Após alguns anos da linha editorial da DC Comics conhecida como Novos 52, a Editora das Lendas resolveu mexer novamente com suas publicações e lançar a iniciativa DC You (no Brasil, DC & Você). Essa não era propriamente uma nova linha editorial, mas sim uma proposta que viria para deixar de lado a homogeneização de suas revistas, dando mais liberdade criativa aos autores e oferecendo material para diferentes perfis de leitores. Assim, tivemos participações de artistas de fora das publicações mainstream, com uma diversidade maior de estilos e ritmos narrativos.
Dentre as novidades dessa proposta que aportaram em terras tupiniquins, Bizarro merece um lugar de destaque.
A série em seis edições foi compilada em um encadernado pela Panini e ganhou grande destaque, principalmente devido ao talento do artista brasileiro Gustavo Duarte (que recentemente ilustrou Pavor Espaciar, graphic novel do Chico Bento para a MSP). Seu traço leve e cartunesco traz o tom de humor necessário para a história, e transforma a cópia imperfeita do Superman em um Frankenstein bonachão. Heath Corson assume o roteiro, e não faz feio. Advindo das animações, sua estreia nos quadrinhos mostra uma grande vontade de inovar e divertir. Às favas com a continuidade dos Novos 52 – em que Bizarro é um clone do Homem de Aço, atormentado e sombrio – essa versão do personagem lembra em muito os desenhos animados dos Superamigos. Bizarro faz tudo ao contrário, mas não é exatamente um vilão. Ele tem um coração enorme (representado na ilustração de Fábio Moon e Gabriel Bá lá pela página 69), porém enxerga o mundo de uma forma totalmente distorcida, e muitas das trapalhadas (ou desastres) que faz é com uma genuína vontade de ajudar.
A história segue os moldes dos filmes de comédia dos anos 80, e é clara a influência do diretor John Hughes e seu clássico Antes Só do que Mal-Acompanhado. Para evitar mais desastres em Metrópolis, Jimmy Olsen leva Bizarro por uma road trip rumo ao Canadá, passando por várias cidades e encontrando velhos conhecidos do Universo DC. As participações especiais nessa viagem acontecem tanto na história como nos bastidores. Além de personagens famosos do UDC (Jonah Hex, Desafiador, Zatanna, Rei Tut até mesmo Batman e Superman), artistas convidados ilustram algumas páginas (Kelley Jones, Darwyn Cooke, Bill Sienkiewicz, Rafael Albuquerque e os já citados Bá e Moon). No caminho, encontram um chupacabra chamado Colin, que se torna amigo de Bizarro e lidam com vendedores de carros, uma cidade-fantasma, agentes do governo e alienígenas. E muitas, mas muitas referências à cultura pop, que vão desde as mais óbvias (como Arquivo X) até algumas mais escondidas (o pôster de uma banda de rock nacional no metrô), passando por referências às obras autorais de Duarte (galinhas, alguém?). Algumas piadas visuais podem agradar aos fãs mais hardcore do Superman (como a inscrição em kryptonês na nave do Kal-El), mas a maioria é de fácil entendimento. Não é necessário nenhum conhecimento prévio dos personagens para apreciar a história
Para quem quer se divertir e rir um pouco, essa é uma ótima história! É bom rever um pouco de comédia nas páginas da DC, principalmente após a onda sombria dos últimos tempos. Os diálogos lembram bastante a fase de Keith Giffen e J.M. DeMatteis na fase cômica da Liga da Justiça Internacional, e a obra é um respiro em meio a tantas Crises e sagas mirabolantes e arrastadas da editora. Infelizmente, a série é limitada e não há previsão de continuação. Mas já dá pra sonhar com outras obras de Gustavo Duarte nos mesmos moldes. Quem sabe uma série do Lobo ou do Sr. Mxyzptlk?
Post script: Resenha “Bizarra”
Essa não ser uma revista boa! Pior história da Marvel dos primeiros tempos! Bizarro é extremamente competente no que faz, e seu pior inimigo Jimmy Olsen não tem nenhum objetivo escondido na viagem. Gustavo Duarte desenha mal pra caramba, e a história ser muito triste! Não lembrar em nada nenhuma fase boa da editora, e todos devem odiar a história! Não ter nenhum easter egg nas páginas e no fim a revista é uma porcaria! Olá!
Pior resenha never!
Hehehehe
Pegou o espírito.