Tag: Ed Skrein

  • Crítica | Midway: Batalha em Alto Mar

    Crítica | Midway: Batalha em Alto Mar

    O cinema de Roland Emmerich normalmente trata de eventos megalomaníacos, com filmes de ação frenéticos – Independence Day e Godzilla – e cinema-catástrofe – O Dia Depois do Amanhã e 2012. Este Midway: Batalha em Alto Mar é baseado na história real de um ataque da Segunda Guerra Mundial, em 1942, no Pacífico.

    O início do filme se dá em um cenário onde militares de alta patente e de nações diferentes discutem sobre os rumos da guerra, mas de modo bastante raso, ignorando as razões que fizeram o conflito resultar naquele fatídico ano de 1942. Chega a ser engraçado como a reconstrução dos anos quarenta faz o longa parecer pomposo, enquanto o sangue dos soldados e marinheiros americanos escorre pelo assoalho dos navios. Emmerich jamais foi um diretor de sutilezas, mas ao menos esses elementos tão diferentes se harmonizam bem, ao contrário do que a premissa faz pensar.

    O longa é um autêntico exemplar de cinema propaganda. Se na época da elevação do III Reich, Joseph Goebbels e Leni Riefenstahl faziam da arte uma forma de valorizar o discurso nazista, Midway serve não só para louvar os combatentes, mas também glorificar o instinto bélico que as autoridades estadunidenses parecem ter como ideal e natureza. Ao menos o realizador não é tão demorado quanto Michael Bay é em Pearl Harbor a assumir que seu produto é somente um exemplar genérico da propaganda de guerra dos EUA.

    O elenco com Ed Skrein, Dennis Quaid, Patrick Wilson, Luke EvansWoody Harrelson serve apenas para trajar seus uniformes de batalha e discutirem estratégias militares de forma genérica, sem qualquer aprofundamento em suas personalidades ou no cotidiano de qualquer um deles, e até mesmo quando suas famílias são mostradas não há nada que fuja do clichê ou do usual.

    Emmerich não consegue causar impacto ou empatia com nenhum de seus personagens, a maioria dos soldados não rompem com qualquer condição que fuja de seus arquétipos, e desse modo, é difícil se identificar com qualquer um deles, tampouco se importar. Midway: Batalha em Alto Mar é dispensável e rasteiro, e isso são péssimas qualidades para um filme de guerra.

  • Crítica | Malévola: Dona do Mal

    Crítica | Malévola: Dona do Mal

    Malévola foi uma das pedras fundamentais da empreitada de live actions da Disney, e seu sucesso passou principalmente pelo fato de desconstruir as  questões básicas dos contos de fadas. Cinco anos após o filme de Robert Stromberg, entra Joachim Rønning, o mesmo que dirigiu Expedição Kon Tiki e Piratas do Caribe: A Vingança de Salazar para finalmente dar luz  a Malévola: Dona do Mal, um filme que já começa estranho, explicando que a personagem-título se tornou vilã novamente aos olhos dos humanos comuns, entre eles, o reino de Ulstead, onde moram os pais do  príncipe Phillip. Toda essa configuração é estranha, não faz sentido, mas tudo isso é subalterno, graças ao retorno dos personagens e do elenco capitaneado por Angelina Jolie.

    A terra dos Moors (as criaturinhas mágicas, que agora tem algum senso de comunidade) é atacada por homens gananciosos, espantados obviamente pela protetora da floresta, que expõe seus chifres e asas. A música de Geoff Zanelli até dá algum charme a esses momentos, mas tanto as cores saturadas quanto a péssima desculpa para tornar a personagem em uma antagonista dos ditos normais fazem o filme soar artificial e incongruente.

    A personagem de Michelle Pfeifer, a rainha Ingrith é bidimensional, mas ao menos tem  carisma, sua composição é divertida dentro da caricatura que faz. Seus planos são maquiavélicos, preconceituosos e maniqueístas, mas em se tratando de uma historia que emula as animações antigas, faz sentido, uma vez que essa continuação não se preocupa nem com a mitologia antiga estabelecida, nem com as questões políticas antes abordadas no filme de 2014. Ao menos o roteiro registra bem o preconceito e receio da nobreza de Ulstead.

    Os novos conceitos apresentados são apressados. As questões envolvendo o povo de Malévola (os seres das trevas) lançam mão de muitos atalhos narrativos, ao ponto de não haver qualquer complexidade nos personagens de Chiwetel Ejiofor e Ed Skrein, que deveriam prioritariamente serem sedutores além do visual, especialmente na ideologia, mas isso claramente não ocorre.

    A trama trata o espectador como bobo nos momentos finais, fazendo este se assemelhar demais a O Caçador e a A Rainha do Gelo ainda que esse ainda mantenha suas protagonistas. O longa é histriônico e tenta mostrar as heroínas como falíveis, consegue se acovardar até nas medidas drásticas que toma e tem dificuldade em montar uma resolução plausível para si, e apresenta um texto é raso e até risível, contendo com uma paz conveniente e sem sentido, fazendo a rainha má ter semelhanças demais com Diabolin, de Cavalo de Fogo, no pior sentido possível.

    Malevola 2  se perde em meio as discussões políticas rasas que propõe, e faz personagens que antes haviam evoluído retornar a estaca zero, em especial a  Aurora de Elle Fanning, que desacredita firmemente sua “Madrinha”. As três fadas aliás, para nada servem, pois nem o vestido que elas fazem é utilizado. , findando a questão com piadinhas tão fracas que fazem perguntar se houve alguma revisão de roteiro antes do produto ser gravado e editado. Nem visualmente o filme funciona, detalhe esse que era bem positivo no primeiro, o que é uma pena, e faz esse se assemelhar a Alice Através do Espelhos no sentido de conseguir denegrir até o que era positivo no original.

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  • Crítica | Deadpool

    Crítica | Deadpool

    Desde que foi anunciado, em 2014, o filme solo do controverso e falastrão Deadpool, os fãs de quadrinhos ficaram com sentimentos divididos. Se por um lado Ryan Reynolds já tinha interpretado o papel de forma ridícula no desastroso X-Men Origens: Wolverine, por outro os spots, imagens e depois trailers trouxeram um certo alívio ao mostrar que as origens do personagem seriam respeitadas. Mais do que isso: o filme parecia ser bom.

    Deadpool é um personagem criado nos anos 90 por Rob Liefeld (citado no filme) e Fabian Niciesa. Apesar de ter surgido como paródia do vilão da DC Exterminador, Wade Wilson logo ganhou uma personalidade própria, com um humor ácido e extremamente irônico, incapaz de levar qualquer situação a sério. Esse fato, e também o de ser mentalmente instável, o fez participar dos mais variados grupos de heróis dos quadrinhos da Marvel, mas também incapaz de permanecer lá. Esse fato torna sua trajetória nas HQ’s um tanto quanto errática.

    Nas telonas, o filme dirigido pelo novado Tim Miller mantém todas as características do personagem, o que irá agradar à maior parte dos fãs de filmes baseados em super-heróis, que começaram nos últimos anos a dar sinais de desgaste. Com baixo orçamento em comparação aos filmes do mesmo tipo, Deadpool se foca quase exclusivamente no protagonista, e Reynolds felizmente consegue carregá-lo inteiramente de forma competente. Ciente de suas limitações, sente-se bem à vontade no papel do personagem que satiriza tudo e todos à sua volta, os quais servem como escada para seu incessante repertório de piadas.

    Wade Wilson no filme é algo próximo de um “mercenário do bem”, que aceita pequenos serviços de pessoas comuns (geralmente não muito dentro da lei) em troca de pagamento. Em uma das noites em que passa no bar (que também funciona como o balcão de agendamentos de seus serviços) conhece Vanessa (Morena Baccarin), e a partir dali a vida de ambos muda para sempre. Porém, ele descobre que tem câncer terminal e tem pouco tempo de vida. Desiludido, recebe uma proposta de um misterioso homem prometendo curar seu câncer e lhe dar habilidades especiais. Wilson deixa Vanessa com pesar e se submete ao processo, que se mostra totalmente diferente do que havia imaginado, com sessões de tortura cujo objetivo era ativar um gene mutante nas cobaias e transformá-las em super soldados, tudo conduzido Por Ajax (Ed Skrein) e Angel (Gina Carano). Tal processo deforma Wilson fisicamente. Ao conseguir fugir, promete vingança e dedica sua vida a encontrar Ajax e fazê-lo reverter o processo que o deixou assim.

    Tudo isso é explicado ao espectador através de flashbacks que vêm e vão no início do filme enquanto Deadpool tenta capturar Ajax após uma implacável perseguição, que termina com a participação de outros X-Men, Colossus (Greg LaSalle / Stefan Kapicic) e Negasonic Teenage Warhead (Brianna Hildebrand), que buscam capturá-lo e tentar conscientizá-lo de que suas ações são irresponsáveis. Colossus inclusive garante uma ótima participação como o grandalhão forte, ingênuo e de bom coração em contraste com o escrachado Deadpool. Em alguns momentos sua ingenuidade chega até a lembrar Drex, de Guardiões da Galáxia. Sua luta com a personagem de Gina Carano também é um ponto alto do filme, inclusive mais interessante que o próprio combate entre Deadpool e Ajax, que, por não ser um vilão com muita profundidade, não deixa o espectador investido emocionalmente em seu destino. A grandiosidade um pouco desnecessária dessa batalha final também não ajuda, a não ser em criar um espetáculo visual que destoa da simplicidade do filme. Afinal, destruir tanta coisa assim é coisa dos Vingadores.

    Deadpool se encaixa bem nos tempos atuais, onde a seriedade sombria dos heróis da DC/Warner se contrasta com a linguagem divertida e engraçadinha dos heróis da Marvel. Neste contexto, ele chega justamente para tirar sarro de todos esses filmes e seus clichês, por isso funciona muito bem. As piadas com as escolhas do ator no passado, tanto de sua interpretação anterior do mesmo personagem quanto com o seu Lanterna Verde em 2011, são explícitas e tiram risadas do espectador antenado na cultura pop. As referências também passam pelos filmes do X-Men, de ambas as linhas do tempo, e de vários outros heróis, filmes e personagens icônicos da atualidade. Tantas referências acabam deixando o filme com um certo gosto enjoativo da preguiçosa série The Big Bang Theory, cujo roteiro inexistente é compensado justamente pela devoção dos fãs às referências ao que eles já conhecem. A sorte é que Deadpool ao menos tem uma história a ser contada e não se deixa levar por essa fácil saída.

    Mas é justamente em seu ponto forte reside um pequeno porém. O humor do protagonista funciona, mas é cômodo e em momento algum arrisca. As piadas sempre possuem o mesmo pano de fundo sem desafiar o espectador. Isso não é um problema em si, mas um filme que quer se destacar pela violência em si, poderia se arriscar mais neste quesito, tendo no roteiro um pouco mais de coragem. Alguém também poderia criticar avanços temporais, onde Wilson aprende sozinho a fazer uniformes e a conduzir investigações minuciosas sobre figuras grandes do submundo do crime, aparentemente do dia pra noite, mas por se tratar de uma adaptação totalmente fiel aos quadrinhos, e por ao mesmo tempo homenagear e satirizar esta mídia, essas sequências acabam integrando justamente o imaginário coletivo de tantos filmes de origem que já vimos com os mesmos clichês.

    Ao quebrar toda hora a “quarta parede” e conversar com o espectador da mesma forma que fazia nos quadrinhos (e ao mesmo tempo em que diz que faz isso), Deadpool subverte não só os padrões estéticos da onda recente dos filmes de herói da Marvel e DC, como também padrões narrativos. Ele nos lembra a todo instante que super-heróis são bregas, ultrapassados e infantis. E tudo bem ser assim.

    Texto de autoria de Fábio Z. Candioto.

  • Crítica | Carga Explosiva: O Legado

    Crítica | Carga Explosiva: O Legado

    Carga Explosiva - O Legado - poster

    Franquia responsável por destacar o astro britânico Jason Statham e transformá-lo em um brucutu contemporâneo, o novo Carga Explosiva foi reformulado, após o alto salário, pedido pelo ator, impossibilitar seu retorno. Coube ao Ed Skrein (cujo papel mais relevante foi em Game of Thrones) assumir o papel central. Erroneamente a tradução brasileira de Carga Explosiva: O Legado sugere a interpretação de que há um novo personagem em cena e não o mesmo Frank Martin dos anteriores.

    Mantendo o estilo da trilogia, a narrativa segue um padrão linear envolvendo o motorista metódico em algum problema com sua carga. A história neste novo filme é semelhante com a do primeiro, porém se destaca além, dando vazão a outros personagens tanto na ação quanto no círculo familiar de Martin. Interpretando o mesmo personagem anterior, Skrein tenta emular o estilo de Statham, principalmente em sua voz grave e arrastada, soando mais como um imitador do que uma nova versão.

    Embora o roteiro das tramas anteriores sempre tenha explorado a personagem como um solitário, o roteiro introduz o pai de Martin, um homem que, como o filho, vem de um misterioso passado militar. O que falta de carisma para o ator é entregue em dobro por Ray Stevenson, bem-humorado e charmoso e sempre mal aproveitado por muitos roteiros (Roma e Justiceiro: Zona de Guerra foram seus últimos destaques como personagem principal, além de uma participação na sétima temporada de Dexter). Em nenhum momento Martin parece ser o mesmo personagem, como se ainda fosse um aprendiz. Ainda que se considere que uma releitura crie uma nova versão, o estilo foi modificado e parece mais emulado do que autêntico.

    Por outro lado, a composição estética é a única marca que mantém presença constante na franquia. Embora os arroubos contra gravidade tenham sido diminuídos, as cenas de ação continuam bem coreografadas tanto nas perseguições como em lutas corpo a corpo. Em seu segundo longa-metragem, o diretor Camille Delamarre (13ª Distrito) demonstra qualidade para as cenas de ação, o mesmo estilo pelo qual trabalhou na edição em Busca Implacável 2, Carga Explosiva 3 e Colombiana. Produções que, ao menos, continham boa composição destas cenas.

    O filme entretém aqueles que procuram uma trama de ação, mas parece uma versão genérica da trilogia como uma história derivada, distante da personagem significativa para a carreira de Statham. Se sua trilogia já apresentava pontos fracos, sua progressão sem o ator causa pouco impacto. Mas como boa parte do cinema é cíclico, ainda é possível que futuramente o ator retorne à franquia que o consagrou.