Tag: Mel Gibson

  • Crítica | O Gênio e o Louco

    Crítica | O Gênio e o Louco

    O Gênio e o Louco é um longa adaptado para o cinema a partir do livro O Professor e o Louco, de Simon Winchester (além de autor do livro, ele co-assina o roteiro). Estória real que relata o cruzamento das vidas de dois homens no final do século XIX, o prof. James Murray (Mel Gibson) e o Dr. William Chester Minor (Sean Penn).

    Os dois entram em contato no processo de elaboração do New English Dictionary on Historical Principles, conhecido atualmente como The Oxford English Dictionary (dicionário Oxford da língua inglesa). O escocês autodidata sem formação superior, James Murray, é um self-made man dedicado ao estudo das línguas. Ele propõe ao corpo diretor da Sociedade Filológica da Língua Inglesa ligada à universidade de Oxford que lhe conceda a liderança do projeto audacioso de elaboração do dicionário. A esse objetivo ele dedicaria sua vida a partir dali. No seu tortuoso, desafiador e sofrido caminho, conheceria o doutor Minor.

    O filme, embora nos entregue uma estória real muito interessante e cativante, tem pontos negativos que comprometem sua qualidade. O enredo que o longa retrata cobre o período que vai de 1871 até 1910, praticamente 40 anos, e o roteiro deveria, assim, apresentar de maneira adequada essa passagem de tempo. A impressão que se tem ao assisti-lo é que toda sequência de acontecimentos ocorre em não muito mais que dois anos. Ponto negativo para os roteiristas John Boorman (O General), Todd Komarnicki (Sully: O Herói do Rio Hudson), Farhad Safinia (Apocalypto) e Simon Winchester (relevante jornalista e escritor – dentre muitos outros, O Homem que Amava a China é seu livro de destaque publicado no Brasil).

    Safinia, além de co-assinar o roteiro, dirigiu filme. Isso poderia tê-lo levado a uma percepção diferente sobre a apresentação da estória e ter propiciado correções, que elevariam a qualidade do filme. Sobre a atuação dele como diretor há uma questão engraçada, Gibson (detentor original dos direitos para cinema do livro de Winchester) dividiria a direção com ele. Desistiu de fazê-lo e teve dificuldades financeiras que o levaram a vender os direitos a outra produtora. Os novos donos se desentenderam sobre detalhes da obra com Safinia, o que redundou na impossibilidade de que esse assinasse diretamente a direção do longa. Oficialmente o diretor é P.B. Sherman, pseudônimo que Farhad teve de criar para os créditos.

    Apesar dessa questão negativa do tratamento do tempo na obra (central para a qualidade dela), assistir ao filme não é nenhum esforço. A atuação de Penn (Sobre Meninos e Lobos) é sensacional. Ele nos apresenta um Dr. Minor mais que convincente como combatente, nos poucos flashs de memória que tem da Guerra Civil Americana; um homem de meia idade verdadeiramente insano e profundamente intelectualmente compenetrado e produtivo ao ponto de contribuir com mais de 10.000 citações para o dicionário.

    O prof. Murray que Gibson (Coração Valente) nos faz conhecer é a perfeita imagem de um homem auto-forjado a partir das dificuldades. Sua interpretação de convicção, entusiasmo e autoconfiança na cena inicial com a diretoria da sociedade filológica não poderia ter retoques. Ao mesmo tempo, os diversos momentos de vacilação de Murray apenas talvez tenham alcançado expressão mais fidedigna no rosto do James real.

    Natalie Dormer (Game of Thrones) está simplesmente de fazer chorar no papel de Eliza Merrett, viúva de George Merrett, assassinado pelo Dr. Minor. Em toda sua desgraça e limitações, em toda sua dor, desespero e confusão, em sua insana paixão por William, a Eliza de Dormer nos faz experimentar um pouco do que essa infeliz deve ter passado em sua vida.

    Se o filme não é uma obra prima, faz valer as pouco mais de duas horas investidas em frente à tela. Adicionalmente ao já apresentado, é uma delícia visualizar a vida na Oxford de finais do século XIX e início do XX. Permita-se ser levado pela confluência de sentimentos. Ouça a música-tema original do filme The professor and the madman de Bear McCreary (Godzilla II: Rei dos Monstros) de olhos fechados e inicie o filme assim que o som encerrar. Esteja pronto para se perguntar o que é loucura e o que é genialidade.

    Texto de autoria de Marcos Pena Júnior (marcospenajr.com).

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  • VortCast 45 | Pós-Oscar 2017

    VortCast 45 | Pós-Oscar 2017

    Bem-vindos a bordo. Flávio Vieira (@flaviopvieira), Filipe Pereira, Carlos Brito e Mario Abbade (@fanaticc) se reúnem, com o atraso habitual, para comentar sobre a cerimônia do Oscar, os principais filmes indicados, as polêmicas e o futuro da premiação mais importante de Hollywood.

    Duração: 108 min.
    Edição: Flávio Vieira
    Trilha Sonora: Flávio Vieira
    Arte do Banner: 
    Bruno Gaspar

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    Filmes comentados

    Crítica Estrelas Além do Tempo
    Crítica Até o Último Homem
    Crítica Manchester à Beira-Mar
    Crítica Moonlight: Sob a Luz do Luar
    Crítica Lion: Uma Jornada para Casa
    Crítica Um Limite Entre Nós
    Crítica A Qualquer Custo
    Crítica A Chegada
    Crítica La La Land: Cantando Estações

    Comentados nesta edição

    Oscar 2017 – Indicados e Vencedores
    Agenda Cultural 40 – Hugo, Drive, O Artista e tudo mais
    VortCast 18: James Dean

    Monólogo Jimmy Kimmel

    Tweets de Jimmy Kimmel à Donald Trump

    Discurso Gael Garcia Bernal

    https://www.youtube.com/watch?v=ykpXwPEKTzM

    Leitura da carta-protesto de Asghar Farhadi no recebimento do Oscar de melhor filme estrangeiro 

    Anúncio de melhor filme e toda a confusão envolvida

    Montagem – Referências de La La Land

  • Crítica | Até O Último Homem

    Crítica | Até O Último Homem

    O drama de guerra dirigido por Mel Gibson não poderia começar por outra fala que não uma passagem bíblica do livro de Isaías, capítulo 40, que faz relembrar muito do ideal religioso no qual grande parte dos alistados se apegam, em especial da personagem principal e biografado Desmond T. Doss (Andrew Garfield). O épico Até O Último Homem desconstrói a própria ideia de gênero de guerra, ao centralizar na historia do soldado contrário à violência.

    Gibson é didático, como havia sido em Coração Valente e A Paixão de Cristo. A passagem que marca o ideal do jovem ocorre na infância, quando em uma inocente briga com seu irmão, o protagonista acaba por quase mata-lo, sob os olhos de seu velho e rígido pai (Hugo Weaving). Após refletir sobre seu passado, o rapaz se alista nas forças armadas, com a missão pessoal de resgate de sobreviventes e cura de feridos.

    Uma parte da jornada faz paralelos com outros tantos clássicos do gênero, em especial Nascido Para Matar, de Stanley Kubrick, no que diz respeito a não aceitação do grupo militar com Desmond, por conta de sua postura em relação a guerra. O filme possui alguns períodos complicados quanto ao ritmo, e especial na primeira hora de duração, onde se discute a desobediência da personagem e o julgamento em torno de seu comportamento. O ideal e a motivação acabam sendo justificados neste primeira metade.

    Já na metade final, o cineasta põe em prática a marca registrada de seu cinema, que é a violência mostrada de forma crua e visceral. As dilacerações de corpos, os cadáveres expostos e o uso da imagem para mostrar o lado sujo da guerra são impressionantes, em muito superiores ao visto em Apocalypto e Coração Valente. Esses momentos gráficos e viscerais corroboram com o discurso de Desmond trabalhado na metade inicial, dando razão ao texto da personagem por meio de imagens.

    O texto de Robert Schenkkan e Andrew Knight discorre sobre as faces cruéis da guerra, valorizando as ações do protagonista, mostrando neste plano tudo o que O Invencível, de Angelina Jolie tentou mas que não obteve êxito – quanto na demonstração da guerra em ambos os lados, com referencias a Cartas de Iwo Jima, de Clint Eastwood, envolvendo cenas com os inimigos asiáticos.

    Gibson está longe de acertar tudo o que tenta, mas apresenta um produto final simples, conciso e econômico, como os bons filmes de guerra de Eastwood, cuja direção pontual é menos grandiloquente   e mais preocupada em contar a história de um herói nacional do que apresentar um filme pretensioso, e tal apresentação só é tão bem sucedida graças as nuances que Garfield empresta a figura antiviolência de sua personagem. Segundo esses preceitos, Até O Último Homem é o típico filme inspirador que o público, a crítica e a academia costumam abraçar, sendo até mesmo surpreendente o quão baixa é a carga melodramática do longa-metragem.

  • Crítica | Herança de Sangue

    Crítica | Herança de Sangue

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    Filmes sobre a relação entre pais e filhos povoam Hollywood desde o início dos tempos. Ora, se formos analisar, Star Wars é uma fábula sobre a relação entre um pai e seus filhos. Porém, os filmes que tratam do tema quase sempre colocam os pais e os filhos em situações opostas de vida, fazendo com que um seja certinho e o outro desajustado. Herança de Sangue segue um viés oposto. O pai interpretado por Mel Gibson é um criminoso em reabilitação que luta pra conter sua violenta natureza, enquanto que a filha é uma moça desajustada que acabou indo longe demais em seu envolvimento com um traficante, mas que não necessariamente deseja encontrar sua redenção, apenas quer salvar sua pele.

    Na trama escrita por Peter Craig e Andrea Berloff com base em um livro de autoria do próprio Craig, Mad Mel vive John Link, um ex-criminoso e alcoólatra em recuperação que vive em seu trailer e possui um humilde estúdio de tatuagem. Sua rotina é virada de cabeça pro ar quando sua filha desaparecida, vivida pela bela Erin Moriarty, subitamente reaparece. A garota atirou em seu namorado – um líder do tráfico de drogas – e agora está sendo perseguida pelos comparsas do meliante. Juntos, pai e filha iniciam uma fuga desesperada enquanto tentam finalmente se entender após longos anos de separação.

    O roteiro de Peter Craig e Andrea Berloff é simples, sem grandes malabarismos, possuindo apenas um plot twist que em nenhum momento é forçado. A história segue um curso furioso, ainda que seja extremamente centrado nos personagens. As relações e diálogos entre Gibson e Moriarty possuem um tom agridoce, indo da doçura ao ressentimento mútuo em poucas frases. Interessante observar como que o protagonista vivido por Mel Gibson está sempre procurando se manter lúcido e contido durante toda a trama, ainda que sucumba à superproteção de sua prole, não percebendo que a garota é safa e também sabe lidar com o mundo sujo onde ele passou boa parte de sua vida. Porém, há um problema no desenvolvimento da história: devido à curta duração da película, 82 minutos sem contar os créditos, algumas situações acabam parecendo corridas demais, prejudicando um pouco o resultado final.

    O diretor Jean-François Richet se mostra um grande condutor de tramas de ação aqui, sabendo muito bem trabalhar com a tensão de cada momento. Seu trabalho anterior, o remake de Assalto ao 13º DP (clássico dirigido por John Carpenter), já demonstrava isso. Entretanto, nesse Herança de Sangue ele consegue um resultado mais positivo, uma vez que assume um estilo bem mais cru, ao passo que é auxiliado pela fotografia árida de Robert Gantz, aspecto esse que emula Mad Max, principalmente o primeiro que foi estrelado por um jovem Mel Gibson. Isso faz com que a fita tenha um tom semelhante ao que se via no cinema de ação dos anos 80. Mais importante ainda, Richet consegue extrair atuações carismáticas e convincentes da dupla de protagonistas.

    Ainda que não represente a volta de Mel Gibson aos holofotes de Hollywood, Herança de Sangue, assim como o ótimo Plano de Fuga, demonstra que o ator ainda tem muita lenha pra queimar, mesmo que o faça em produções menores que não possuem o merecido destaque na indústria cinematográfica.

  • Crítica | A Paixão de Cristo

    Crítica | A Paixão de Cristo

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    A coroa de espinhos e o rastro de sangue que ilustram o pôster do filme já adiantam ao espectador o que ele pode esperar do terceiro filme de Mel Gibson como diretor. Lançado em 2004, após uma pré-produção desacreditada, A Paixão de Cristo foi recorde de bilheteria ultrapassando os US$ 600 milhões de dólares, mas dividindo a crítica, que ora o recebeu como um diferente olhar catártico da crucificação, definindo o parâmetro escolhido por Gibson ao narrar a história, ora o interpretou como um retrato violento em demasia desse episódio da vida do Filho de Deus.

    A história mostra desde a oração reunindo Jesus (Jim Caviezel) e os apóstolos no Jardim de Getsêmani após a Santa Ceia, seguido da traição de Judas Iscariotes (Luca Lionello), até a captura de Cristo pelos sacerdotes, seu julgamento, condenação e penitência, crucificação, e, por fim, a ressurreição. Portanto, toda a história do filme compreende o período das 12 horas finais da vida do Messias. Através de flashbacks, são mostrados outros momentos de sua vida, como o Sermão da Montanha, e outros em que aparece ainda criança e depois adulto com sua mãe, Maria (Maia Morgenstern). No entanto, o foco é apresentar o sofrimento de Jesus após ser capturado, julgado e condenado, momento que traz o choque devido à abordagem crua do flagelo de alguém além da projeção santificada, mas acima de tudo, humana.

    Desde o início da obra, a violência se faz presente. No Jardim de Getsêmani, Cristo pressente a figura de Lúcifer e expulsa o mal matando uma cobra, símbolo negativo no Cristianismo e em outras culturas, visto que é um animal traiçoeiro e venenoso. Mas é na prisão que a tortura de Jesus garante o seu ápice. A injustiça que cometem contra a sua vida ultrapassa os limites físicos. Jesus é maltratado de tal forma que, apesar de o castigo ser filmado de maneira cruel e mundana, sua figura nos passa a crença de que o homem açoitado tem uma força excepcional que vai além do domínio terreno. Hiperbolizando a violência, como em uma narrativa sobre um momento de fato violento, o resultado são cenas que se aproximam de uma situação vivida por qualquer um de nós, como se fôssemos testemunhas daquela violência e quase nos achássemos pedindo para Cristo ser poupado, da mesma forma que Simão de Cirene (Jarreth J. Merz) grita aos torturadores.

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    O título do filme pode confundir, visto que a palavra “paixão” em geral carrega uma carga positiva. Paixão, do latim passio, refere-se a “sofrimento”, “sofrer”. Só muitos séculos depois, “paixão” passou também a designar desejo, apreço e adoração. No sentido original da palavra, o filme captou a essência. São duas horas e sete minutos de martírio, não só ao Cristo, mas também a seus espectadores. Filmada todo em latim e aramaico, o que rendeu elogios de especialistas nas línguas faladas entre os judeus e romanos da época, a obra impressiona pelo retrato das escrituras bíblicas. A representação de Cristo é bastante extraordinária: alguém que foi trazido para a o mundo para levar uma mensagem e, como parte de um desígnio, deixado ao Cálice – ou sofrimento – que no Jardim anteriormente previra.

    Apesar de utilizar menos o reforço da direção de arte, em comparação com seus filmes anteriores, o foco na expressão de Caviezel a todo o momento indica um recurso cinematográfico usado pra representar a decepção de Cristo com a humanidade, como se, vendo-o através dele, o espectador se redimisse pelos seus pecados e os dos agressores.

    A Paixão de Cristo também lidou com críticas envolvendo antissemitismo. À época, houve quem dissesse que Gibson responsabilizou os judeus pela morte de Jesus em razão da maquiavelização dos sacerdotes do Sinédrio e as pessoas presentes no julgamento em contraposição à humanização de Pôncio Pilatos (Hristo Shopov), que lavou as suas mãos no julgamento. No entanto, diante da controvérsia, é clara a atuação do roteiro em explorar a crueldade dos soldados romanos na tortura, assim como é fato que Maria, Madalena (Monica Bellucci incrivelmente apagada), Simão, Santa Veronica (quem, na Via Dolorosa, ajuda Jesus com um lenço para limpar-se), e o apóstolo João, são todos hebreus que se compadecem em algum momento da crucificação. Assim, não há uma classe apontada no filme como a culpada por tal injustiça. Todos têm sua parcela de culpa, desde o braço amigo que o traiu até o governante que pune um inocente e liberta um assassino para manter a paz em suas terras.

    Polêmicas à parte, o filme consegue com eficiência cumprir o prometido por Gibson em sua ideia original: retratar os últimos momentos de Cristo como detalham as histórias bíblicas e outros relatos de época, com a violência da filmografia do diretor aliada à estética da purificação, através de um filme honesto, belo no horror e sem amarras.

    Compre: A Paixão de Cristo (Blu-Ray)

    Texto de autoria de Karina Audi.

  • Crítica | Coração Valente

    Crítica | Coração Valente

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    Mel Gibson despontou em Hollywood como nova promessa cinematográfica no filme Mad Max, de 1979, como um herói de ação de um futuro distópico ambientado em um arenoso cenário apocalíptico. Com o sucesso do filme, tornou-se um dos astros de ação mais bem pagos pela indústria, protagonizando as duas continuações da história, e posteriormente a franquia Máquina Mortífera ao lado de Danny Glover, além de outros grandes filmes memoráveis, como O Preço de um Resgate, O Troco e Sinais. Ingressando na carreira de diretor, pôde ultrapassar a barreira de idade produtiva imposta a atores e desenvolver sua criatividade artística atrás das câmeras.

    Segunda película dirigida por Gibson, Coração Valente viveu uma pré-produção conturbada com orçamento alcançando a ordem de 73 milhões de dólares. Através da Icon Productions, companhia do diretor, conversou com diversas empresas e conseguiu tirar o projeto do papel com a condição de estrelar o filme, mesmo que já se achasse velho demais para viver William Wallace, o guerreiro que liderou a revolta escocesa contra a tirania da dominação inglesa no século 13. Baseado na lenda conhecida através do antigo poema Ações e Feitos do Ilustre e Valente Campeão Sir. William Wallace (em tradução livre), o filme populariza a história do soldado, praticamente desconhecida fora dos países anglo-saxões.

    Órfão de pai e irmão, mortos em uma batalha sangrenta após a invasão promovida pelo monarca inglês Edward I a Escócia, o pequeno William é levado por seu tio Uncle Argyle (Brian Cox) para viver na Europa. Anos mais tarde, em um salto temporal, não reconhece que seu país foi esmagado pela tirania britânica e se recusa a entrar em conflito. Instruído em várias línguas, no latim, e versado em técnicas de estratégia, argumenta que a paz não é conquistada através do derramamento de sangue de inocentes, se mantendo neutro. Com ideias simples de felicidade, Wallace incluía em seus desejos pessoais viver em paz, constituir uma família e da terra tirar seu sustento, ainda que sob vigência da Prima Nocte, lei que autorizava os senhores feudais a se deitarem com as mulheres recém-casadas em seus territórios. A fim de impôr o sangue dos nobres na descendência da Escócia desejada pela monarquia inglesa, a Prima Nocte tornou-se tão insustentável que ensejou a fagulha na luta de Wallace ao lado de seus iguais.

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    Coração Valente é um filme sobre liberdade e sobre como ela precisa ser defendida. Em um tempo em que a espada era a única maneira de buscá-la, uma população oprimida dentro de sua própria terra avistava no uso da violência uma via única sem volta. Enquanto a nobreza governava com a pena, a lâmina a respondia. Por isso não foi difícil Wallace logo amedrontar os nobres no país ao lado e encorajar soldados que não acreditavam no poder que detinham. Conquistando o status icônico por tornar unido o povo escocês, o líder evidencia o conceito de liberdade por Aristóteles, sinalizando que livre é aquele com o princípio de agir ou não agir, o sujeito como detentor do poder pleno e incondicional de escolha voluntária. Wallace escolheu agir em favor de um lado que, embora cessasse milhares de vidas, produziria no país a sensação de dignidade. Gibson faz uma leitura apaixonada de Spartacus, de Stanley Kubrick, em outro país, em outro contexto, mas com o mesmo conflito simbólico do ser humano buscando se livrar dos próprios grilhões.

    Apesar do filme não possuir muitos elementos históricos sólidos e abusar das licenças poéticas, é uma história inspiradora, e como recurso visual aliado à trama, uma obra-prima. Gibson transforma cenas simples, como a da jovem Murron (Mhairi Calvey) entregando uma flor ao pequeno Wallace, em verdadeiras pinturas. O silêncio, como mecanismo sensível de trazer ao espectador a emoção da cena através da simples expressão facial e objetos em destaque, é muito bem utilizado em seu cinema e repetido em toda a sua filmografia. Além disso, as cenas de batalhas, como a de Stirling Bridge (que infelizmente não tem exatamente uma ponte) são filmadas em detalhe, sem cortes exagerados e focados na violência crua de uma batalha real. Criticado pela crueza em seu filme seguinte, A Paixão de Cristo, Gibson utiliza a ferocidade do ser humano como um elemento real e presente em todos nós.

    Vencedor de cinco categorias no Oscar de 1996, incluindo Melhor Filme e Melhor Diretor, Coração Valente também poderia ter premiado Gibson como melhor ator, visto que ele capta o espírito da personagem mesmo estando em idade mais avançada do que o retrato real. Resgatando parte da história deste povo, a narrativa universaliza a busca da liberdade e leva à popularidade um filme com todos os elementos para se tornar um dos maiores épicos já produzidos.

    Compre: Coração Valente (Dvd | Blu Ray | Edição Especial)

    Texto de autoria de Karina Audi.

  • Crítica | Mad Max

    Crítica | Mad Max

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    Mad Max tem possivelmente duas das cenas que mais me marcaram em toda a minha vida. Ficou gravada em minha mente a primeira sequência em que o maluco que se auto intitula Nightrider parte em uma louca escapada pelas rodovias australianas berrando seu próprio nome e provocando o caos. Seu olhar de insanidade é substituído por um de pavor quando o bandido avista o Interceptor pilotado pelo policial Max Rockatansky no seu encalço. É simplesmente sensacional toda a sequência que culmina em um espetacular acidente com um trailer que pertencia ao próprio diretor George Miller. A outra sequência marcante ocorre quando a gangue à qual Nightrider pertencia mata a esposa e o filho de Max. Após uma longa sequência de tortura psicológica, a mulher escapa do cativeiro com a criança e uma amiga idosa. Porém, a fuga acaba frustrada quando o carro deles quebra e ela foge com a criança nos braços. Enquanto ela corre, os motoqueiros avançam alucinadamente em seu encalço. Um rápido corte, e a morte dos dois fica somente representada pelo sapatinho da criança e um brinquedinho caindo no asfalto.

    A trama estabelecida pelo diretor/roteirista George Miller em conjunto com Byron Kennedy mostra um distópico e pós-apocalíptico futuro em que combustível é o principal estopim para disputas e crimes. O policial “Mad” Max Rockatansky patrulha as estradas combatendo implacavelmente os criminosos. Porém, ao acabar com a vida de Nightrider durante uma perseguição, acaba vendo seu mundo ruir ao passo que os companheiros do criminoso empreendem vingança contra sua família e amigos.

    George Miller, a despeito de todas as restrições orçamentárias, se esmerou em fazer algo memorável. As sequências de perseguição são incrivelmente bem orquestradas, com tomadas bem ousadas para a época. Talvez por serem mais cruas e não usarem nenhum tipo de efeito especial, elas acabam sendo muito mais vertiginosas do que as de qualquer filme sobre carros lançado recentemente (saga Velozes e Furiosos, eu estou falando com você). Mais interessante ainda de reparar é o excelente uso que o diretor faz das paisagens da Austrália. A aridez e o calor expressos na tela só tornam os eventos apresentados na tela ainda mais chocantes para o espectador.

    O diretor e o corroteirista Byron Kennedy criaram um roteiro bem amarrado e coerente, que flui naturalmente retratando toda a trama de vingança que se inicia com a morte de Nightrider e que muda de foco com o assassinato da família de Mad Max. Além do mais, conseguem estruturar bem os personagens centrais da trama, mesmo os membros da gangue de Nightrider que têm suas motivações muito bem delineadas, ainda que simples. Max poderia ser um simples herói unidimensional tal e qual vários outros da história do cinema, mas, favorecido pela sensacional atuação de um jovem Mel Gibson e pela idealização dos roteiristas, acabou se tornando um personagem cativante e, mais importante, marcante. Os vilões Johnny “The Boy” e Toecutter, interpretados respectivamente pelos desconhecidos Tim Burns e Hugh Keays-Byrne (que estará em Mad Max: Estrada da Fúria como Immortan Joe) também tem um ótimo desempenho em cena. Já Joanne Samuel, a esposa de Max, atua em um nível muito abaixo do restante.

    Talvez o grande ponto dissonante em todo o filme seja a trilha sonora, que em nenhum momento empolga ou magnifica o que acontece em tela. Porém, o conjunto figurino/fotografia/sequências de ação/bons personagens acaba suprindo esse defeito, e a música mal faz falta durante a duração da fita. Creio que George Miller não esperava, mas o diretor acabou criando uma obra-prima que entrou para a história do cinema e até hoje serve como referência para novas obras do gênero.

    Ouça nosso podcast sobre Mad Max.

  • 5 Filmes Essenciais Sobre Cassino

    O cinema sempre nos fez pressupor que cassinos são formados por luzes de halogênio, acesas o tempo todo, homens bem vestidos e mulheres sedutoras. Não que tais máximas não sejam verdadeiras. Porém, diante de tantas maneiras de apostar e conquistar o público com boas histórias, selecionamos cinco obras essenciais.

     

    Onze Homens e Um Segredo (Ocean´s Eleven, 2001)

    Baseada na produção de 1960, com Frank Sinatra, Dean Martin, Sammy Davis Jr., Peter Lawford e Joey Bishop, Onze Homens e Um Segredo trouxe novamente o cassino às tramas hollywoodianas e foi o responsável pela realização de diversos filmes com temáticas parecidas, que faziam de um assalto excêntrico e ousado o elemento central da ação.

    Neste remake, dirigido por Steven Soderbergh e estrelado por George Clooney, Brad Pitt, Matt Damon, Julia Roberts e Andy Garcia, o equilíbrio entre estilo, bom humor e um plano de assalto mirabolante é composto com perfeição. Formado por estereótipos bem delineados – o galante, o braço direito, o engenhoso, o habilidoso, o esquivo, a mulher fatal, o vilão –, o enfoque da narrativa é produzir uma história para o grande público. Diante deste espetáculo, a trama não poderia ser mais óbvia: um homem apaixonado que faz de tudo para reconquistar a ex-mulher.

    A direção de Soderbergh, que já havia misturado humor e ação em Irresistível Paixão, adaptação do livro de Elmore Leonard, traz maior requinte à história. Um roubo que se aproxima de uma obra de arte.

    Cassino (Casino, 1995)

    Martin Scorsese retorna ao submundo – depois de Cabo do Medo e Época da Inocência – nesta produção épica que carrega tudo o que há de melhor em seu estilo. Uma produção longa, brutal, em que nenhuma saída dramática é fácil. A trama se baseia na história de Frank Rosenthal, um judeu que assumiu grandes cassinos para a máfia na década de 70.

    Com Robert De Niro e Joe Pesci, com quem já havia trabalhado em outra obra mafiosa do diretor – Os Bons CompanheirosScorsese está à vontade em seu habitat natural e, como novidade, apresenta uma Sharon Stone como mulher linda, loira e fatal. Além da violência excessiva, a narrativa feita em off e os espaços temporais entrecortados comprovam a genuína marca de Scorsese.

    Até hoje, o diretor nunca deixou que as imposições de estúdios impedissem a metragem de suas produções, propositadamente longas, narrando com detalhes as jornadas de seus personagens. Um dos grandes filmes do diretor, sem dúvida.

    Cassino Royale (Cassino Royale, 2006)

    A obra primordial de Ian Fleming, finalmente gravada em 2006 e com um novo James Bond (Daniel Craig), foi capaz de promover uma bem-sucedida trinca: consagrou o novo Bond em um tipo diferente dos vistos até então, trouxe a um novo público um clássico personagem e soube ser fiel à obra original sem perder seu estilo.

    Na versão, o bacará do original cede espaço ao poker, um dos jogos mais populares até mesmo no espaço virtual. Envolvendo o jogo de espionagem, o agente com licença para matar deve competir nas mesas contra Le Chifre (Mads Mikkelsen), um banqueiro com investimentos no submundo. A trama dirigida por Martin Campbell produz um dos jogos de poker mais aflitivos do cinema, em parte devido às boas interpretações de Craig e Mikkelsen.

    Além deste impasse, as cenas de ação apresentam um estilo diferenciado, fundamentando um conceito de realidade que a trilogia Bourne ajudou a criar: um estilo de luta menos coreografado e mais brutal, longe do balé da década de 90. Muitas grandes cenas da produção – como a perseguição de carros e a tortura sofrida por Bond – vieram diretamente da obra de Flemming. Um clássico que não envelheceu.

    Crupiê – A Vida em Jogo (Croupier, 1998)

    Após anos distante do cinema, Mike Hodges (Carter – O Vingador, Flash Gordon) retorna com este drama sobre um escritor falido, que retorna à sua antiga profissão de crupiê graças ao um pedido do pai. Conduzido com uma parcela de um thriller de mistério, foi graças a este papel de Clive Owen, no papel central de crupiê, que seu talento foi evidenciado com atenção suficiente para estrelar produções como Rei Arthur e Closer – Perto Demais.

    O rosto sisudo e o olhar penetrante do ator adequavam-se à vida desencantada de um homem incapaz de galgar sucesso na profissão desejada. Seu papel como crupiê é melancólico, uma mera subsistência banal. Um símbolo de uma vida paralisada, que parece não se importar com as ações – criminosas ou não – as quais pode cometer. É um drama cuja análise concentra-se na existência do próprio ser e suas motivações pessoais, sem nenhum arroubo de violência explícita ou glamour.

    Maverick (Maverick, 1994)

    Mel Gibson ainda era cool e Richard Donner, diretor de filmes significativos quando Maverick, adaptado da série homônima de 50, estreou nos cinemas. A trama apresentava dois elementos-fetiche que sempre encantaram uma grande parcela do público: o ambiente western e jogos de aposta. Uma história que parecia impossível dar errado.

    Sem perder o tom aventuresco, o roteiro de William Goldman (Todos Os Homens do Presidente, Uma Ponte Longe Demais, Louca Obsessão e Butch Cassidy) apoia-se no humor para apresentar a história do malandro Maverick, que junta o dinheiro necessário para um jogo de apostas em um barco do Mississipi e acredita ser capaz de sentir as energias das cartas antes de tirá-las – uma das cenas mais divertidas da produção.

    Se hoje o gênero Western é pontuado pelo lançamento anual de poucos filmes, ainda na década de 90 grandes obras foram relevantes, tanto as que se apoiaram no drama, caso de Os Imperdoáveis, quanto nesta comédia aventureira, bem realizada e que não envelheceu.

  • Crítica | Os Mercenários 3

    Crítica | Os Mercenários 3

    Expendables 3

    Simbolicamente – e claro, a exemplo dos dois episódios anteriores – Os Mercenários 3 já começa em meio a ação, mostrando Barney Ross (Sylvester Stallone) e seu grupo de dispensáveis brucutus invadindo um trem em movimento, no intuito de resgatar o preso e antigo amigo do membro do grupo Surgeon, que é vivido por Wesley Snipes, que apesar de ser resgatado, permanece arredio. A quantidade de referências à vida pessoal do intérprete (este ficou um tempo longe dos holofotes por estar encarcerado) só não é maior que o paralelo feito com o retorno aos sucessos que cada um dos antigos heróis de ação teve após o primeiro filme de Sly e companhia.

    No entanto, uma mudança é notada logo de início. Apesar do conteúdo da fita permanecer agressivo, a faixa etária da classificação indicativa diminuiu drasticamente, o que impede a câmera do novato Patrick Hughes de exibir a quantidade colossal de sangue e dilacerações que permeavam os filmes anteriores. O retorno de Surgeon, além de causar uma marola na relação dos Mercenários (com uma referência, claro, a este como alcunha do clube) por este, como Christmas (Jason Statham) ser especialista em facas, reabre algumas feridas, como com as mostras das tags dos antigos companheiros mortos e claro, com a descoberta da sobrevivência de Conrad Stonebanks, encarnado por um bombadíssimo Mel Gibson.

    Além de guardar o ódio de seus antigos colegas, Stonebanks alveja Caesar (Terry Crews), e o põe em um perigo de vida imenso, o que faz Barney pensar mais seriamente em uma aposentadoria, não por si, mas por seus companheiros. A caçada do herói passa a ser solo, resgatando mais algumas figuras de seu passado, cortando a estrada em busca do que deu errado, e do porquê de Conrad ainda estar vivo. Nesse ínterim, ele é apresentado a uma nova gama de personagens, entre eles o novo encarregado da CIA vivido por Harrison Ford, Drummer – que consegue ser um trocadilho até pior que Church – o selecionador de novos talentos Bonaparte (Kelsey Grammer) e o acrobata cinquentenário Galgo (Antonio Banderas) e alguns outros meninos novos, com disposição e com todos os dentes na boca, que deveriam substituir os trabalhos de seus antigos colegas.

    Refugados por seu antigo líder, Lee e os outros veem a força tarefa da nova geração embarcar junto a Barney e Trench (Arnold Schwarzenegger), repleta de rostos bonitos, sorrisos encantadores, remetendo visualmente às séries consumidas pelos adolescentes atuais, em mais uma artimanha de Stallone em alcançar o público juvenil. A dura realidade de estar novamente relegado a um papel secundário, em um campo onde antes reinavam, acomete Lee, Gunnar (Dolph Lundgren), Toll Road (Randy Couture) e Surgeon, e até o que poderia ser um defeito do guião acaba sendo uma boa anedota, a banalização da figura do brucutu serve como uma excelente motivação dentro da proposta.

    O legado que Ross tenta deixar é o de proteger os que lhe são caros, mesmo que isso signifique tirar da ação aqueles que sempre foram fiéis, o que faz o embate com seu antigo parceiro ser ainda mais aviltante, uma vez que Conrad considera que ambos são iguais. O antagonista não vê diferença nas posturas tomadas pelos sexagenários mercenários, e em meio a uma troca de papéis nos arquétipos de gato e rato, Stonebanks rapta a nova equipe de Barney, o que faz com que o dream team retorne das cinzas, em mais uma manobra redentora típica dos filmes que Sly dirigia nos anos 80.

    O modo como Hughes conduz a câmera é competente em sua proposta, uma vez que, ao contrário dos outros filmes onde se fazia um pastiche dos filmes de ação oitentistas, esse serve para mergulhar na mente e na operação de seus protagonistas. A fita é repleta de humor, especialmente nas figuras de Galgo, mas o viés de reflexão é mais sobre a obsolescência do que qualquer outra coisa, não que haja alguma inteligência maior do que nos outros momentos da franquia, mas a emoção é muito mais elevada, a busca é em comover a audiência através do drama de seus heróis.

    Nas cenas finais, é a velha guarda que toma as rédeas da situação, protagonizando as partes mais interessantes do embate, que infelizmente usa e abusa dos efeitos em CGI. Um dos diferenciais da franquia até então eram os combates filmados in loco, com técnicas que podem ser vistas como rudimentares pelo expectador novato, mas que garantiam às fitas mais veracidade e textura.

    No entanto, os erros de concepção ficam ainda mais evidentes. O vilão poderia ter sido melhor construído, ele não é nem tão digno de ódio quanto Villain era em Os Mercenários 2. Falta sentir apuro pelos personagens principais, a todo momento parece que os velhacos se safarão sem arranhões, são raros os embates físicos, que até são precedidos por frases feitas de cunho excelente, mas pouco mostram, ainda que a breve luta de Stonebanks e Ross seja interessante. O grave problema deste Os Mercenários 3 é ser bem menos divertido do que as fases pretéritas, deixando espaço para enxergar seus defeitos.

    A mensagem deixada em seu final vai de encontro a tudo o que foi mostrado na carreira de Stallone e também nesta franquia. O modo como Barney olha para aqueles que seriam os seus alunos, trinta anos mais jovens fazendo tudo o que ele cansou de fazer em tela dá a tônica de como funciona atualmente a mente e a intimidade do ator, diretor e cineasta, talvez até antevendo uma possível aposentadoria, se não da carreira de cineasta, ao menos do filão de filmes de ação. Esse subtexto acaba sendo mais rico que toda a arquitetura, pirotecnia e atitude bad ass que sempre preconizaram as ações de Barney e seus asseclas.

  • Crítica | Machete Mata

    Crítica | Machete Mata

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    A nova vida do personagem-título já é modificada logo no início da trama. Mais uma vez lançando-o numa caçada de vingança sem muita enrolação, a narrativa mostra-se tão louca e desvairada quanto a do primeiro filme. Machete prossegue com suas execuções, munido de lâminas gigantescas e dilacerando corpos como se fossem de papel, tornando-se um herói ainda mais imune a dor e coisas letais e uma figura imortal enquanto tiver uma missão.

    A abertura com um toque de psicodelismo e silhuetas femininas lembra as sessões de matinê, além de remeter obviamente aos preâmbulos de 007. O herói é obviamente um super agente à maneira mexicana. Nesse mundo exagerado, o presidente americano não poderia ser Obama, mas sim um branquelo, farpador, beberrão e drogado. Carlos Estevez o interpreta muito bem, especialmente quando narra o esdrúxulo plano contra o vilão latino: o discurso contém meia dúzia de frases de efeito, mas ainda assim sensibiliza o paladino xicano.

    O sorriso do Senador John McLaughlin no final do primeiro episódio é justificado. O elevado muro que planejou foi enfim construído, o que ocasionou um aumento substancial da violência nas ruas mexicanas, aumentando o poder dos cartéis. Mendez (Demian Bichir) é um justiceiro/soberano com desvios de comportamento e múltiplas personalidades, que, apesar de seus atos inconsequentes, busca uma alternativa justa para o seu país. O passado do personagem esconde motivações parecidas com as de Machete. Rodriguez usa toda a bagunça visual e os clichês de action movies para mostrar uma triste situação com sua pátria-mãe, e eleva ainda mais o herói mexicano em detrimento dos americanos motherfuckers. A crítica política aos americanos não envolve somente o menosprezo dos estadunidenses perante os mexicanos, contempla também a paranoia de não mais existir nenhum opositor demoníaco desde Bin Laden.

    O desenvolvimento da trama é qualquer coisa. Ao fazer um paralelo com Jack Bauer e 24 Horas, inverte o lado da paranoia terrorista de forma jocosa. Rodriguez não tem receio de abandonar as ideias do primeiro filme e mudar o gênero. Como é prazeroso reassistir Mel Gibson em um papel canastrão por essência, sem que este esteja produzindo/dirigindo um filme. Luther Voz tem o cinismo do Doctor Evil, os olhares e carisma de Martin Riggs, e claro, protagoniza cenas homenageando seus filmes, inclusive dirigindo um carro enferrujado com close nos olhos, à la Road Warrior.

    O ambiente, supostamente hermético onde há a batalha final, é tosco, assim como as produções sci-fi dos anos 50/60. As lutas referenciam Jornada nas Estrelas: A Nova Geração, Era Uma Vez no México, Kill Bill e até Império Contra-Ataca. Rodriguez põe pra fora todo o seu lado nerd e não se preocupa em ser taxado de presunçoso, em razão de toda a jocosidade do roteiro.

    O fim abre uma brecha enorme para o 3° episódio, uma Space Opera, e é absolutamente condizente com o resto do filme. Apesar do subtexto ser bem menos contestador, Machete Kills cumpre perfeitamente a função de ser uma anedota de um action movie exploitation, com latinos mordedores e clichês milMachete Mata é, sem dúvida, um dos melhores exemplares de ação do ano. Detalhes para todo o carisma de Danny Trejo, para o trailer no começo da exibição e para as cenas pós-créditos com pouco sentido.

  • Crítica | Máquina Mortífera 3

    Crítica | Máquina Mortífera 3

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    A série Máquina Mortífera é a primeira cagada caça-níquel trilogia estendida que eu consigo me lembrar. O primeiro e o segundo filmes apontavam para um final de trilogia bastante esperado, ou pelo menos é isso o que os números mostram. Enquanto o primeiro filme da série abriu com 6 milhões de receita nos cinemas americanos, Máquina Mortífera 3 arrecadou mais de 33 milhões de dólares na abertura (em 92, isso era muita grana!). Com um número de salas dobrado em relação ao primeiro da série, o terceiro (e que deveria ter sido o último) filme faturou 5,5 vezes mais, provando que todos os americanos, 5 anos após a primeira aventura de Riggs e Murtaugh, ainda tinham fôlego para mais.

    No terceiro filme, a dupla de policiais descobre um esquema de tráfico de armas roubadas do depósito da polícia e distribuídas nas ruas com munição perfurante. Sabendo que um ex-policial importante do distrito está envolvido no esquema, Martin Riggs e Roger Murtaugh trabalham com uma agente da corregedoria e precisam fechar o cerco ao ex-oficial, impedindo seu plano.

    O filme é bom e teria, como citei no primeiro parágrafo, fechado a série Lethal Weapon numa trilogia de qualidade. Houve, durante os 5 anos que separam o primeiro e o terceiro filme, um bom trabalho de amadurecimento dos personagens, ainda que o roteiro deste terceiro seja o mais fraco de todos, na minha opinião. Máquina Mortífera sempre foi mais sobre os personagens, e muito menos sobre o plot policial em si.

    A série sempre foi dedicada e explorar a relação entre os detetives Murtaugh e Riggs, e o terceiro filme não é diferente. Neste, vemos Roger Murtaugh (Danny Glover) já cinquentenário e a uma semana de sua aposentadoria do departamento de homicídios. Martin Riggs (Mel Gibson), apesar de não deixar isso bem claro durante a maior parte do filme, se ressente de perder o parceiro e teme por acabar também com a amizade entre eles. Leo Getz (Joe Pesci) volta para “auxiliar” a dupla mais uma vez e temos ainda a adição da detetive Lorna Cole (Rene Russo), uma detetive da corregedoria que trabalha em uma investigação sobre Murtaugh e se vê obrigada a ajudar na missão da dupla de detetives. Quase tão “mortífera” quanto Martin Riggs, Lorna compõe o quarteto que caça Jack Travis (Stuart Wilson, o vilão Rafael Montero de A Máscara do Zorro) e tenta impedi-lo de escapar impune da venda de armamento roubado do depósito da polícia de Los Angeles.

    Mel Gibson dá mais um show na pele do surtado Martin Riggs e Danny Glover tem uma de suas melhores atuações nesse terceiro filme da série, interpretando um Murtaugh ainda mais inseguro e amedrontado do que no primeiro filme, quando seu personagem conheceu o de Gibson. Joe Pesci repete o trabalho que havia feito no segundo filme sem nenhuma novidade, o que não chega a ser ruim. Rene Russo impressiona na pele da agente especial que é, a princípio, rival da “verdadeira” Máquina Mortífera da polícia, mas depois acaba se tornando seu interesse romântico. Em uma das cenas, Lorna enfrenta sozinha quatro ou cinco capangas do vilão principal, numa sequência bastante cômica e inesperada. O vilão de Stuart Wilson, apelidado carinhosamente por um integrante do Vortex como “Seu Bigode”, é totalmente inexpressivo e com certeza o pior vilão de toda a série Máquina Mortífera. É tão sem graça que sua morte pode passar até desapercebida, ao final do filme, se você não prestar atenção direito…

    A trilha sonora impecável e a direção de Richard Donner, outras duas marcas registradas da quadrilogia, se repetem neste filme. O roteiro e o plot principal, que nunca chegaram a ser protagonistas de nenhum filme da série, são deixados ainda mais de lado neste terceiro filme, dando espaço para os hilários diálogos entre os personagens e os bem dosados momentos de drama com boas atuações. Ao contrário dos outros filmes, este terceiro tem bem menos “massaveísses”, limitando um pouco as cenas de ação e dando um pouquinho mais de importância ao trabalho investigativo dos personagens. Na minha opinião (fortemente influenciada por meu gosto pessoal por roteiros bem trabalhados ou por ação desenfreada), Máquina Mortífera 3 pode ser considerado um trabalho bastante “ok”. O final do terceiro filme certamente não foi tão impactante quanto imaginei, mas com certeza teria sido um fechamento legal para a trilogia se Hollywood fosse sobre cinema, e não sobre dinheiro.

    Ouça nosso podcast sobre Máquina Mortífera.

  • Crítica | Máquina Mortífera 4

    Crítica | Máquina Mortífera 4

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    Em 1998, a popular trilogia se tornou uma quadrilogia. Seis anos após o terceiro capítulo, a “gangue” toda se reuniu para uma última rodada de aventura e muita confusão. Sempre sob o comando de Richard Donner, Mel Gibson, Danny Glover e companhia entregaram um digno fechamento da saga com Máquina Mortífera 4. Como não poderia deixar de ser, uma grande homenagem àquilo que marcou a franquia: uma comédia de ação onde, muito mais do que trama, o foco são os personagens, sua humanidade e o (mais martelado do que nunca) fator família.

    Acompanhando a evolução do cinema de ação, tanto tecnológica quanto conceitual, temos aqui as cenas mais grandiosas e exageradas da série. A começar pela sequência de abertura, onde Riggs e Murtaugh enfrentam um incendiário blindado. A solução? Atirar no tanque de napalm do cara, causando um efeito dominó que explode o bandido, um caminhão tanque e um posto de gasolina. Coisa de fazer Michael Bay aplaudir com lágrimas nos olhos. A consequência inacreditável do evento é a promoção dos dois sargentos para capitães da polícia de LA. A “explicação” é que eles precisam ser retirados das ruas, pois o seguro do departamento se recusa a cobrir as constantes destruições do patrimônio público que eles promovem.

    Tal promoção acaba não fazendo nenhuma diferença, pra variar. Eles vão trombar por acaso com a ameaça da vez, uma operação de tráfico de escravos vindos da China que se desenrola numa grande conspiração envolvendo a Tríade, famosa máfia chinesa, falsificação de dinheiro e corrupção do governo chinês. Um plot confuso, que visivelmente é apenas uma desculpa para movimentar a história e colocar os personagens pra resolver algum conflito. Nada muito diferente dos filmes anteriores, se pararmos pra pensar.

    Na vida pessoal dos dois parceiros, a novidade é que agora inclusive Riggs se pergunta se não está “velho demais para essa m…”. Prestes a ser pai, considerando casamento, em quase nada ele lembra o maluco suicida de outrora. Essa evolução pode ser creditada tanto ao seu relacionamento com Lorna (Rene Russo) quando a longa convivência com Murtaugh e sua família. Roger por sua vez, não fala mais sobre aposentadoria, mas vai se tornar avô – e não sabe disso. Sua filha mais velha casou-se em segredo com o detetive Butters (Chris Rock, deslocado por estar num papel não assumidamente cômico, mas não compromete). Completando a turma, o veterano Joe Pesci mais uma vez como o surtado Leo Getz.

    E, em seu primeiro papel em Hollywood, Jet Li nos brinda com o melhor vilão da franquia. Com pouquíssimas falas (todas em chinês) e uma agilidade impressionante, ele passa o filme arrebentando a cara de Riggs. Além de criar uma aura tão ameaçadora que rende um momento impagável na batalha final, quando a dupla de heróis se borra de medo do chinesinho que tem metade do tamanho deles.

    Apesar de exagerar em alguns momentos, como a prolongada batalha final e a sequência pastelão/final de novela na maternidade, o filme se manteve fiel à sua proposta. Uma aventura movimentada e muito divertida, com o merecido final feliz para nossos velhos conhecidos. E ainda bem que a franquia não teve uma revisita que poderia estragar tudo isso.

    Texto de autoria de Jackson Good.

    Ouça nosso podcast sobre Máquina Mortífera.

  • Crítica | Máquina Mortífera 2

    Crítica | Máquina Mortífera 2

    Máquina Mortífera 2

    Dois anos após o original, Richard Donner repetiria a dose com a continuação de Lethal Weapon, e neste episódio começa a mil, não perdendo tempo com rodeios – o espectador é jogado logo de início no meio de uma perseguição de carro alucinante.

    Os absurdos do filme anterior continuam: corridas a pé, carros atravessando lojas, discussões enérgicas e infindáveis entre Murtaugh e Riggs – em que nenhum dos dois vence… O problema das continuações em geral é que se perde o elemento surpresa e o investimento maior é na maximização de tudo que deu certo no original. Maquina Mortífera 2 não é diferente nesse quesito. O tom é bem mais leve que o primeiro, solidificando ainda mais o clima de “filme para toda a família”, as piadas são mais frequentes, as gags engraçadinhas também aumentaram assim como o humor de teor racial – plenamente justificável, principalmente pelo contraste com os opositores.

    Um momento que certamente fica na memória de quem vê é cena da bomba presa a privada, enquanto Murtaugh estava… se aliviando, praticamente paralisado por 18 horas. Quando ele se desvencilha da armadilha, há um momento tocante com seu parceiro, mas isso é deixado de lado imediatamente, pois quando o artefato explode a privada cai inteira em cima do carro do policial, sem espalhar sequer um tolete.

    Os vilões são encabeçados por um diplomata sul-africano extremamente racista, que abusa do direito a imunidade diplomática, os absurdos que o bando comete beiram o impossível. Por não poderem “tocar” nos bandidos, os policiais encabeçados pela dupla dinâmica fazem um cerco psicológico aos terroristas, apelando para um tom jocoso, mas sempre político.

    É curioso hoje ver o Mel Gibon com uma placa na mão com os dizeres:
    “ End Apartheid Now!”

    A trilha de Metais continua pontuando os momentos importantes do filme, principalmente os de emboscada. Maquina Mortífera 2 investe mais em ação que o primeiro, em detrimento dos conflitos, e suas cenas são mais bem elaboradas e tensas.

    Com o decorrer da trama, Riggs se vê diante de seus fantasmas novamente, é confrontado e obrigado a reviver o trauma da morte de sua esposa e tem a chance de vingança que tanto buscava. Mel Gibson está muito mais a vontade no papel, assim como Danny Glover. O personagem de Joe Pesci (Leo Getz) é insuportável, mas sua chatice é proposital e serve bem a trama. Por vezes há oportunidades de Murtaugh se corromper e por as mãos no dinheiro sujo, mas o seu código moral não permite que ele caia em tentação, e apesar desta menção a abordagem ao tema é bem superficial. Ponto alto mesmo do tira veterano é a solução para o imbróglio da imunidade diplomática, resolvido com uma atitude típica dos filmes de brucutus dos anos 80.

    A mensagem no final mostra Martin Riggs decidindo por parar de fumar, escolhendo assim a vida, mesmo após enfrentar os seus medos. Máquina Mortífera 2 não é superior ao primeiro filme, mas faz seus personagens e as situações evoluírem, e por isso vale muito a pena ser (re)visto.

    Ouça nosso podcast sobre Máquina Mortífera.

  • Crítica | Máquina Mortífera

    Crítica | Máquina Mortífera

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    Em 1987 começava a franquia Máquina Mortífera. Dirigida em sua totalidade por Richard Donner, este episódio é roteirizado apenas por Shane Black, e apesar dos trabalhos anteriores de ambos flertarem com “histórias de Supertiras dos anos 80”, este Lethal Weapon oferece um pouco mais de conteúdo e substância em comparação com os seus primos cruzados.

    A começar pela dinâmica da dupla de protagonistas – que marcaram época e ditaram tendências. Roger Murtaugh, feito por Danny Glover e Martins Riggs com um Mel Gibson mais canastra do que nunca, são apresentados como dois policiais em momentos bastante distintos. Murtaugh é um afro-americano recém cinquentenário que vive no subúrbio de Los Angeles com uma família que concentra todo o seu foco e considera-se velho demais (clichê repetido muitas vezes em toda a cine-série) para o trabalho de policial em LA. Já Riggs é o novato realocado para o departamento de Roger por ser uma bomba relógio, com sérias tendências suicidas e total desprendimento social, mora em um trailer imundo, fuma como se não houvesse amanhã, não teme morrer, tem um passado trágico que o faz chupar pistolas o tempo todo e pra piorar é um exímio atirador. O grande trunfo do roteiro é a química entre os parceiros que se vêem juntos por obrigação – ao menos no início – mas tornam-se indispensáveis um ao outro, juntos eles aprendem a valorizar o que a vida e o trabalho podem lhe proporcionar, seja apenas a emoção e adrenalina no ofício ou um sentido um pouco maior do que apenas viver “um dia após o outro”.

    Além de ser bastante divertido, questões cotidianas importantes são abordadas: criação de filhos, união familiar, discussão de valores e segurança de entes queridos de policiais, corrupção de membros do alto escalão de órgãos governamentais, tráfico de entorpecentes, prostituição, violência urbana excessiva, mercado de vídeo erótico, ainda que alguns desses temas sejam apenas arranhados. Mesmo tocando nesses assuntos, o episódio ainda é apontado como uma diversão para “toda a família”, graças direção de atores, assim como as mil piadas e absurdos tão comuns nos filmes de brucutus.

    Tudo no filme é engraçado, a começar por um dos vilões, Mister Joshua (Gary Busey), caricato ao máximo e mau por natureza, que é tão ruim que odeia o natal. O ponto alto de sua existência é também onde o filme atinge a escala máxima do “Massa Véio”: após uma perseguição armada, Riggs e Joshua resolvem sua disputa na mão, no quintal de Murtaugh em meio a tempestade que lava os ombros ensangüentados dos heróis – nesse interim os outros policiais cercam os dois, não deixando escapatória ao bandido. O final do embate não poderia ser menos emblemático, com um tiro duplo de Murtaugh/Riggs, que serve como o batismo de sangue e como a representação gráfica de toda a parceria deles ao longo dos episódios seguintes da franquia: um sempre cobriria o outro, essa sempre seria a prioridade.

    A trilha sonora de Michael Kamen pontua muito bem os momentos de tensão, e ajuda a manter o clima do filme. Os solos de saxofone e guitarro em um estilo meio blue/jazz ressaltam as indagações e dúvidas dos personagens, seja as preocupações familiares de Murtaugh ou o instinto suicida de Riggs, sem as músicas de fundo certamente a aura de clássico de Maquina Mortífera não existiria.

    Lethal Weapon é uma metáfora sobre a história de amor e amizades entre dois homens, que descobrem novos sentidos para suas vidas, Murtaugh aprende a aceitar as agruras da idade avançada enquanto Riggs encontra uma nova família e mais motivos para viver além do trabalho. Foi imortalizado pelas atuações carismáticas de Gibson e Glover e funciona muito bem como uma diversão oitentista descompromissada.

    Ouça nosso podcast sobre Máquina Mortífera.

  • VortCast 25 | Máquina Mortífera

    VortCast 25 | Máquina Mortífera

    vortcast25

    Bem-vindos à bordo. Nesta edição Rafael Moreira (@_rmc), Jackson Good (@jacksgood), Nicholas Aoshi (@aoshi_senpai) e o Hell do Melhores do Mundo (@melhoresdomundo) se reúnem para comentar uma das mais importantes séries do cinema policial, a quadrilogia Máquina Mortífera.

    Duração: 97 min.
    Edição: Rafael Moreira
    Trilha Sonora: Rafael Moreira

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  • Crítica | Mad Max 2: A Caçada Continua

    Crítica | Mad Max 2: A Caçada Continua

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    Mad Max 2 é um filme com muita ação e movimento que tem enredo simples e eficiente. Nele, ainda temos a visão pós-apocalíptica e futurista do primeiro filme da série, com escassez de combustível e uma sociedade decadente, onde o mais forte prevalece e as pessoas se juntam em comunidades e gangues para sobreviver no deserto de um mundo anárquico e violento, o que proporciona um dos filmes mais implacavelmente agressivos já feito.

    As maravilhosas paisagens desoladas da Austrália, combinadas com a trilha sonora (que não é necessariamente primorosa, mas é marcante), proporcionam ao espectador certa angústia e um tantinho de depressão. Temos ainda aquela estética bem anos 80, de roupas e carros bizarros, que frequentemente são envenenados e fortificados na frente, onde pode-se prender o inimigo (e matá-lo com uma batida frontal).

    Estamos sozinhos com Mel Gibson, uma espécie de pistoleiro de western moderno (que lembra um pouco os personagens de Clint Eastwood), um homem que perdeu tudo, que quase não abre a boca e que, ao decorrer da trama, enfrenta os guerreiros da estrada, que dão nome ao filme e que são ajuntamentos de pessoas com códigos de conduta, lendas e mitos muito particulares. São basicamente gangues de motoqueiros, guerreiros samurais, kamikazes, gangues de rua, vaqueiros, policiais e pilotos que se digladiam pelos recursos escassos de uma comunidade protegida por Max. Isso proporciona muita ação, efeitos especiais primorosos e muita perseguição de carros (e caminhões).

    A experiência proporcionada pelo filme é fantástica. Literalmente somos imersos nesse mundo catastrófico e isso é assustador, nojento e emocionante. Para mim, Mad Max 2 é o melhor filme da trilogia e um marco dos anos 80.

    Texto de autoria de Robson Rossi.

    Ouça nosso podcast sobre Mad Max.

  • 10 atores que poderiam ter sido James Bond

    10 atores que poderiam ter sido James Bond

    Com o sucesso de Skyfall, nada melhor do que algumas notícias, matérias e curiosidades sobre o agente secreto mais famoso do mundo. Dessa vez, uma singela lista de 10 nomes que em algum momento foram cogitados para interpretar 007 nas telonas.

    10. Richard Burton

    Richard burton poderia ser 007

    Richard Burton, ator galês que atuou em clássicos como Cleópatra e tem sete indicações ao Oscar, entre melhor ator e ator coadjuvante (apesar de não ter vencido nenhum). Também fez o papel de O’Brien no filme 1984. Pois bem, o criador da série de livros de James Bond, Ian Fleming, foi quem indicou Richard Burton como o seu preferido para o papel quando a primeira adaptação ao cinema foi sugerida, no final dos anos 50. Em uma carta escrita por Fleming em 1959, ele declara que Burton seria de longe o melhor James Bond.

    9. Cary Grant

    Cary Grant foi considerado para ser o primeiro James Bond

    Cary Grant, ator inglês, com um currículo de mais de 70 filmes na carreira, além de duas indicações ao Oscar e de um Oscar honorário. Foi considerado para o papel de James Bond para o primeiro filme da série. 007 Contra o Satânico Dr. No. O ator, porém, não queria assinar com os Cubby Broccoli e Harry Saltzman para várias sequências do personagem. Com isso, tivemos o icônico Sean Connery, como o primeiro – e melhor – agente 007.

    8. Adam West

    Adam West como James Bond

    Santo Batman, dentre todos dessa lista, o que me deixou mais chateado por não ter sido um Bond foi o Adam West. Imagine se tivéssemos dois personagens icônicos com um só ator. West foi considerado para dar continuidade ao 007 depois de 007 – Os diamantes são eternos, substituindo Sean Connery. E, caso você não saiba, Adam West é quem dava vida ao Batman na clássica série dos anos 1960. Agora imagine a situação que poderíamos ter, um crossover entre feira da fruta e Viva e deixe morrer – prefiro nem me arriscar a algum trocadilho óbvio fazendo sacanagem com o nome.

    7. Michael Billington

    Michael Billington possível james bond

    O ator britânico mais conhecido pela série de ficção científica dos anos 1970, UFO, é o ator com mais testes para filmes do James Bond até hoje, com testes para os seguintes: Viva e deixe morrer (1973), 007 contra o Foguete da Morte (1979), Somente para Seus Olhos (1981) e 007 Contra Octopussy (1983). Ele ainda fez uma participação como um agente soviético que James Bond mata no início de O Espião que Me Amava (1977). Eu não tenho certeza, mas acho que Michael Billington deve encarar o Roger Moore como o seu grande nêmesis da vida.

    6. James Brolin

    James Brolin um dos possíveis James Bond

    Pai do ator Josh Brolin, fez tester para interpretar Bond em 007 Contra Octopussy, que acabou tendo o retorno de Roger Moore para o papel. Porém, os testes feitos por James Brolin podem ser vistos nos extras da coleção recentemente lançada, Bond 50.

    5. Sam Neill

    Sam Neill como possível James Bond

    O norte-irlandês Sam Neill, mais conhecido pelo seu trabalho em Jurassic Park, já interpretou um espião na série de TV Reilly, Ace of Spies. Por seu papel nessa minissérie, foi cotado para interpretar 007 no cinema. Neill falou em outubro de 2012 ao Belfast Telegraph sobre o assunto: “Felizmente, não me ofereceram o papel. Havia muitas outras pessoas que seriam melhores para ele, e eu não teria gostado de atuar como James Bond.”

    4. Mel Gibson

    Mel Gibson um dos possíveis James Bond

    De acordo com o roteirista de Viva e Deixe Morrer, Tom Mankiewicz, era forte a ideia de Mel Gibson para interpretar Bond dentro da produtora United Artists. Mankiewicz disse em 2009: “Alguém me disse o seguinte, ‘Fale para Cubby Broccoli (produtor da franquia) que o Mel Gibson seria ótimo para o papel’. Então, ao conversar com Cubby, ele me disse, ‘Eu não quero fazer um filme do Mel Gibson, quero fazer um filme de James Bond’.”

    Se Adam West foi o que mais me gerou decepção ao saber desses possíveis Bond’s, Mel Gibson com certeza é o segundo colocado. Consigo até imaginar James Bond com a cara do Mel Gibson, em algum deserto asiático, perseguindo um soviético vestido apenas de tanguinha e se autoproclamando o aiatolá dos vermelhos.

    3. Hugh Jackman

    Hugh Jackman possível James Bond

    O eterno Wolverine Hugh Jackman foi cotado para substituir Pierce Brosnan depois de Um Outro Dia Para Morrer. Mas ele saiu do páreo justamente por estar interpretando Wolverine. “Eu recebi uma ligação do meu agente dizendo, ‘Há um possível interesse para você interpretar James Bond, o que acha?’ No momento eu não tinha interesse, estava para começar as filmagens de X-Men 2 e o Wolverine já marcaria demais minha carreira. Eu não queria fazer dois personagens tão icônicos ao mesmo tempo”, disse Hugh Jackman para a Press Association em 2011.

    Eu acho que Hugh Jackman seria uma boa escolha para o Bond, ainda mais se houvesse alguma possibilidade de crossover de papéis. Imagine só, 007 sacando suas garras de adamantium para enfrentar um vilão de 3 metros de altura e dentes de aço. Tenho a impressão que seria uma galhofa inacreditavelmente boa.

    2. James Purefoy

    James Purefoy possível James Bond

    O ator que depois viria a interpretar Marco Antonio na série Roma, James Purefoy, foi um entre tantos os atores que os rumores envolviam para representar James Bond depois de Pierce Brosnan. Alguns outros nomes eram Jude Law, Heath Ledger, Eric Bana e até Orlando Bloom (uma risada longa e exagerada, pelo nome de Orlando Bloom como Bond). Voltando ao ator em questão, Purefoy, no programa Good Morning America em 2004, quando perguntado se ele praticava a atuação para James Bond em frente ao espelho, respondeu: “Apenas quando estou sozinho em casa”. Funny Guy esse James não é. Mas no fim das contas, o que aconteceu é que, no treinamento do MI6, o Daniel Craig sentou a porrada em todo mundo, e só para ele foi concedida a licença para matar. Tomar martinis batidos, não mexidos. E algumas Bond Girls.

    1. Idris Elba

    Idris Elba possível James Bond

    A estrela de Skyfall, Naomie Harris, recentemente disse que Idris Elba conversou com a produtora da série, Barbara Broccoli, sobre a possibilidade de atuar como 007. Elba, no entanto, disse que são apenas rumores. Mas também disse que ser o primeiro Bond negro seria uma grande honra.

    0,5. Paulo César Pereio

    Mas e se houvesse uma versão à brasileira de James Bond? Quem seria o mais indicado para o papel? Eu votaria com certeza em Paulo César Pereio. Um Bond decadente, gordo, desgostoso com a vida. De bar em bar, no centro de São Paulo tomando cachaça pura porque acabou o dinheiro pros martinis. Lembrando de seus bons tempos, com alguma Bond Girl de respeito – Sonia Braga, Matilde Mastrangi, Helena Ramos. Ou até mesmo quando era expulso das surubas por mau comportamento. Não sei se seria um bom filme de ação, muito menos um filme de 007. Mas provavelmente seria uma ótima pornochanchada. E se tivesse alguma frase narrada pelo próprio Pereio, concorreria a filme do ano.

  • Agenda Cultural 42 | Prometheus e não cumprius

    Agenda Cultural 42 | Prometheus e não cumprius

    Bem vindos à bordo. Rafael Moreira (@_rmc), Amilton Brandão (@amiltonsena), Mario Abbade (@fanaticc), Pedro Lobato (@PedroLobato), Jackson Good (@jacksgood) e André Kirano (@kiranomutsu) se reúnem para mais uma edição da Agenda Cultural.

    Duração: 111 minutos
    Edição: Rafael Moreira
    Trilha Sonora: Rafael Moreira

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    Comentados na Edição

    Projeção Teste #03 – Batman – O Cavaleiro das Trevas Ressurge
    Fast Burger #04 – Prometheus
    Cinecast – Iluminado (com Mario)
    Internet Discada – Todo Mundo é Fanático (com Mario)
    AlternaCast – Distopias (com Rafael e Flávio)
    AlternaCast – 1º Emprego (com Rafael)

    Games

    Review de Diablo IIICompre Aqui

    Séries

    Thriller – Compre aqui
    [Review] Falling Skies
    [Review] Legend of Korra

    Literatura

    O Coração das Trevas – Joseph Conrad – Compre Aqui

    Quadrinhos

    V de Vingança – Compre Aqui
    [Resenha] Deadman Wonderland

    Música

    Elvis in Concert Brasil 2012

    Cinema

    Crítica E aí, comeu?
    Crítica Prometheus – Compre aqui
    Plano de Fuga – Compre aqui
    Crítica O CorvoCompre aqui
    Crítica Homens de Preto 3 – Compre aqui
    Branca de Neve e o Caçador – Compre aqui
    Madagascar 3 – Compre aqui
    Crítica Deus da CarnificinaCompre aqui
    Flores do Oriente – Compre aqui

  • VortCast 10 | Mad Max

    VortCast 10 | Mad Max

    Liguem os motores. Flávio Vieira (@flaviopvieira), Levi Pedroso (@levipedroso), Rafael Moreira (@_rmc), Mario Abbade (@fanaticc) e os convidados Felipe Nunes (@felipe_nunes) do Mitografias e Ivan Motosserra (@ivanmotosserra) do Rock Trinta discutem sobre um dos totens sagrados do Vortex Cultural, Mel Gibson e a trilogia que o consagrou: Mad Max.

    Duração: 82 mins.
    Edição: Flávio Vieira
    Trilha Sonora: Flávio Vieira

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    Acessem

    Rock Trinta
    Papo Lendário

    Filmografia

    Crítica Mad Max
    Crítica Mad Max 2 – A Caçada Continua
    Mad Max Além da Cúpula do Trovão

    Comentados na edição

    The Mad Max Movies – Adrian Martin (livro sobre a crítica dos filmes)
    Video – Mario “The Humungus” Abbade
    Video de fã fantasiado – “The Humungus” 1
    Video de fã fantasiado – “The Humungus” 2
    SNL faz Homenagem a Mad Max 2
    Cena comentada do bumerangue
    Coletânea com os 3 filmes em DVD
    Fallout

  • Crítica | O Fim da Escuridão

    Crítica | O Fim da Escuridão

    Fim da Escuridão 1

    Que Mel Gibson não vai bem das pernas todo mundo sabe, um bom sinal disso foi sua volta aos cinemas atuando, já que desde Sinais não atuava, em 2010 ele retornou com O Fim da Escuridão, filme que passou batido pelos cinemas sem nenhum alarde. Nem mesmo as polêmicas de Gibson salvou o filme.

    Neste longa, Gibson retorna com um personagem polêmico e longe dos maniqueísmo que estamos acostumados da indústria de cinema. Interpretando Thomas Craven, um policial de Boston do departamento de homícidios, víuvo e pai de uma única filha, Emma (Bojana Novakovic), uma estagiária de uma grande companhia.

    O Fim da escuridão retrata um dia na vida do agente Craven (nome maneiro, hein?) em busca de vingança. Não entrarei muito na história, senão o spoiler será necessário. O filme tem o objetivo de ser um thriller dramático, muito parecido com Busca Implacável com Liam Neeson, que é magistral, porém, enquanto Busca Implacável é ação frenética com algumas cenas de drama, O Fim da Escuridão vem como o oposto, talvez por isso tenha sido tão criticado, o filme não é extraordinário, mas talvez tenham entendido errado o que ele estava proposto a mostrar. O Fim da Escuridão não era pra ser um filme de ação frenético como Máquina Mortífera, como algumas pessoas reclamaram por aí.

    Gibson está muito bem em seu papel, não achei nada que o desfavorecesse, e discordo de muitos que o chamam de ator de um só filme. Martin Campbell (Cassino Royale) é o responsável por dirigir o acerto de contas do personagem interpretado por Mel Gibson. Em algumas cenas, Campbell acaba abusando do sentimental, o que incomoda um pouco, mas que no somatório geral, não chega a prejudicar. Vale resaltar a presença de Ray Winstone na trama, com excelentes atuações.

    Apesar de estar longe de ser um grande filme, O Fim da Escuridão cumpre bem seu papel e merece um olhar mais atento do espectador.