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  • Crítica | Assassin’s Creed

    Crítica | Assassin’s Creed

    Havia uma grande expectativa em relação ao que Michael Fassbender poderia fazer a frente do papel principal de um dos games mais adorados dos últimos anos. A franquia Assassin’s Creed prometia ser uma adaptação com mais chances de dar certo do que Warcraft, Resident Evil, Max Payne e tantos outras franquias de vídeo games, uma vez que o enredo de seus jogos era rico, cheio de detalhes e nuances que poderiam gerar uma história próxima dessa excelência quando transportada para a sétima arte.

    Coube a Justin Kurzel, diretor de Macbeth – Ambição e Guerra a direção da adaptação. O filme baseado na obra shakespeariana não era à prova de críticas, ao contrário, tinha um sem número de defeitos, mas resgatava em si um visual arrebatador e performances dramatúrgicas muito bem engendradas tanto por Fassbender como por Marion Cotillard. Eis que o casal retorna a um filme de Kurzel, e executam papéis bastante genéricos para as ambições de uma transposição minimamente interessante do ponto de vista da fidelidade do jogo. Como no game de 2007, a introdução é curta e o personagem Aguilar / Callum Lynch (Fassbender) tem apenas uma breve explanação sobre o seu passado, tentando inclusive associar a sua infância as manobras comuns aos heróis que são a marca registrada dos jogos, mostrando o infante tentando saltar de um prédio alto em cima de uma bicicleta.

    Apesar do roteiro cansativo de Michael Lesslie, Adam Cooper e Bill Collage, a condução que Kurzel faz de seu filme tem altos e baixos. Alguns posicionamentos de câmera são muito bons, garantindo uma boa infiltração na intimidade dos personagens que normalmente não se vê em filmes de ação tão rasos quanto esses. O problema é a que a câmera peca em outros momentos cruciais, em especial nas cenas de ação, que são um ponto forte dentro dos games. Soa confusa a construção de lutas e das manobras de parkour, com uma fotografia que às vezes é obscurecida, fato que faz perder o grafismo dessas sequências.

    Toda a questão de teoria da conspiração e de espionagem é perdida através de personagens antagonistas que não possuem substância ou conteúdo. A trama que se desenrola é desinteressante, independente da linha temporal onde ela ocorre. Para quem não costuma jogar Assassin´s Creed as transições entre um período e outro soam confusas, e mesmo assim, nem mesmo esse aspecto é o mais terrível do roteiro.

    As atuações são histriônica e exageradas, os momentos que deveriam causar suspense no espectador simplesmente o entediam, até Jeremy Irons e Cotillard estão subaproveitados. Os efeitos visuais tampouco se destacam da mediocridade atual, sendo mal enquadrados dentro do filme, tendo como maior curiosidade a utilização por parte de Doutor Estranho, que se vale da estética dos games de maneira muito mais criativa que neste produto. Não será à toa qualquer fracasso de bilheteria ou de crítica, relativa a esta franquia, uma vez que o filme não é divertido, tampouco entretém ou estabelece um diálogo mais pessoal com os fãs dos jogos, o que de fato é uma pena, uma vez que havia muito potencial na produção.

  • Crítica | Carga Explosiva: O Legado

    Crítica | Carga Explosiva: O Legado

    Carga Explosiva - O Legado - poster

    Franquia responsável por destacar o astro britânico Jason Statham e transformá-lo em um brucutu contemporâneo, o novo Carga Explosiva foi reformulado, após o alto salário, pedido pelo ator, impossibilitar seu retorno. Coube ao Ed Skrein (cujo papel mais relevante foi em Game of Thrones) assumir o papel central. Erroneamente a tradução brasileira de Carga Explosiva: O Legado sugere a interpretação de que há um novo personagem em cena e não o mesmo Frank Martin dos anteriores.

    Mantendo o estilo da trilogia, a narrativa segue um padrão linear envolvendo o motorista metódico em algum problema com sua carga. A história neste novo filme é semelhante com a do primeiro, porém se destaca além, dando vazão a outros personagens tanto na ação quanto no círculo familiar de Martin. Interpretando o mesmo personagem anterior, Skrein tenta emular o estilo de Statham, principalmente em sua voz grave e arrastada, soando mais como um imitador do que uma nova versão.

    Embora o roteiro das tramas anteriores sempre tenha explorado a personagem como um solitário, o roteiro introduz o pai de Martin, um homem que, como o filho, vem de um misterioso passado militar. O que falta de carisma para o ator é entregue em dobro por Ray Stevenson, bem-humorado e charmoso e sempre mal aproveitado por muitos roteiros (Roma e Justiceiro: Zona de Guerra foram seus últimos destaques como personagem principal, além de uma participação na sétima temporada de Dexter). Em nenhum momento Martin parece ser o mesmo personagem, como se ainda fosse um aprendiz. Ainda que se considere que uma releitura crie uma nova versão, o estilo foi modificado e parece mais emulado do que autêntico.

    Por outro lado, a composição estética é a única marca que mantém presença constante na franquia. Embora os arroubos contra gravidade tenham sido diminuídos, as cenas de ação continuam bem coreografadas tanto nas perseguições como em lutas corpo a corpo. Em seu segundo longa-metragem, o diretor Camille Delamarre (13ª Distrito) demonstra qualidade para as cenas de ação, o mesmo estilo pelo qual trabalhou na edição em Busca Implacável 2, Carga Explosiva 3 e Colombiana. Produções que, ao menos, continham boa composição destas cenas.

    O filme entretém aqueles que procuram uma trama de ação, mas parece uma versão genérica da trilogia como uma história derivada, distante da personagem significativa para a carreira de Statham. Se sua trilogia já apresentava pontos fracos, sua progressão sem o ator causa pouco impacto. Mas como boa parte do cinema é cíclico, ainda é possível que futuramente o ator retorne à franquia que o consagrou.