Recentemente andei relendo algumas histórias voltadas ao arqui-inimigo do morcego, uma delas foi o Manicômio do Coringa, que eu conferi na época do seu lançamento, aproximadamente dois anos atrás e me decepcionei bastante. Relendo a hq dias atrás, minha opnião não foi muito diferente, o roteiro é um misto de altos e baixos durante toda a história.
A revista traz 5 contos, cada um deles protagonizada por uma personagem da galeria de vilões do Batman. O interessante é que em cada uma das histórias o Coringa surge como um apresentador e contador da história, uma clara referência aos quadrinhos de terror de antigamente e até mesmo aos programas onde eram transmitidos filmes de terror, onde tínhamos como apresentadores a clássica Vampira (nome da atriz), que teve seu visual chupinhado pela atriz que interpretou Elvira (Vai me dizer que você não se lembro dos peitos do filme dela?), nos anos 80. Outro apresentador que ficou muito conhecido apresentando esse tipo de programas é o cineasta José Mojica, ou simplesmente, Zé do Caixão. Enfim, o Coringa tem esse papel na hq, sempre tecendo comentários ácidos e de humor negro no início e fim de cada conto. Mas deixando as inutilidades de lado, vamos as histórias.
Nosso palhaço “querido” protagoniza a primeira delas, onde ele invade uma emissora de televisão e decide brincar um pouco com os telespectadores. Uma história interessante e traz uma crítica um tanto estranha para um personagem “anárquico” como o Coringa, pois ele mostra até que ponto os produtores das emissoras de tv podem chegar por audiência. Como eu disse, uma história interessante mas um pouco difícil de encaixar na personalidade do vilão, já que a violência pela violência sempre foi algo inerente ao personagem e ao usar um tom de denúncia, isso perde um pouco o sentido. Os desenhos dão um tom insano peculiar.
A próxima história é a melhor de todas elas. Protagonizada pelo Pinguim, nos deparamos com o passado da personagem, seus traumas de infância, seu declínio à loucura e sua ascensão ao crime. A trama tem um desenrolar fatídico onde o Pinguim encontra uma possibilidade de redenção ao se apaixonar, contudo, culmina em um triste fim. Ponto forte para o roteiro e desenho, que estão excelentes.
No terceiro conto temos Hera Venenosa como protagonista e sem muito acrescentar, uma história que não adiciona e nem subtrai nada do produto final. Ponto forte para o desenhista e colorista que conseguem expor toda a sensualidade da personagem com traços fortes e um trabalho de cor excepcional.
Espantalho chega com a penúltima história da hq e de longe é a pior de todas. Trama digna dos piores filmes de terror que você já assistiu. Clichê atrás de clichê. A arte é interessante, porém, não casa bem com um personagem que lida com o medo, como é o caso do Espantalho. A última delas é protagonizada pelo Duas-Caras e sua dualidade sempre presente. Os desenhos são de muito bom gosto e o roteiro redondinho.
Manicômio do Coringa cumpre sua proposta de divertir e o preço convidativo colabora com isso. Vale a pena uma conferida despretensiosa se encontrá-la por aí.
Essa revista é um whatever legalzinho.
Tem duas histórias boas para três ruins. Vale apenas caso você queira ler algo do universo do morcego sem se atrelar a cronologia. Mesmo assim, poderia ser melhor.