Tag: Michelle Rodriguez

  • Crítica | Velozes e Furiosos 9

    Crítica | Velozes e Furiosos 9

    Velozes e Furiosos 9 tem seu início em 1989, com o patriarca dos Toretto, Jack, correndo em um circuito da Nascar e sofrendo um trágico acidente sob o olhar atônito dos dois filhos. Esse preâmbulo serve para estabelecer que o Dominic Don Toretto de Vin Diesel tem uma ligação emocional com os carros, e ainda introduz Jakob, seu irmão, vivido quando adulto por John Cena, como o novo antagonista.

    Justin Lin retorna a direção e como é visto na introdução esse seria um filme mais dramático que os anteriores. Um dos fatores curiosos da série de filmes era sua capacidade de rir de si mesmo, além de introduzir piadas e memes do público em sua própria história. Fato é que a franquia tinha em seu elenco atores medíocres que repetiam clichês de família para tudo, boas cenas de ação e de carros em velocidade, e invariavelmente se vendia como um filme de assalto ou de conspirações com governos envolvendo carros. Não havia muita preocupação dramática. Muita ação, frases de efeito e diversão, contudo quando a jornada se leva a sério demais, mesmo os defensores mais ardorosos penam na tentativa de justificar toda essa movimentação.

    A fórmula claramente se desgastou, o que sobra é a sensação de que a corda esticou demais. Nem os absurdos e momentos impossíveis funcionam, some-se a isso os adiamentos causados por uma pandemia que matou milhões, e o impacto desse filme beira a zero, nem mesmo o choque de uma revelação familiar dos Toretto quebra essa sensação.

    O filme chegou a ser exibido em grandes festivais, como em Cannes, e teve lançamento de dois cortes, inclusive com uma versão do diretor (com míseros quatro minutos a mais e pouco muda o espírito da obra), fora isso, há conveniências difíceis de engolir, como o retorno de um terceiro irmão Toretto, nunca mencionado. O longa não se contenta em ser um projeto de prequel, como também faz retcons.

    Outra questão foram as brigas das estrelas e a bifurcação do elenco da saga Velozes e Furiosos, com Vin Diesel e Dwayne Johnson não trabalhando juntos dentro desta franquia. Se Hobbs & Shaw é legal, mesmo sem uma bilheteria vultuosa, esse não conseguiu quase nada, foi prejudicado em arrecadação por conta do novo coronavírus e não acerta no quesito escapismo. Parece de fato que algo foi perdido e o apelo a personagens antigos já não é mais o mesmo.

    O longa tem sacadas, ainda que esparsas e meio perdidas no roteiro, como a indagação de um dos personagens ao fato deles terem tantos feitos impossíveis sem nenhuma cicatriz ou perda significativa seja para atrapalhar suas vidas ou como lembranças, mas quando essa sentença é dita pelo ator mais canastrão do elenco, Tyrese Gibson, perde força. A realidade é que mais do que antes, não há nenhum temor pelo destino dos aventureiros.

    Ao terminar de ver Velozes e Furiosos 9 a impressão que fica é que a saga já se esgotou, e que uma trama tão pretensamente adulta que envolve rivalidade entre irmão e até insinuações de parricídio, não deveria se levar tão a sério ou deveria ser introduzido de outra forma. Não após quase duas décadas de duração e dez filmes contando spin offs. É pouco, e nem os retornos forçados do filme compensam suas fragilidades.

  • Crítica | As Viúvas

    Crítica | As Viúvas

    Steve McQueen é um diretor que mesmo com poucos elementos em sua filmografia sempre causa alvoroço no publico e na crítica. As Viúvas era um filme bastante esperado, não só por ser um retorno depois de cinco anos do lançamento de 12 Anos de Escravidão, e também graças ao elenco muito estrelado, comandado por Viola Davis e acompanhado por tantas outras estrelas, como Colin Farrell, Robert Duvall e Liam Neeson. O thriller inicia mostrando o casal Rawlings, Veronica e Harry (Davis e Neeson), vivendo sua intimidade de modo luxuoso e ordeiro, até que o trabalho como assaltante do homem dá errado, em uma sucessão de eventos violentos e trágicos, que chacina todos os integrantes, cada um deles deixando para trás sua respectiva companheira.

    Logo é mostrado outro quadro, uma disputa política entre candidatos a vereador de uma comunidade de Chicago, disputada basicamente por Jack Mulligan (Farrell), um político tradicional, herdeiro do já idoso Tom Mulligan (Duvall) que está em vias da aposentadoria, e o negro Jamal Manning (Brian Tyree Henry), um sujeito ligado ao crime organizado da região, normalmente acompanhado por Jatemme (Daniel Kaluuya).

    Dado o cenário, Veronica é encurralada por Jamal, que quebra o protocolo da suposta trégua que estava implícita dentro de sua campanha, basicamente para ameaçar pessoalmente a mulher, acusando seu marido de te-lo roubado, em decorrência disso, as outras viúvas Linda (Michelle Rodriguez), Alice (Elizabeth Debicki) e Amanda (Carrie Coon) são chamadas pela primeira, para tentar se organizar e tentar levantar algum dinheiro, levando em conta o trabalho dos seus parceiros mortos.

    Apesar de ter um elenco grande, não só no número de estrelas como na quantidade de pessoas mostradas, há um mergulho na intimidade das personagens, em especial a já citada Veronica, que permite a Viola desempenhar alguns momentos em que ela está só com câmera e suas angústias são mostradas através do derramar de sua alma. Dentro do seu universo particular cada uma das mulheres tem suas desolações, decepções e contato com o que há de mais nefasto e mesquinho da vida humana.

    O filme é baseado no livro homônimo Lynda La Plante, o roteiro fica a cargo de McQueen e Gillian Flynn, e se nota a influência da autora de Garota Exemplar, principalmente no equilíbrio entre os aspectos de thriller e os elementos de filme de assalto. O diretor consegue podar bem os excessos de Gillian e se mostra mais firme até que Fincher. Sem dúvida alguma esse é bem mais equilibrado e interessante que Lugares Escuros, em especial porque mesmo personagens secundários, como Belle (Cynthia Erivo), parecem realistas e possuem profundidade, quando se assiste se entende perfeitamente as dores que elas vivenciam.

    As Viúvas é pautado na mistura de apreensão, suspense e expectativa pela inabilidade das personagens em nunca terem executado o que precisam realizar, além de apresentar um cenário político-social muito rico e tangível. Há ainda uma sensibilidade enorme da direção com todas as reviravoltas da trama, tornando até palatável a quantidade de tentativas de plot twists apresentados, tudo soa tão natural que até a suposta artificialidade é driblada. Mérito do realizador.

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  • Crítica | Velozes e Furiosos 4

    Crítica | Velozes e Furiosos 4

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    Surgido da experiência internacional de Dominic Toretto (Vin Diesel) em terras estrangeiras, com sua amada Letty (Michelle Rodriguez), Velozes e Furiosos 4 retorna finalmente ao sub-gênero de filmes de assalto, pondo a dicotomia entre ser fora da lei e o modo assertivo de vida mais uma vez em pauta, com cenas estapafúrdias que aumentam exponencialmente o escapismo, capaz de mostrar um caminhoneiro pular de um veículo em alta velocidade e sair sem um arranhão, ao mesmo tempo que encerra a participação de um dos heróis da jornada já no início.

    O recém viúvo Dom não consegue lidar bem com sua perda. Mesmo nas cenas antes da perda de sua amada, já parece resignado, arrependido por não dar ouvidos à companheira, que queria ir para o Rio de Janeiro. Paralelamente, Brian O’Conner, vestindo trajes sociais, corre atrás de um bandido, utilizando todo seu talento em parkour, mais tarde visto em 13º Distrito. Seu retorno à ação policial praticamente ignora Mais Velozes e Mais Furiosos, já que lá o personagem não mais trabalha como tira.

    O reencontro dos dois aliados quase ocorre quando no sepultamento de Letty, mas estão longe pelos lados distintos da lei e por alguns quilômetros de moral. A fila de carros coloridos quase quebra o clima de luto que as personagens tentam preservar. De volta ao território estadunidense, Toretto vai atrás de quem possivelmente tem informações sobre o assassinato de sua amada, buscando vingança. No mesmo encalço, Dom e Brian vão servir Braga, acompanhados por sua assistente Gisele (Gal Gadot), que os instrui nos diversos serviços que prestam.

    Justin Lin acaba abusando demais das cenas em CGI, especialmente nas subterrâneas, onde já em 2009 notava-se uma abrupta diferença, uma tecnologia ultrapassada atualmente. Outro defeito latente é o ritmo do filme. Há uma gigantesca falha de roteiro que faz denegrir muito o resultado final da película. Em alguns pontos, parece que o foco narrativo se confunde, como se emulasse a dificuldade de O’Conner em finalmente se definir e assumir a sua tomada de decisão, sem temer mais nada.

    O vagar do vilão pelas sombras também atrapalha a empatia do público com os personagens. A unidade existente em Velozes e Furiosos não habita nesse. Como se cada um dos personagens vivesse em seu microuniverso, e esses lugares tornam-se intocáveis, graças ao distanciamento que cada um deles permitiu, problemas causados especialmente pela fuga de Toretto e pela saída de Brian do oikos familiar. Aos poucos, os mundos se aproximam para causar finalmente a interseção que fariam do grupo unido novamente, e isso tudo começa com a lenta reconciliação dos dois personagens masculinos, que não conseguem ficar separados um do outro por muito tempo.

    As perseguições finais sempre garantiam bons momentos aos filmes da franquia, mas a repetição do pior cenário possível de Velozes e Furiosos denigre seu resultado final. Com ares de refilmagem de Velozes e Furiosos, claro, se levando bem mais a sério, quase logra êxito ao mostrar um final mais condizente com o real, onde os personagens são julgados finalmente pelas leis que quebraram, além de retornar a jornada ao estado original da Califórnia, explorando seus meandros.

    O recomeço seria bem mais sóbrio do que anteriormente. Conduzido pela dupla Justin Lin e Chris Morgan – que retorna aos roteiros – e reativando rivalidades e amores antigos, o filme faz uma espécie de reboot sem descontinuar todos os eventos anteriores. O tom sério não fica tão caricato quanto se previa, mas os pecados da edição não permitem ao filme cumprir todo o seu potencial positivo, ficando apenas no quase.

  • Crítica | Velozes e Furiosos 7

    Crítica | Velozes e Furiosos 7

    Velozes e Furiosos 7 A

    De começo intimista, focando uma conversa do personagem de Jason Statham, Deckard Shaw – finalmente nominado depois da cena pós-crédito do capítulo seis – ao visitar seu irmão no hospital já demonstra seu potencial incendiário, o mesmo ímpeto de violência extrema visto no incidente da última cena pós-crédito da franquia. Logo após o acontecido, ocorre uma corrida ao estilo do filme original, inclusive com resgate a personagens chave do início da jornada, como Letty (Michelle Rodriguez), que finalmente retorna à sua rotina de adrenalina e perigo em alta velocidade. Após vencer o certame, diante dos olhos de seu amado Dominic Toretto (Vin Diesel), ela surta, pondo à prova sua recuperação pós-trauma. É nesta tônica em que a direção de James Wan se baseia, rediscutindo toda a trama da franquia Velozes e Furiosos com um estilo mais certeiro e visualmente mais belo.

    Mesmo ao retratar as cenas com certo exagero visual, há um refino bem mais extenso do que o da quadrilogia de Justin Lin. É na alteração da rotina que se concentra a maior mudança dramática, concentrada em demasia na nova trajetória de Brian, transformado no pacato motorista de seu filho. Mais uma ação terrorista de Shaw interrompe sua rotina, consistindo basicamente em um chamado à aventura, não só dele e de Torretto, mas também do ferido Hobbs (Dwayne Johnson). Em um hospital, Dom e Hobbsem se encontram, mais uma mostra de como os paradigmas estão diferentes, já que os antes inalcançáveis super-heróis já não são mais tão indestrutíveis. A partir deste momento, hematomas e ferimentos ficariam em suas carnes, músculos, ferindo tendões e especialmente seus orgulhos.

    O cuidado em reunir os laços de uma franquia de seis filmes é muito bem executado, com retornos de quase todos os aventureiros que acrescentaram qualquer aspecto minimamente interessante à longa estrada percorrida pelos membros da família, com austeridade suficiente de um diretor que até então não tinha participado da série de filmes, sob os cuidados do escritor Chris Morgan. A atmosfera mais séria não invalida qualquer possibilidade de escapismo visual, unindo verossimilhança pautada na sobriedade e manifestada na personagem de Kurt Russell, Mr. Nobody, designado para apontar possíveis alvos e aliados de Shaw, sendo o novo contato deste com a lei. Hobbs permanece hospitalizado, servindo como orelha ao explanar os outros contatos terroristas.

    Através de seus contatos, Shaw reúne o resto do time – Tej (Ludacris), Roman (Tyrese Gibson) e, claro, Brian e até Letty – sem que Dom soubesse, unindo-os sob sua tutela em uma repaginada fase, baseada agora na lei, pervertendo ainda mais o código ético anti-heroico. O tom não é exatamente de sobriedade, mesmo porque nos trailers já se revelava que o céu seria o lugar de onde muitos carros brotariam, como em pancadas de chuva, causando um temporal metálico no Azerbaijão. No entanto, mesmo os arroubos e falácias visuais servem melhor aos esforços da trupe de velocistas.

    Qualquer construção de realidade é prontamente debochada pelo exacerbado escapismo da fita, em cenas em que carros atravessam três prédios, entre janelas e buracos onde armazenam-se aparelhos de ar condicionado, destruindo pilastras e artefatos artísticos antigos. Uma metalinguística mensagem de Wan, que tenta superar a pretensa falta de valor artístico de blockbusters como os da franquia, convencendo os críticos ranzinzas, seja pelo amor ou pela dor.

    Brian volta a ter uma importância indispensável na trama, justificando todo o seu treinamento como agente do FBI ao ser o responsável pelo resgate da misteriosa Ramsey (Nathalie Emmanuel), enfrentando o personagem de Tony Jaa em uma curta porém interessante luta, mais bem construída do que todas as porradarias anteriores. Ainda que prossiga relegado a ser um coadjuvante de luxo, seu papel no enredo acaba bastante valorizado, mesmo em comparação com Dominic.

    Velozes e Furiosos 7 é um capítulo bastante diferente de seus antecessores, deixando o conceito de filme de assalto de lado para se tornar um filme de super agente, como na Trilogia Bourne, especialmente as películas de Paul Greeengrass. A qualidade das sequências de ação evoluiu de uma forma absurda, com uma crescente de qualidade e conseguindo quebrar o estigma de involução em continuações, fazendo deste o melhor da franquia, semelhança vista nos clássicos de James Cameron: Exterminador do Futuro 1 e 2.

    Mesmo com um elenco enorme e recheado de personas famosas, com celebridades que teriam segundos em tela, há um equilíbrio narrativo, sem desperdícios de talentos. A obra pontua o epitáfio de Paul Walker, equilibrando emoção, sentimento e lágrimas contidas. Por mais que sobre pieguice, a decisão do roteiro foi a mais acertada possível, especialmente ao dedicar o filme à memória e fechar o sétimo episódio em uma estrada bifurcada, que honraria a trajetória de ambos os personagens, os quais seguiriam em frente diante da irônica tragédia que tirou Paul Walker de cena. Velozes 7 consegue elevar o nível da franquia, aumentando qualquer expectativa do futuro. Tudo graças à direção de James Wan, que superou o receito de mudar da praça dos filmes de terror para os de ação desenfreada.

  • Crítica | Velozes e Furiosos

    Crítica | Velozes e Furiosos

    Velozes e Furiosos A

    Rob Cohen segue na esteira da moda do começo dos anos 2000, variando entre o exploitation dos pegas e corridas ilegais de carro, passando pela base do roteiro tosco de redenção x contravenção vista em Caçadores de Emoção. David Ayer,  Erik Bergquist e Gary Scott Thompson conseguem conceber o roteiro de um filme que virou uma mania, mais vazio e mais cheio de personagens estereotipados que os péssimos seriados americanos infanto-juvenis da Discovery Kids e Disney XD. Velozes e Furiosos apresenta caretas, brigas impensadas, rap datado e uma plataforma que faz de Dominic Toretto um homem bem mais alto que seu intérprete Vin Diesel.

    Apesar do nome semelhante ao de um serial killer, Brian Earl Spilner (do saudoso Paul Walker) consegue ter a atenção e a boa vontade de Toretto, mesmo com o começo atrapalhado na relação de ambos. Atrás do cabelo desgrenhado e da aparência parafinada, Brian esconde um segredo terrível, quase tão aterrador quanto os passinhos de dança injustificados nos arredores das corridas ilegais, e os diálogos babacas de afeição quase instantânea, que envolvem os corredores.

    A entrada triunfal da gangue de Toretto, próximo de uma avenida movimentada, com cada máquina apresentando uma cor diferente, faz lembrar as triunfais aparições dos Power Rangers pela Alameda dos Anjos. Até as personalidades das personagens secundárias têm muito a ver com as do seriado nipo-americano, com Petty (Michelle Rodriguez), fazendo a latina mal encarada que namora o líder dos bandidos, o nerd – e hacker – de compleição física mirrada, Jesse (Chad Lindberg), e o mal encarado – e desconfiado – braço direito do chefe Vince (Matt Schulze), que se vê enciumado com o acréscimo de mais um fator na equação, especialmente por ele chamar a atenção da irmã de Toretto, Mia (Jordana Brewster).

    Os outros personagens periféricos basicamente apresentam um show de horrores e de péssima construção de personagens, com Ja Rule fazendo o negro pró-poligamia, zoado por seus iguais. Mas sua vergonha não se compara a do asiático, que não tem nome, e que joga videogame antes da corrida. As esferas de inverossimilhanças pioram depois das falas de Toretto após vencer, inflamando a multidão com ideias tão profundas como as letras de Charlie Brown Jr., e que funcionam como a cereja do bolo presente na estranha armadilha policial que envolve o racha. O findar da perseguição é conveniente, unindo Brian e Dom no mesmo carro de fuga, gerando uma dívida dupla.

    Johny Tran (Rick Yune) consegue interceptar o personagem calvo, logo após a fuga, mostrando que a pressa não é só uma característica dos corredores, como também dos roteiristas do filme. A fúria de Domic ocorre por ele ser interrompido e importunado pela cobrança de uma dívida, e só não é maior que a decepção de ter sido abandonado por seus chegados.

    Sem qualquer cerimônia, Brian revela-se um policial infiltrado, o que faz se perguntar como é injusto o investimento de dinheiro do contribuinte americano. O absurdo é quase tão gritante quanto as preces em forma de oração que Jesse faz à divindade que cuida das peças de carros.

    Apesar de datado, e da eterna predileção pelas corridas, Velozes e Furiosos é, em essência, um filme que discute a necessidade do maniqueísmo, fazendo uma ode ao anti-heroísmo. A obra inclui mais semelhanças com o clássico da Sessão da Tarde de Kathryn Bigelow do que com o filme original de 1955, com pouca substância do drama apresentado, sejam os arquétipos dos protagonistas, seja a tênue linha entre a vida bandida e o cumprimento ético de carreira do personagem infiltrado, pervertido pelas velhas tentações carnais e pela necessidade de adrenalina.

    A rivalidade entre Tran e Toretto piora muito depois da invasão ao domicílio do asiático, algo que se agrava pela aposta com Jesse, que finalmente dá um motivo para o personagem, que mais chega perto de ser um vilão, atacar o protagonista fora da lei. O show de trapalhadas piora na cena da ação contraventora em meio a um dia ensolarado, sem qualquer planejamento de que o caminhoneiro roubado poderia retribuir a violência a ele e à empregada.

    A revelação da verdade do disfarce se dá ao modo do clássico de Tarantino, Cães de Aluguel. Repentina e abrupta, a descoberta ocorre através de uma ligação para salvar o personagem que menos se afeiçoou por Brian, e que tinha total razão para duvidar de sua índole. Mesmo com todas as incongruências de roteiro, a evidente mensagem edificante consegue funcionar pela junção de fatores, a trilha sonora, o cenário arenoso, a tentativa de vingança e o assassinato do mais frágil membro do quinteto de foras da lei.

    Em algum momento, o revide torna-se justificável, e toda a irregularidade fica plausível diante do compromisso do personagem de ser um pária social. O sucesso posterior prova que algo a mais causou a popularidade no telesseriado. Talvez a culpa seja das variações das máquinas e a ode ao Dodge Charger 70 do protagonista. O sucesso foi tanto que a partir de Velozes e Furiosos, surgiram inúmeros sub-produtos, inclusive provenientes de refilmagens, como na mini franquia Corrida Mortal, igualmente baseada nos filmes de Roger Corman.

    A corrida que Toretto e O’Connor fazem rumo ao infinito reafirma a necessidade por adrenalina, além de extravasar a testosterona de duas figuras que se assemelham em espírito, e que devem muito mais um ao outro do que se aparentava antes. Apesar de toda a cópia da história de Caçadores de Emoção, o diferencial é a relação dos dois personagens masculinos, que não se permitem maiores afiliações sentimentais de ordem sexual, uma vez que o vínculo deles é exclusivamente de amor aos carros e às pessoas que os envolvem. A transformação em franquia fez bem ao filme de Cohen, já que ele é muito menos execrado do que deveria, visto os seus defeitos de concepção atenuados pelo conceito de representar como poucos a época em que foi realizado.

  • Crítica | Resident Evil: O Hóspede Maldito

    Crítica | Resident Evil: O Hóspede Maldito

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    O primeiro filme baseado na franquia de jogos Resident Evil, revela a boa intenção de uma tentativa de releitura bem elaborada. Desde o início, o espectador é levado a crer que o roteiro será fiel ao jogo. Os créditos de abertura, a explicação do Incidente Umbrella e a trilha sonora são recursos bem executados, que colaboram com a ambientação do filme. A demonstração da ação do T-Vírus em um clima claustrofóbico de perigo iminente e a marcante cena em que Alice (Milla Jovovich) acorda desmemoriada, e com seu estilo único e um olhar cruel, desembaça o espelho, são realizadas com a edição de vídeo de Paul W. S. Anderson, tão criticado por sua tendência ao estilo de videoclipe.

    A iconografia do jogo é reconstruída no filme restringindo-se somente ao sistema de câmeras, às armas escondidas e guardadas com segredo e às portas que abrem sozinhas. Para o desapontamento do game-maníaco, as ações que acontecem após a entrada das forças especiais na Colmeia, base de estudos da Umbrella, em Racoon City, é uma sucessão de erros grosseiros. Todo o clima de filme de terror cai por terra, e se transforma em um frenesi de ação, frases feitas e combates grotescos, provando que essa mudança brusca de gênero é o maior equívoco do filme.

    Os monstros de Resident Evil não convencem quem assiste, os zumbis são light e não dilaceram ninguém, só arranham e mordem. Os membros do esquadrão de elite entram displicentemente pelos becos, a ponto de deixarem seu líder tático passar por um corredor cheio de armadilhas em uma cena com inúmeros erros de continuidade, como o sumiço de cadáveres.

    Os cenários, que pareciam bem elaborados no começo do filme, ganham um estilo de muito mau gosto e parecem construídos com cartolina e papelão. A maquiagem é tão horrenda que alguns mortos-vivos lembram o Kiko (Carlos Villagran) com hepatite. E os efeitos em computação gráfica são tão sofríveis, que os monstros parecem retirados dos cd-roms que vinham com revistas de informática nos idos dos anos 90.

    Os personagens são mal construídos e não ganham a empatia do público, até porque são descuidados e não fazem o mínimo de vigilância. Em uma das cenas, Alice vai sozinha e desarmada numa ala deserta, chacina dobermans ensanguentados ao maior estilo “extrato de tomate”, distribuindo voadoras nos focinhos e matando sem dó. A personagem, que só poderia ter sido preparada para a guerra, seria o maior potencial a ser explorado no filme, mas sua redenção moral e sua mudança de ethos justificada por uma surpreendente amnésia, transforma a situação em algo estúpido e pueril, subestimando a inteligência do espectador.

    O vilão também é totalmente questionável, a Rainha da Colmeia é uma máquina que tem crises de piedade, que servem unicamente pra explorar escolhas entre a vida e a morte de alguns infectados. Personagens que são dados como mortos voltam, só para morrerem segundos depois, em uma sequência de cenas incoerentes que tira a paciência até do espectador mais descompromissado.

    O desfecho deixa algumas perguntas em aberto, mas em momento nenhum isso suplanta as fragilidades da trama, fazendo com que a dúvida torne-se banal. Nem mesmo a cena final, com Alice retomando seu papel em O Quinto Elemento e segurando um trabuco na cidade devastada, salva o espetáculo, que ainda se seguiria por uma interminável franquia.

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  • Crítica | Machete Mata

    Crítica | Machete Mata

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    A nova vida do personagem-título já é modificada logo no início da trama. Mais uma vez lançando-o numa caçada de vingança sem muita enrolação, a narrativa mostra-se tão louca e desvairada quanto a do primeiro filme. Machete prossegue com suas execuções, munido de lâminas gigantescas e dilacerando corpos como se fossem de papel, tornando-se um herói ainda mais imune a dor e coisas letais e uma figura imortal enquanto tiver uma missão.

    A abertura com um toque de psicodelismo e silhuetas femininas lembra as sessões de matinê, além de remeter obviamente aos preâmbulos de 007. O herói é obviamente um super agente à maneira mexicana. Nesse mundo exagerado, o presidente americano não poderia ser Obama, mas sim um branquelo, farpador, beberrão e drogado. Carlos Estevez o interpreta muito bem, especialmente quando narra o esdrúxulo plano contra o vilão latino: o discurso contém meia dúzia de frases de efeito, mas ainda assim sensibiliza o paladino xicano.

    O sorriso do Senador John McLaughlin no final do primeiro episódio é justificado. O elevado muro que planejou foi enfim construído, o que ocasionou um aumento substancial da violência nas ruas mexicanas, aumentando o poder dos cartéis. Mendez (Demian Bichir) é um justiceiro/soberano com desvios de comportamento e múltiplas personalidades, que, apesar de seus atos inconsequentes, busca uma alternativa justa para o seu país. O passado do personagem esconde motivações parecidas com as de Machete. Rodriguez usa toda a bagunça visual e os clichês de action movies para mostrar uma triste situação com sua pátria-mãe, e eleva ainda mais o herói mexicano em detrimento dos americanos motherfuckers. A crítica política aos americanos não envolve somente o menosprezo dos estadunidenses perante os mexicanos, contempla também a paranoia de não mais existir nenhum opositor demoníaco desde Bin Laden.

    O desenvolvimento da trama é qualquer coisa. Ao fazer um paralelo com Jack Bauer e 24 Horas, inverte o lado da paranoia terrorista de forma jocosa. Rodriguez não tem receio de abandonar as ideias do primeiro filme e mudar o gênero. Como é prazeroso reassistir Mel Gibson em um papel canastrão por essência, sem que este esteja produzindo/dirigindo um filme. Luther Voz tem o cinismo do Doctor Evil, os olhares e carisma de Martin Riggs, e claro, protagoniza cenas homenageando seus filmes, inclusive dirigindo um carro enferrujado com close nos olhos, à la Road Warrior.

    O ambiente, supostamente hermético onde há a batalha final, é tosco, assim como as produções sci-fi dos anos 50/60. As lutas referenciam Jornada nas Estrelas: A Nova Geração, Era Uma Vez no México, Kill Bill e até Império Contra-Ataca. Rodriguez põe pra fora todo o seu lado nerd e não se preocupa em ser taxado de presunçoso, em razão de toda a jocosidade do roteiro.

    O fim abre uma brecha enorme para o 3° episódio, uma Space Opera, e é absolutamente condizente com o resto do filme. Apesar do subtexto ser bem menos contestador, Machete Kills cumpre perfeitamente a função de ser uma anedota de um action movie exploitation, com latinos mordedores e clichês milMachete Mata é, sem dúvida, um dos melhores exemplares de ação do ano. Detalhes para todo o carisma de Danny Trejo, para o trailer no começo da exibição e para as cenas pós-créditos com pouco sentido.

  • Crítica | Machete

    Crítica | Machete

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    O Projeto Grindhouse de Tarantino/Rodriguez não foi um sucesso de público, mas conseguiu alavancar a feitura de um filme derivado de um de seus trailers fakes, que eram exibidos entre os episódios. Este Machete é um pastiche por completo, a começar pelo seu protagonista, o sexagenário e coadjuvante de inúmeros filmes de brucutu – e colaborador de quase toda a filmografia de Robert RodriguezDanny Trejo, numa clara alusão humorística aos heróis de ação e claro, com uma violência exageradíssima e repleta de testosterona.

    O personagem principal é resignado, aparenta querer ser deixado em paz, escondendo dentro de si uma incômoda espera a um novo chamado à ventura – a oportunidade de retornar ao seu estado normal e à natureza de seus atos violentos. Seu código ético é incorruptível, busca justiça acima de tudo, mas não é seduzido pelo moralismo estúpido, e tem na vingança – por sua esposa morta – a grande motivação da sua vida. Mais clichê impossível, mas ainda assim, é bastante ousado.

    Há uma discussão óbvia sobre o tratamento dado pelos americanos aos imigrantes ilegais, usando-se de arquétipos absurdamente caricatos e maniqueístas, mas que escancara através do absurdo idealizado uma realidade dura e cruel. O estrangeiro é demonizado, comparado a inimigos do Estado como Saddam Hussein, e são até alcunhados como terroristas pelos antagonistas do herói da jornada.

    Mas é obvio que quem assiste Machete procura a plasticidade das mortes que Rodriguez sabe registrar como ninguém, e isso ocorre das mais variadas maneiras e formatos. Machete está acostumado a ser sabotado e sua recuperação dos ferimentos é praticamente automática, ele fica invisível debaixo de uma maca de enfermaria, o que faz crer que ele possua superpoderes. A cena do rapel de tripas tornou-se um clássico instantâneo na época e produz a mesma hilaridade hoje. As outras gags de humor também são muito bem feitas – o comercial de Osiris Amanpour (Tom Savini) são demais, aliás o personagem some da tela do nada, sem nenhuma preocupação com explicação. Há baseados mexicanos gigantes da espessura de charutos cubanos, as propagandas eleitorais do senador McLaughlin (De Niro), exaltando seu combate aos chicanos, comparando-os a pragas, o retorno com os personagens de Planeta Terror (o Doutor Felix e as gêmeas Electra e Elisa Avellan), os capangas arrependidos, com um discurso pró-imigrantes, os cortes rápidos em uma cena de Jessica Alba falando ao telefone imóvel, mas com a câmera mudando o ângulo a todo o momento, sem nenhum bom motivo aparente – tudo é pretexto para fazer piada, não dá para levar a sério um filme em momento nenhum.

    O personagem de Jeff Fahey, Michael Booth, conta todos os detalhes dos seu planos, tem uma boca aberta conveniente especialmente quando está sendo filmado, fato que também é muito engraçado. A batalha final é uma farofada enorme, tem de tudo, gente com carrinho de sorvete, ambulância assassina, escrotos se redimindo e voltando-se “para o bem”, ataque aéreo de moto. Até o desfecho épico para o personagem de Steven Seagal é perfeito, pois resume a sua carreira de “sujeito invencível e intransponível”, sendo somente ele um adversário a altura de seu próprio desafio, mas que sucumbe diante do que é justo.

    Atrás de toda essa capa de filme B, trash e de baixo custo com orçamento milionário, há um conteúdo forte de contestação. She de Michelle Rodriguez é um dos poucos personagens que se permitem ter um background decente. Suas motivações são nobres e óbvias, o que reforça ainda mais a escolha do roteiro por arquétipos prontos, montados para passar a ideia central. Ela veste a máscara de mentor e é um dos motivos de Machete reacender em si a vontade de agir a favor da justiça. Rodriguez – junto com Ethan Maniquis, também editor de Planeta Terror – traz um exemplar competente de exploitation e com uma temática presente em muitos dos seus filmes, a ode ao seu povo nativo e a valorização do imigrante ao território americano, em especial os mexicanos.

  • Crítica | Velozes e Furiosos 6

    Crítica | Velozes e Furiosos 6

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    Era uma vez uma franquia cinematográfica na qual roteiro e até mesmo cenas de ação eram apenas uma “costura” pra exibir veículos tunados em corridas clandestinas pelas ruas. Após um primeiro filme interessante, vieram dois abaixo da crítica, que agradaram apenas os aficionados por masturbação (visual ou não) com carros super estilizados. A bem-vinda virada veio a partir do quarto filme, quando as tramas passaram a mostrar uma equipe de ladrões gente boa promovendo assaltos em alta velocidade. Os carros continuam lá, lógico, mas a ação deixou de focar tanto nos rachas e abraçou o estilo “massa véio” com explosões e até porradaria.

    Os “puristas” podem até reclamar, mas é inegável que Justin Lin (diretor) e Chris Morgan (roteirista) souberam revitalizar a série Velozes e Furiosos, consolidando-a como o maior sucesso da Universal Pictures nos últimos anos. Não é à toa que um sétimo filme está confirmado – e já para 2014! Porém, os produtores poderiam fazer uma mudança. Ao invés de no final exibir o tradicional aviso alertando para não tentar reproduzir as cenas etc., seria mais válido mostrar no começo uma mensagem do tipo “Atenção: desligue seu cérebro antes de assistir. Bom entretenimento”.

    Nesta sexta aventura, Toretto (Vin Diesel) e sua turminha do barulho estão espalhados pelo mundo, curtindo os milhões que roubaram no Rio de Janeiro. Eis então que ressurge o o agente Hobbs (Dwayne “The Rock” Johnson, cada vez mais determinado a interpretar o Hulk sem precisar de CGI), pedindo ajuda da gangue para capturar um perigoso grupo de criminosos/terroristas internacionais. Além de prometer perdão total para todos os crimes cometidos pelo bando – sabe-se lá como ele teria poder pra isso –, Hobbs revela a Dom que Letty (Michelle Rodriguez) está viva e trabalhando com o vilão da vez, Owen Shaw (Luke Evans).

    Se alguém ainda tinha dúvidas sobre Velozes e Furiosos se passar em um universo paralelo, onde até as leis da Física são diferentes (como esquecer o cofre de várias toneladas sendo arrastado por dois carros como se fosse aquelas latinhas de recém-casados?), este sexto filme acaba com elas. Um tanque de guerra andando numa rodovia a uns 180 km/h; Toretto VOANDO a la Superman pra salvar sua amada – e capôs de carros amortecem quedas, lembrem-se disso; uma pista de aeroporto com no mínimo uns 100 km de extensão… Impossível levar qualquer coisa a sério. Seja pela empolgação visual das cenas ou pelo humor involuntário, é diversão garantida.

    Outro fator a ser louvado é o respeito pela própria mitologia. Nesse mundo de tantos remakes, reboots, prequels e o diabo a quatro, é muito legal ver uma franquia chegar ao sexto capítulo como uma única história em progressão, refereciando o tempo todo os filmes anteriores (sim, é vital ter assistido aos outros para se situar no que está acontecendo). Tudo bem, a história não é nenhum primor e os personagens são caricatos e rasos, mas ei, é o que tem pra hoje. Paul Walker ainda está lá, mas perdoemos a produção por isso. Um filme que nos brinda com Michelle Rodriguez vs. Gina Carano certamente tem crédito.

    E até mesmo o complicado terceiro filme, Tokyo Drift, finalmente é encaixado na cronologia. A cena pós-créditos cuida disso e já apresenta o próximo vilão, ninguém menos que O ATOR MAIS LEGAL DO MUNDO. Mesmo com Justin Lin fora da direção, Velozes e Furiosos 7 já é o melhor da série.

    Texto de autoria de Jackson Good.

  • Crítica | Machete

    Crítica | Machete

    machete

    E Robert Rodriguez está de volta com seu cinema mexicano e trash. Após muito medo por parte das distribuidoras, que adiou a data de estréia umas 3 vezes, FINALMENTE Machete chega aos cinemas brasileiros. Com El Gigante Danny Trejo como Machete, policial federal mexicano incorruptível que prefere usar facas (machete) e grande elenco, entre eles, Robert De Niro interpretando um político corrupto e Steven Seagal como um traficante de drogas de cartel que usa espadas… Nada poderia ter uma premissa tão épica.

    O filme começa em estilo impactante mostrando a que veio em sua primeira grande cena. Machete e seu parceiro estão em seu carro indo resgatar uma jovem que foi presa por traficantes, enquanto isso, seu chefe os manda não fazerem nada, e é claro, é completamente ignorado. Machete entra com carro e tudo na casa do traficante e seu parceiro já morre aí. Os próximos minutos são recheados de facadas e cabeças voando até o momento em que o protagonista é pego na armadilha e sua família é morta.

    Não é um roteiro original, passa longe de ser um dos melhores roteiros que você verá por aí, mas não se vai ao cinema ver um filme do Rodriguez, principalmente se tratando de Machete, esperando algo grandioso. Machete é um filme trash e se assume como tal, não poupa esforços para fazer com que o expectador não se esqueça disso. Os clichês estão inseridos nas cenas, diálogos, personagens; TUDO vai às raízes do trash e torna o filme extremamente divertido. Jéssica Alba como policial latina da imigração e Lindsay Lohan como a filha drogada de um traficante são provas das piadas que esse filme pode contar.

    Bom, as atuações não são excelentes, não há nada de incomum ali, exceto alguns poucos exemplos, como do De Niro fora do piloto automático, por exemplo. Já Michele Rodriguez faz a machona de sempre, Danny Trejo não sai muito de suas caras e bocas tradicionais, Jeffrey Frahey (a.k.a Frank Lapidus) também não sai de seu personagem.

    Porém, o filme exagera em determinados momentos. Certas cenas perdem o propósito e soam forçadas até para os filmes do Rodriguez, parecem ter sido postas ali apenas por parecerem legais e acabam não sendo. Além dos efeitos parecerem MUITO falsos em determinados momentos, o que pode ter sido feito propositalmente para que não esqueçamos de quão trash o filme quer mostrar ser.

    No final Machete é um filme de Robert Rodriguez, que vem repetindo a fórmula filme após filme. O que não o torna menos divertido, ele paga cada centavo que você gasta com nossos caros cinemas em diversão. E se você sair do filme reclamando dele, você não é um macho de verdade. No mais Machete don’t text.

    Texto de autoria de André Kirano.