Como Vivem os Bravos envolve um grupo de camponeses que resolvem seus problemas de maneira truculenta, em trocas de tiros que espalham sangue pelas areias do sertão. No início, impera o silêncio, e as pessoas são mostradas mirando sua armas para o lado de fora de um círculo formado pelos protagonistas, em uma reunião de pistoleiros bem diferentes entre si.
Os pistoleiros, índios e cowboys tentam se proteger em um movimento sofisticado, utilizado por militares que tem noção tática de autoproteção, e do alto de suas machadinhas e carabinas, espalham o sangue de seus inimigos pela mesma areia que pisam todos os dias, e esse cenário pode obviamente refletir o nordeste brasileiro, mas também poderia ser do interior do México, no Texas ou mesmo nos cenários de Almería onde se filmaram boa parte dos Western Spaghetti clássicos.
A obra de Daniell Abrew começa imitando os filmes de Sergio Leone, sem falas, com pessoas mal encaradas prontas para matar seus rivais. A escolha da produção em deixar o filme praticamente sem diálogos torna a apreciação da obra confusa. Provavelmente essa opção se deu por uma questão estética e universalidade do drama.
As paisagens são bem enquadradas, a direção de fotografia ajuda a compor um conjunto de imagens arrojado, mas infelizmente os efeitos digitais são aquém em comparação com restante dos aspectos técnicos. Abrew claramente tinha a intenção de trazer uma obra mais pomposa, mas não tinha grandes recursos para tal. As cenas com corpos em decomposição são artificiais, o sangue que sai das perfurações e tiros idem, destoando completamente dos figurinos e cenários mostrados anteriormente.
O aspecto fantástico da obra é sútil, e dentro da proposta de filme funciona bem. Como Vivem os Bravos reúne momentos épicos, mesmo tendo toda atuação baseada em acontecimentos mudos, mas é irregular, coleciona tropeços quando precisa usar efeitos especiais. No entanto, o que mais fica na memória de quem assiste são as referências aos clássicos do gênero Western.