A humilde produção dirigida por Augusto Sevá se passa numa cidade interiorana da Bahia, e antes de iniciar a narrativa há um aviso de que o filme é feito com um elenco formado por atores não profissionais, patrocinado com dinheiro público. Apesar do adjetivo presente no título, não há como levar a sério a trama adolescente do mesmo estilo de Malhação.
A sinopse divulgada resume a trama de um grupo de adolescentes formado quase que exclusivamente por meninas, ao menos no protagonismo dos causos, mostrando a descoberta da sexualidade típica da puberdade de uma maneira que equilibra o escracho com a timidez comum de meninas em idade escolar. Com uma sapiência de roteiro semelhante ao conteúdo visto em teatros escolares, os dramas são vividos de modo superficial, sem ritmo ou apreço por uma dramaturgia minimamente interessante.
Há um bom motivo para o filme, finalizado somente em 2011, ter sido lançado em circuito quatro anos após sua pós-produção. Cada aspecto do filme remete a uma história mal contada em que mesmo os movimentos mais óbvios são tratados de modo estúpido e esdrúxulo. Le (Luciana Louvadini), Daia (Naiara Carvalho) e Mônica (Mônica de Oliveira) vivem sua vidas à beira da praia, ao som de música de mau gosto, dando passos largos rumo a uma trajetória cafona, repleta de gírias mal concebidas e olhares desencontrados, sem qualquer profundidade maior. Em resumo, efêmero como as férias de verão, onde moços da cidade grande vêm e usufruem das chamadas “minhocas da terra”, sem grandes consequências ainda que diante de tabus, como a gravidez indesejada.
A vontade de viver um grande amor faz com que cada um dos membros do trio tente, ao seu modo, lidar com a precoce vida adulta, sendo que uma delas, grávida, ingere cápsulas e remédios na tentativa de parar o processo de gestação. Utilizando uma produção deficiente em qualidade, a direção de arte falha ao usar em cena embalagens de remédios comuns para dor de cabeça, sem sequer produzir uma drágea decente que deveria ser ilícita.
Apesar de introduzir pateticamente os causos de uma maternidade antecipada, o roteiro ainda insiste em tocar em questões delicadas, como o desprezo por parte dos pais das crianças, ainda que os comportamentos não se diferenciem em nada dos arquétipos que mais se aproximam de vilões. As músicas escolhidas para a trilha não combinam com a juventude das mães, que levam seus bebês para brincarem com o trio. Enquanto elas improvisam um número de karaokê usando uma embalagem de desodorante como microfone, revela-se um anacronismo digno de um script que teve zero pesquisa de produção.
A última meia hora é dedicada à exploração barata dos dramas pós-divórcio, repletos de traição e troca de acusações que em nada acrescentam, apenas banalizam questões sérias e atuais, como a precocidade dos dramas adultos e temas espinhosos como o aborto. Tudo de um modo bem ordinário.
O fato das personagens terem seus caminhos atravessados pela obrigação de crescer não garante a elas qualquer demonstração de amadurecimento, e elas são atraídas sempre por qualquer fala boba ou cantada barata, demonstrando que as experiências anteriores em nada acrescentaram ao ideário fútil, brincando num eterno vai e vem emocional. A irreal realidade exibida no município baiano de Trancoso é semelhante demais a de muitas cidades pequenas e zonas carentes das metrópoles. Mas o pior dos muitos pecados da fita é não produzir a mínima reflexão diante dos corriqueiros fatos mostrados em tela, apresentando um pastiche debochado que representa o drama de muitas famílias brasileiras.