fase clássica do desenho, e as referências à lua cheia, ainda que Goku não tenha rabo e não possa se transformar em um macaco gigante assassino.

    A personificação de Goku não é falha só por conta dele não ser um capiau sem noção do que é a vida, mas também por seu visual. Seu cabelo emplastado de gel faz ele parecer mais um dos coadjuvantes desimportantes de séries da CW como Arrow e The Flash, já que se enquadra no padrão de rapaz descoladinho que circula nesse tipo de série, mas não bem arrumado o suficiente para estar no elenco principal, que normalmente é ocupado por atores e atrizes de corpos esculturais, mas completamente inexpressivos. Chatwin consegue ficar no limbo entre as duas características, já que não se trata de um sujeito de beleza indiscutível, assim como também não é um mal ator, aliás ele normalmente se apresenta bem nos seriados que faz, o problema aqui é claramente o roteiro.

    A libertação de Piccolo do feitiço que o prendia não é muito bem explicada, aliás falta nexo nessa sequência. Desse modo, Goku se vê obrigado a ir até o antigo mestre de Gohan para avisá-lo. Nesse ínterim ele encontra a bela Bulma (Emmy Rossum) que é a personagem mais parecida com a original, apesar de obviamente não ter feições típicas de uma asiática. A casa de Kame também não é localizada numa ilha no meio do oceano e sim no meio da cidade. Aqui também se vê um dos poucos pontos legais no filme, que é a forma que uma das motos de Bulma sai de dentro da cápsula, mas esse momento dura poucos segundos, e logo os preciosismos do roteiro de Ben Ramsey voltam, basicamente pondo o nada carismático Goku para lidar com o Kame, de Chow Yun Fat. Aqui, ele é chamado de Roshi (como normalmente é chamado nas animações nos Estados Unidos), e apesar da personalidade magnética de Fat, ele faz lembrar pouco o personagem original, ainda que este não seja exatamente um problema, já que o filme comete erros muito mais grotescos em torno dos seus 85 minutos.

    Ao menos o lado tarado de Kame é diminuído, ele é só um onanista que coleciona pornografia e não um homem que tenta bolinar toda garota que aparece. Impressionantemente cada vez que o texto acerta algo, ele logo faz questão em esquecer disso e trazer mais um caso grotesco à baila. Goku quanto toca as esferas mágicas sente uma premonição, e isso não faz sentido algum seja em qual versão do mito isso foi inspirado.

    Perde-se um tempo demasiado tentando fazer dois casais acontecerem, Bulma e Yamcha (Joon Park) e Goku e Chichi. Enquanto isso, Piccolo, vivido por James  Marsters, manda sua capanga Mai (Eriko Tamura) em busca das esferas do dragão. A hora do combate entre as forças do bem e do mal se aproxima, em eventos anti-climáticos. A maior parte do visual simplesmente não encaixa. A parte dos efeitos especiais e das rajadas de poder lançadas ficam extremamente genéricas, não tem nem charme nem semelhanças com o que se vê nas versões animadas. Até Matrix Revolutions tem mais em comum com a obra do Toriyama do que com este, nas lutas entre Senhor Smith e Neo.

    A luta contra Piccolo é totalmente anti climática, e a convocação a Shenlong é feito de um modo também nada inspirador ou digno de nota. O dragão é uma presença dourada, digna de Dragon Ball O Início da Magia, mas sem muita preocupação em parecer uma adaptação de Dragon Ball. O problema aqui claramente é de espírito, Dragon Ball Evolution pouco ou praticamente nada do material original, e aparenta ser só uma produção caça níqueis, feita a toque de caixa e sem preocupação alguma com o corpo enorme de fãs que a saga tem pelo mundo. É uma produção sem alma, ambiciosa e que acerta muito pouco, tanto no quesito adaptação quanto no quesito cinema, uma vez que nem as atuações (e isso inclui até Fat) não convencem, tampouco as sequências de ação. O filme ainda tem a pachorra de ter um final em aberto, com uma cena pós credito  das mais safadas, com um cliffhanger muito oportunista.

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  • Review | OZ

    Review | OZ

    Atenção: este review contem spoiler de toda a série. Siga por sua conta e risco.

    OZ tem importância histórica para o momento atual da Era de Ouro da televisão norte-americana. Criada por Tom Fontana em 1997, foi uma das primeiras séries originais da HBO ao lado de Sex And The City, de 1998, a serem concebidas de forma autoral, onde o criador e roteirista tinham mais liberdade criativa. As duas ganharam prêmios relevantes e tiveram o reconhecimento da crítica suficiente para encorajar o canal a cabo a continuar o investimento que permitiu produzir The Sopranos em 1999.

    A série acompanha a rotina na Penitenciária Estadual nova-iorquina Oswald de Segurança máxima Level 4, mais conhecida como OZ, mostrando a convivência entre os presos de diversas facções e diferentes entre si.

    Claustrofobia, essa é a sensação de assistir a série. O tema central é um só: o aprisionamento do ser humano e todas as discussões levantadas ao longo dos 56 episódios giram em torno do encarceramento do homem na sociedade. O tema é desenvolvido sob diversos ângulos, como também outros temas como a fé e a falta dela; os estupros constantes e a sexualidade; o tráfico de drogas, o poder e vício gerados; e o maior deles, a reabilitação social do preso.

    A narrativa da série é tão densa que sentiu a necessidade de recorrer a um narrador, Augustus Hill, que se dirige à câmera e aparece no início, final de cada episódio, além de flashes no meio. No início ele aborda o tema do episódio, no final faz uma conclusão, e sempre que um preso novo chega à OZ ele lê a sua ficha criminal, como também ocasionalmente lê a ficha de outros que estão lá há tempos.

    Augustus Hill, um dos personagens mais icônicos de OZ

    As digressões da série feitas pelo narrador

    A primeira temporada da série se inicia com a inauguração do projeto experimental Emerald City, cujo objetivo é forçar uma convivência entre os grupos dos mais variados possíveis para que sua reabilitação futura na sociedade seja menos traumática. A rotina da série mostra os presos criando ou mantendo seus grupos de influência e competindo pelo poder.

    Os personagens e núcleos principais também se consolidam aqui. A irmandade ariana liderada por Vern Shillinger que odeia os negros encabeçados por Jefferson Keane e Simon Adebisi, que tem diferenças com os muçulmanos ministrados por Kareem Said e se chocam com os mafiosos italianos de Nino Schibetta. Neste meio, os latinos de Miguel Alvarez e o irlandês Ryan O’Reily, além dos quatro personagens mais icônicos da série que não pertencem a grupo nenhum, os veteranos Busmalis e Rebadow, o cadeirante Augustus Hill e Tobias Beecher. O outro lado da prisão é o corpo administrativo, o diretor Leo Glynn permite que Tim McManus crie Emerald City, ele conta com a ajuda da guarda Diane Whittlesey, a freira e psiquiatra Irmã Pete Marie, o padre Ray Mukada, além da médica Gloria Nathan e as aparições esporádicas do governador James Devlin.

    Jefferson Keane é executado pelo estado no meio da temporada e Nino Schibetta morre após comer vidro esmagado que O’Reily e Adebisi colocaram na sua comida, provando que em OZ não deve-se apegar a nenhum personagem, e termina com uma rebelião após os grupos antagônicos se reunirem contra a administração de OZ.

    Kareem Said, interpretado por Eamonn Walker, o melhor personagem de OZ

    Na segunda temporada vemos os desdobramento da rebelião que fechou Emerald City e causou a morte de dois guardas e seis presos. Ela se inicia uma investigação da corregedoria que não chega a nenhuma conclusão com provas. 10 meses depois Emerald City é reaberta e inicia na série os projetos sociais que marcam cada temporada. Nesta segunda, McManus cria um projeto de aula para os detentos. Poeta, um viciado em heroína, se inscreve no programa e com a ajuda de Kareem Said publica as suas poesias, conseguindo a condicional. Porém, ele volta à OZ após matar um dos traficantes. Ryan O’Reily é diagnosticado com câncer de mama pela Dra Glória e se apaixona por ela, ele pede para seu irmão Cyril matar o marido de Glória e Cyril acaba indo para OZ.

    Novos personagens aparecem nesta temporada além de Cyril O’Reily; Chris Keller, aliado de Vern, seduz Beecher e quebra suas costelas; Shirley Bellinger como a nova presa do corredor da morte; El Cid como o líder dos latinos; o guarda Eugene Rivera que é atacado por Miguel Alvarez e acaba cego; Peter Schibetta, filho de Nino, assume a máfia, porém após se envolver em uma briga com Adebisi, Peter é estuprado e perde a liderança dos italianos para outro recém chegado Antonio Nappa. Uma característica desta temporada é a inserção do aspecto espiritual na série com a chegada de Jara. Ele se torna um xamã para Adebisi, fazendo com que ele se reconecte com a sua origem africana, até que Jara é morto e Simon se sente à deriva.

    Na terceira temporada, um novo programa social é implementado pela irmã Peter Marie, encontros entre vítimas e agressores. Novos personagens entram na série, como o guarda Clayton Hughes, filho de um antigo amigo de Glynn que morreu no seu lado. Clayton investiga a morte do pai e aos poucos vai ficando louco até tentar matar o governador em um evento e acabar preso, provocando o fechamento de Emerald City. Outro personagem importante é o novo guarda Sean Murphy, antigo amigo de McManus, que organiza um campeonato de boxe como forma de aliviar a tensão dos detentos. Cyril decide participar e Ryan vai dopando seus adversários até que na última luta Cyril acidentalmente mata o favorito Hamid Khan.

    Enquanto isso, Adebisi ainda à deriva rouba uma agulha infectada de HIV e fere Antonio Nappa, provocando a sua transferência de Emerald City para a ala dos aidéticos, fazendo com que Chuck Pancamo vire o novo líder dos italianos. Mais um personagem marcante da terceira temporada é Claire Howell, a guarda de OZ que usa o seu poder para explorar sexualmente primeiro McMannus e depois os presos, especial Ryan O’Riley.

    J.K. Simmons como Vern Schillinger

    A quarta temporada é marcada por ser a mais longa da série com o dobro de episódios e foi dividida em duas partes. Na primeira, Emerald City é reaberta e Diane se muda para Londres, já que Edie Falco havia se comprometido com The Sopranos. O principal evento da primeira parte é a vinda de um novo diretor para Emerald City, Martin Querns, para o lugar de Tim McMannus, o que é bem visto aos olhos dos presos pois ele é negro. Querns quer baixar o nível de violência do local e para isso libera o tráfico de drogas.

    As novas políticas de Querns causam mudanças radicais nas relações com os guardas, pois o novo diretor transfere todos os não negros de Emerald City, transformando o local no reino de Adebisi. O final da primeira parte da temporada é coroada pela morte de Adebisi por Said, que tentava ajudar a controlar a situação e evitar uma nova rebelião.

    Na segunda parte, Querns é demitido e McMannus retorna. Um caso curioso é a droga experimental que faz com que alguns presos aceitem tomar em troca da pena reduzida e que causa a morte de alguns deles. A dinâmica entre Beacher e Vern fica ainda mais tensa quando eles tentam acertar as contas e um mata o filho do outro. Outra morte da temporada é a de Clayton Hughes, que perde a sanidade por completo e é esfaqueado por um colega de solitária quando tentava matar Glynn e morre em seus braços, assim como o pai.

    Um novo personagem é introduzido, Burr Reading, veterano da Guerra do Vietnã. Ele assume o tráfico de drogas ao liderar os negros e acaba alterando a relação com os italianos e os latinos para mais conflituosa. O Reverendo Jeremiah Cloutier também chega a OZ e altera o realismo da série, iniciado por Jara, ao influenciar os protestantes na sua jornada contra o catolicismo. Outro personagem curioso é o viciado Omar White, que é o elemento caótico que causa sérias alterações. Por último, o membro do IRA, o irlandês Padriac Connelly que coloca uma bomba em Emerald City no último episódio provocando a sua evacuação.

    Chris Keller e Tobias Beecher e a sua relação de amor e ódio

    A quinta temporada marca retornos e ironias à OZ. A mãe de Ryan começa a fazer trabalho voluntário na prisão, a ex-esposa de McMannus se transforma na nova assessora do governador em Oswald e Chris Keller, que havia sido transferido na temporada passada, volta para o corredor da morte. Um novo programa social se inicia, o treinamento de cão-guia para cegos, o que transforma a relação de Miguel Alvarez com Eugene Rivera.

    As ironias continuam. McMannus pede ajuda de Said para reabilitar Omar White, mas falha todas as vezes até que ele vai no show de variedades e passa a não usar mais drogas. O bilhete premiado da loteria de Rebadow, que havia pedido ao guarda Dave Brass comprar e ele some, fez com que o seu neto morresse devido a um tratamento caro. E a maior ironia de todas é a morte de Augustus, o narrador da série, após se livrar do vício das drogas ele vai defender Burr Reading do ataque dos italianos e é esfaqueado.

    A abertura da série que muda a cada temporada com as novas cenas

    A sexta temporada tem novos narradores, todos que morreram na própria prisão, como Jeferson Keane, Shirley Bellinger, os filhos de Schillinger, Antonio Nappa e até Dino Ortolani. Para salientar, McMannus coloca um labirinto da meditação na quadra de basquete, o que permite a diversos detentos refletir sobre os seus problemas. Para salientar, um novo personagem é introduzido, o pantera negra Jahfree Neema, que traz mais questionamentos do que soluções na nova dinâmica da prisão.

    Outro programa social permite a interação entre os presos, a encenação de MacBeth. Beecher consegue a condicional, mas volta à OZ traído por Keller, Ryan deixa de entrar com recursos no tribunal para Cyril morrer, pois não vê mais solução. Robson, um dos arianos mais fortes do grupo, tem a sua gengiva trocada pela de um negro, promovendo a sua expulsão da irmandade ariana e fazendo com que ele virasse a puta de outro detento.

    O alívio cômico de OZ através da dupla Busmalis e Rebadow

    E a sexta temporada promove uma série de mortes que visa a dar um final para cada personagem, algumas não tão satisfatórias. Pancamo mata Peter Schibetta, Said morre por conta de um repórter louco, este depois mata Omar também, o pai de Beecher é esfaqueado por uma puta de Schillinger que queria subir de hierarquia, Morales é morto pela enfermeira serial killer Carol, que deixa um rastro de outras mortes na enfermaria, Cyril é executado pelo estado, e na encenação de MacBeth, Beecher mata Vern após Keller trocar as facas, o próprio Keller mata diversos arianos com um pó químico entregue numa carta, depois Keller se suicida na frente de Beecher, e o próprio diretor Leo Glynn, que investigava a morte suspeita de um prefeito amigo do governador, é morto a mando do governador como queima de arquivo.

    E como não poderia ser diferente, OZ termina por causa de uma evacuação geral da prisão. Após a morte de Glynn, Querns volta como o novo diretor, e, alertado pela Dra Glória do pó químico usado para matar os arianos, todos vão embora e assim o ciclo se fecha pois a rotina daqueles presos terminou.

    Os irmãos Ryan e Cyril O’Reily

    Por se tratar de uma série de rotina, similar a The Sopranos e Mad Men, é difícil encontrar uma linearidade de tema em OZ. A partir da terceira temporada passa a existir temas marcantes, mas ainda não arcos centrais, os episódios iniciam e terminam em si, promovendo uma narrativa híbrida tanto episódica quanto contínua.

    A rotina da prisão opta por não mostrar a vida dos personagens principais fora da penitenciária, nem os poucos presos que conseguiram sair e depois voltaram. As cenas externas são sempre com algum filtro de cores aleatórias, geralmente usado em cinema para as cenas de sonhos, para mostrar os crimes cometidos por cada preso que os levaram para lá, elas servem também em sua maioria das vezes para introduzir novos personagens. O que importa na série é a visão daqueles presos, e, para eles, a sociedade é um sonho distante.

    Outra característica que reforça o aprisionamento ao espectador é a noção do tempo. Não existe o desenvolvimento narrativo linear de cenas encadeadas entre si ou até mesmo uma unidade temporal. Ao longo das seis temporadas quando há alguma conspiração sendo tramada na cena seguinte já acontece o fato que levaria alguns dias ou semanas, como por ex a morte do marido da Glória por Cyril O’Reily, planejada na cena anterior por seu irmão Ryan.

    Simon Adebisi

    Mais uma particularidade da reclusão é o número limitado de locações. Todos os 56 episódios se passam em poucos locais, como Emerald City, Unidade B, Corredor da Morte, Solitária, Academia, Hospital e nas salas do diretor Leo Glynn, de Tim McMannus e da Irmã Pete Marie.

    Ao lado do roteiro denso e a direção que traz uma boa mise-en-scène, a atuação é o grande forte de OZ. Eamonn Walker interpreta Kareem Said, o líder dos muçulmanos e o melhor personagem da série; Lee Targersen dá vida ao ótimo Tobias Beecher; o excelente J.K. Simmons como o líder dos arianos Vern Schillinger; Christopher Meloni é o bom Chris Keller; Harold Perrineau é o cadeirante e narrador Augustus Hill; Adwale Akinnuoye-Agjabe é o imponente Simon Adebisi; o canastrão David Zayas como o novo líder dos latinos Enrique Morales; Michael Wright é o caótico viciado Omar White; Luna Lauren Velez como a Dra Gloria Nathan; Ernie Hudson como o diretor Leo Glynn; a sempre ótima Edie Falco na pele da guarda Diane Whittlesey; Rita Moreno interpreta a boa personagem Irmã Pete Marie; Terry Kinney é Tim McMannus; o limitado Chuck Zito é Chuck Pancamo; Scott William Winters como Cyril O’Riley; Kirk Acevedo é Miguel Alvarez; BD Wong é o Padre Mukada; Luke Perry como o pastor Jemeriah Cloutier; Anthony Chrisolm como o veterano Burr Reading; Peter Francis James é o pantera negra Jahfree Neema; R.E Rogers como o caótico ariano Robson; Craig MuMs Grant é o Poeta; Tony Musante o mafioso italiano Nino Schibetta; Luís Guzman como o líder latino El Cid; e George Morfogen e Tom Mardirosian dão vida à dupla hilária Bob Rebadow e Agamemnon Busmalis. A pior menção é Dean Winters, o ator mais limitado do elenco que interpreta um dos melhores personagens, Ryan O’Reiley.

    OZ merece ser vista pelo valor histórico, além de ser densa, trata de diversos temas sociais que pode vir a interessar diversos públicos adultos.

    Texto de autoria de Pablo Grilo.

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  • Crítica | Tubarões

    Crítica | Tubarões

    Tubarões (ou Shark Attack, no original) é mais um dos ótimos sub-produtos calcados no hype de filmes clássicos. Produzido pela Nu Image, traz logo em seu título figuras tarimbadíssimas, como o protagonismo de Casper Van Dien, que em 1999, era uma estrela em ascensão, muito mais que um rosto bonito à frente de uma produção tão esmerada em trazer uma história inédita. O clima de suspense permeia o início da fita, onde um mergulhador desavisado é emboscado por sujeitos mal intencionados e mal encarados, para só então ter seu braço cortado por uma peixeira de proporções dantescas e ser jogado ao mar, claro, para atrair a atenção do predador máximo dos sete mares.

    Os personagens mostrados são de uma profundidade impressionante, preconizando toda a canastrice que seria grife nos anos pós 11 de setembro, e se tornariam ainda mais famosos nas produções da Asylum, como Sharknado. Logo, como se não houvessem problemas suficientes no mundo, o biólogo marinho Steven McRay (Van Dien) começa a estranhar a rotina dentro do seu laboratório, e em uma noite, decide encarar um estudo sobre o temido assassino marinho.

    Não há espaço para sutilezas ou criação de expectativa, com pouquíssimo tempo de tela já há uma enorme exposição do vilão que moveria toda a obra, mostrando o animal sendo autopsiado, desconstruindo a figura que impingiria terror sobre toda aquela geração. Steven Spielberg não poderia pensar em uma abordagem mais esdrúxula que esta. McRay fica muito triste quando descobre que seu antigo amigo – aquele que morreu no começo – pereceu, e demonstra estar mal, logo que chega a África para desenvolver o seu trabalho. O grave problema é que ele não consegue expressar sua tristeza naquele momento tão oportuno, já que este não é o maior préstimo dramaturgo de seu intérprete – se a cena desoladora fosse substituída por uma explosão, certamente teria dado mais certo.

    Impressiona o fato de que mesmo ante uma presa fácil, um infante, a máquina de matar mais poderosa do planeta seja capaz de capar a criatura, em seu próprio campo de habitação, achando que uma jangada vazia é melhor opção para um efusivo ataque. No entanto, é nessa empreitada errada que o mocinho do filme convence seus rivais e a comunidade de que ele é bad ass, e de que sabe lidar com os peixes malvados. Tubarões têm o poder de fazer as amizades mais improváveis acontecerem.

    Todo o besteirol exibicionista típico do verão é visto, com corpos esculturais habitando em biquínis pequeninos, sendo mostrados paralelamente a dilacerações de gosto duvidoso, e de pouco goire – um pecado imperdoável para um filme tão baixa renda. O visualizador mais exigente tende a chorar ao ver a falta de cuidado com que o diretor Bob Misiorowski leva o seu filme. Tudo é demasiado tímido, nem as atuações são tão caricatas; este Shark Attack parece um protótipo do que seria explorado nos próximos dez/quinze anos.

    Com o desenrolar da trama, uma teoria da conspiração ganha corpo e uma intrínseca rede de mentiras é mostrada, cuja extensão vai até os mandatários do laboratório. Steven é caçado e perseguido, mas nem as ameaças de morte são capazes de fazê-lo parar. Curioso é que quase todos os seus esforços enquanto detetive são recompensados nas primeiras opções, não há tentativa e erro, somente acerto nos primeiros chutes, e como no guião o que menos importa é a coerência, nada disso é discutido. A ganância é a verdadeira inimiga, a vilã deste maravilhosamente orquestrado teatrinnho. Os tubarões servem somente para fazer um paralelo com o instinto humano desnecessariamente ligado a caça e ao uso incontrolado da inteligência para algo necessariamente mal.

    No final, há uma bela luta, mostrando bandidos e heróis combatendo ferozmente, lutando por suas parcas vidas em meio a um laboratório repleto de produtos químicos, enquanto os valentes engravatados se escondem covardemente atrás de suas mesas. O mal tem a sua porção de castigo muito bem pensada e gasta com sabedoria. Há direito até a redenção de anti-herói. No final, o vilão mais malvado, vivido por Ernie Hudson, é engolido pela besta marinha, o ser que impinge justiça, passando por cima de qualquer barreira geográfica ou social. Um filme tosco, uma mensagem infantil e uma abordagem séria. Não há como achar este um bom produto, nem com as cenas de tiroteio em alto mar.