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  • Crítica | Carga Explosiva: O Legado

    Crítica | Carga Explosiva: O Legado

    Carga Explosiva - O Legado - poster

    Franquia responsável por destacar o astro britânico Jason Statham e transformá-lo em um brucutu contemporâneo, o novo Carga Explosiva foi reformulado, após o alto salário, pedido pelo ator, impossibilitar seu retorno. Coube ao Ed Skrein (cujo papel mais relevante foi em Game of Thrones) assumir o papel central. Erroneamente a tradução brasileira de Carga Explosiva: O Legado sugere a interpretação de que há um novo personagem em cena e não o mesmo Frank Martin dos anteriores.

    Mantendo o estilo da trilogia, a narrativa segue um padrão linear envolvendo o motorista metódico em algum problema com sua carga. A história neste novo filme é semelhante com a do primeiro, porém se destaca além, dando vazão a outros personagens tanto na ação quanto no círculo familiar de Martin. Interpretando o mesmo personagem anterior, Skrein tenta emular o estilo de Statham, principalmente em sua voz grave e arrastada, soando mais como um imitador do que uma nova versão.

    Embora o roteiro das tramas anteriores sempre tenha explorado a personagem como um solitário, o roteiro introduz o pai de Martin, um homem que, como o filho, vem de um misterioso passado militar. O que falta de carisma para o ator é entregue em dobro por Ray Stevenson, bem-humorado e charmoso e sempre mal aproveitado por muitos roteiros (Roma e Justiceiro: Zona de Guerra foram seus últimos destaques como personagem principal, além de uma participação na sétima temporada de Dexter). Em nenhum momento Martin parece ser o mesmo personagem, como se ainda fosse um aprendiz. Ainda que se considere que uma releitura crie uma nova versão, o estilo foi modificado e parece mais emulado do que autêntico.

    Por outro lado, a composição estética é a única marca que mantém presença constante na franquia. Embora os arroubos contra gravidade tenham sido diminuídos, as cenas de ação continuam bem coreografadas tanto nas perseguições como em lutas corpo a corpo. Em seu segundo longa-metragem, o diretor Camille Delamarre (13ª Distrito) demonstra qualidade para as cenas de ação, o mesmo estilo pelo qual trabalhou na edição em Busca Implacável 2, Carga Explosiva 3 e Colombiana. Produções que, ao menos, continham boa composição destas cenas.

    O filme entretém aqueles que procuram uma trama de ação, mas parece uma versão genérica da trilogia como uma história derivada, distante da personagem significativa para a carreira de Statham. Se sua trilogia já apresentava pontos fracos, sua progressão sem o ator causa pouco impacto. Mas como boa parte do cinema é cíclico, ainda é possível que futuramente o ator retorne à franquia que o consagrou.

  • Crítica | Carga Explosiva

    Crítica | Carga Explosiva

    kinopoisk.ru

    Na vertente de filmes de ação franceses recentes, que começavam a fazer sucesso no mercado norte-americano, Carga Explosiva tem uma trama simples e violenta, com seu protagonista Frank Martin em um mundo surreal, cuja profissão de piloto de fuga é extremamente necessária, com serviços dedicados a momentos específicos de saída de assaltos e outros trabalhos criminosos, claro, sob uma égide muito mais irreal do que seria o excelente Drive quase dez anos depois.

    O intérprete de Frank, o astro de ação britânico Jason Statham, em ascensão graças aos filmes de Guy Ritchie, ainda não tinha um papel que o reconhecesse como herói protagonista, ou neste caso como anti-herói, já que seu ofício envolve um envolvimento com a vida bandida, repleta de regras e aforismos éticos. A arma que carrega é seu BMW 735 s 1999 preto, o que faz Martin ser facilmente reconhecido entre o corpo policial de Nice, na França, algo agravado por ser um estrangeiro.

    As normas para seus trabalhos por vezes manietam Frank, mas não faz dele insensível a questões óbvias da vida, mas faz ele interferir em casos que não devia, o que a priori serve apenas para uma desculpa para que ele exiba seus dotes enquanto assassino; depois, revela que seu ethos é segmentado por uma visão paladínica, como visto na maioria dos protagonistas de Luc Besson.

    As cenas de luta envolvendo tiroteios e embates com armas brancas são de um primor exacerbado, muito bem orquestrados pela dupla Louis Leterrier (ainda estreante em longas) e Corey Yuen. A dupla, isolada inclusive da influência do roteiro de Besson e Robert Mark Kamen, reúne duas escolas de cinema de ação bastante distintas, que ao serem mescladas fogem bastante da pasteurização que fazia os action movies estadunidenses entrarem em baixa, longe demais do auge dos clássicos acéfalos vividos por Schwarzengger e Stallone nos anos 1980 e por Van Damme e Seagal em 1990. Ainda que o filme seja muito mais moderno e menos piegas, no entanto carrega uma forte carga de clichês do gênero.

    A força da franquia é baseada em seu personagem principal. Frank é “apenas” um transportador de carga, silencioso, sem passado, sem um background estabelecido – ao menos em grande parte do longa. Seu misterioso modus operandi emula o Pistoleiro Sem Nome vivido por Clint Eastwood e criado por Sergio Leone em Por Um Punhado de Dólares. Seu código de conduta é ligado a alguma vertente de bondade, que obviamente é retribuída com bons tratos da parte de sua protegida, Lai (Qi Shu).

    O argumento abusa de momentos de extrema pieguice, mas consegue contornar os maus momentos com sequências de ação que fazem relembrar os momentos áureos de Bruce Lee em O Dragão Chinês e de Chuck Norris em quase todos seus filmes, claro, sem uma habilidade de luta tão exímia, mas graficamente muito interessante, apesar da clara falta de um oponente à altura do herói.

    Apesar de ter um final cuja sincronia entre a ação e a qualidade do texto praticamente não existir, Carga Explosiva consegue acertar a dose de adrenalina, fazendo se importar com os personagens do lado justo mesmo sem aprofundar em absolutamente aspecto nenhum de suas personalidades e caráter. Todo o ideal defendido na fita seria passado por muitas outras produções de ação, o suficiente para transformar Statham no ator moderno mais requisitado para produtos de ação descerebrada, e que alçou Leterrier a um patamar que certamente não é equivalente a sua qualidade como realizador.